O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sábado, 01 de Novembro de 2014

 

Como muita gente neste dia, também fui ao cemitério.

Também rezei no cemitério. Também chorei no cemitério. Também sorri no cemitério.

O cemitério, de certa forma, é um lugar onde os mortos pós-vivem e os vivos pré-morrem.

Sentimos que onde os mortos já estão nós também estaremos.

Prefiro, no entanto, pensar que o cemitério é sobretudo um lugar onde se (re)nasce.

A sepultura sabe a morte, mas também pode saber a vida.

Ela é uma espécie de berço que acolhe o nosso nascimento para Deus, para a vida eterna.

Nada disto é fácil. Mas tudo isto acaba por ser belo.

Sim, reconheço que se trata de uma beleza sofrida, envolta em lágrimas.

Hoje, uma vez mais, recordei os ideais vivos de tantos mortos. E lembrei os ideais nada mortos de tantos vivos.

Porque, no cemitério e à sua volta, há tanta gente de lágrima na face. Mas com um sorriso amigo que volta a acender a chama pura da nossa infância. E dos ideais que nela amanheceram!

 

publicado por Theosfera às 19:24

 

Ao entrar, hoje, no cemitério da minha terra natal, não vi sol, apesar do sol.

Só senti vento e chuva. Vento de emoções e chuva de pranto.

Qualquer coisa tumultuava cá dentro. Não esstava frio, mas senti um frio entremeado pelo calor arfante da saudade.

Nada disto se explica, tudo isto se sente.

Sei que meu querido Pai, falecido há 17 anos, mora em Deus.

Não era preciso, por isso, passar pelo cemitério. Mas a vida é feita de sinais. E o túmulo é mais um sinal de uma presença que não se apaga, de um amor que não se extingue.

Ali deixei um ramo de flores. Ali depositei uma prece.

Meu Pai está sempre comigo. Eu estou sempre com meu Pai.

Ir a um cemitério não é uma experiência fácil, mas é uma experiência necessária, purificadora.

Certifica-nos de como tudo é perecível, de como tudo acaba num ápice.

Só o bem perdura. Só Deus permanece.

Vale a pena fazer do tempo uma construção de eternidade para que a eternidade possa ser um feliz corolário do tempo.

Meu querido Pai costumava dizer, nos últimos tempos, que faltava pouco para ir para a Senhora da Guia.

O cemitério fica mesmo ao lado da capela.

Há uma atmosfera de dor naquele lugar. De uma dor, porém, ungida pela fé e ornada pela esperança.

Nada disto se explica. Tudo isto se sente.

 

publicado por Theosfera às 19:20

Poucas são as vezes em que vou à minha terra natal.Mas sempre que lá volto é como se de lá não tivesse saído.

Está lá o berço em que nasci. Está lá o chão em que cresci. Estão lá muitas pessoas que conheci. E, nesta altura, voltam lá outras pessoas que também foram saindo.

A minha terra, como tantas outras, espraia-se para lá das suas fronteiras.

Ela não vai de Forjães a Porto de Rei, nem de Poçarro às Víduas. Vai de Portugal até à Suíça, passando pela França, pelo Brasil, não faltando uma grande população nas imediações de Lisboa e do Porto.

Há uma vibração que se nota, uma luz que se acende, uma emoção que se solta, qualquer coisa que não se explica, mas que se entende.

Séneca dizia que «ninguém ama a sua terra porque é grande, mas porque é sua».

Não é pelo chão, não é pela paisagem. É por causa daquele chão, daquela paisagem e sobretudo por causa daquela franqueza acolhedora e sempre sorridente que eu amo a minha terra.

É também por causa da Senhora da Guia. Não é o centro geodésico da freguesia, mas é o coração sentimental da população.

Está lá a capela. Está lá o cemitério.

Está já lá, pois, uma grande parte de cada um de nós.Vou lá poucas vezes. Mas, a bem dizer, nunca de lá saí.

publicado por Theosfera às 18:18

Foi há precisamente 40 anos, completam-se neste dia 1 de Novembro.

Chamava-se Isaura. Era minha Avó, Mãe da minha Mãe, a única Avó que conheci.

