Hoje, 21 de Outubro, é dia de Sto. Hilarião, Sta. Úrsula e S. Gaspar del Búfalo.
Um santo e abençoado dia para todos!
Hoje, 21 de Outubro, é dia de Sto. Hilarião, Sta. Úrsula e S. Gaspar del Búfalo.
Um santo e abençoado dia para todos!
A partir de certa altura, quando olhamos para trás, ficamos com sensação de que tudo decorreu a uma grande (a uma enorme) velocidade. E quando o último dia se aproximar, chegaremos à conclusão, como reza a sabedoria judaica, de que «só vivemos um único dia».
Mas a última hora será também o primeiro instante. Uma porta se fecha. Outra porta se abrirá. A eternidade espera por nós. Ela já nos vai visitando no tempo.
Muito ânimo, pois. Quando tudo parecer perdido, não perca a esperança. Enquanto há esperança, há vida.
É por isso que, se quer conhecer alguém, não pergunte aos grandes; fale com os pequenos. O maior conhecimento está em baixo. É para lá que devemos olhar.
Albert Einstein deu conta: «A tentativa de combinar sabedoria e poder só raramente foi bem sucedida e por pouco tempo». É uma lacuna grave. Não só política. Mas também cívica.
O Padre António Vieira, sempre conspícuo nas suas formulações, avisou-nos: «Pelo que fizeram, se hão-de condenar muitos; pelo que não fizeram, todos».
A sabedoria que não é sensata desmantela-se por ilusão, por gula. Só a prudência dá saber ao sábio.
Há mais de 50 anos, João de Araújo Correia assinalava que, nos enterros, «só o morto é que se porta bem. O vivo conversa e gesticula pelos cotovelos. Faz parlamento do acompanhamento. E chama-lhe funeral». O que ele diria hoje? Já estaria habituado ao ruído?
Eis o que falta, hoje. Eis o que urge. Hoje e sempre.
São os únicos.
E procure viver cada momento como se fosse o único momento. Porque, de facto, cada momento é único!
É próprio da lei orientar e regular. Mas é indigno de uma lei oprimir.
Impõe-se distinguir. Há leis que asfixiam a liberdade das pessoas. Há leis que salvaguardam a liberdade das pessoas.
Há leis que sufocam e há leis que libertam.
Há quem pense que a liberdade é uma invenção moderna. Importa, porém, reconhecer, em nome da verdade e como tributo à justiça, que, na sua génese, o Cristianismo é uma celebração da liberdade: «Foi para a liberdade que Cristo nos libertou»(Gál 5, 1).
Que nem sempre os seguidores de Cristo tenham conseguido transparecer a liberdade de Cristo é um facto. Mas que o Cristianismo é um evento de liberdade é também uma evidência.
Leonard Liggio, recentemente falecido, sempre o reconheceu. Basta pensar na exigência de liberdade ante a obrigação de «adorar os deuses da cidade».
Tal significa que o Estado não pode ser absoluto. Tem limites para a sua actuação.
Há decisões que são apenas (e sempre) para a consciência!
A ingratidão medra no egoísmo. O ingrato acaba por ser um «egopata».
Acha que só tem direitos, esquecendo que também tem deveres. Desde logo o dever de agradecer.
Como referia Muslan-Al-Din Saadi, «o coração ingrato assemelha-se ao deserto que sorve com avidez a água do céu e não produz coisa alguma».
Ou, melhor, produz. Produz tempestades de ingratidão. E temporais de mágoas!
Hoje, 20 de Outubro, é dia de S. Maria Bertila Boscardin, S. Contardo Ferrini, Sta. Iria, S. Caprásio e Sta. Madadelena de Nagasaky.
Um santo e abençoado dia para todos!
Não são apenas os veículos que têm acidentes. A própria inteligência também os tem e não são poucos nem pequenos.
São muitas as vezes em que a inteligência embate contra a realidade sem apelo nem agravo.
Tal como o condutor deve olhar para a estrada e não para o carro que conduz, a inteligência deve olhar para a realidade e não deslumbrar-se consigo mesma.
A Bíblia já o recomenda: «Não te fies na tua própria inteligência»(Prov. 3, 5). E nada como pôr tudo nas mãos de Deus!
Tu sabes tanto.
Tu sabes tudo, Senhor.
Mas não sabes conjugar o verbo «mandar».
Tudo só sabes conjugar o verbo «servir».
Tu ficaste triste e desapontado
quando os Teus discípulos se mostravam preocupados pelo poder,
pela ambição de mandar,
pelo desejo de possuir.
O Teu Reino, Senhor, não é de poder,
é de amor, esperança e paz.
Nestes tempos convulsos e incertos,
Tu és a bússola e o sentido,
o horizonte e a paz,
Obrigado, Senhor,
por estares sempre connosco
e por nos ensinares a servir.
Ajuda-nos a constituir uma Igreja do serviço,
da ajuda e da solidariedade.
Ajuda-nos a crescer na disponibilidade
e na mansidão.
Tu estás no meio de nós como quem serve.
Tu não vens para ser servido, mas para servir
e dar a vida por todos.
Que nós aprendamos conTigo.
Que nós queiramos servir.
Tu experimentaste a dor
e toda a espécie de provações.
Tu és, pois, o nosso Cireneu,
aquele que condivide a nossa Cruz.
