- Parece que foi ontem e já lá vão 25 anos. O Muro de Berlim, que se afigurava inderrubável, foi derrubado.
Afinal, o poder da vontade sempre levou a melhor sobre a vontade do poder.
- A 9 de Novembro de 1989, nascia uma cidade transfigurada, uma Europa renovada e a promessa de um mundo melhor.
Era um povo que se reunificava. Era o ideal de uma Europa unida que ficava mais perto. E era, finalmente, o sonho de uma humanidade reconciliada que parecia mais próximo.
- A História, ao contrário do que insinuava Francis Fukuyama, não chegava ao fim. Mas estava à beira de se reencontrar com o seu fim.
Se o fim da História é a reconciliação e a paz, então a História dava a impressão de ter redescoberto o seu fim: o seu fim sonhado, o seu fim sofrido, o seu fim chorado…
- Era compreensível a alegria. Mas nunca seria recomendável qualquer onda de euforia.
Uma importante conquista fora assegurada. Mas nenhuma vitória poderia ser definitivamente garantida.
- Um muro caiu, mas outros muros se perpetuavam.
Já não haverá muros a separar países. Mas continua a haver persistentes muros a separar pessoas dentro de cada país.
- Têm desaparecido fronteiras entre povos, mas mantêm-se muitas barreiras entre as pessoas.
O muro que separa poder e cidadãos não pára de crescer. O muro que separa ricos e pobres não cessa de aumentar.
- Uma ideologia terá, simbolicamente, colapsado com a queda do Muro.
Mas a ideologia que — também simbolicamente — triunfou pouco tem mostrado para convencer, para cativar.
- A Europa deixou de ter uma causa. Após o deslumbramento, veio o desencantamento.
Aliás, por essa altura fomos avisados, via Lipovetsky, da chegada da «era do vazio». Hoje parece que estamos em pleno «apogeu do vácuo».
- Onde o nada se impõe, tudo se decompõe. E assim vamos oscilando entre a pressão consumista e a ameaça terrorista.
Da «egolatria» (idolatria do eu) à «alterofobia» (desprezo pelo outro) o passo é pequeno e o risco é muito grande.
- Não estamos no fim da História do Mundo. Será bom que, como sugere Anin Maalouf, nos sintamos «no fim da Pré-História da Humanidade».
O futuro será diferente do passado. Que ele possa ser muito melhor que este nosso presente!