Hoje, 10 de Janeiro, é dia de S. Gonçalo de Amarante, S. Guilherme de Bourges, Sto. Agatão, Sta. Irmã Francisca de Sales Aviat e S. Gregório de Nissa.
Um santo e abençoado dia para todos!
Hoje, 10 de Janeiro, é dia de S. Gonçalo de Amarante, S. Guilherme de Bourges, Sto. Agatão, Sta. Irmã Francisca de Sales Aviat e S. Gregório de Nissa.
Um santo e abençoado dia para todos!
A. Tempo comum para viver um mistério (sempre) incomum
No Tempo Comum, continuamos a celebrar o Mistério sempre Incomum: o mistério de Deus que Se fez homem em Jesus Cristo para nos salvar. O incomum torna-se, portanto, comum, não no sentido de vulgar, mas no sentido de constante. O Tempo Comum é também, por sua própria natureza, um tempo comunitário, ou seja, um tempo para, em comunidade, celebrar e testemunhar o Evangelho de Jesus.
Não foi em vão que Johannes Moller considerava a Igreja como «a Encarnação permanente». Na verdade, o Filho de Deus que encarnou em Jesus Cristo continua a encarnar no Seu corpo que é a Igreja, à qual pertencemos a partir do Baptismo.
B. Uma síntese e uma abertura
3. Na Liturgia, o Tempo Comum é o tempo mais longo. É composto por 33 ou 34 semanas, distribuídas em duas etapas: a primeira decorre entre a Festa do Baptismo do Senhor e o início da Quaresma e a segunda vai da segunda-feira após o Pentecostes até ao começo do Advento.
É no Tempo Comum que acompanhamos a maior parte da missão de Jesus. No Tempo Comum, não celebramos nenhum aspecto particular do mistério de Cristo, mas o mistério de Cristo na sua globalidade. No Tempo Comum, acompanhamos a vida pública de Cristo: desde o Seu Baptismo até à Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
No Natal, vemo-Lo ao colo da Mãe; no Baptismo, acompanhamo-Lo a ouvir a voz do Pai. É por isso que, já no século V, S. Máximo de Turim considerava que «não é sem razão que celebramos esta festa pouco depois do dia do Natal» e que «também ela deve chamar-se festa de Natal». É que se, «no Natal, Cristo nasceu da Virgem, hoje é gerado pelos sinais do Céu». No Natal — prossegue S. Máximo —, «Maria, Mãe de Jesus, acaricia-O no Seu colo; agora, ao ser gerado entre os sinais celestes, Deus, Seu Pai, envolve-O com a Sua voz, dizendo: “Este é o Meu Filho amado, no qual Eu pus todo o Meu enlevo. Escutai-O”(Mt 17,5). A Mãe apresenta-O aos magos para que O adorem, o Pai apresenta-O às nações para que O reverenciem».
C. Uma teofania e uma antropofania
5. O Baptismo de Jesus constitui uma Teofania e uma Antropofania. Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1, 11) em forma humana. Ele é a revelação definitiva de Deus e é a revelação suprema do homem. O Concílio Vaticano II proclama que Jesus, Verbo encarnado, «revela o homem ao homem». O serviço é a chave desta dupla revelação. O Filho de Deus é já delineado por Isaías como o servo (cf. Is 42, 1): Servo de Deus e Servidor para os homens.
No Baptismo, Deus ungiu Jesus com «Espírito Santo e fortaleza»(Act 10, 38) para a Sua missão messiânica que, como refere a Primeira Leitura, consiste em levar «a justiça às nações», em «abrir os olhos aos cegos», em «tirar da prisão os cativos e da cadeia os que habitam nas trevas»(Is 42, 1-4.6-7). Jesus apresenta-Se, assim, inteiramente divino e inteiramente humano: consubstancial ao Pai na divindade e consubstancial a nós na humanidade.
Está, assim, apontada a nossa identidade e traçado o nosso itinerário. Ser cristão é seguir Cristo, é ser baptizado em Cristo. Por tal motivo, terminamos o Tempo de Natal com o Baptismo de Cristo e iniciamos o Tempo Comum com a determinação de vivermos sempre o nosso Baptismo em Cristo.
D. Baptizar significa mergulhar
7. O Baptismo não pode ser remetido ao estatuto de episódio da nossa infância mais remota. O Baptismo imprime carácter, afecta todo o nosso ser. É por tal motivo que se trata de um sacramento que não é reiterado: recebido uma vez, recebido para sempre. As consequências do Baptismo não podem ser reduzidas a uma festa, aos filmes e às fotos. A grande consequência do Baptismo é a vida de Cristo em nós.