Obrigado, Senhor, pela Tua bondade,
pelo Teu infinito amor
e pela Tua intensa paz.
Que tudo em nós faça ressoar
a beleza da vida que vem de Ti,
JESUS!
As palavras não são tudo. Mas podem ajudar bastante.
Não estamos habituados ao tratamento de «irmãos» em política. É por isso com auspiciosa alegria que registamos o trato que Afonso Dhlakama dispensou aos seus adversários.
Ele disse que está disposto a negociar com «os irmãos do Governo».
Edificante!
A missão lembra-nos o distante. E, de facto, mesmo que se faça perto, a missão leva-nos sempre para longe, para o diferente, para o infinito.
A missão instala-nos fora de nós.
É por isso que a missão não se faz apenas nas terras longínquas. A missão também se faz em casa, no trabalho, na rua, no coração.
Onde está o cristão, aí tem de estar a missão.
A missão aproxima-nos do que é distante e distancia-nos do que está próximo. Ou seja, distancia-nos do nosso eu!
A. Ele fica em nós quando saímos de nós
1. Por hábito, todos gostamos de levar e trazer. Mas, por norma, não gostamos de quem leva e traz. Se calhar, ainda gostamos um bocadinho de quem traz; de quem leva é que não costumamos gostar. O povo diz que «quem leva e traz não faz a paz». Levar e trazer é o pantanoso terreno da intriga, da insinuação e de toda a maledicência.
Acontece que, se pensarmos bem, a missão consiste, antes de mais, em levar e trazer. Levar e trazer é o que faz a missão acontecer. O missionário é o que leva e traz: é o que leva Cristo e é o que traz para Cristo; é o que leva Cristo às pessoas e é o que traz as pessoas para Cristo. Nada mais é a missão.
O Papa Francisco lembra que, «hoje, ainda há muita gente que não conhece Jesus Cristo». De facto, há muita gente que não conhece Jesus Cristo porque nunca ouviu falar d’Ele. E há muito gente que não conhece Jesus Cristo mesmo tendo ouvido falar d’Ele.
B. Evangelizar não é o primeiro passo; é o segundo
3. Evangelizar é converter-se ao Jesus do Evangelho e anunciar o Evangelho de Jesus. Assim sendo, o primeiro passo do evangelizador não é evangelizar. Evangelizar será o segundo passo. O primeiro passo do evangelizador é deixar-se evangelizar. Esta é a carência, esta tem de ser a urgência.
Com efeito, como pode evangelizar quem não está evangelizado? Como pode evangelizar quem não se deixa evangelizar? Mas como poderá deixar-se evangelizar quem pensa que já está evangelizado? Nunca percamos de vista que a evangelização não é um factum, mas um fieri. Ou seja, não é uma coisa feita; é um contínuo fazer-se. Alguma vez poderá ser dada por concluída a evangelização?
Será que toda a evangelização sabe a Evangelho? Sem Evangelho na vida, será lícito falar de evangelização? Sem oração, haverá evangelização? Sem Eucaristia, haverá evangelização? Sem formação, haverá evangelização? Sem amor ao próximo, haverá evangelização? Para haver Evangelho, não pode haver apenas conhecimento do Evangelho; tem de haver sobretudo vivência do Evangelho: uma vivência despojada, uma vivência constante, uma vivência alegre, uma vivência autenticamente felicitante.
C. O evangelizador também tem de ser evangelizado
Como muito bem explica D. António Couto, o problema da evangelização «não reside nos destinatários» (…); «reside no sujeito evangelizador que, para o ser, terá também de ser fruto de evangelização». O nosso mal é que continuamos a achar que a responsabilidade do insucesso nosso é culpa de outros. Dizemos que os outros não querem aderir; mas será que nós não damos motivos para recusar? Alegamos que os outros não querem vir; mas será que nós nos dispomos a ir? E, quando vamos, que levamos? Não basta ir a todos os lugares. Não é suficiente chegar a todas as pessoas. É preciso ir a toda a parte com o Evangelho. É urgente chegar a toda a gente com o Evangelho. A chegada do evangelizador tem de ser a chegada do Evangelho. Mas só pode levar Evangelho quem procura converter-se ao Evangelho. Aliás, como encher os outros com o Evangelho se nós estivermos vazios de Evangelho?
Para isso, não chega trazer o Evangelho na mente e nos lábios; é fundamental trazer o Evangelho no coração e na vida. Só a partir da vida se pode chegar à vida. Aliás, o Evangelho está escrito no livro para ser (permanentemente) inscrito na vida. Entende-se, assim, que S. João de Calábria, que clamava por um «regresso ao Evangelho», insistisse para que fôssemos «Evangelhos vivos». Caso contrário, só haveria evangelhos mortos, mortiços ou amortecidos, que nem merecem sequer o nome de Evangelho.
D. É preciso vitaizar a fé e fidelizar a vida
Nesta tarefa, temos de nos mobilizar todos e de nos mobilizar sempre. A missão não é só para alguns nem para alguns momentos. A missão é para todos e é para sempre. Ela não começa com o sacramento da Ordem nem com a consagração religiosa. A missão começa com o sacramento do Baptismo. Foi por isso que o Vaticano II recordou que «a Igreja é, por natureza, missionária». Não se pode, portanto, ser cristão sem ser missionário. Onde está o cristão, aí tem de estar a missão.
