O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sábado, 31 de Janeiro de 2015

O cristão, dizia S. João Bosco, deve ser «orante como Maria e operante como Marta».

Oração e acção, eis a súmula da missão!

publicado por Theosfera às 12:11

A tentação afecta a todos. E o perigo de ceder não poupa ninguém.

O melhor é não ceder a primeira vez.

Porque a primeira cedência estranha-se. Já as outras cedências vão-se entranhando.

Florbela Espanca apercebeu-se: «De tentação em tentação, de fraqueza em fraqueza os compromissos de consciência levam um homem honrado à prática de todos os crimes».

Muita cautela, pois!

publicado por Theosfera às 12:09

No dia de S. João Bosco, eis uma oportunidade para reflectir sobre o seu (magno) exemplo.

 Não era fácil, ontem como hoje, lidar com os deserdados da fortuna.

S. João Bosco optou sempre pela via da mansidão.

Quanto às palavras, apenas as necessárias. Como ele notava, as palavras, muitas vezes, provocam as mais violentas tempestades!

publicado por Theosfera às 00:16

Hoje, 31 de Janeiro, é dia de S. João Bosco, S. Pedro Nolasco e Sta. Marcela.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:14

Sexta-feira, 30 de Janeiro de 2015

O novo é sempre sedutor. Mas será que é o melhor?

Eis a pergunta que urge fazer, mas que pouco se faz.

O novo é visto como sinónimo de mudança e de progresso. Nem sempre, porém.

Há valores e princípios que, vindos do passado, estão longe de estar ultrapassados.

É preciso discernir.

Há coisas que mostraram valer durante tanto tempo. Porquê descartá-las tão sumariamente?

Por vezes, a alternativa ao antigo não é o novo, mas o vazio.

Nem tudo o que vem do passado é para manter. Mas é igualmente verdade que nem tudo o que chega do passado é para eliminar.

Desconstruir por desconstruir pode trazer danos irreparáveis.

Há valores e princípios que não são antigos nem novos. São perenes.

Valem para sempre. Para hoje também!

publicado por Theosfera às 09:54

Não basta ter conhecimentos. É preciso saber usá-los.

Daí a sábia recomendação de Platão: «A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento».

Há quem faça mau uso do muito conhecimento que tem.

E há quem, surpreendentemente, faça bom uso do pouco conhecimento que possui!

publicado por Theosfera às 09:46

Os sonhos podem não ser concretizados. Mas são fundamentais para continuarmos vivos.

Recomendava Mark Twain: «Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver».

No lugar de ilusões, eu colocaria esperança.

Nem toda a esperança se realiza. Mas é a esperança que nos leva a não desistir de realizar.

A realização pode nunca vir. Mas a esperança de que o sonho se realize nunca deixa de persistir!

publicado por Theosfera às 09:40

O Cón. José Cardoso, falecido neste dia há 31 anos, foi um apóstolo inigualável da catequese.

Algumas paredes ainda perduram como testemunhas da sua dedicação.

Alguns dos pregões que nelas verteu ainda se mantêm: «Cristo é teu Amigo», «Cristo conta contigo».

Publicou muitos e bons livros. Até uma História de Lamego contada às crianças e que era bom fosse recolocada em público.

São homens e sacerdotes de uma estirpe que fez escola e faz falta. Que saudades, senhor Cónego, de pessoas assim!

publicado por Theosfera às 01:53

Aquele que nunca cedeu à violência acabou vítima da violência.

Mahatma Gandhi foi assassinado, neste dia, há 67 anos.

Acontece que toda a gente recorda e venera quem morreu.

Alguém sabe o nome de quem matou? Há vidas que nem a crueldade da morte apaga!

publicado por Theosfera às 00:45

Hoje, 30 de Janeiro, é dia de Sta. Jacinta Mariscotti, Sta. Bertilda e Sta. Martinha.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2015

Muitos pensam que bom negócio é o que rende muito dinheiro.

Mas Henry Ford, que sabia bem do que falava, achava que «um negócio que só produz dinheiro é um negócio pobre»!

publicado por Theosfera às 11:11

Um convívio é bom. Um convívio com cânticos, com celebrações, com alegria é excelente. Mas não se chame a um convívio retiro. Convívio é uma coisa, excelente. Retiro é outra coisa, óptima também.

Como a própria palavra sugere, retiro implica que as pessoas se retirem dos lugares que habitualmente frequentam e dos comportamentos que habitualmente têm.

É por isso que há casas especialmente vocacionadas para isso, casas de retiro. E é por isso que o perfil de um retiro é marcado pelo silêncio, pela ausência de ruído.

Cada actividade tem a sua identidade. Participemos em tudo o que é bom. O que é bom faz bem. Mas mantenhamos a identidade de cada coisa!

publicado por Theosfera às 10:39

Conselho de sábio, palavra de santo (no caso, S. Tomás): «Não há nada nesta terra que deva ser mais apreciado do que a verdadeira amizade».

Apenas sublinho e reforço o adjectivo «verdadeira»!

publicado por Theosfera às 10:25

Muito se tem ouvido, sobretudo nos jornais, defender uma ilimitada liberdade de expressão.

Uma coisa, porém, é defendê-la, outra coisa, bem diferente, é praticá-la.

Há queixas de leitores por não verem os seus textos publicados. E os próprios jornais dizem que se reservam o direito de não publicar tudo quanto lhes chega.

Dir-se-á que é normal e compreensível. Mas, depois, não digam que praticam uma liberdade sem limites.

Os factos depõem insofismavelmente!

publicado por Theosfera às 09:57

Hoje, 29 de Janeiro, é dia de S. Julião, Sta. Bassilissa, S. Constâncio, S. Gildas o Sábio, S. Sulpício Severo, Sta. Arcângela Girlani, Sto. Aquilino e Sta. Boleslava Lament.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

A inveja é um defeito humano e parece ser uma marca lusitana.

A inveja obscurece o olhar interior. Não deixa reconhecer o que se conhece.

Já Ésquilo notava: «Há poucos homens capazes de prestar homenagem ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja».

É pena, porém, que assim seja.

Em Portugal esta pulsão parece atingir o paroxismo.

José Gil disse que, no nosso país, a inveja é um sistema.

E recordo a impressão que, em tempos, se instalou em dois turistas no final de uma visita à nossa pátria.

Duas letras serviam, segundo eles, para nos caracterizar: IP.