Tinha eu 9 anos e ela 74 quando, a 1 de Novembro de 1974, fomos ao cemitério.

Fomos, não. Foram meus Pais e meu Irmão. Eu fiquei no carro com a minha Avó.

Nunca mais esqueço o que ela me disse a certa altura:«Olha, meu neto, se calhar daqui a um ano também já me vens visitar aqui, ao cemitério!»

Não liguei, mas não esqueci.

A 30 de Dezembro daquele ano, a minha querida Avó partiu para Deus, após uma vida sacrificada.

Sei que chorei bastante com as saudades. Foi a primeira vez que senti a morte de muito perto.

Nunca deixei de rezar por ela. Sei que está junto de Deus. E conservo a imagem de uma pessoa de bem no meu coração.

publicado por Theosfera às 16:14

Santo és Tu, Senhor,

 

Santo é o Teu ser,

 

Santo é o Teu amor,

 

Santa é a Tua generosidade.

 

Santos são os Teus gestos.

 

Tudo é santo em Ti, Senhor.

 

 

Hoje é, pois, o Teu dia,

 

Como Teus, Senhor, são todos os dias.

 

Mas Tu queres que também nós sejamos santos.

 

A nós parece-nos um sonho impossível.

 

Mas para Ti, Senhor, é tarefa realizável, é missão que está ao nosso alcance.

 

Não estás aí, no alto, à nossa espera.

 

Está connosco, aqui, ao nosso lado, dentro de cada um de nós.

 

 

Ser santo é, afinal, ser (ou procurar ser) como Tu:

 

Manso, humilde, despojado, puro, pacífico.

 

Ser santo não é deixar a vida: é colocar a Tua Palavra no centro da vida.

 

Ser santo não é deixar o mundo: é depositar o Teu amor no coração do mundo.

 

Ser santo não é ser desumano: pelo contrário, é ser autenticamente humano, inteiramente humano, plenamente humano.

 

Ser santo é ser irmão, é ser fraterno, é estender a mão, é abrir o coração.

 

 

A santidade está no Céu, mas não está ausente da terra.

 

Ser santo é ser feliz: não apenas depois, mas também agora, já.

 

E ser feliz não é só quando se ri; é também quando se chora.

 

Tu, Senhor, proclamaste felizes os que choram.

 

 

Ser feliz não é ser rico de bens materiais: Tu, Senhor, declaraste felizes os pobres.

 

Ser feliz não é vencer as guerras: Tu, Senhor, chamas felizes aos que constroem a paz.

 

Ser feliz não é passar por cima dos outros: Tu, Senhor, consideras felizes os que têm fome e sede justiça.

 

Ser feliz não é ter uma vida sem problemas: Tu, Senhor, até dizes que podemos ser felizes quando somos perseguidos e insultados.

 

 

Ser feliz é não ser fingido.

 

É ser autêntico.

 

É manter a serenidade.

 

É acender a luz da esperança por entre as nuvens do desespero.

 

 

Obrigado, Senhor, por todos os santos que estão no Céu.

 

De muitos sabemos o nome e conhecemos a vida.

 

Mas há mais, muitos mais, cujo nome ignoramos e cujo número nem sequer conseguimos imaginar.

 

Muitos pertenceram à nossa família.

 

Muitos foram nossos vizinhos.

 

Santos são aqueles que deixaram, no mundo, uma semente de bondade e um rasto de luz.

 

 

Obrigado também, Senhor, por todos os santos que continuam aqui na terra.

 

Obrigado por nos convidares a ser santos.

 

Apesar dos nossos defeitos, Tu, Senhor, continuas a acreditar em nós.

 

Grava, no mais fundo de nós, este texto maravilhoso das Bem-Aventuranças.

 

Ele é o programa a seguir, o caminho a trilhar e a meta a alcançar.

 

Que o conservemos na mente e o guardemos no coração para que o possamos aplicar na vida.

 

 

Nossa Senhora, Mãe da esperança,

 

Acompanha-nos na nossa jornada pelo tempo.

 

Faz brilhar em nós a luz do Teu sim.