Em linha com os tempos dos começos, somos convidados a formar, segundo a pertinente linguagem de D. António Couto, uma «Igreja da anunciação» e uma «Igreja da fidelidade». No fundo, é neste duplo alicerce que assenta a evangelização: anunciar e ser fiel. A Igreja está no mundo para anunciar o Evangelho e para ser fiel ao Senhor Jesus. E a novidade ínsita na Nova Evangelização não está nas estratégias, mas na fidelidade. Do que se trata, por conseguinte, é de renovar a fidelidade ao Senhor Jesus. Daí que a missão tenha de ser alentada — e alimentada — pela oração. A oração é a parteira da missão, pois só quem vem de Cristo será capaz de encaminhar para Cristo.
E. Sempre em missão, nunca em demissão
Todo o evangelizador é um seguidor de Cristo e há-de procurar ser um servidor em Cristo. O mundo tem necessidade do Evangelho, do Evangelho inteiro, do «Evangelho sem glosa» de que falava José Mattoso. Como diz S. Paulo, o Evangelho não se anuncia apenas com palavras (cf. 1Tes 1, 5); há-de anunciar-se sobretudo com o testemunho da vida, sob «a acção do Espírito Santo e com profunda convicção»(1Tes 1, 5).
A evangelização existe para chegar a todo o homem, para lhe dizer que Deus o ama e para lhe assegurar que só será feliz em Deus. Deus é o maior investidor na felicidade do homem: apostou o melhor que tinha — o próprio Filho (cf. Jo 3, 16) — na felicidade de todos os homens. Evangelizar é, pois, felicitar, é semear felicidade. Não é o Evangelho que nos afasta de ninguém. O Evangelho é o que mais nos aproximará de todos!
Hoje, 19 de Outubro (29º Domingo do Tempo Comum e Dia Mundial das Missões), é dia de S. João Brebeuf, Sto. Isaac Jogues, S. Pedro de Alcântara e S. Paulo da Cruz.
Um santo e abençoado dia para todos!
O verdadeiro é sempre preferível ao falso.
Mesmo que a verdade doa, é verdade.
Ainda que a falsidade agrade, é falsa.
Não era, porém, o que pensava Alain, que preferia «um pensamento falso a uma rotina verdadeira».
Esse é o problema.
Ainda que seja rotineira, a verdade é sempre preferível. A verdade é sempre verdade!
Nadine Gordimer achava que «os factos são sempre em menor quantidade do que aquilo que realmente aconteceu».
Há muita coisa que acontece e que nos escapa. Que figurará sempre nas infindáveis páginas dos livros em branco!
Não podemos fazer tudo imediatamente.
Mas não devemos adiar tudo indefinidamente.
Calvin Coolidge afirmou: «Não podemos fazer tudo imediatamente, mas podemos fazer alguma coisa já».
Tentemos fazer bem Procuremos fazer sempre o bem!
A totalidade não precisa de muito. Não é preciso muito para dizer tudo.
O todo prima por uma luminosa simplicidade. Jesus condensa toda a Lei num duplo mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos.
Estes dois mandamentos eram tão impressivos que, segundo S. Gregório Magno, Jesus enviou os Seus discípulos dois a dois por este motivo: «dois são os mandamentos, a saber, o amor de Deus e o amor do próximo».
Jesus manda os discípulos em missão dois a dois para nos dizer isto sem palavras: «quem não tiver amor para com os outros, de modo algum deve assumir o ofício da pregação».
Sem amor, não pode haver missão. Afinal, quem não ama o irmão que vê, como pode amar a Deus que não vê? (cf. 1Jo 4, 20)
Coisa estranha. Acontece à nossa frente e nós nem reparamos ou protestamos.
A vigilância da vida das pessoas já não é feita por forças policiais. Passou a ser feita por outras pessoas.
Pessoas vigiam pessoas. Pessoas controlam pessoas. Pessoas policiam pessoas.
Quando era o poder a controlar, notávamos que estávamos em ditadura.
Quando são as pessoas a devassar pessoas, tecemos loas à liberdade.
Em muitos casos, nem sequer debatemos ideias, apenas batemos em pessoas.
Afinal, há quem só pense na liberdade a partir de si. Esquecemos que a liberdade, bem sublime, é a arte da conjugação.
O outro também é livre. O outro também deve ser respeitado. E, depois, quem de nós não tiver pecado, que atire a primeira pedra (cf. Jo 8, 7).
Se pensássemos mais no que disse o Mestre dos mestres, as pedras ficariam todas no chão!
A lei impõe. A moral orienta.
Se a moral fosse mais respeitada, até a lei poderia ser dispensada.
Nietzsche reconheceu que «a moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade».
O problema é que já não são apenas as pessoas a distanciar-se da moral. Algumas leis também estão (bem) longe dela!
Faz hoje seis anos que faleceu o senhor Dr. António Fausto Montenegro.
Foi deputado da Nação e, durante muitos anos, Juiz da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, de quem era muito devoto e a quem tratava, carinhosamente, por Patroa.
Homem de uma verticalidade impressionante, tinha na honradez de carácter e na força das convicções dois dos traços mais marcantes da sua personalidade.
Era de uma delicadeza inexcedível. Era capaz de desacelerar o veículo só para não ultrapassar uma pessoa na via pública. Tudo o que fazia era por despojamento.