Etimologicamente, «baptizar» significa «mergulhar». Pelo que baptizar significa mergulhar em Cristo e, por Cristo, no Pai na força do Espírito Santo. Por outras palavras, baptizar significa mergulhar na vida divina, na vida da Santíssima Trindade. Foi uma das incumbências que o Ressuscitado deixou à Igreja: baptizar «em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo»(Mt 28, 19).
As águas do Baptismo representam — isto é, tornam presente — o mistério pascal de Jesus. Foi na Páscoa — na Paixão, na Morte e na Ressurreição — que Jesus nos salvou do pecado e nos garantiu a dignidade de filhos de Deus. No Baptismo, descemos com Cristo à morte e com Cristo subimos à vida. Por isso, a celebração do Baptismo, durante muitos anos, era sempre na Vigília Pascal. Sto. Agostinho, por exemplo, conta-nos a sua experiência baptismal da noite de 24 para 25 de Abril do ano 387.
E. Um sacramento que tem princípio, mas não tem fim
9. Não sendo obrigatório que o Baptismo seja na Páscoa anual, é de todo recomendável que ele ocorra na Páscoa semanal, ou seja, ao Domingo. Uma vez que é ao Domingo que a Igreja se reúne para celebrar a Ressurreição do Senhor, faz todo o sentido que seja nesse dia que se acolham os novos membros da mesma Igreja. Importa ter presente que o Baptismo tem, a par da sua dimensão cristológica, uma irrenunciável dimensão eclesiológica. Sendo a Igreja o novo Corpo de Cristo, pertencer a Cristo equivale a pertencer à Igreja. É por isso que o Baptismo não deveria ser nunca uma festa apenas da família da criança, mas a festa de todos os membros da Igreja.
Pelo Baptismo, não pertencemos somente à nossa família de sangue. Passamos a pertencer igualmente à numerosa família dos filhos de Deus. No Baptismo, toda a comunidade cristã acolhe com alegria o seu novo membro. Neste contexto, os padrinhos são os representantes da comunidade cristã para ajudar os pais na educação cristã. Os padrinhos não são somente aqueles que dão prendas; são sobretudo aqueles que testemunham a vida cristã. É por isso que os padrinhos devem ser cristãos com maturidade, já com o sacramento do Crisma e da Eucaristia e com uma vida consentânea com a fé e a missão que vão desempenhar. Se os padrinhos não são cristãos praticantes como podem ajudar a criança baptizada na prática da fé cristã?
Tal como festejamos o dia do nosso nascimento, seria bom que festejássemos o dia do nosso novo nascimento, no Baptismo. Cada dia de um baptizado deve ser um dia baptismal, marcado pela presença de Cristo em nós e de nós em Cristo. Cristo vive sempre de frente para nós. Não queiramos viver de costas para Cristo. Cristo permanece sempre em nós. Procuremos permanecer nós também em Cristo. Assim sendo, no Tempo Comum, havemos de ter uma vida incomum, uma vida fora do comum, enfim uma vida bela e luminosa.
Hoje, 09 de Janeiro, é dia de Sto. André Corsini, Sto. Adriano de Cantuária e Sta. Marciana.
Um santo e abençoado dia para todos!
Hoje, 08 de Janeiro, é dia de S. Pedro Tomás e S. Severino.
Um santo e abençoado dia para todos!
Os nomes mais escolhidos pelos pais para os seus filhos: Maria (meninas) e João (rapazes).
«Nomen est omen».
Bons presságios são, de facto, aqueles que chegam destes nomes tão venturosos, tão santos!
Hoje, 07 de Janeiro, é dia de S. Luciano, S. Raimundo de Penhaforte e Sta. Maria Teresa Haze.
Um santo e abençoado dia para todos.
A lição da manjedoura porventura já estará esquecida. Alguma vez terá sido aprendida?
Está disponível para todos, mas não alimenta dúvidas acerca de quem está mais próximo: dos pequenos. Tudo o que for feito a eles é feito a Ele (cf. Mt 25, 40).
Há uma nova ordem que se inaugura. Na base não está o poder, está o amor. Não está o mando, está o serviço.
Aliás, ninguém será convencido pelas palavras se os gestos não estiverem em conformidade com elas.
Para tal, não basta ser o eco das Suas palavras. É fundamental procurar ser a reprodução das Suas atitudes, dos Seus gestos.
