O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

A inveja é um defeito humano e parece ser uma marca lusitana.

A inveja obscurece o olhar interior. Não deixa reconhecer o que se conhece.

Já Ésquilo notava: «Há poucos homens capazes de prestar homenagem ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja».

É pena, porém, que assim seja.

Em Portugal esta pulsão parece atingir o paroxismo.

José Gil disse que, no nosso país, a inveja é um sistema.

E recordo a impressão que, em tempos, se instalou em dois turistas no final de uma visita à nossa pátria.

Duas letras serviam, segundo eles, para nos caracterizar: IP.

Os portugueses, diziam, sentem inveja de quem tem mais e pena de quem tem menos. Será?

publicado por Theosfera às 11:33

Em matéria política, sou o que muitos dizem ser em matéria de fé: agnóstico.

Preciso de ver para conhecer.

Só formo conceito depois de ver a realidade. Caso contrário, estaria a optar pelo pré-conceito.

Preciso de ver como estará a Grécia daqui a uns tempos. E quero ver como se sentirá o povo grego daqui a uns tempos.

Sinceramente, ficarei muito feliz se tudo estiver a melhorar. Mas a experiência manda-me moderar os entusiasmos e aconselha-me a amortecer as expectativas.

Conseguirá Alex Tsipras o que Hollande e Renzi não conseguiram? Aguardemos a resposta dos factos!

publicado por Theosfera às 11:17

 

Afinal, hoje é o dia em que passamos a nossa vida.

Cada hoje, com generosa hospitalidade, vai-nos acolhendo.

É, pois, natural que sintamos a sua influência. O hoje, cada hoje, vai-nos moldando.

O hoje é a nossa casa. Mas será o nosso guia?

Ouvimos, com frequência, repetir o argumento: «Hoje é assim» ou «Hoje já não é assim».

É a realidade, mas deverá ser o critério?

Muita coisa muda. Mas muita coisa deve manter-se no meio das mudanças: o respeito, o altruísmo, a fé, os valores, as convicções!

 

publicado por Theosfera às 10:46

Entre as praças e a prática a corrente nem sempre passa.

O que ocorre nas praças dificilmente corresponde ao que acontece na prática.

As praças estão cheias, a prática nas igrejas está em acelerado processo de esvaziamento.

A situação na Europa começa a ser aflitiva. Há igrejas que já foram vendidas e outras estão à venda.

O perfil da fé mostra ser itinerante. O problema é que está a ameaçar tornar-se cada vez mais intermitente.

É bom encher praças. É ainda melhor preencher a vida: a vida de todos os dias!

publicado por Theosfera às 10:35

 

  1. Que devemos fazer para que a violência acabe? Ou, melhor, que devemos não fazer para que a violência termine?

 

Pelo que se vê, o problema tem estado no que se faz. A agir e a reagir, a atacar e a defender, não temos conseguido estancar a hemorragia de violência que se abateu sobre o mundo.

 

  1. Assim sendo, o mais avisado será pensar não no que se deve fazer, mas no que se deve não fazer.

Tendo em conta que toda a vida é inviolável e que toda a pessoa é sagrada, então nenhuma vida pode ser eliminada e nenhuma pessoa poderá ser ofendida.

 

  1. O consenso é imperioso, mas a convergência parece inviável.

Os que matam invocam motivos para estar ofendidos. Os que ofendem não encontram motivos para ser mortos.

 

  1. Acresce que estas posições coexistem no mesmo tempo e disputam o mesmo espaço.

O mesmo lugar pode abrigar culturas diferentes e concepções opostas.

 

  1. Discordar é legítimo e incomodar até pode ser saudável. Mas ofender será, alguma vez, dignificante?

Há quem defenda a liberdade de ofender como uma consequência da liberdade de expressão. Podemos deslizar, porém, por um caminho sinuoso.

 

  1. Com efeito, não faltará quem alegue a violência como uma extensão dessa mesma liberdade de expressão.

Se uns se exprimem ofendendo, outros tenderão a exprimir-se vingando-se da ofensa.