Não queria agradecimentos nem aceitava homenagens. Mesmo quando foi incompreendido, nunca se revoltou. Tudo o que fez foi por missão.
Nossa Senhora já o terá depositado no regaço de Seu Filho, no seio da Santíssima Trindade.
Foi um grande missionário. Será sempre um grande Amigo.
Hoje, 18 de Outubro, é dia de S. Lucas e S. Monon, ermita.
Um santo e abençoado dia para todos!
Ao lado de tantas palavras ditas existem tantas palavras não ditas, tantas palavras por dizer.
Se se fizesse a história completa da humanidade, ao lado dos livros escritos teria de haver lugar para imensos livros em branco.
São esses os que mais têm que contar. Mas não contam!
Nenhum saber pode ficar escondido.
Todo o saber deve ser repartido. Não como quem faz uma dádiva, mas como quem ressarce uma dívida.
Paolo Mantegazza apercebeu-se: «Quanto houvermos aprendido devemos ensiná-lo a quem tudo ignora ainda; deste modo pagamos uma dívida sacrossanta».
Afinal, aquilo que damos também nos foi dado. A humildade é o parto do saber!
Antes de tomar uma atitude, seria bom que a avaliássemos.
Muitas vezes nos desvanecemos, mas quantas vezes nos arrependeremos?
Daí o avisado conselho de Jacques Bossuet: «A única precaução contra os remorsos da morte é a inocência da vida».
Nunca deixemos de resgatar a inocência (porventura) perdida. Ou desperdiçada!
O que vemos, o que sentimos, o que escutamos não nos sossega.
É quase impossível ser optimista, embora nunca devamos fechar as portas à esperança.
Diga-se que este sentimento não é de agora. Já David Lawrence desabafava: «Não é um belo pensamento o de um mundo sem pessoas, apenas relva ininterrupta e uma lebre sentada?»
Apesar de tudo, não é um belo pensamento este.
O mundo será melhor com melhores pessoas. Nunca será belo um mundo sem pessoas!
Hoje, 17 de Outubro, é dia de Sto. Inácio de Antioquia (que gostava de se apresentar como «Teóforo», aquele que traz Deus), Sta. Zélia, S. Balduíno e S. Gilberto.
Um santo e abençoado dia para todos!
Nem sempre parece bem sucedido o «casamento» entre a verdade e a caridade.
Às vezes, parecem ter falta de paciência. Não raramente, parecem querer separar-se.
Há momentos em que a verdade sufoca a caridade. E há alturas em que a caridade ofusca a verdade.
Mas essa é apenas uma impressão.
Quem provoca a fricção não é a verdade e a caridade, que sempre se deram bem. Quem provoca a fricção é quem quer impor a verdade à custa da caridade e quem pretende impor a caridade sem a verdade.
Uma coisa é certa. Quando se perde uma, a outra dificilmente se encontra.
Foi por isso que o futuro Paulo VI defendeu, desde jovem, a necessidade de a Igreja despontar, ao mesmo tempo, como mestra da verdade e mãe da caridade.
Quanto mais mestra, melhor mãe. Quanto mais mãe, melhor mestra!
Muitas vezes, quase sempre, é preciso vencer o medo da coragem.
Mas, algumas vezes, é necessário ter a coragem do medo.
Eu sei que é difícil explicar. Parece estultícia.
Mas, em certos momentos, há que ter coragem para ter algum medo.
A precipitação pode estragar os melhores projectos. Por estranho que pareça, um certo medo pode ser o adorno da esperança e da mudança.
É preciso esperar pelo momento certo e saber ler os sinais dos tempos!
Uma revista francesa resolveu discorrer sobre um tema novo: o «hipernarcisismo».
E sabem que figura escolheu para ilustrar o tema?
É um português!
Confesso que, por mais de uma vez, me fiz a pergunta que um jornalista formula neste dia:
«Que fazer quando os portugueses que admiramos têm mais de 70 anos?»
Desde logo, importa perceber por que não admiramos pessoas com idade inferior.
E, depois, teremos de concluir que talvez imitemos quem não admiramos.
O problema, quanto aos que admiramos, é que nos limitamos a admirar...
Se a sua esperança cair no chão, não procure apanhá-la.
Deixe-a andar pelo chão. Por vezes, a esperança parece desaparecida.
Mas ela não desaparece. Anda pelo chão das nossas vidas, a alimentar as raízes.
Um dia, ela regressará e, o que é sublime, não repousará só em si.
A esperança que cai em tantos ocasos há-de reerguer-se, viçosa, em fulgurantes manhãs!
Carlos Drummond de Andrade notou que «o cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustrar-se-á quem pensar que nele encontrará riqueza».
Com o dinheiro muito se faz. Mas é também com o dinheiro que muito se desfaz.
A maior riqueza está na mente, no coração, no espírito, na vida.
É essa riqueza que nos ajudará a sair do abismo para onde os donos do dinheiro nos atiraram!
Hoje, 16 de Outubro, é dia de Sta. Hedwiges, Sta. Margarida Maria Alacoque, Sta. Josefa Vanini e S. Gerardo Majela.
Faz também 36 anos que foi eleito o Papa João Paulo II.
Um santo e abençoado dia para todos!
É costume distribuir uma pagela na Missa Nova de um padre.