Num tempo em que se gritam tantas palavras, faz pena que a Palavra de Jesus seja remetida ao silêncio e atirada para o esquecimento. Se a memória ainda a guarda, a prática, muitas vezes, parece que não a acolhe.
A manjedoura é o certificado da humildade de Deus e o convite ao despojamento da Igreja.
Uma Igreja pobre será — sempre — a maior riqueza que teremos para oferecer.
Não eclipsemos o sorriso. Cubramos o cinzento dos nossos dias com a luz do presépio, com o encanto da manjedoura, com a paz de Belém.
Enfim, não arrumemos totalmente o presépio. Ele deixou de ser visível cá fora. Mas tem de continuar presente na nossa vida: aqui e agora!
Até o que não se faz custa dinheiro.
O TGV não saiu do papel, mas terá custado 153 milhões de euros.
Talvez se trate, mais propriamente, de um DGV.
A bem dizer, trata-se de Dinheiro a Grande Velocidade, de Desperdício a Grande Velocidade!
Era desejável que fosse a parte a ser vista desde o todo. Mas é inevitável que seja o todo a ser olhado desde a parte.
Acresce que a parte donde o todo se vê costuma ser a ambição, a ideologia, o interesse.
É por isso que aquilo que se ouve e que se lê raramente corresponde ao que se vê.
É preciso «limpar os óculos».
É fundamental deixar entrar a vida na nossa vida!
Habitualmente, admiramos aquilo que não fazemos.
Já Chamfort pôs o dedo nesta ferida: «Admira-se o talento, a coragem, a bondade, as grandes dedicações e as provas difíceis, mas só temos consideração pelo dinheiro».
No fundo, tornamo-nos servos daquilo que nos deveria servir!
O risco nunca nos deixou, mas agora parece que nos acompanha cada vez mais.
Ulrich Beck, que faleceu no pretérito dia 1, cunhou a expressão «sociedade de risco», para vincar a panóplia de perigos que nos envolvem.
Tais perigos foram sintetizados em «cinco cegueiras»: a «cegueira global», tipificada nas acções dos políticos que criam uma impotência política; «cegueira nacional», ou seja, excesso de confiança na acção no plano nacional; «cegueira neoliberal», que leva a acreditar que o neoliberalismo resolve tudo; «cegueira neomarxista», que consiste na insistência em princípios que impedem de ver o novo; «cegueira da ilusão tecnocrática», levando a trocar processos por resultados e menorizando a democracia e a liberdade.
Também se deve a Ulrich Beck a criação do conceito de «merkiavelismo», decalcado em «Merkiavel», que passará por um misto de Maquiavel e de Merkel.
A austeridade a todo o custo é vista como uma variável da máxima de que os fins justificam os meios.
O resultado não é promissor!
Popularmente, este é o «Dia de Reis».
No país vizinho, trocam-se presentes, replicando assim o gesto dos magos.
Se nos ativermos aos textos bíblicos, deparamos com uma grande parcimónia.
Fala-se de magos (no sentido de sábios), mas nada se diz quanto ao seu número nem se referem os seus nomes.
Diz-se que eram três por causa das prendas que levaram: ouro, incenso e mirra.
Curiosamente, há uma tradição que fala de um quarto que teria levado ao Menino um livro de sabedoria.
É também pela via tradicional que se alvitra a proveniência: Baltasar seria da Arábia, Gaspar da Índia e Melchior da Pérsia.
O seu túmulo encontra-se na Catedral de Colónia, mas não há certeza quanto à sua autenticidade.
Hoje, 06 de Janeiro, é dia de Sto. André Bessette e Sta. Rafaela Maria.
Um santo e abençoado dia para todos!
Por mais que o mal avance, o bem acaba sempre por triunfar.
Pode levar tempo, mas o triunfo chega.
Já Oscar Wilde reparou: «Uma virtude é semelhante a uma cidade no alto de uma montanha. Não se pode escondê-la. Podemos dissimular os vícios se o pretendermos - nem que seja só por momentos -, mas a virtude está exposta aos olhos de todos».
Só é pena que muitos não queiram ver o que está à vista!
Entre o ser o fazer existe uma interacção inevitável.
O fazer é a epifania do ser.
André Malraux dizia que «o homem é aquilo que ele próprio faz».
E podíamos acrescentar que, no fundo, o homem faz aquilo que é!
Winston Churchill não se limitou a defender a liberdade dos povos. Esmerou-se em garantir também a liberdade das pessoas.