 

Tu és a toda santa, a toda bela, a toda pura.

 

Dá-nos a graça de sermos simples e fiéis,

 

Persistentes e constantes.

 

Semeia em nós a santidade.

 

Que sejamos humildes como Tu.

 

Que deixemos Deus fazer através de nós as maravilhas que Deus realizou por meio de Ti.

 

 

Ajuda-nos no caminho,

 

Acompanha-nos na viagem.

 

Apoia-nos quando cairmos.

 

Enxuga as nossas lágrimas.

 

Dá-nos a Tu mão, agora,

 

E recebe-nos no Teu coração, depois, na eternidade.

 

Que sejamos santos

 

E, por isso, felizes.

 

E, por isso, cada vez mais amigos,

 

Cada vez mais unidos,

 

Cada vez mais irmãos!

publicado por Theosfera às 11:01

Nada tão perigoso como as ilusões. Nada tão doloroso como as desilusões.

As desilusões são as ilusões que se apagam.

Marguerite Duras apercebeu-se: «Há ilusões que se parecem com a luz do dia: quando acabam, tudo com elas desapareceu».

Tudo? Nessa altura, talvez comece a aparecer a consciência da realidade!

publicado por Theosfera às 08:08

A. Ser santo é tornar-se santo

  1. Ao contrário do que possamos pensar, Deus fala, Deus nunca cessa de falar: «Senhor — assim rezava Sören Kierkegaard —, Tu falas, mesmo quando Te calas. Calas-Te por amor e por amor falas. Tanto és no silêncio como na palavra. Tu és sempre o mesmo Pai: guias-nos com a Tua voz e elevas-nos com o Teu silêncio». É nesse falar silencioso — e nesse silêncio falante — que Deus chama. E não chama apenas alguns; chama-nos a todos. Deus chama-nos a todos à vida. Mas não nos chama a uma vida qualquer; chama-nos para uma vida com Ele.

A vocação é, pois, uma convocação e — podemos dizê-lo — uma provocação. É uma convocação universal e uma provocação muito concreta. A vida só é vida quando se abastece na fonte e quando atinge o cume. A vocação vem de Deus e encaminha-nos para Deus pois a fonte da vida é Deus e o cume da vida é Deus. O Concílio Vaticano II insiste na «vocação universal» à santidade. É por isso que a santidade não devia ser a excepção, embora, em si mesma, ela seja sempre excepcional.

 

  1. A santidade é natural em Deus e sobrenatural em nós. O que Deus é por natureza, nós somos chamados a ser por dom de Deus. Ser santo é, por conseguinte, tornar-se santo. E tornar-se santo é, no fundo, concretizar o desígnio primordial da criação.

Se o homem é imagem de Deus (cf. Gén 1, 26-27), e se Deus é santo, então o homem realiza a sua semelhança com Deus procurando ser santo. O homem procura ser santo não inventando uma qualquer santidade, mas incorporando a santidade de Deus na sua vida. Aliás, o próprio Deus deixa entrever que é pela santidade que o homem se torna Sua imagem. É o que encontramos no célebre preceito do Levítico, recordado por S. Pedro: «Sede santos, porque Eu, vosso Deus, sou santo»(Lev 11, 44; cf. 1Ped 1, 16).

B. Só há santidade pela santificação

3. Daí a necessidade da conversão, já que ainda estamos longe da santidade oferecida por Deus. É mediante o apelo à conversão que, segundo S. Marcos, Jesus começa a Sua missão: «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho»(Mc 1, 15).

Só há santidade através de um percurso de santificação. A santificação é todo um processo de conversão, de transformação e de transfiguração. É no âmbito de tal processo que vamos passando da vida velha à vida nova, do pecado à graça. O santo é o pecador que não se resigna ao pecado. O santo, como afirmou Aan Su-Ky, «é o pecador que não desiste»: que não desiste de vencer o pecado.