Habitualmente, essa pagela traz uma gravura no verso e uma oração no reverso.
O futuro Papa Paulo VI reproduziu uma prece de S. Pio X: «Concedei, ó meu Deus, que todas as inteligências se reúnam na Verdade e todos os corações na Caridade».
Eis um belo pedido. E não há dúvida de que Deus quer atendê-lo. Mas será que os homens de Deus estarão dispostos a aceitá-lo?
Uma coisa é certa. Uma inteligência sem coração é perigosa e um coração sem inteligência não é tranquilizador.
Só há verdade na caridade e só pode haver caridade na verdade.
O amor tem de ser verdadeiro e a verdade tem de ser amorosa.
É o que aprendemos com Deus. É o que nunca deveríamos desaprender na vida que nos dá Deus!
A abundância pode ter o mesmo efeito que a carência. Ambos podem levar à extinção, ambos podem conduzir à morte.
Vejamos o que se passa na alimentação.
Tão perigoso é não comer como comer demais. A bulimia não é menos ameaçadora que a anorexia.
Nos relacionamentos entre as pessoas ocorre algo semelhante.
Bertolt Brecht verificou que «a confiança pode exaurir-se caso seja muito exigida».
O excesso de palavras denuncia uma carência de realidade.
Se há confiança, para quê reclamar confiança?
Quando se muito se exige a confiança, é porque, no fundo, não se confia. Ou porque, afinal, não se pode confiar!
Chesterton «não queria uma Igreja que mudasse com o mundo, mas uma Igreja que mudasse o mundo».
Acontece que a mudança está inscrita em tudo o que está no mundo.
Sendo o mundo o terreno da mudança, é inevitável que alguma coisa vá mudando em quem está no mundo. A Igreja não é excepção.
Mas há muito que não mudará mesmo quando alguma coisa for mudando.
No discernimento que o Espírito suscita, há coisas que importa mudar, há coisas que urge manter.
O mundo afecta a Igreja. Mas quem conduz a Igreja é o Espírito de Deus.
E, em fidelidade ao Espírito de Deus, a Igreja transporta uma proposta de mudança.
Chama-se Evangelho, chama-se conversão!
Os santos sempre foram incompreendidos. Porquê?
Chesterton propõe uma explicação altamente engenhosa: «Um santo é um medicamento por ser um antídoto. Por isso é que, muitas vezes, ele é um mártir: ele é confundido com um veneno por ser um antídoto».
Um santo não é, pois, «o que as pessoas querem, mas sim aquilo de que precisam».
Eis, assim, mais um paradoxo que a História nos apresenta: «Cada geração é interpelada pelo santo que mais a contradiz».
«A verdade padece, mas não perece».
Assim escreveu (superior e magnificamente) Santa Teresa de Ávila.
Impressiona ver como as pessoas que estão mais perto da luz são também aquelas que mais experimentam a escuridão.
A aridez e a secura sempre acompanharam, quais intrusos, as pessoas com uma vida espiritual mais fecunda.
Santa Teresa de Ávila quase desesperou com a ausência de vontade de rezar. S. João da Cruz atravessou muitas noites de espírito. Santa Teresa de Lisieux verteu páginas de uma tal angústia que houve quem as amenizasse aquando da publicação da História de uma alma.
Madre Teresa de Calcutá (três Teresas envolvidas nestas histórias de sofrimento!) também teve a visita da escuridão. As provações atingiram a vértebra da sua alma.
Ela mesma confessou: «Se eu, alguma vez, vier a ser Santa, serei, com certeza, uma santa da escuridão. Hei-de estar permanentemente fora do céu a iluminar os que, na terra, se encontram na escuridão».
É verdade que a luz resplandece mais na escuridão. Mas não deixa de ser sintomático que se acentue mais a dor da escuridão do que a fruição da luz.
Mistérios que só Deus, no Seu Espírito, logrará decifrar...
«Si doctus, doceat; si sanctus, oret; si prudens, regat nos».
Eis uma máxima atribuída a Sta. Teresa de Ávila que não perdeu actualidade.
É uma espécie de bússola para discernir capacidades: «Se é douto, que nos ensine; se é santo, que reze por nós; se é prudente, que nos governe»!
Hoje, 15 de Outubro, é dia de Sta. Teresa de Jesus e Sto. Eutímio, o Jovem.
Um santo e abençoado dia para todos!
Para que haja missão, é fundamental crer e é decisivo querer.
Está em missão quem percebeu que Aquele que entrou em si é Alguém que, desde sempre, Se habituou a sair de Si.
O Pai sai eternamente ao encontro do Filho. O Pai e o Filho saem eternamente ao encontro do Espírito Santo.
Palavras como «pericorese» e «circumincessão» pretendem evocar apenas — e sempre — isto: nenhuma pessoa divina sobrevive «ego-sentada»; todas Elas estão umas nas outras, vivendo umas para as outras.
O amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo é tão forte que não cabe em Si: explode na Criação, contagiando o mundo.
É que, muitas vezes, as pessoas estão fora de si, mostrando que andam constantemente à procura de si.
Há quem chegue a todos os lugares. E há quem consiga chegar a todas as pessoas.
O importante é que o Enviante cresça, mesmo que o enviado diminua (cf. Jo 3, 30).
O enviado sai para desassossegar os outros, não para desarrumar a fé dos outros. O caos não há-de ser o seu cais.
