Crer é ser. Mas não é apenas — nem principalmente — ser a partir de si, em si ou para si.
Crer é — antes de mais e acima de tudo — aceitar ser a partir de alguém, com alguém e para alguém.
Quem crê não abdica de si, mas recusa-se a ficar somente em si.
Quem crê alarga-se. Crer é abrir, é abrir-se.
Crer é pertencer. Isto não quer dizer que crer implique despertencer. Quem crê não se despertence, mas não pertence unicamente a si.
Quem crê pertence a Deus e pertence a todos a partir de Deus.
Segundo não poucos estudiosos, há quem separe cada vez mais o crer do pertencer.
Há quem opte por crer sem pertencer. Trata-se de um direito, mas também de um problema.
Em si mesmo, crer é fazer parte de uma grande família: da família divina e da família humana, enquanto imagem e semelhança da família divina (cf. Gén 1, 26-27).
O cristão pertence a Deus revelado em Cristo na força do Espírito Santo.
Como indica o próprio nome, ser cristão é pertencer a Cristo. Isto significa que ser cristão é viver de Cristo, em Cristo, com Cristo e para Cristo.
Ao voltar para o Pai, Cristo continua presente através de um novo corpo.
O novo corpo de Cristo é a Igreja. Mais do que uma organização, a Igreja é a nova corporeidade de Cristo.
Daí que cavar uma fractura entre Cristo e a Igreja seja o mesmo que cavar uma ferida dentro do próprio corpo de Cristo.
Pertencer a Cristo é, por conseguinte, pertencer à Igreja e, inversamente, pertencer à Igreja é pertencer a Cristo.
É o que acontece desde o Baptismo. Libertos do pecado original, tornamo-nos, nesse momento, filhos de Deus e membros da Igreja.