 

  1. A santidade é uma prova de resistência e um caminho de persistência. Temos de ter consciência dos nossos limites e de perceber que, sem Deus, nada conseguimos, nada de bom podemos alcançar. De resto, o próprio Jesus já nos preveniu contra qualquer devaneio: «Sem Mim, nada podeis fazer»(Jo 15, 5). Foi n’Ele que S. Paulo viu todas as possibilidades em aberto: «Tudo posso em Cristo que me dá força»(Fil 4, 13). Os santos abdicam de ser eles para deixar que Cristo seja neles (cf. Gál 2, 20). Os santos escolheram não ter vida própria, optando pela vida de Cristo, pela vida com Cristo. Mas não é isso o que é suposto todos fazermos desde o Baptismo? O problema é que nem sempre o que é verdade no plano sacramental se torna verdade no plano existencial. O problema é que a palavra dos lábios diz uma coisa e a palavra da vida revela outra coisa, muito diferente.

Tornar-se santo não é fácil. Mas também não é impossível. Hoje, celebramos tantos que demonstraram que ser santo, afinal, é possível. Hoje, celebramos o que muitos (já) são e o que todos nós somos chamados a ser. Muitos já conseguiram o que nós também podemos alcançar. A santidade não é só a meta, há-de ser também o caminho. Aliás, só pode chegar à meta da santidade quem se esforça por percorrer caminhos de santidade.

C. Celebramos não só uma morte santa, mas toda uma vida santa

5. Desde sempre, houve cristãos que acolheram este desafio. Não admira, por exemplo, que o Livro dos Actos dos Apóstolos chame «santos» aos cristãos que estavam em Lida (cf. Act 9, 32). Ser cristão era ser santo e, como nos primeiros tempos havia perseguições, então ser cristão e ser santo era ser mártir.

Por tal motivo, a Igreja, desde muito cedo, teve um dia para assinalar todos os mártires. Curiosamente, esse dia chegou a ser o dia 13 de Maio. Foi em Roma, depois de o Papa Bonifácio IV ter convertido o panteão do Campo de Marte num templo dedicado à Virgem Santíssima e a todos os mártires. No século VIII, o Papa Gregório III erigiu, na Basílica de S. Pedro, uma capela ao Divino Salvador, a Nossa Senhora, aos Apóstolos e a todos os mártires e confessores. Foi, entretanto, o Papa Gregório IV quem, no século IX, fixou esta festa no dia 1 de Novembro.

 

  1. A festa de Todos os Santos é a festa da santidade, é a festa da santidade viva, é a festa da santidade em vida. Nos santos, não celebramos apenas uma morte santa. Em cada santo, celebramos toda uma vida santa. É vital perceber que, embora celebremos os santos depois da morte, eles foram santos durante a vida. Não é a vida que nos impede de sermos santos. O santo não é extraterrestre. Não é sobre-humano. É da nossa terra. Pertence à nossa condição. Tantos são os santos que foram da nossa família. Ser santo é ser verdadeiramente humano, é participar na construção de um mundo melhor. Ser santo é intervir na transformação da humanidade. É não pactuar com a injustiça. É falar com os lábios e testemunhar com a vida. A santidade está ao alcance de todos. É o que há de mais democrático e invasivo.

A santidade faz de nós irmãos. A santidade não é indiferença; é diferença. Santo não é aquele que se mostra indiferente ao que ocorre à sua volta. A santidade nunca é fria. A santidade é quente, calorosa. O santo abraça, ri, chora, grita, insiste, persiste e nunca desiste. A santidade é a surpresa da paz no meio da tempestade. A santidade não é estrepitosa. Muitas vezes, até é silenciosa, mas sempre interveniente, interpelante. A santidade acontece em casa, na estrada, no trabalho.

D. As (provocadoras) felicitações de Jesus

7. Os santos não estão apenas no altar nem figuram somente nos andores. Não há só santos de barro. Há muitos santos de carne e osso, às vezes, mais osso que carne. Há muitos santos com fome. Há muitos santos na rua. Há muitos santos de enxada na mão. Há muitos santos com lágrimas no rosto e rugas na face. É neste contexto que Jesus nos dirige várias felicitações que são outras tantas provocações. A felicidade não está onde costumamos pensar que ela esteja. As Bem-Aventuranças são provocações de felicidade. Afinal, é possível ser feliz chorando e sofrendo.