Os portugueses, diziam, sentem inveja de quem tem mais e pena de quem tem menos. Será?

publicado por Theosfera às 11:33

Em matéria política, sou o que muitos dizem ser em matéria de fé: agnóstico.

Preciso de ver para conhecer.

Só formo conceito depois de ver a realidade. Caso contrário, estaria a optar pelo pré-conceito.

Preciso de ver como estará a Grécia daqui a uns tempos. E quero ver como se sentirá o povo grego daqui a uns tempos.

Sinceramente, ficarei muito feliz se tudo estiver a melhorar. Mas a experiência manda-me moderar os entusiasmos e aconselha-me a amortecer as expectativas.

Conseguirá Alex Tsipras o que Hollande e Renzi não conseguiram? Aguardemos a resposta dos factos!

publicado por Theosfera às 11:17

 

Afinal, hoje é o dia em que passamos a nossa vida.

Cada hoje, com generosa hospitalidade, vai-nos acolhendo.

É, pois, natural que sintamos a sua influência. O hoje, cada hoje, vai-nos moldando.

O hoje é a nossa casa. Mas será o nosso guia?

Ouvimos, com frequência, repetir o argumento: «Hoje é assim» ou «Hoje já não é assim».

É a realidade, mas deverá ser o critério?

Muita coisa muda. Mas muita coisa deve manter-se no meio das mudanças: o respeito, o altruísmo, a fé, os valores, as convicções!

 

publicado por Theosfera às 10:46

Entre as praças e a prática a corrente nem sempre passa.

O que ocorre nas praças dificilmente corresponde ao que acontece na prática.

As praças estão cheias, a prática nas igrejas está em acelerado processo de esvaziamento.

A situação na Europa começa a ser aflitiva. Há igrejas que já foram vendidas e outras estão à venda.

O perfil da fé mostra ser itinerante. O problema é que está a ameaçar tornar-se cada vez mais intermitente.

É bom encher praças. É ainda melhor preencher a vida: a vida de todos os dias!

publicado por Theosfera às 10:35

 

  1. Que devemos fazer para que a violência acabe? Ou, melhor, que devemos não fazer para que a violência termine?

 

Pelo que se vê, o problema tem estado no que se faz. A agir e a reagir, a atacar e a defender, não temos conseguido estancar a hemorragia de violência que se abateu sobre o mundo.

 

  1. Assim sendo, o mais avisado será pensar não no que se deve fazer, mas no que se deve não fazer.

Tendo em conta que toda a vida é inviolável e que toda a pessoa é sagrada, então nenhuma vida pode ser eliminada e nenhuma pessoa poderá ser ofendida.

 

  1. O consenso é imperioso, mas a convergência parece inviável.

Os que matam invocam motivos para estar ofendidos. Os que ofendem não encontram motivos para ser mortos.

 

  1. Acresce que estas posições coexistem no mesmo tempo e disputam o mesmo espaço.

O mesmo lugar pode abrigar culturas diferentes e concepções opostas.

 

  1. Discordar é legítimo e incomodar até pode ser saudável. Mas ofender será, alguma vez, dignificante?

Há quem defenda a liberdade de ofender como uma consequência da liberdade de expressão. Podemos deslizar, porém, por um caminho sinuoso.

 

  1. Com efeito, não faltará quem alegue a violência como uma extensão dessa mesma liberdade de expressão.

Se uns se exprimem ofendendo, outros tenderão a exprimir-se vingando-se da ofensa.

 

  1. Pergunta-se se uma liberdade com limites será liberdade. Mas será que o ilimitado está ao alcance do humano?

Se a própria vida tem um limite, como é que no decurso da vida se pode arrogar algo ilimitado?

 

  1. Se a liberdade de alguém fosse ilimitada, como é que a liberdade dos outros poderia ser exercida?

A convivência entre pessoas terá de ser um esforço de coexistência entre liberdades.

 

 

  1. O que para nós é aceitável, para os outros pode ser inadmissível.

Não é lícito que qualquer opinião seja vista como uma ofensa. Mas também não é curial que a ofensa seja olhada como mera opinião.

 

  1. Procuremos ver sempre o lado dos outros. Ou será que a «cegueira individualista» nos está a contaminar, impedindo-nos de ver para lá de nós? Matar não tem justificação possível. Mas ofender também não tem defesa convincente.

Entretanto, o desprezo vai cavando muitas feridas. E o ódio vai fazendo imensas vítimas…

publicado por Theosfera às 10:21

O encontro com Deus não é, longe disso, um desencontro connosco.

Tudo pode acontecer enquanto se reza.

Podemos tossir. Podemos sorrir. Podemos chorar. Podemos sentir. E até podemos dormir.

Foi o que aconteceu a Samuel, que foi possuído pelo sono no templo. E foi o que sucedeu a Tomás de Aquino, que chegava a adormecer enquanto orava.

Não nos ausentamos de nós quando nos tornamos presentes a Deus.

Os nossos sentidos até vibram mais!

publicado por Theosfera às 10:20

Na fé procuramos sobretudo respostas. Mas essa mesma fé, ao responder, devolve-nos as perguntas que lhe fazemos chegar.

 

Ainda criança, Tomás de Aquino perguntava: «O que é Deus?» Muitas foram as tentativas de resposta que articulou. Mas, quase no fim da vida, confessava que, acerca de Deus, é muito mais o que não sabemos do que aquilo que sabemos.

 

Deus é o título de um esforço de resposta que permanece como uma grande pergunta. Já dizia Pessoa: «Deus é nós existirmos e isso não ser tudo»!
publicado por Theosfera às 10:18

S. Tomás de Aquino, falando da música, escreveu que, «embora os ouvintes não percebam de quando em quando aquilo que é cantado, compreendem todavia por que motivo se canta: para louvar a Deus. E isso é suficiente».

publicado por Theosfera às 10:16

As palavras não são tudo. Nem serão até o mais importante. Mas podem ajudar a entrever muito.

Há palavras que perdemos na triagem operada pelos tempos.

Pensava, há momentos, na palavra «eutrapelia». Mencionada por Aristóteles, na sua famosa «Ética a Nicómaco», queria mencionar o jogo e o riso, a actividade lúdica como contraponto ao peso e à sisudez do quotidiano.

Teólogos medievais como Alberto Magno e Tomás de Aquino não deixaram de exaltar a «eutrapelia» como uma necessidade para o equilíbrio da vida.