Por isso, resistiu ao totalitarismo nazi e advertiu para a emergência do totalitarismo soviético.
Enquanto Hitler recorria à palavra da força, Churchill preferiu usar a força da palavra.
Hitler quase venceu a guerra através do armamento. Churchill, porém, conseguiu vencê-la pela argumentação.
A coragem e a lucidez triunfaram sobre a violência e a obstinação.
Houve alturas em que Churchill esteve praticamente só. Mas o impossível parece ter um encanto especial pelos solitários, pelos que ousam quando muitos se resignam!
É sabido que uma corrente tem muita força.
Remar contra uma corrente é tarefa hercúlea, muitas vezes condenada ao fracasso.
Hoje, invoca-se muito a transparência. Quem não defende a transparência?
Acontece que se confunde muito transparência com exibicionismo.
Frequentemente, a transparência já nem é uma opção; é uma mera tendência. E pode degenerar até em violência.
Há uma reserva sagrada que é inamovível. E uma transcendência em cada pessoa que, por muito que se queira, acaba por ser intraduzível.
O recato e o pudor não colidem com a transparência.
O ser humano também está ungido pelo mistério.
Afinal, expulsar o mistério da vida é apoucar a humanidade!
Somos seres paradoxais, os humanos.
Noel Clarasó pôs o dedo numa ferida muito sensível: «Alguns homens perdem a saúde para alcançar dinheiro; e depois perdem o dinheiro para alcançar saúde».
Acresce que, muitas vezes, perde-se a saúde e não se obtém o dinheiro pretendido.
E, mais tarde, perde-se o dinheiro e não se obtém a saúde desejada.
Grande mistério somos nós!
Grande no saber, na dedicação, na persistência, na fidelidade. Foi um professor marcante e um amigo inexcedível.
Falar com ele era um privilégio. Escutá-lo era uma lição. Permanente.
Nasceu neste dia há 102 anos. Partiu para o Pai há mais de nove: a 14 de Novembro de 2004.
Mons. Agostinho de Almeida Alves é um nome que não se apaga, uma presença que jamais se ausenta.
Hoje, 05 de Janeiro, é dia de S. Simeão Estilita, S. Telésfero, S. João Neponucemo, Sta. Maria Repetto e S. Pedro Bonilli.
Um santo e abençoado dia para todos!
Ainda criança já todos Te procuram.
Até os grandes se ajoelham diante de Ti.
Porque sabem que, na Tua simplicidade,
és rei, rei de amor e de paz.
Como os magos, também nós aqui estamos
e diante de Ti nos prostramos.
Não trazemos ouro, incenso ou mirra.
Transportamos a pobreza da nossa vida,
a simplicidade dos nossos gestos,
a ternura do nosso amor
e a vontade de estarmos conTigo.
Aceita, pois, Jesus Menino,
os nossos presentes,
o presente da nossa presença.
Tu vieste para nós.
Nós nunca queremos afastar-nos de Ti,
de Ti, que és a luz e a paz.
Tu manifestas-Te a todos.
Vieste à Terra
para seres o salvador e irmão de todos os homens.
Em cada um de nós, Tu encontras uma habitação.
Que nós nunca Te esqueçamos.
Fica sempre connosco.
Nós queremos ficar sempre conTigo,
JESUS!
Os magos são, de facto, muito distantes.
Distantes no espaço, distantes no tempo, distantes na condição, distantes nas posses.
Nós não temos ouro, nem incenso, nem mirra.
Mas podemos imitá-los numa coisa: na adoração.
Eles foram a Belém adorar Jesus (cf. Mt 2, 11). Eis o que somos chamados a fazer em cada local e em cada dia: adorar Jesus!
Não será, seguramente, a hermenêutica mais científica, mas, para mim, a melhor exegese do Evangelho deste Domingo é o célebre conto de Sophia de Mello Breyner.
Poucos como ela captaram o sentido vivencial da visita dos magos.
Segundo a escritora, Baltasar, à procura do Menino, foi consultar os homens da ciência e da política.
Decepcionado, virou-se para os homens da religião.
Encontrou um altar dedicado ao «deus dos poderosos», outro ao «deus da terra fértil» e outro ao «deus da sabedoria».
Insatisfeito, perguntou aos sacerdotes pelo «deus dos humilhados e dos oprimidos».
Resposta dos sacerdotes: «Desse deus nada sabemos»!
O rei subiu ao terraço e «viu a carne do sofrimento, o rosto da humilhação». Encontrou quem procurava.
