Há cerca de dois mil anos, houve Alguém que veio ao mundo «para dar testemunho da Verdade»(Jo 18, 37). E por causa da verdade foi morto.
É pena que continue a ser assim. É pena que muitos continuem a ser incompreendidos por causa da verdade.
Mas não é a verdade que está em contencioso com a amizade. São algumas «amizades» que estão em permanente contencioso com a verdade.
Só que, nesse caso, a verdade faz o papel de seleccionador. Talvez em certos «amigos» não houvesse amizade.
Já Aristóteles confessava que era amigo de Platão (e tinha motivos para o ser), mas era ainda mais amigo da verdade. E não consta que Platão tivesse ficado melindrado.
A verdade, cedo ou tarde, desvela o que está velado, descobre o que está encoberto.
É por isso que, em grego, verdade se diz «alethéia», ou seja, aquilo que tira o véu.
Também no campo da amizade, a verdade opera a inevitável triagem. A verdade distingue os amigos daqueles que pensávamos que o fossem.
Daí que a verdade seja dolorosa. Mas acaba por ser reconfortante.
A verdade conduz-nos até à realidade e resgata-nos dos acenos das ilusões.