Procuremos exercitar a «eutrapelia». Sadiamente!

publicado por Theosfera às 10:15

Como notou S. Tomás de Aquino, «a concórdia não é uniformidade de opiniões, mas convergência de vontades».
É possível convocar o diferente.

Aliás, a convergência só se faz a partir do diferente.

A pluralidade enriquece. A uniformidade anula.

Bem dizia W. Lippman: «Quando todos pensam da mesma forma, é porque ninguém está a pensar»!

publicado por Theosfera às 10:11

O que é preciso fazer para alcançar a salvação?

S. Tomás de Aquino responde: «Três coisas são necessárias para a salvação do homem: saber em que deve acreditar; saber o que deve desejar; saber o que deve fazer»!

publicado por Theosfera às 10:09

A liberdade é, obviamente, tecida de escolhas. Ser livre é escolher.

Mas há que precisar. Não há liberdade na escolha entre o bem e o mal.

O mal não é uma consequência, mas uma perversão da liberdade.

Já Tomás de Aquino notara: «Só é livre quem faz o bem porque é bem e evita o mal porque é mal».

Não somos livres no mal. Só somos livres quando nos libertamos do mal.

O mal conspurca a liberdade!

publicado por Theosfera às 10:07

«Suportar é mais difícil que atacar».

Assim escreveu (magnificamente) S. Tomás de Aquino.

Por isso é que, como defendia o bom Papa João, o remédio da misericórdia é mais necessário que o da severidade.

Será que a severidade alguma vez é remédio?

Onde há violência não há competência.

Quem recorre à razão da força é porque não encontra força na razão.

A força da verdade não é exógena; é endógena. Mora nela mesma.

Seja pacificante.

publicado por Theosfera às 10:04

Muita coisa se pode dizer de Deus. Até o silêncio muito diz sobre Ele.

Só que, às vezes, no afã de tanto dizer o que Ele é, podemos tropeçar no que Ele não é, no que Ele jamais quer ser.

De entre tanta coisa dita e não dita, de entre tanta coisa dizível e indizível, o que de melhor se poderá dizer de Deus?

S. Tomás não hesitava: «A misericórdia é o que de melhor podemos dizer de Deus».

Palavra de sábio. Palavra de santo. Palavra de quem fala do que vê, do que sente, do que vive!

publicado por Theosfera às 10:02

Um dia, alguém perguntou a Óscar Wilde: «Sabes qual é a diferença entre um santo e um pecador?».

O escritor irlandês respondeu: «Sei. É que o santo tem sempre um passado e o pecador tem sempre um futuro».

Como é bom conviver com pessoas com a sabedoria e a simplicidade de S. Tomás! Um santo enquanto sábio, um sábio enquanto santo!

A maior santidade é uma manifestação de sabedoria. E a maior sabedoria é sempre a santidade.

Hoje é dia de S. Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. Não sei que mais admire nele, se a santidade, se a sabedoria.

Dialéctica infundada, porém. Tomás foi sábio porque santo e foi santo porque sábio. Ele percebeu belamente que a verdadeira sabedoria é a santidade e que a autêntica santidade é sempre sabedor

A sua humildade levou-o a procurar constantemente a verdade. Fê-lo até ao fim da vida. E fê-lo não só sentado à secretária. Fê-lo sobretudo de joelhos.

A Teologia não é um exercício diletante. É um acto de fé que não exclui a razão, antes a optimiza.

A fé envolve a vida e não deixa a razão de fora. Foi Tomás quem porfiou na consolidação da aliança entre a razão e a fé: «A razão postula a fé e a fé postula a sua compreensão racional».

Homens como Tomás não passam de moda. São imortais. Por isso, a Igreja, no Vaticano II, faz dele o único teólogo cujo pensamento recomenda expressamente na formação dos sacerdotes.

Era um homem silencioso. Vivia muito a partir de dentro, a partir do fundo. Parecia um anjo. Não deixou de ser humano por isso. É um acto de sabedoria aprender com quem nos pode ajudar. Inclusive com os anjos.

Nem todos podemos ser sábios como Tomás. Nem todos poderemos ser místicos como Teresa de Lisieux, que viveu às portas do século XX. Mas todos somos chamados a ser santos como os dois. Ambos mergulharam no mesmo (e infindo) oceano: o mistério santo de Deus!

Tempos diferentes e personalidades diversas partilham a mesma preocupação: encontrar o seu lugar na Igreja, na humanidade.

No século XIX, Teresa de Lisieux foi perita na ciência do amor. No século XIII, Tomás de Aquino fora mestre no amor da ciência.

Ambas as vias conduzem a Deus: o amor é a maior ciência; a maior ciência é o amor.
publicado por Theosfera às 00:54

Hoje, 28 de Janeiro, é dia de S. Tomás de Aquino e S. Valério.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 27 de Janeiro de 2015

A vida diz que muita coisa muda. E a experiência mostra que poucas coisas melhoram.

Até a vivência da fé, que é o espaço por excelência da estabilidade, vai estando sujeita a mutações de toda a espécie.

Pensemos na Eucaristia. A Eucaristia não é tudo, mas é essencial para tudo.

Os cristãos da primeira hora perceberam que a Eucaristia «faz a Igreja».

Não se vive sem alimento e a Eucaristia é alimento: alimento no Pão e alimento na Palavra.

Houve mártires que assumiram não poder sobreviver sem o Domingo. Como é óbvio, estavam a pensar na Eucaristia.

Hoje em dia, há os «cristãos itinerantes» e os «cristãos intermitentes».

A itinerância é inevitável e pode ser sadia. Na era da mobilidade, os cristãos não se circunscrevem a um território. Participam na Eucaristia onde podem e onde querem.

Já a intermitência é mais preocupante. Há quem participe umas vezes e não participe outras vezes.

E tal intermitência também se verifica na motivação. Nem sempre se participa por razões de fé. Há celebrações promovidas por meras razões sociais. É alguma coisa. Mas é claramente insuficiente.

É preciso restabelecer o (indissolúvel) vínculo entre fé e Eucaristia.

Ser cristão sem Eucaristia é como tentar existir sem pão. Dará para muito tempo?

publicado por Theosfera às 09:51

A maldade é má. E não apenas por causa dos que a praticam. A maldade é má também por causa dos que se resignam.

Primo Levi, que sabia do que falava, anotou: «Os monstros existem, mas são poucos para serem perigosos. Mais perigosos são os homens comuns, prontos a acreditar e a agir sem questionar».

Que barreiras se erguem contra a maldade?

O sentimento de uns e o consentimento de outros parecem deixar tudo em aberto.

