- Há livros que marcam. Há livros que são marcos.
Este livro sobre São Marcos está destinado a ser marcante.
- Nele, o Autor oferece não apenas uma hermenêutica científica, mas também uma luminosa hermenêutica existencial.
Num registo a que há muito nos habituou, D. António Couto surge de novo como um generoso fornecedor de significações e um atento perscrutador do eco do Sentido.
- O aprumo da técnica interpretativa não dispensa sequer alguma imagética e faz ressoar até uma certa poética.
No conjunto, tudo entronca fecundamente na missão de teólogo e no serviço de pastor.
- Nas árduas estradas do tempo, o povo de Deus tem fome, o povo de Deus está faminto.
O povo de Deus precisa de quem lhe dê pão (também) em forma de palavra.
- Esta obra documenta que a Palavra que ensina também alimenta.
Grande mérito de D. António Couto é o de não se limitar a falar da Palavra; ele faz falar a Palavra.
- Com ele, os textos adquirem vida e ganham voz.
Daí, por exemplo, a insistência no dizer Jesus, nos dizeres de Jesus e nos dizeres sobre Jesus.
- São dizeres maiúsculos — e em maiúscula aparecem muitas vezes — que não podem ser correspondidos por uma vivência minúscula.
Basta reparar no nome «Evangelho». Na sua origem, não evoca a imagem de um livro, mas, muito mais, «a imagem do mensageiro que corre para transmitir uma notícia».
- O Evangelho está escrito em livro para ser, permanentemente, inscrito na Vida.
Esta, a Vida, tem de procurar ser tão maiúscula como o Evangelho que lhe é proposto.
- É nos caminhos da Vida que Jesus nos interpela como outrora interpelou os discípulos no caminho de Cesareia (cf. Mc 8, 27).
O caminho é o lugar do encontro, do convite e do seguimento.
- Eis, em síntese, um belo guião para entrar, com saudável afã, no «Evangelho de Jesus Cristo», oferecido por São Marcos (cf. Mc 1, 1). Mais um excelente trabalho, a juntar a tantos outros e a prenunciar seguramente outros tantos.
Quem sabe se, um dia como corolário, não seremos surpreendidos com uma espécie de «Summa Biblica»?