 

  1. Pergunta-se se uma liberdade com limites será liberdade. Mas será que o ilimitado está ao alcance do humano?

Se a própria vida tem um limite, como é que no decurso da vida se pode arrogar algo ilimitado?

 

  1. Se a liberdade de alguém fosse ilimitada, como é que a liberdade dos outros poderia ser exercida?

A convivência entre pessoas terá de ser um esforço de coexistência entre liberdades.

 

 

  1. O que para nós é aceitável, para os outros pode ser inadmissível.

Não é lícito que qualquer opinião seja vista como uma ofensa. Mas também não é curial que a ofensa seja olhada como mera opinião.

 

  1. Procuremos ver sempre o lado dos outros. Ou será que a «cegueira individualista» nos está a contaminar, impedindo-nos de ver para lá de nós? Matar não tem justificação possível. Mas ofender também não tem defesa convincente.

Entretanto, o desprezo vai cavando muitas feridas. E o ódio vai fazendo imensas vítimas…

publicado por Theosfera às 10:21

O encontro com Deus não é, longe disso, um desencontro connosco.

Tudo pode acontecer enquanto se reza.

Podemos tossir. Podemos sorrir. Podemos chorar. Podemos sentir. E até podemos dormir.

Foi o que aconteceu a Samuel, que foi possuído pelo sono no templo. E foi o que sucedeu a Tomás de Aquino, que chegava a adormecer enquanto orava.

Não nos ausentamos de nós quando nos tornamos presentes a Deus.

Os nossos sentidos até vibram mais!

publicado por Theosfera às 10:20

Na fé procuramos sobretudo respostas. Mas essa mesma fé, ao responder, devolve-nos as perguntas que lhe fazemos chegar.

 

Ainda criança, Tomás de Aquino perguntava: «O que é Deus?» Muitas foram as tentativas de resposta que articulou. Mas, quase no fim da vida, confessava que, acerca de Deus, é muito mais o que não sabemos do que aquilo que sabemos.

 

Deus é o título de um esforço de resposta que permanece como uma grande pergunta. Já dizia Pessoa: «Deus é nós existirmos e isso não ser tudo»!
publicado por Theosfera às 10:18

S. Tomás de Aquino, falando da música, escreveu que, «embora os ouvintes não percebam de quando em quando aquilo que é cantado, compreendem todavia por que motivo se canta: para louvar a Deus. E isso é suficiente».

publicado por Theosfera às 10:16

As palavras não são tudo. Nem serão até o mais importante. Mas podem ajudar a entrever muito.

Há palavras que perdemos na triagem operada pelos tempos.

Pensava, há momentos, na palavra «eutrapelia». Mencionada por Aristóteles, na sua famosa «Ética a Nicómaco», queria mencionar o jogo e o riso, a actividade lúdica como contraponto ao peso e à sisudez do quotidiano.

Teólogos medievais como Alberto Magno e Tomás de Aquino não deixaram de exaltar a «eutrapelia» como uma necessidade para o equilíbrio da vida.

Procuremos exercitar a «eutrapelia». Sadiamente!

publicado por Theosfera às 10:15

Como notou S. Tomás de Aquino, «a concórdia não é uniformidade de opiniões, mas convergência de vontades».
É possível convocar o diferente.

Aliás, a convergência só se faz a partir do diferente.

A pluralidade enriquece. A uniformidade anula.

Bem dizia W. Lippman: «Quando todos pensam da mesma forma, é porque ninguém está a pensar»!

publicado por Theosfera às 10:11

O que é preciso fazer para alcançar a salvação?

S. Tomás de Aquino responde: «Três coisas são necessárias para a salvação do homem: saber em que deve acreditar; saber o que deve desejar; saber o que deve fazer»!

publicado por Theosfera às 10:09

A liberdade é, obviamente, tecida de escolhas. Ser livre é escolher.