Uma anestesia nem sempre afasta a dor.

Permanecer anestesiado diante da maldade faz com que a dor doa ainda mais!

publicado por Theosfera às 09:31

O Holocausto não é uma invenção. Foi uma realidade. Uma triste realidade. Para que negar o que a História nos mostra?

Hoje, no dia da memória das vítimas do holocausto, somos todos judeus. Estamos em comunhão com todos os que morreram. Com todos os que transportam as mágoas de uma sobrevivência em sobressalto.

Nunca mais uma morte por violência!

publicado por Theosfera às 00:28

Hoje, 27 de Janeiro, é dia de Sta. Ângela Merici, S. Feliciano, Sto. Henrique de Ossó y Cervelló e S. Jorge Matulaitis-Matusewic.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 26 de Janeiro de 2015

A palavra não é tudo, mas até a Bíblia assegura que é a palavra que está no começo de tudo (cf. Jo 1, 1).

Uma palavra pode mudar muita coisa.

É por isso que muitos a usam e é por isso que, como dizia Dostoiévski, muitos a temem.

Já houve quem chegasse ao poder com palavras de mudança sem que qualquer mudança conseguisse.

É a vez da Grécia experimentar.

As palavras de mudança já estão pronunciadas. Vamos ver o que acontece.

Serão capazes tais palavras de mudar a realidade? Ou acabará a realidade por mudar tais palavras?

Em matéria política, tornei-me no que muitos são em matéria teológica: agnóstico.

Neste campo e sobretudo neste momento, não sei o que vai acontecer. Alguém sabe?

Espero que a vida das pessoas melhore. Se a vida das pessoas melhorar, então a mudança aconteceu.

Uns depositaram os votos, outros têm depositado o dinheiro.

Todos, nesta altura, estão expectantes. Ninguém pode ser radical.

Uns precisam de que alguém empreste dinheiro. Outros precisam de reaver o dinheiro que já emprestaram.

Se não houver uma plataforma de entendimento, perdem todos.

Daí que a emoção tenha de ser temperada pela razão. Aliás, a razão nasceu na Grécia.

Nesta hora, há uma razão (compreensivelmente) emocional. É importante que não se perca uma emoção (desejavelmente) racional.

Os próximos tempos prometem ser interessantes!

publicado por Theosfera às 23:07

Hoje, 26 de Janeiro, é dia de S. Timóteo, S. Tito, S. Roberto, Sto. Alberico, Sto. Estêvão (abade) e S. Miguel Kosal.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 25 de Janeiro de 2015

Obrigado, Senhor,

pelo Teu sorriso desta manhã,

pela Tua esperança deste Domingo.

 

Tu és o profeta esperado,

o Salvador querido,

o amor realizado.

 

Tu vences o mal

sem Te deixares contaminar pelo mal.

 

Tu és o sorriso que emoldura as nossas lágrimas

e suaviza, com torrentes de bondade, a nossa dor.

 

A Tua fama Se espalha.

Todos ficam admirados com a Tua autoridade,

uma autoridade que vem do amor,

uma autoridade humilde que nunca humilha.

 

Também nós, hoje, ficamos assombrados

e admirados com a Tua presença.

 

Tu és o supremo milagre

e o permanente sorriso de Deus.

 

Obrigado, Senhor, pelas maravilhas do Teu amor,

pelo eco da Tua paz.

Obrigado por seres a alavanca do nosso existir.

Obrigado, Senhor.

Obrigado, JESUS!

publicado por Theosfera às 11:04

Santo Agostinho advertiu: «Por mais altos que sejam os voos do pensamento, Ele está ainda mais além. Se compreendeste, não é Deus. Se pudestes compreender, não foi Deus que compreendeste, mas apenas uma representação de Deus. Se quase pudeste compreender, então foste enganado pela tua reflexão».

Deus é mais acessível ao coração que ama do que à mente que pensa.

O amor é o que maior honra tributa a Deus, que é amor (cf. 1Jo 4, 8.16)!

publicado por Theosfera às 08:29

A. Jesus é a feliz notícia que Deus nos traz

  1. Neste Domingo, acompanhamos, pela mão de S. Marcos, as primeiras actividades públicas de Jesus. Tais actividades constituem como que o pórtico e uma síntese de toda a Sua missão. Encontrámo-Lo hoje, como O encontramos sempre, a anunciar, a propor e a convidar. Foi isto o que Jesus fez e o que, em Seu nome, nos mandou fazer: anunciar, propor e convidar. Deparamos, aqui, com o conteúdo estruturante da evangelização: anúncio, proposta e convite. Facilmente se vê a sequência que existe: o anúncio contém uma proposta e preconiza um convite. Jesus anuncia que o Reino de Deus está próximo, propõe — de forma imperativa — uma mudança de vida e convida pessoas para O seguir.

Todos não somos demais na tarefa evangelizadora. Jesus delimitou o espaço e o tempo para a evangelização. Ele quer que estejamos em toda a parte, que trabalhemos todo o tempo e que tentemos chegar a toda a gente (cf. Mt 28, 16-20). Por conseguinte, a evangelização nunca está terminada nem pode, alguma vez, ser dada como concluída. Será sempre mais aquilo que falta fazer do que aquilo que já está feito. Nenhum tempo pode ser perdido, nenhum contributo pode ser desperdiçado.

 

  1. Comecemos, então, por acompanhar Jesus. Ele parte para a Galileia a fim de «anunciar o Evangelho de Deus»(Mc 1, 14). Hoje como ontem, anunciar implica sair, partir e propor. O que Jesus tem para anunciar é uma notícia, uma notícia boa, uma notícia feliz. Como se sabe, Evangelho significa «boa nova», «boa notícia», «feliz notícia». Portanto, Jesus surge-nos, desde o princípio, como o portador da feliz notícia de Deus. Enfim, Jesus é o «jornalista» de Deus: o «jornalista» e a «notícia» de Deus.

Que falta sentimos nós, hoje, de boas notícias, de felizes notícias! Nestes tempos nocturnos, predominam notícias soturnas. Nestes dias cinzentos, continuam a prevalecer notícias pesadas. Importa, por isso, ter presente que a Igreja é depositária de boas notícias, das boas notícias de Deus, trazidas por Jesus.