A saída não pode ocorrer apenas no início. Sair do cais não custa. Sair de nós é (bem) mais difícil. É preciso (re)aprender a sair. Em cada dia. E a todas as horas!
Hoje em dia, qualquer um pode saber o que todos sabem.
O saber que se sabe está à disposição de todos.
Acontece que este saber se mostra claramente insuficiente.
É um saber insuficiente para explicar e insuficiente para transformar.
Galbraith dizia que «um dos segredos da sabedoria económica é saber aquilo que não se sabe».
Eu diria que esse não é só um dos segredos da sabedoria económica. É um dos segredos da vida.
Saber aquilo que (ainda) não se sabe: eis o importante, eis o difícil, eis o urgente!
Pensamos em nós, no nosso país, na nossa selecção.
É natural. Mas devíamos contar também com os outros.
Os outros também querem ganhar. E também podem merecer ganhar.
Mesmo que não sejam tão bons, os outros podem mostrar mais e dedicar-se melhor!
Mas há um certo egoísmo patriótico que nos contamina.
É difícil escapar à nossa natureza. Seja onde for, manifestamos o que somos.
O que de bom e de menos bom nos acompanha vem sempre ao de cima. O futebol não é excepção.
Importante é concluir: os outros também existem, também contam, também são gente!
Hoje, 14 de Outubro, é dia de S. Calisto, Sta. Madalena Panattieri e S. João Ogilvie.
Um santo e abençoado dia para todos!
Nossa Senhora, em Fátima (cujas aparições são reconhecidas pela Igreja), pediu, expressamente, que se reze o Terço todos os dias: «Quero que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer».
Como negar um pedido feito pela Mãe?
Portugal era muitas vezes motivo de conversa entre Stanislaw Dziwisz e Karol Wojtyla, sobretudo nas datas de 13 de Maio e 13 de Outubro, ocasião em que João Paulo II se dirigia à varanda na Praça de São Pedro e rezava e cantava a Avé, Maria.
«Isso aproximava-o do povo português», acrescentando que João Paulo II admirava a devoção dos fiéis a Nossa Senhora de Fátima, com milhares de pessoas a rezar em uníssono. O Santo Padre «não podia deixar de admirar a devoção, oração e capacidade de sacrifício dos peregrinos».
Há máquinas movidas a óleo. E há pessoas movidas por ódio.
O que se ouve e o que se lê parece não ser movido por mais nada.
Mas será que o ódio, além de vítimas, fará alguma coisa?
É óbvio que o ódio faz mal às vítimas. Mas também não faz nenhum bem aos opressores das vítimas!
O que se ganha com o ódio, afinal? Será que os profissionais do ódio conseguem explicar?
Creio que não. O seu mister é apenas um: odiar.
Tentem, ao menos, ficar em paz deixando os outros em paz!
É a falar que a gente se entende?
Nem sempre. E, pela amostra, é a falar que a gente cada vez menos se entende.
É claro que a solução para os falhanços da comunicação não é o fim da comunicação, mas o constante aprimoramento da comunicação.
Só que, às vezes, o melhor é não dizer nada.
Sobretudo quando a turbulência emocional é grande, o mais prudente é ficar calado. Ou, como sugeria António Lobo Antunes, limitar-se a uns precavidos «pois é», «nem mais».
Não adiantam muito. Mas, ao menos, não complicarão mais!
O ano lectivo ainda é pequeno. Mas grande é a dor que ele já provocou em muitos.
Acresce que o problema da colocação de professores não é de agora. Já se arrasta há muito.
Não será hora de repensar tal sistema de colocação?
Tudo o que é centralizado não é muito democrático. Pode ser necessário, mas tendo em conta os factos, está a mostrar-se totalmente ineficaz.
Porque não dar espaço às escolas para tratarem da contratação dos seus docentes?
Não seria possível, ao menos, experimentar?
Agradar é bom. Mas pode ser perigoso.
Quem se esforça por agradar arrisca-se a parecer o que não é.
Foi talvez por isso que Schiller asseverou que «agradar a muitos é mau».
Deus deu-nos um só rosto e não duas caras.
Sejamos nós próprios, sem adornos nem peneiras.
Importante é agradar à nossa consciência e a Quem na nossa consciência nos visita!
Hoje, 13 de Outubro, é dia de Sto. Eduardo III, S. Fausto e Bem-Aventurada Alexandrina Maria da Costa.
Um santo e abençoado dia para todos.
O mundo acordou e ainda bem; o mal é que eu também acordei
E diga-se que nem foi difícil obter um acordo. O manifesto que clubes e jogadores assinaram diz textualmente: «Nem mais uma contratação milionária enquanto houver uma única pessoa com fome». E o facto é que não há apenas uma pessoa com fome; há quase mil milhões de pessoas com fome. Finalmente, vão terminar os investimentos milionários no futebol. Finalmente, alguns dos que têm mais aceitam ter menos para que muitos que têm menos possam vir a ter mais. Finalmente, o mundo acordou.
No fundo, perdemos o sonho porque nos perdemos no sono. Perdemo-nos, de facto, na sonolência da frieza, da crueza e da indiferença. A fome dos outros devia ser também a nossa fome e o nosso pão devia ser igualmente pão para os outros. É muito estranho — e sumamente triste — estarmos num mundo em que existem meios para matar a vida e não parecem existir meios para matar a fome. Ou, melhor, os meios até existem; o que não parece existir é vontade para os usar devidamente.