Mas há que precisar. Não há liberdade na escolha entre o bem e o mal.

O mal não é uma consequência, mas uma perversão da liberdade.

Já Tomás de Aquino notara: «Só é livre quem faz o bem porque é bem e evita o mal porque é mal».

Não somos livres no mal. Só somos livres quando nos libertamos do mal.

O mal conspurca a liberdade!

publicado por Theosfera às 10:07

«Suportar é mais difícil que atacar».

Assim escreveu (magnificamente) S. Tomás de Aquino.

Por isso é que, como defendia o bom Papa João, o remédio da misericórdia é mais necessário que o da severidade.

Será que a severidade alguma vez é remédio?

Onde há violência não há competência.

Quem recorre à razão da força é porque não encontra força na razão.

A força da verdade não é exógena; é endógena. Mora nela mesma.

Seja pacificante.

publicado por Theosfera às 10:04

Muita coisa se pode dizer de Deus. Até o silêncio muito diz sobre Ele.

Só que, às vezes, no afã de tanto dizer o que Ele é, podemos tropeçar no que Ele não é, no que Ele jamais quer ser.

De entre tanta coisa dita e não dita, de entre tanta coisa dizível e indizível, o que de melhor se poderá dizer de Deus?

S. Tomás não hesitava: «A misericórdia é o que de melhor podemos dizer de Deus».

Palavra de sábio. Palavra de santo. Palavra de quem fala do que vê, do que sente, do que vive!

publicado por Theosfera às 10:02

Um dia, alguém perguntou a Óscar Wilde: «Sabes qual é a diferença entre um santo e um pecador?».

O escritor irlandês respondeu: «Sei. É que o santo tem sempre um passado e o pecador tem sempre um futuro».

Como é bom conviver com pessoas com a sabedoria e a simplicidade de S. Tomás! Um santo enquanto sábio, um sábio enquanto santo!

A maior santidade é uma manifestação de sabedoria. E a maior sabedoria é sempre a santidade.

Hoje é dia de S. Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. Não sei que mais admire nele, se a santidade, se a sabedoria.

Dialéctica infundada, porém. Tomás foi sábio porque santo e foi santo porque sábio. Ele percebeu belamente que a verdadeira sabedoria é a santidade e que a autêntica santidade é sempre sabedor

A sua humildade levou-o a procurar constantemente a verdade. Fê-lo até ao fim da vida. E fê-lo não só sentado à secretária. Fê-lo sobretudo de joelhos.

A Teologia não é um exercício diletante. É um acto de fé que não exclui a razão, antes a optimiza.

A fé envolve a vida e não deixa a razão de fora. Foi Tomás quem porfiou na consolidação da aliança entre a razão e a fé: «A razão postula a fé e a fé postula a sua compreensão racional».

Homens como Tomás não passam de moda. São imortais. Por isso, a Igreja, no Vaticano II, faz dele o único teólogo cujo pensamento recomenda expressamente na formação dos sacerdotes.

Era um homem silencioso. Vivia muito a partir de dentro, a partir do fundo. Parecia um anjo. Não deixou de ser humano por isso. É um acto de sabedoria aprender com quem nos pode ajudar. Inclusive com os anjos.

Nem todos podemos ser sábios como Tomás. Nem todos poderemos ser místicos como Teresa de Lisieux, que viveu às portas do século XX. Mas todos somos chamados a ser santos como os dois. Ambos mergulharam no mesmo (e infindo) oceano: o mistério santo de Deus!

Tempos diferentes e personalidades diversas partilham a mesma preocupação: encontrar o seu lugar na Igreja, na humanidade.

No século XIX, Teresa de Lisieux foi perita na ciência do amor. No século XIII, Tomás de Aquino fora mestre no amor da ciência.

Ambas as vias conduzem a Deus: o amor é a maior ciência; a maior ciência é o amor.
publicado por Theosfera às 00:54

Hoje, 28 de Janeiro, é dia de S. Tomás de Aquino e S. Valério.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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