 

B. O Evangelho chega aonde chegarem os evangelizadores

 

3. A Igreja de Jesus não pode limitar-se a ser reactiva, denunciando unicamente o que está mal. Ela tem de ser sobretudo pró-activa, anunciando o que pode estar bem, o que pode melhorar. Acontece que Jesus não é só o portador da boa notícia; Ele mesmo é a boa notícia, a feliz notícia. Com efeito, que melhor notícia do que saber que Deus está connosco? Jesus é o Deus-connosco, o Deus para nós, o Deus em nós.

É esta a notícia que nos foi confiada, a boa notícia que nunca nos cansaremos de anunciar. Trata-se de uma notícia que não é tanto para escarrapachar nos jornais ou nas televisões, mas para gravar no coração de cada pessoa. Não esqueçamos que o Evangelho está escrito em forma de livro para ser permanentemente inscrito em forma de vida. É da vida que brota o Evangelho. É na vida que há-de fermentar sempre o Evangelho.

 

  1. O Evangelho anuncia-se como Jesus o anunciou: pessoa a pessoa, coração a coração, vida a vida. Hoje, o Evangelho está nas nossas mãos, nos nossos pés, nos nossos lábios, no nosso coração, enfim, em toda a nossa vida. Hoje, nós somos os motores do Evangelho e as asas do Evangelho: o Evangelho chegará aonde chegarem os evangelizadores, os portadores das felizes notícias de Deus.

A chegada do evangelizador tem de ser a chegada do Evangelho. Para isso, o evangelizador também tem de ser evangelizado. Só pode ajudar a converter a Cristo quem se deixa converter por Cristo. A evangelização existe para assegurar a todo o ser humano que Deus o ama. O mundo tem o direito de saber que Deus é o maior investidor na felicidade do homem. Ele apostou o melhor que tinha — o próprio Filho (cf. Jo 3, 16) — na felicidade de todos os homens. Evangelizar é, pois, felicitar, semear felicidade.

 

C. A grande resposta ao anúncio chama-se conversão

 

5. A primeira notícia que Jesus traz de Deus é que «o tempo chegou ao seu termo e o Reino de Deus está próximo»(Mc 1, 15). Jesus é, Ele próprio, o tempo último, a plenitude dos tempos (cf. Gál 4, 4). É o tempo novo que vem depois do tempo antigo. É o tempo definitivo que sucede ao tempo breve. É o tempo permanente que sobrevém ao tempo passageiro. Não é, pois, o tempo esgotado até porque, em Si mesmo, Ele é inesgotável. Jesus é a última e plena notícia de Deus para o homem. Enfim e como notou Karl Rahner, em Jesus encontramos «a resposta total para a pergunta total».

Em Jesus, Deus transforma o tempo convertendo-o em «kairós», ou seja, num tempo cheio de esperança, num tempo em que não nos resignamos ao que vemos, ouvimos e lemos. Em Jesus, temos todos os motivos para acreditar que, afinal, melhor é possível. Se até a morte foi vencida, como não hão-de ser vencidos os problemas que nos vão surgindo na vida?

 

  1. Saber que o Reino de Deus está próximo é uma notícia que tem de ter consequências. A maior de todas elas é mudança de vida. Daí a proposta de Jesus em forma de imperativo: «Convertei-vos e acreditai no Evangelho»(Mc 1,15). Trata-se de um imperativo inadiável, selado em tons de urgência. A conversão e a adesão ao Evangelho não podem esperar; têm de ser para já, para agora. Tanto mais que, como se depreende da anotação de S. Paulo, «o tempo é breve»(1Cor 7, 29).

Este apelo de Jesus pressupõe que nem tudo está bem na nossa vida. Este apelo de Jesus pressupõe que há muito a mudar na nossa vida. Se tudo estivesse bem, para quê mudar, para quê convertermo-nos? Habitualmente e quase por instinto, propendemos a achar que a mudança é para os outros ou, então, para as estruturas. É por isso que todas as revoluções têm falhado. As revoluções falham porque se limitam a preconizar mudanças nas estruturas. É necessário, mas é claramente insuficiente.

 

D. O Deus das «novas oportunidades»

 

7. Uma mudança só é profunda quando vem do fundo: do fundo da alma, do fundo da vida. Foi essa a voz interior que se fez ouvir em Roger Schutz quando, perante a devastação da segunda guerra mundial, se interrogava sobre o que era preciso mudar para que aquele horror não se repetisse. «Começa por ti», foi o que escutou. Deus não deixa ninguém de fora deste apelo à conversão. Podemos mesmo dizer que Ele é o Deus das «novas oportunidades», o Deus de «todas as oportunidades». As primeiras leituras falam-nos de duas cidades onde a corrupção moral era grande. Mesmo assim, Deus não desiste, Deus insiste.

A história do envio de Jonas a pregar a conversão aos habitantes de Nínive atesta que Deus ama todos os homens e a todos chama à salvação. Por sua vez, os cristãos de Corinto são advertidos para terem consciência da rapidez do tempo.

 

  1. As realidades e os valores deste mundo são passageiros e, por isso, não devem ser absolutizados. Podemos presumir que temos muito tempo à nossa frente e que bastará convertermo-nos lá para o fim. Mas quem tem conhecimento da duração da sua vida?

A conversão tem de ser prioritária, tem de acontecer quanto antes. Pelas palavras de S. Paulo, Deus insta cada um de nós a viver com os olhos postos no futuro, aderindo aos valores eternos, aos valores do Reino. Razão tinha Miguel Torga quando confessava que «a sua fome não era de fama, mas de eternidade». Fomos criados para Deus e só em Deus descansaremos felizes.

 

E. O lugar de Jesus é o lugar primeiro e o lugar central

 

9. Não adiemos para amanhã a conversão que tem de começar hoje. «Quem não precisa de conversão?», perguntava D. Hélder Câmara. Todos precisamos de conversão. Todos temos absoluta necessidade de nos converter ao Evangelho.

Acreditar no Evangelho é, pois, um imperativo inseparável do apelo à conversão. A mudança consiste em aderir ao Evangelho, em trilhar os caminhos do Evangelho. Foi por isso que cada um de nós rezou no Salmo Responsorial: «Ensinai-me, Senhor, os Vossos caminhos». Os caminhos do Evangelho são os caminhos de Deus, trilhados por Cristo e disponíveis para serem trilhados por nós em Cristo.

 

  1. Jesus não Se limita a anunciar e a propor. Ele dá-nos todas as condições para escutarmos o Seu anúncio e para pormos em prática a Sua proposta. Ele indica-nos o caminho a seguir. O caminho é Ele próprio: «Eu sou o Caminho»(Jo 14, 6). Deste modo, convida-nos a segui-Lo como convidou Simão e André, Tiago e João: «Vinde atrás de Mim»(Mc 1, 16).