Foi então que viu Deus. O Deus que os sacerdotes desconheciam!
Hoje, 04 de Janeiro (Solenidade da Epifania do Senhor), é dia de Sta. Isabel Ana Seton e Sta. Ângela de Foligno.
Um santo e abençoado dia para todos!
Olhar para trás não é um desperdício; é um acto de lucidez.
Olhar para trás ensina-nos a conhecer. Conhecendo o que aconteceu podemos fazer acontecer melhor.
É por isso que Winston Churchill defendia que «quanto mais tempo pudermos olhar para trás, mais tempo poderemos olhar em frente».
Olharemos melhor, sem dúvida!
É quase certo que não foi a única vez em que Winston Churchill mostrou medo. Mas terá sido a última vez que o demonstrou. E não foi sequer durante as duas guerras mundiais.
Foi numa altura em que estava nas Bahamas, quando se encolheu junto a um muro diante de um carro que quase o atingiu.
Advertido, assegurou: «Não voltará a acontecer». E não aconteceu mesmo.
Quando se pensa nos bombardeamentos que enfrentou, até parece impossível ter medo de um carro.
Mas a vida é cheia de ensinamentos: vencer um medo ajuda a vencer medos maiores!
O discernimento é o caminho da sabedoria. A atenção é quem nos guia.
Temos de estar atentos aos sinais, aos avisos. Sem preconceitos.
Afinal, o honesto também erra e o mentiroso também pode acertar.
Já Esopo percebeu, há séculos, que «ninguém acredita num mentiroso, mesmo quando ele fala a verdade».
É um problema dele, por causa das mentiras que o sobrecarregam. E é um problema nossos que, amiúde, já não distinguimos a verdade no meio de tanta mentira!
Quem troca a felicidade pela facilidade tende a demitir-se de tudo. Até de pensar.
Alfred Korzybski observou que «há duas maneiras de passar facilmente pela vida: acreditar em tudo ou duvidar de tudo. Ambas nos poupam de pensar».
Mas é um logro, um logro em que, muitas vezes, caímos.
Nem tudo é credível. Nem tudo é duvidoso.
Discernir é o caminho!
Tudo parece distante quando não nos atinge.
Aliás, John Steinbeck notou: «É curioso como uma desgraça nos parece longínqua quando não nos atinge pessoalmente».
Os problemas dos outros até podem estar mesmo à nossa beira. Tenderemos sempre a achar que não são nossos.
Mas quando nos atingem, concluímos que, afinal, quem estava longe éramos nós!
Hoje, 03 de Janeiro, é dia do Santíssimo Nome de Jesus, S. Fulgêncio de Ruspas, Sta. Genoveva de Paris, Sto. Antero e S. Ciríaco Elias Chavara.
Um santo e abençoado dia para todos!
A. Ser Deus é ser fiel
Ao longo deste tempo de Natal, ouvimos anunciar que «uma virgem conceberá»(Is 7, 14) e, de facto, a Virgem concebeu (cf. Lc 1, 31-38). Também ouvimos vaticinar que seria de Belém, terra de Judá, que iria sair o Pastor de Israel (cf, Miq 5, 1). E, na verdade, foi em Belém que Jesus nasceu (cf. Mt 5, 1). Acabamos de ouvir falar dos que haviam de vir de longe para cantar as glórias do Senhor (cf. Is 60, 1-6). E eis que o Evangelho nos reporta a vinda de pessoas que, efectivamente, vêm de muito longe procurar o Senhor (cf. Mt 2, 1).
Como bem notou S. Paulo, todos, em Cristo Jesus, «pertencem ao mesmo Corpo e beneficiam da mesma Promessa»(Ef 3, 6). Caem pois os muros, só ficam as pontes. Todos estamos ligados a todos através do Pontífice, isto é, d’Aquele que faz as pontes: o próprio Jesus.
B. Número, nome e condição dos mago
3. O Evangelho, com extrema parcimónia, apresenta-nos «uns magos»(Mt 2, 1). Não refere nem o seu número nem o seu nome. Nem sequer diz que seriam reis, assim chamados talvez pela alusão que o Salmo 72 faz dos reis que viriam pagar tributo e oferecer presentes (cf. Sal 72, 10). A designação de magos não se reporta seguramente a artes mágicas, mas ao estudo dos astros.