Feliz, por estranho que pareça, é o que começa por aceitar ser pobre de espírito (cf. Mt 5, 3). Ser pobre de espírito não é ser pobre de Espírito Santo nem falho de inteligência. Aqui, trata-se de ser pobre no espírito e de ter espírito de pobre. Ser pobre não é tanto não ter; é sobretudo partilhar o que se tem. Não esqueçamos que, como disse Bento XVI, Deus fez-Se homem e fez-Se homem pobre. No fundo, ser pobre é ser humilde, ou seja, é não querer afirmar-se pelo poder económico ou pelo poderio social. Ser pobre é ser último e querer estar ao lado dos últimos. São estes que Jesus chama para a frente. Ele próprio o disse: «Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos»(Mt 20, 16).

 

  1. Até a circunstância mais dolorosa pode ser a mais felicitante porque Deus nos aparece nela. É por isso que felizes podem ser os que choram (cf. Mt 5, 4) porque Deus os consola. Num mundo de violência, Jesus proclama felizes os mansos (cf. Mt 5, 5). Num tempo pejado de injustiças, Jesus declara felizes os que têm fome e sede de justiça (cf. Mt 5, 6), bem como os perseguidos por causa da justiça (cf. Mt 5, 10). Numa época de vinganças, Jesus apresenta como felizes os misericordiosos (cf. Mt 5, 7).

Numa era em que a corrupção alastra e os jogos escuros compensam, Jesus garante que felizes são os puros de coração, os que não têm dois rostos, mas uma só cara (cf. Mt 5, 8). Numa altura em que a violência não pára de crescer, Jesus considera felizes os construtores da paz: não os passivos, mas os pacíficos e pacificantes (cf. Mt 5, 9). Finalmente e como corolário, Jesus assegura que felizes são os ultrajados e perseguidos e aqueles de quem é dita toda a espécie de mal por causa d’Ele, por causa do Evangelho (cf. Mt 5, 11). É a provocação suprema. Mas, no fundo, trata-se da felicidade total. Do exterior sobrevêm obstáculos, mas no interior encontra-se a força para os vencer: o próprio Deus.

E. Tudo se decide entre a pobreza e a perseguição

9. Hoje, continua a haver quem seja perseguido e morto por causa de Jesus. Há quem não vacile nem recue. No fundo, a associação entre santidade e martírio, típica dos primeiros tempos, mantém-se. Anote-se que ser mártir é ser testemunha, pelo que ser santo e ser mártir nunca deixaram de ser confinantes. Já Sto. Agostinho percebeu que, nesta vida, vamos caminhando entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus. Sucede que onde as perseguições abundam, as consolações superabundam. E, depois, como notou o Concílio Vaticano II, aprouve a Deus salvar o mundo pela pobreza e pela perseguição.

É por isso que a primeira e a última bem-aventurança se enlaçam mutuamente, entrelaçando todas as outras. A santidade começa pela pobreza, pelo despojamento e é acompanhada sempre pela perseguição. Não é a perseguição que nos há-de fazer desistir nem recuar. Afinal, o Apocalipse fala-nos da incontável multidão, composta pelos «que vieram da grande tribulação, pelos que lavaram as túnicas e as branquearam no Sangue do Cordeiro»(Ap 7, 14).

 

  1. A santidade não é um passeio; é um testemunho exigente. Pode não implicar derramamento de sangue, mas requer imperativamente a oferta da vida. Toda a santidade é feliz e toda a felicidade pode ser santa. A santidade leva-nos a tomar consciência de que somos filhos de Deus (cf. 1Jo 3, 1-2) e, portanto, irmãos uns dos outros.

O céu está cheio de santos. Não deixemos que o mundo fique vazio de santos. Cultivemos uma santidade feliz e uma felicidade santa. Não tenhamos medo de ser santos. Ser santo é felicitar e semear felicidade. Ser santo é ser feliz e colher felicidade.

 

publicado por Theosfera às 06:17

Não é por nada. Ou, se calhar, até é.