Ser discípulo é precisamente ir atrás do Mestre, percorrendo o mesmo caminho do Mestre e pisando todos os passos do Mestre. Os primeiros discípulos deixaram o que estavam a fazer — deixaram até a própria família! — e seguiram Jesus. O que estavam a fazer era importante e possivelmente urgente, mas seguir Jesus era mais importante e seguramente mais urgente. Por isso, eles foram logo atrás de Jesus. Por isso, eles deixaram tudo por Jesus. Seguir Jesus está acima de tudo. Já S. Bento tinha esta prioridade muito vincada quando proclamou: «Nada absolutamente anteponham a Cristo». Na nossa vida, o lugar de Cristo tem de ser o lugar primeiro e o lugar central. Como dar menos que tudo a quem nos dá tudo? Não tenhamos medo de nos dar. Deus é generoso em retribuir. Ele recompensa sempre «cem vezes mais»(Mt 19, 29)!

publicado por Theosfera às 07:56

Hoje, 25 de Janeiro (3º Domingo do Tempo Comum e derradeiro dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia da Conversão de S. Paulo, S. Projecto, S. Marinho e Sta. Maria Gabriela Saggedu.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 24 de Janeiro de 2015

Quem muito escolhe (diz o povo), pouco acerta.

O problema é que quem nada escolhe, nada acerta.

Escolher é arriscado. Mas não escolher é muito mais perigoso. Significa expor-se às escolhas de outros.

Viver é escolher!

publicado por Theosfera às 12:04

No comércio, como em tudo o resto, não basta a competência nem a criatividade.

Dois ingredientes são cada vez mais decisivos para cativar clientes e atrair o sucesso: simpatia e preço.

Ser bem atendido é mais do que meio caminho andado. As pessoas gostam de ser bem tratadas e merecem ser bem tratadas.

Depois (ou em simultâneo), surge a questão do preço.

Numa altura de crise, o preço conta ainda mais. Não será fácil manter preços baixos.

Mas creio que, até pensando no lucro, mais vale vender barato muitas vezes do que caro poucas vezes.

A simpatia alta e os preços baixos são dois óptimos cartazes.

São eles quem mais chama e melhor fideliza!

publicado por Theosfera às 11:55

É verdade que os reis são os senhores dos povos. Mas, como dizia Tolstoi, os reis são também «os escravos da História».

Podem mandar nas pessoas. Mas não mandam no tempo.

Afinal, os grandes não estão muito melhor que os pequenos. Talvez os pequenos sejam até mais realistas.

Acabam por aprender mais depressa que tudo acaba tão depressa: a vida, o poder, a fama.

Por alguma razão o mestre dos mestres se identificou com os mais pequenos (cf. Mt 25, 40).

A sabedoria deve ser escavada em baixo!

publicado por Theosfera às 11:42

O multiculturalismo é, antes de mais, uma evidência e uma inevitabilidade.

Pessoas de culturas diferentes estão a conviver, cada vez mais, no mesmo espaço.

Este facto é um bem precioso e uma riqueza inestimável.

Acontece que a realidade nem sempre abona o que dimana do desejo.

A convivência é difícil entre pessoas com visões tão distintas. Mas, já agora, será que a coexistência é fácil entre pessoas da mesma cultura? Até entre pessoas da mesma família os problemas abundam.

É preciso uma plataforma de entendimento. Se ela não emerge das pessoas, tem de emergir de um regulamento.

O princípio do bom senso é indiscutível: quem quer ser respeitado deve respeitar. E quem clama por acolhimento deve fazer tudo para merecer ser acolhido.

Já basta de provocações e de violência!

publicado por Theosfera às 11:33

Hoje, 24 de Janeiro (7º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de S. Francisco de Sales, S. Macedónio e S. Tiago Giaccardo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

 

  1. O homem não algo já «feito», mas um permanente «fazer-se». É por isso que ninguém é perfeito; é por isso que toda a gente tem defeitos. Quem pode garantir que já está «per-feito»?

Jean-Paul Sarte notou que «o homem deve ser inventado a cada dia». Só no fim do caminho a tarefa está concluída. Até lá, muito há a fazer, a desfazer e a refazer!

 

  1. Mau já é o mal. Pior é o mal tornar-se banal. A banalidade do mal conduz à aceitação do mal.

O pior mal é o primeiro. É o que custa mais a cometer e a ver. O primeiro mal ainda estranha. Os outros males entranham-se. Há coisas tão más que o melhor é não começar a experimentá-las.

 

  1. As ocupações gastam. Mas são as preocupações que mais desgastam. Assim sendo, o maior envelhecimento não ocorre no corpo, mas no espírito.

Esta era, pelo menos, a percepção de Montaigne: «A velhice faz-nos mais rugas no espírito do que na cara». Mas essas rugas não retiram encanto. Há rugas que trazem a marca da coerência e trazem o selo da fidelidade. Por isso embelezam. E comovem.

 

  1. Reuniões. Não tenho nada contra, mas também aprendi a não ter muito a favor. Muitas reuniões nem sempre conduzem a grandes decisões. Muitas reuniões levam, por vezes, a grandes confusões.

John Galbraith era contundente: «As reuniões são indispensáveis quando não se quer decidir nada». Não iria tão longe. Mas quando oiço falar de reuniões de muitas horas, no mínimo fico preocupado. Será que a fadiga consegue o que a lucidez não alcança?

 

  1. Ainda que primemos pela clareza, há sempre muita obscuridade a acompanhar-nos.

George Eliot deu conta: «Se prestares atenção ao teu discurso, perceberás que ele é guiado pelos teus propósitos menos conscientes». Serão os melhores?

 

  1. Cada vez acredito menos em quem fala muito, em quem fala alto.

A experiência ensina que quando a voz é alta, a razão é baixa. Não é por a voz ser exaltada que o conteúdo é exaltante.

 

  1. Edmund Burke reconheceu: «É um erro popular muito comum acreditar que aqueles que fazem mais barulho a lamentarem-se a favor do povo sejam os mais preocupados com o seu bem-estar».

Acredito, cada vez mais, nos que falam com a vida, nos que falam agindo.

 

  1. A experiência ensinou-me a distinguir — e a distanciar — a sabedoria da retórica. Quando quero encontrar um verdadeiro sábio, presto atenção a quem fala pouco. Mariano da Fonseca notou que «os sábios falam pouco e, falando pouco, dizem muito».