Cedo, porém, a tradição entrou em campo. Quanto ao número, foi fácil chegar a três por causa dos presentes que levaram: ouro, incenso e mirra (cf. Mt 2, 11). Ouro porque aquele Menino era Rei, incenso porque aquele Menino era Deus e mirra porque aquele Menino iria ser Mártir. Remontará a esta oferta o costume de dar presentes nesta época natalícia. No que respeita à identidade dos magos, há um evangelho apócrifo arménio, datado do século VI, que refere o nome, a condição e a proveniência. Assim, Baltasar seria rei da Arábia, Gaspar seria rei da Índia e Melchior seria rei da Pérsia. Tal escrito também diz que seriam irmãos e que a viagem que fizeram teria demorado nove meses, chegando a Belém na altura do nascimento de Jesus.
De acordo com uma tradição medieval, os magos ter-se-iam reencontrado quase 50 anos depois de terem estado com Jesus, em Sewa, na Turquia, onde viriam a falecer. Mais tarde, os seus corpos teriam sido levados para Milão, onde teriam permanecido até ao século XII, quando o imperador alemão Frederico terá trasladado os seus restos mortais para Colónia.
C. Um mistério de mostração
5. Acerca da estrela que viram, também tem havido não poucos palpites. Muitos têm identificado aquela estrela com o cometa Halley, que foi visto por volta dos anos 12-11 a.C. Também poderia ser uma luz resultante da tríplice conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes, ocorrida em 7 a.C. Há ainda quem fale de uma «nova» ou «supernova», visível por volta dos anos 5-4 a.C.
Esta estrela pode ser vista como um símbolo messiânico insinuado já no livro dos Números, quando o Balaão diz que «um astro procedente de Jacob se torna chefe»(Núm 24,17). Também Isaías garante que «o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria»(Is 9, 1).
A Epifania é, toda ela, uma festa de luz, de uma luz que ilumina toda a terra. Esta festa autentica a universalidade da missão de Jesus. Jesus manifesta-Se a todos, dá-Se a conhecer a todos. E a manifestação é essencialmente uma automanifestação. Em Jesus, Deus manifesta-Se a Si mesmo, dá-Se a conhecer a Si mesmo. A Epifania não é, portanto, um mistério de demonstração, mas de mostração. E Deus mostra-Se de uma forma disponível, despojada e encantadoramente humilde.
D. Uma festa que chegou a englobar o Natal
7. Aliás, é o que depreende do magnífico conto de Sophia de Mello Breyner. Baltasar, em nome dos outros magos, foi consultar os homens da ciência e da política para que lhes dissessem onde estava o «Rei dos Judeus» (cf. Mt 2, 2). Decepcionado com a resposta, virou-se para os homens da religião. É que encontrara um altar dedicado ao «deus dos poderosos», outro ao «deus da terra fértil» e outro ao «deus da sabedoria». Insatisfeito de novo, perguntou aos sacerdotes pelo «deus dos humilhados e dos oprimidos». Resposta dos sacerdotes: «Desse deus nada sabemos». Então Baltasar subiu ao terraço e «viu a carne do sofrimento, o rosto da humilhação». Deus estava ali, o Deus que os sacerdotes desconheciam.
Deus está, desde os começos, nos humilhados e oprimidos (cf. Mt 25, 40). E foram muitos os que, também desde os começos, O encontraram na humildade e entre as vítimas da opressão.
Como sabemos, não é conhecido o dia exacto do nascimento de Jesus. S. Clemente de Alexandria indica que uns celebravam o Natal a 28 de Março, outros a 19 ou 20 de Abril, outros a 20 de Maio ou, então, na festa da Epifania. A opção por 25 de Dezembro deveu-se ao facto de, nessa altura, se celebrar em Roma a festa do «Sol invicto». Uma vez que o verdadeiro sol é Cristo, os cristãos optaram por cristianizar esta festa pagã, celebrando nela o nascimento do Salvador.
E. Um misto de aceitação, rejeição e indiferença
9. No Oriente, criou-se a 6 de Janeiro a festa da Epifania, cujo conteúdo era inicialmente variável conforme as regiões: nascimento de Jesus, bodas de Caná, Baptismo de Jesus. Muito depressa, ainda no século IV, o Ocidente acolheu a festa da Epifania, mas deu-lhe, sobretudo em Roma e no Norte de África, um conteúdo inteiramente novo: a adoração dos magos.
Foi esta evolução que ditou a actual estrutura do Tempo do Natal: Natal a 25 de Dezembro, Epifania a 6 de Janeiro e Baptismo do Senhor no Domingo depois da Epifania. No fundo, entre o Natal e a Epifania há um intercâmbio de significado. Celebra-se o mesmo em ambos os casos: a manifestação de Deus aos homens. No Natal e na Epifania, celebramos portanto a mesma Teofania.