«Se querem lutar, lutem contra a fome!»
3. Como observou Eduardo Lourenço, dolorosa não é só a fome de muitos; é também — e bastante — o contraste com a opulência de tantos. De facto, o drama da fome «coexiste com o espectáculo de uma civilização aparentemente dotada de todos os meios, de todos os poderes para a abolir». Não dá para acreditar, mas importa saber que as 85 pessoas mais ricas do mundo possuem tanto como cerca de 3 mil milhões de pessoas do mesmo mundo. Ou seja, poucos com tanto e tantos com tão pouco!
Será que não podemos eliminar a fome ou será que não queremos eliminar a fome? Será que já reparamos na súbita emergência de um novo continente — o «continente da fome» —, que consegue até a assustadora proeza de ser mais populoso que a Oceania, a África e a América Latina? O trágico é notar como muita gente tem mais acesso ao armamento do que ao pão. Com efeito, nunca vimos ninguém, nas ruas, a mendigar armas. Estas parecem estar ao alcance de todos. Mas as pessoas continuam a estender a mão para mendigar pão! É caso para dizer — para gritar — aos partidários da guerra: «Se querem lutar, lutem contra a fome»!
Os povos e as pessoas não deviam ter inimigos. Todos os povos e todas as pessoas deviam unir-se contra os reais inimigos da humanidade. Sim, a humanidade tem inimigos, inimigos poderosos, inimigos persistentes, inimigos letais. Contra esses inimigos deveríamos estar sempre em guerra. Que inimigos são esses? São principalmente quatro: a doença, a ignorância, a violência e a fome. A «guerra» contra a doença é crucial. A «guerra» contra a ignorância é determinante. A «guerra» contra a violência é decisiva. E, como é óbvio, a «guerra» contra a fome é urgente. Enquanto não vencermos estas quatro «guerras» não teremos paz e arriscamo-nos a nem sequer ter vida. Se, como disse o Papa Paulo VI, o clamor dos povos da fome chegou até Deus, como é que pode não chegar até nós?
O Cristo faminto passa por nós e nem sequer reparamos
5. Não esqueçamos que o Cristo que adoramos também está presente no irmão que passa fome. Tantas vezes, o Cristo faminto passa por nós e nós nem sequer reparamos. Mas, um dia, esse mesmo Cristo faminto poderá dizer-nos: «Tive fome e não Me destes de comer»(Mt 25, 42). É que «tudo o que não fizestes ao mais pequeno dos Meus irmãos foi a Mim que o deixaste de fazer»(Mt 25, 45). Daí que, a partir do século IV, S. João Crisóstomo dirija um apelo a cada um de nós: «Enquanto adornas o templo, não esqueças o teu irmão que sofre, porque este templo é mais precioso que o outro».
Se alguém quiser, pois, honrar a Cristo, «não permita que Ele seja desprezado nos Seus membros, isto é, nos pobres», nos que passam fome. Afinal, «de que serviria adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Primeiro, dá de comer a quem tem fome e, depois, ornamenta a Sua mesa com o que sobra. Queres oferecer-Lhe um cálice de ouro e não és capaz de Lhe dar um copo de água?» É diante de todo este cenário que se compreende que, numa visita que fez ao Peru, S. João Paulo II tenha atordoado a humanidade com uma exclamação flamejante: «Fome de Deus sempre! Fome de pão nunca!»
Durante tal banquete, Deus vai «retirar o luto»(Is 25, 7) e «destruir a morte»(Is 25, 8). Vai, por isso, «enxugar todas as lágrimas»(Is 25, 8) e acabar com «a vergonha do Seu povo»(Is 25, 8). Tudo isto acontecerá nos tempos últimos, inaugurados por Jesus Cristo. Ele é o Último, o Definitivo e o Perene. Ele é o eco de todos os nossos anseios e o horizonte de todos os nossos caminhos.
Em Cristo, Deus também Se faz pão
7. O Evangelho garante que «o banquete está pronto»(Mt 22, 8). Com efeito, é sobretudo em Jesus Cristo que Deus Se faz pão. Cristo é pão para que ninguém tenha mais fome de pão. Quem come deste pão, vive e vivifica; ou seja, deve alimentar a vida dos outros.
Aliás, é esse o mandato do próprio Jesus: «Dai-lhes vós de comer»(Lc 9, 13). Somos nós que temos de dar pão. Somos nós que temos de ser pão. E que pão? O pão é Cristo, que nos manda repartir o pão (cf. Mt 14, 19-20).
Quanto mais nos alimentarmos com o Pão da Palavra e da Eucaristia, tanto melhor alimentaremos os outros com o pão de cada dia. É por este motivo que a Missa não tem fim. Termina a Missa, começa a Missão. E a Missão consiste, basicamente, na distribuição do Pão: do Pão que vem de Deus e do pão que vem da terra por graça de Deus. Se saciarmos a fome com o Pão da Vida, ajudaremos a saciar a vida dos outros com o pão. E se ninguém esbanjar o supérfluo, a ninguém faltará o essencial.