O sinal do sábio é assumir que não sabe. Ninguém pode chegar ao segundo passo sem passar pelo primeiro. E o primeiro saber é o não-saber. A humildade é o certificado da sabedoria.

 

  1. Há quem pense que, neste mundo mercantilizado, não há dádivas, só há trocas. Doménico Cieri dizia que «os favores voltam». Os que os pedem sabem que lhos vão pedir. Os que os fazem são tentados a pedi-los de volta.

Mas, atenção, acredito que há excepções. Ainda há quem seja dadivoso, quem seja generoso. Ainda há quem saiba conjugar o verbo «dar» sem esperar «receber».

 

  1. E depois de tudo ouvir, de tudo aplaudir, de tudo procurar e de tudo acabar por saturar, eis que se volta sempre a Bach.

Nele se o belo não é absoluto, anda por lá (muito) perto!

 

publicado por Theosfera às 10:30

É difícil dizer seja o que for quando a comoção embarga a voz e inibe o raciocínio.

É por isso que, para que não me remeter ao retemperador aconchego do silêncio, vou deixar falar o coração. E é o coração que me inspira e segreda um único sentimento: gratidão.
Mons. Ilídio Fernandes pode ser descrito sob muitos títulos e exaltado sob imensas formas.

Todos conhecem a sua pessoa. Todos reconhecem a sua (multímoda) obra.

Ele foi o sacerdote, o confessor, o escritor, o sonhador, o construtor, o programador.

Muitos epítetos lhe caberiam: o persistente, o magnânimo, o (saudavelmente) teimoso, o (incorrigível) visionário.
Todos lhe queremos muito. Todos lhe devemos bastante. Do muito que legou, talvez não seja despropositado assinalar que ele foi, porventura, o maior «empregador» de Lamego.
Se percorrermos as diversas valências da obra social que construiu, não andarei longe da verdade se disser que, só neste momento, há centenas de pessoas a quem ele deu trabalho, dinheiro a ganhar e pão a comer.

Se multiplicarmos este número por muitos anos, quem negará que estamos em presença de um dos maiores benfeitores da cidade e da região?

Acontece que, para conseguir o que ele conseguiu, era preciso ser o que ele foi: um homem para quem nunca havia obstáculos intransponíveis. Mas, no décimo aniversário da sua morte, gostaria de recordar o amigo, o muito amigo, o mais que amigo.
Nunca me falou da morte. Para ele só havia vida, futuro, eternidade, projectos. Tenho pena de não ter podido despedir-me dele.

Mas, pensando bem, não faz sentido a despedida quando não há separação. O que há é apenas mudança.

Até sempre, Monsenhor!

publicado por Theosfera às 00:41

Uma mente vulcânica,
um espírito aberto,
um coração inquieto,
um trato afável,
uma vontade imensa,
um combatente audaz,
um construtor imparável,
um sonhador persistente,
um visionário desconcertante,
um idealizador surpreendente,
um prosador fecundo,
mas também
um confidente leal,
um amigo sincero
e uma presença constante.

Assim foi este Homem,
para quem o passado era uma semente
e o futuro uma certeza;
assim foi este Homem,
que não falava da morte,
mas dos inúmeros projectos
que, assim que lhe surgiam,
logo tratava de os pôr em prática;
assim foi este Homem
que nunca conheceu a palavra «desistir»
e que passou a vida
a conjugar o verbo «insistir e o verbo «resistir»;
assim foi este Homem
para quem só o impossível não era possível;
assim foi este Homem
que nunca fez das oportunidades problemas
preferindo fazer dos problemas oportunidades;
assim foi este Homem
que nunca se deixou abater;
assim foi este Homem
que fez muito e que tinha (ainda) muito mais para fazer;
assim foi este Homem
que não morreu, antes completou a sua jornada terrena para dar entrada na eternidade;
assim foi este Homem
que nunca deixará de estar connosco:
quando passarmos pelo Confessionário,
onde semeou perdão e distribuiu paz,
quando olharmos a Obra que fundou,
onde fez crescer solidariedade e promoção,
quando folhearmos os livros e os jornais
onde irradiou saber e difundiu ideais,
facilmente concluiremos
que Mons. Ilídio se mantém no nosso meio:
com a sua voz característica,
com o seu jeito peculiar,
com o seu optimismo contagiante
e com o seu sorriso inconfundível!

publicado por Theosfera às 00:32

Faz hoje, 23 de Janeiro, dez anos que faleceu Mons. Ilídio Fernandes, um homem bom e um homem de bem.

Muito ele fez por Lamego e por toda esta região. Tanto ajudou as pessoas.

Não o esqueçamos jamais!

publicado por Theosfera às 00:22

S. João Esmoler nasceu em Chipre, foi funcionário do imperador, enviuvou e veio a ser patriarca de Alexandria por volta de 610. Espantou toda a gente com uma pergunta que fez à chegada: «Quantos são aqui os meus senhores?»

Como ninguém percebeu o alcance, ele descodificou: «Quero saber quantos pobres temos. Eles são os meus senhores, pois representam na terra Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mt 25, 34-46). Dependerá deles que eu venha a entrar no Seu reino».

Fizeram o apuramento. Havia 7500 pobres, que ficaram a receber, todos os dias, uma boa esmola. É claro que as críticas não demoraram. Que havia alguns que não eram pobres, antes mandriões.

Réplica do bispo: «Se não fôsseis não curiosos, não o saberíeis. Curai-vos da vossa intriga e curiosidade e deixai-me em paz. Prefiro ser enganado dez vezes a violar, uma vez que seja, a lei do amor».

Diz a história que o cofre nunca se esvaziou. A quem lhe agradecia ele respondia: «Agradece-me só quando eu derramar o meu sangue por ti; até lá, agradeçamos, os dois juntos, a Nosso Senhor Jesus Cristo».

Ninguém tinha coragem de lhe negar nada. Só que alguns costumavam sair, furtivamente, da igreja antes do fim da Santa Missa.

Sucede que o bispo saía também e, de báculo na mão, juntava-se a eles cá fora e intimava-os: «Meus filhos, um pastor deve estar com o seu rebanho; por isso, venho ter convosco. Mas não posso ficar aqui e não me posso cortar em dois; que iria ser das minhas ovelhas que estão lá dentro?» Desde então, toda a gente esperava pelo fim da Santa Missa para sair.
Que nobre exemplo de pastor, de pai. Muito mais tarde, também Bossuet repetia: «Nossos senhores, os pobres».