Por uma questão de princípio, gostava de saber qual o impacto da eliminação dos feriados no crescimento económico, na redução da austeridade, na queda de impostos, etc..

Disseram-nos, antes, que era uma medida necessária. Era bom que nos dissessem, agora, que resultados já têm.

O povo pressente a resposta. E o povo, não sabendo qual será o caminho para o desenvolvimento, sabe perfeitamente que não é por aqui!

publicado por Theosfera às 02:05

1. Os feriados não foram criados para descansar. Os feriados foram instituídos, antes de mais, para celebrar.
O descanso, aqui, não é fundamental; é instrumental. Não é o objectivo; é a possibilidade. O descanso é oferecido a todos para que muitos possam celebrar.
O feriado de 1 de Novembro é um dos que desapareceu. Deixou de ser dia de descanso. Mas estou certo de que continuará a ser dia de celebração.

2. Em cada dia, os cristãos assinalam vários santos. Hoje é dia de todos os santos.
A santidade é, sem dúvida, excepcional. Mas não devia ser a excepção. A santidade é para todos. É para os que sobrevivem na eternidade. E é para os que ainda caminham no tempo.

3. Por aqui se vê como, ao contrário do que parece aos olhos de muitos, a santidade não nos retira do mundo. É, aliás, no mundo que somos chamados à santidade.
Deus não deixa ninguém de lado no chamamento que faz. É por isso que o Concílio Vaticano II fala da «vocação universal» à santidade.

4. É claro que as pessoas costumam indexar a santidade ao extraordinário. Mas a santidade habita, desde logo, naquilo que é ordinário.
Habituámo-nos a relacionar a santidade com actos heróicos e gestos incomuns. Mas a santidade emerge na vida quotidiana, muitas vezes imperceptível e, quase sempre, incógnita.

5. O registo da santidade é conferido pelo milagre. Mas o milagre não é só o que supera as leis da natureza.
Há muitos milagres na existência diária de pessoas que estão à nossa beira. E nós nem reparamos neles.
Não será um grande milagre subsistir no meio de tanta adversidade? No meio de tanta injustiça?

6. A santidade não nos desmundaniza nem nos desumaniza. Pelo contrário, a santidade mundaniza-nos e humaniza-nos, fraternizando-nos.
A santidade faz de nós irmãos. Torna-nos mais humanos e mais envolvidos na transformação do mundo.

7. Existe santidade quando se reza. Mas também subsiste santidade quando se trabalha. Quando se participa na denúncia da injustiça e no anúncio da verdade.
A santidade não é indiferença; é diferença. Santo não é aquele que se mostra indiferente ao que ocorre à sua volta. Santo é o que se envolve, o que se manifesta.
A santidade nunca é fria. A santidade é quente, calorosa. O santo abraça, ri, chora, grita, insiste, persiste. E nunca desiste.

8. A santidade é a surpresa da paz no meio da tempestade. A santidade não é estrepitosa. Muitas vezes, até é silenciosa, mas sempre interveniente, interpelante.
A santidade está ao alcance de todos. A santidade acontece em casa, na estrada, no trabalho. O santo não é um anormal. O santo não deixa de ser pecador e todo o pecador pode tornar-se santo.

9. Um dia, alguém perguntou a Óscar Wilde: «Sabes qual é a diferença entre um santo e um pecador?». O escritor irlandês respondeu: «Sei. É que o santo tem sempre um passado e o pecador tem sempre um futuro».
No fundo, o santo é o pecador que, consciente do seu passado, continua a querer superar-se no seu futuro.

10. Se pensarmos bem, os santos não estão apenas no altar nem figuram somente nos andores.
Não há só santos de barro. Há muitos santos de carne e osso, às vezes, mais osso que carne. Há muitos santos com fome. Há muitos santos na rua. Há muitos santos de enxada na mão. Há muitos santos com lágrimas no rosto e rugas na face.

11. Não devemos reparar nos santos só depois da morte. Os santos merecem ser imitados durante a vida. Durante a sua vida. Durante a nossa vida!

publicado por Theosfera às 00:40

Hoje, 01 de Novembro, é dia da Solenidade de Todos os Santos e de S. Benigno.
Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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