Não basta, com efeito, conhecer Jesus, é fundamental ir ao encontro d’Ele para O anunciar. Uma vez que Ele Se dá totalmente, é de esperar que também nos demos inteiramente. Ele vem para mudar os nossos passos. Por isso é que os magos regressaram à sua terra por outro caminho (cf. Mt 2, 12). Quando nos encontramos com Jesus, que é o caminho (cf. Jo 14, 6), os nossos caminhos são outros. Transformemos, então, a nossa vida. Convertamo-nos Àquele que Se converteu a nós, Àquele que Se fez um de nós. Se Deus veio ao nosso encontro, não deixemos, também nós, de ir ao encontro de Deus. E, em Deus, procuremos ir ao encontro de todos!
As luzes e as sombras alternam com uma copiosa frequência.
Só o tempo determina o que prevalece: se as luzes, se as sombras.
Há pessoas que deixam um impacto favorável à primeira vista e, depois, não param de decepcionar.
E também há pessoas que despejam uma impressão negativa ao primeiro contacto e, depois, até nos conquistam.
Pamela Plowden, que conheceu bem Winston Churchill, confidenciou: «Quando conhecemos Winston, vemos-lhe todos os defeitos, mas passamos o resto da vida a exaltar as suas virtudes».
Se as primeiras impressões contassem, Churchill não teria chegado aonde chegou. Mas se ele não tivesse chegado aonde chegou, não estaríamos onde estamos: em liberdade.
Também existe o reverso.
Há quem se deixe encantar pelos primeiros efeitos (enfeites) impressivos e, depois, é muito tarde para remediar!
No dia 2 de Janeiro, a Igreja celebra a memória de dois santos que foram dois enormes amigos: S. Basílio e S. Gregório de Nazianzo.
O que mais toca não é a sabedoria e a santidade que os exornava. O que mais impressiona é, sem dúvida, a amizade que os ligava.
É, de facto, sumamente comovente ler o que S. Gregório diz acerca da união entre os dois: consideravam-se como uma alma em dois corpos.
Cada um trabalhava não para ser o primeiro entre os dois, mas para dar a primazia ao outro.
Como precisamos, hoje em dia, de amizades deste jaez, desta envergadura!
O amigo é o irmão que se escolhe. Mas, também neste campo, sobram amargas desilusões.
Às vezes, de quem tudo se espera nada vem. E não sei que será pior: não ter amigos ou pensar que se tem, sem se ter.
Jesus chamou amigos aos Seus discípulos. Temos de continuar à procura do verdadeiro amigo. Nem que leve a vida toda!
Mas ele também vai aparecendo: com vários (não muitos) nomes, com diversas feições e, sobretudo, em todos os momentos.
Até ontem esperança. A partir de hoje lamentos.
Assim vai transcorrendo o ano que ainda é novo.
Entre o optimismo e a desolação o salto é rápido e o passo é breve.
Tanto imitamos Leibniz e Pangloss como fazemos figura de Cassandra, Malagrida e Calimero.
Somos inconstantes. Embriagámo-nos de desejos e começamos a acordar com pesadelos.
Mas nem tudo será tão azul como ontem parecia. Nem tudo será tão negro como hoje aparece.
Vamos acreditar que, afinal, melhor é possível!
Hoje, 02 de Janeiro, é dia de S. Basílio Magno e S. Gregório Nazianzeno.
Um santo e abençoado dia para todos!
Estamos a chegar ao fim do início de 2015.
O tempo é um enigma dificilmente decifrável.
O mais distante, afinal, está muito próximo. O princípio e o fim tocam-se com uma intimidade (quase) intimidante.
Uma fracção de segundo nos trouxe de 2014 para 2015.
A primeira parcela das 365 fatias deste ano já está praticamente consumida.
O fim já começou. Desde o princípio!
A esta hora, sabemos muito do que vai acontecer ao longo deste ano. Mas também ignoramos bastante sobre o que, nele, irá suceder.
Há muita coisa que já está marcada. Mas há muita coisa que, não estando marcada, irá ocorrer.
Neste mês de Janeiro, mais propriamente a 24, assinala-se o 50º aniversário da morte de uma figura que alterou o rumo da história no século XX.
Tenho para mim que o curso da segunda guerra mundial foi alterado pela força da palavra.
Winston Churchill conseguiu, pela palavra, inverter uma história que parecia ter outro destino.