O pobre é sempre uma surpreendente aparição de Deus.

publicado por Theosfera às 00:15

Hoje, 23 de Janeiro (6º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de Sto. Ildefonso, S. João Esmoler, Sta. Josefa Maria e Sto. Henrique Suzo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2015

Em contraciclo com o ambiente encomiástico que prevalece nesta altura, não falta quem faça vincar o lado menos positivo de Winston Churchill.

Aliás, o próprio nunca escondeu os seus defeitos nem ocultou as suas debilidades.

O que ele disse de muitas pessoas e de muitos povos é totalmente indefensável.

Os erros que cometeu, ao longo da sua carreira, foram mais que muitos.

Em condições normais, nunca ascenderia à chefia de governo. Dentro do seu próprio partido, suscitava inúmeras desconfianças.

Mas, quanto a mim, tudo isto só faz aumentar o seu mérito. Churchil foi o homem certo para aqueles tempos incertos.

Em 1940, poucos eram os que acreditavam poder vir a deter os avanços de Hitler.

O máximo que consideravam possível era resistir. Vencer parecia ser uma possibilidade fora do alcance.

Daí que Churchill fosse visto como um visionário, sem grande credibilidade.

Não se tratava propriamente de um pacifista, mas os seus créditos nas batalhas também não o abonavam.

E, no entanto, foi ele quem viu primeiro e agiu melhor.

Viu antes de todos o que estava em causa e foi capaz de reunir um conjunto de apoios que muitos consideravam improvável.

E é assim que não só a este homem, mas sobretudo a este homem, o mundo fica a dever a paz e a liberdade.

Como ele próprio disse, «nunca tantos deveram tanto a tão poucos».

A dívida que a humanidade tem para com Churchill é enorme. Afinal, um homem cheio de defeitos também pode ter algumas qualidades!

publicado por Theosfera às 10:39

Deus aparece-nos de muitas formas.

Aparece-nos na palavra e no pão: no pão que está no altar e no pão que devia estar em todas as mesas.

Aliás, Gandhi asseverou que «há pessoas tão pobres no mundo que Deus não lhes pode aparecer a não ser sob a forma de pão»!

publicado por Theosfera às 10:13

Tudo pode ser uma questão de perspectiva.

É bom viver cada dia como se fosse o último. Mas, como aconselhava Óscar Niemeyer, também não será mau olhar para cada dia como se fosse o primeiro.

Cada dia vive do que foi e do que será. É por isso que cada dia é único.

Faz bem pensar no que já passou. E faz melhor pensar no que ainda está para acontecer!

publicado por Theosfera às 10:11

Hoje, 22 de Janeiro (5º dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos), é dia de S. Vicente, S. Gualter de Bruges, S. Vicente Palloti, S. José Nascimbeni e Sta. Laura Vicunha.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2015

 

Nos últimos dias, reacendeu-se certamente em nós uma inquietação que nos acompanha desde há muito.

Que andamos a fazer? Que andamos a fazer ao homem e que andamos a fazer a Deus?

Não penso só no que aconteceu em Paris. Penso também — e bastante — no muito que aconteceu antes de Paris e no muito que está a acontecer depois de Paris.

Em Paris, foram mortas quase duas dezenas de pessoas. Antes de Paris e depois de Paris, foram mortas dezenas, centenas e até milhares de pessoas.

Nem as crianças são poupadas. Até as crianças são mortas e até as crianças são obrigadas a matar.

Quem se preocupa com o que se está a passar na Nigéria, no Iémen, no Paquistão, enfim nesta nossa aldeia que se chama mundo?

Quem se levanta em nome de tantos cristãos que são assassinados só por serem cristãos?

Quem ergue a voz em nome de tantas crianças que são chacinadas só por andarem na escola?

Como é possível que seres humanos sejam tão pouco humanos? Como é possível que seres humanos sejam tão desumanos?

E como é possível que esta desumanidade seja promovida em nome de Deus?

Temos de perceber que, além dos que vivem sem Deus, há muitos que, como notou Hans Urs von Balthasar, teimam em viver de costas voltadas para Deus.

Deus não é o que, muitas vezes, pensamos d'Ele.

Deixemos que Deus seja Deus. Façamos como Samuel e digamos: «Falai, Senhor, que o Vosso servo escuta»(1 Sam 3, 9).

Deixemos que Deus fale. E, como os primeiros discípulos, procuremos entrar na habitação de Deus, na Sua intimidade.

Notaremos que Deus é muito diferente daquilo que dizemos sobre Ele.

Não olhemos só para Deus a partir de nós. Olhemos para nós a partir de Deus, à luz de Deus.

Em suma, não distorçamos a divindade de Deus. E não desistamos de melhorar a humanidade dos homens!

 

publicado por Theosfera às 22:27

O anonimato é como uma folha em branco. Cada um pode escrever o que lhe aprouver.

O anónimo pode querer defender-se. Mas pode querer também atacar sem fundamento.

O problema é que as pessoas tendem a dar crédito e, pelo menos, admitem a possibilidade: «E se for verdade?» Mas se é verdade, porque é que não se assume tudo com clareza?

Neste aspecto, creio que o conselho de Trajano, há quase dois mil anos, continua a ser válido: «Quanto às denúncias anónimas, não têm qualquer valor em nenhuma acusação, pois constituem um exemplo detestável e não são dignas do nosso tempo».

Não são dignas de nenhum tempo!

publicado por Theosfera às 22:19

O cristianismo costuma ser criticado por ser antigo.

Mas o cristianismo também já foi censurado por ser novo. Veja-se a tomada de posição do filósofo Porfírio no século III.

Ao fim e ao cabo, o cristianismo está no mundo para desassossegar.

A missão de servir envolve sempre o risco de desagradar.

O Mestre já alertara que não é bom quando todos dizem bem (cf. Lc 6, 28).

O cristianismo deve respeitar todas as épocas, sem se diluir em nenhuma.

A sua mensagem é para todos. O seu critério é o de sempre: o Evangelho!

publicado por Theosfera às 22:00

Se a Igreja deve ser perita em alguma coisa — lembrou Paulo VI — é precisamente em humanidade.

O futuro — vislumbra Bartomeu Bennássar — «há-de levar-nos a crer no homem, na humanidade, no Deus humaníssimo do Evangelho de Jesus».

publicado por Theosfera às 10:50

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