Hitler tinha tudo meticulosamente prepararado para dominar a Europa.
Muitos pareciam já resignados. Foi necessário usar de muita audácia (alguns terão conectado tal audácia com loucura) para tornar possível o que parecia irremediavelmente impossível.
Só depois da morte é que Churchill se viu alçado à condição de génio.
Às vezes, só a distância permite ver o que perto não se consegue enxergar.
Mas houve um coetâneo de Winston Churchill que cedo pressentiu o seu génio quando ele lhe pediu opinião acerca do primeiro discurso que fizera no Parlamento.
«Meu caro jovem, acabaste de cometer o maior erro da tua vida. Fizeste um discurso brilhante. Há pessoas que nunca te vão perdoar isso»!
Parece impossível. Mas, infelizmente, é a mais pura das verdades!
Um novo ano nos dás, Senhor:
12 meses para uma nova jornada pelos caminhos do Tempo,
52 semanas para uma nova peregrinação pelas estradas da Vida,
365 dias para uma nova aventura pelas encruzilhadas do Mundo.
Obrigado, Senhor, por mais esta oportunidade, com que — imerecidamente — nos presenteias em cada instante.
Sim, porque é no acolhimento do dom de cada instante
que mais envolvidos nos sentimos pela Tua solicitude
e que mais surpreendidos somos pelo Teu amor.
Que este novo ano, Senhor,
Sejam, pois, 12 meses de paz,
52 semanas de harmonia
e 365 dias de contínua solidariedade e esperança.
Sabemos que sozinhos não podemos nada.
Mas também sabemos que conTigo conseguiremos tudo.
Queremos, por isso, que o novo ano faça de nós criaturas novas,
porque só com homens novos será possível acender a chama do tempo novo!
Que ao longo deste ano, que hoje começa
nós queiramos ser
construtores da paz,
peregrinos da esperança,
arautos da Boa Nova,
testemunhas da verdade,
promotores da justiça,
semeadores do perdão,
paladinos da liberdade
e anunciadores da salvação.
Que, ao longo deste ano, nos encontres, Senhor,
mais atentos à Tua presença,
mais comprometidos com a Tua Palavra,
mais iluminados pela Tua luz,
mais fortalecidos pelo Teu Espírito
e mais inundados — por dentro e por fora — pela Tua infinita paz!
Que tudo isto não seja só o nosso sonho, mas também o nosso projecto.
Não só o nosso desejo, mas também o nosso esforço.
Não só o nosso horizonte longínquo, mas também o nosso empenhamento constante.
Pedimos-Te, Senhor,
que a santidade seja o nosso objectivo,
que a fé seja a nossa prioridade,
que a oração seja o ar que absorvemos,
que o silêncio seja a atmosfera que aspiramos
e que o Mandamento Novo seja a nossa eterna Lei!
Concede-nos
que o Teu rosto ilumine os nossos olhos,
que a Tua Palavra resplandeça em nossos lábios,
que o Teu exemplo desinstale o nosso ser
e que a Tua Vida transforme a nossa própria vida!
A Ti, Senhor, queremos agradecer,
em Ti, Senhor, queremos permanecer,
conTigo, Senhor, queremos gritar:
«Nunca mais a guerra!
Nunca mais o ódio!
Nunca mais a violência e a injustiça!».
Contamos conTigo,
conta connosco também
para fazermos deste ano
um passo em frente
na construção de um mundo melhor,
de um mundo onde não haja grandes nem pequenos,
onde todos se sintam irmãos,
onde só Tu sejas Senhor,
pois o Teu senhorio
é a garantia mais segura
de que a humanidade
ainda pode ser uma única família,
um imenso povo de irmãos!
A paz, esta carência tão sentida, essa urgência tão adiada. Mas de que paz falamos?
Para Jesus, a paz não é o sossego, não é um tranquilizante. A paz é militante, brota do compromisso com a justiça, com a verdade.
A paz não aquieta. Muitas vezes, inquieta. Lourdes Pintasilgo dizia que «a fé é a paz da permanente inquietação».
Mas só a paz de Cristo é paz. Paz tão nova e tão bela que nem os cristãos se têm disposto a buscá-la, a desfrutá-la, a construí-la.
Vamos começar?
Hoje, 01 de Janeiro (início de um novo ano e dia mundial da paz), é dia de Santa Maria, Mãe de Deus, S. Vicente Maria Strambi e S. José Maria Tomasi.
Um santo e abençoado oitavo dia de Natal para todos!