Sem Cristo, nada; em Cristo, tudo
9. Deus está sempre a convidar. Mas há quem recuse, há quem não queira vir (cf. Mt, 22, 3). Hoje, são muitos os que vêm, mas continuam a ser muitos mais os que não querem vir. Eis, pois, um compromisso para todos nós: vamo-nos fazer eco do divino convite. Vamos convidar outros (em casa, na escola, na rua, no trabalho e até no café) para virem no próximo Domingo. E se os que estão perto persistirem em não vir, convidemos os que estão longe, nas periferias, os que se encontram nas «encruzilhadas dos caminhos»(Mt 22, 9).
Não há dúvida de que a Igreja é para todos. Mas não é para tudo. Quando o banquete se inicia, o rei apercebe-se de que um convidado «não vestira o traje de cerimónia»(Mt 22, 11). Chama-o à atenção com delicadeza, tratando-o como «amigo»(Mt 22, 12). Aqui, o traje é essencial. Como sabemos, o traje é o que se coloca por cima de nós, é aquilo que nos reveste e que, nessa medida, nos identifica. Na verdade, as pessoas, quando nos vêem, olham para aquilo que vestimos. As melhores vestes são para os maiores momentos. Que traje devemos trazer, então, para este banquete que é a Eucaristia? O traje que devemos trazer é o traje de uma vida nova, de uma vida transformada. Não se pode ir para o banquete com o traje habitual. Isto é, não se pode ir para o sacramento da vida nova com a vida que se tem, com a vida que se leva. É preciso mudar de vida. É por isso que a Eucaristia começa com a confissão. É por isso que nos devemos confessar com frequência. A graça de Deus é a vida nova, a vida renovada.
É por isso que, em Cristo, nunca descansaremos enquanto alguém passar fome. Cristo é pão para todos. Sejamos nós os distribuidores de todo o género de pão junto de todos. Se todos tiverem fome de Deus, ninguém terá fome de pão!
Nada é impossível para Ti.
Tudo é possível conTigo, Senhor.
Hoje em dia, precisamos de acreditar,
de não desistir
e de sempre caminhar.
Obrigado, Senhor, pelo estímulo
e pelo constante apoio.
O caminho é difícil, mas não é inviável.
Ele pode ser trilhado.
E, como aos discípulos de Emaús,
também hoje nos acompanhas.
És o nosso companheiro,
o que partilha a nossa vida.
Tu queres, Senhor, que saibamos os mandamentos.
Mas não chega.
Mais importante que saber é fazer.
Saber é necessário, mas fazer é decisivo.
Às vezes, falta-nos apenas uma coisa.
Mas essa coisa pode ser a mais importante.
É preciso dar aos pobres,
repartir com os pobres.
Como são actuais estas palavras.
Como é pertinente este apelo.
Como é urgente esta prioridade.
É aqui que está a sabedoria.
A sabedoria não está apenas no conhecimento.
A sabedoria está sobretudo no amor.
O amor é mais sábio que a sabedoria.
Essa sabedoria está na Tua Palavra
e no Teu Pão.
Obrigado, Senhor, por seres a Mesa
e o Pão.
Obrigado, Senhor, por nos dares tudo em abundância.
Obrigado por tanto. Obrigado por tudo.
Que nós saibamos repartir.
Neste momento de crise, aumenta a nossa solidariedade
e faz crescer o nosso amor!
Conhecer é essencial, mas não é fácil. Pode até ser perturbador muito conhecer.
Já Sófocles percebeu: «Como é terrível conhecer, quando o conhecimento não favorece quem o possui».
Mas também não é para buscar favorecimentos que devemos procurar conhecimentos.
O conhecimento deve buscar a verdade. Só ela compensa!
A pessoa religiosa é apresentada, muitas vezes, como sendo uma pessoa retraída, sorumbática, ensimesmada.
É um perfil difundido, mas é igualmente um paradigma questionável.
Parte do princípio de que Deus é um juiz implacável. Daí que os Seus seguidores se mostrem apreensivos.
É pena que esqueçamos que, como notou Félix Uribe, Deus também é humor.
Aliás, Alçada Baptista discorreu sobre o «riso de Deus». E há um provérbio judaico que assinala o contraste: «O homem pensa, Deus ri».
Milan Kundera, comentando este adágio, achava que Deus Se ri do que o homem pensa. «Porque é que Deus ri ao olhar o homem que pensa? Porque o homem pensa e a verdade escapa-lhe. Porque quanto mais os homens pensam, mais o pensamento de um se distancia do pensamento do outro. E, finalmente, porque o homem nunca é aquilo que pensa ser».
Mas eu atrever-me-ia a dizer que, acima de tudo, Deus sorri. D'Ele nos vem sempre um sorriso de bondade, um sorriso de acolhimento, um sorriso de perdão.
Que me desculpe Kundera, mas Deus não Se ri de nós; Deus sorri para cada um de nós!
Hoje, 12 de Outubro (28º Domingo do Tempo Comum), é dia de Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora de Aparecida, S. Serafim de Montegranaro, S. Vilfrido e S. João Beyzym.
Um santo e abençoado dia para todos!
É muito arriscado confiar um segredo. Mas só arriscando se poderá saber quem é fiel, quem é honesto, quem é amigo.
Fernando Pessoa não era nada optimista e, por isso, aconselhava: «Guarda ao teu ser o teu segredo; se o abrires, nunca o poderás fechar».
Não iria tão longe. Mas depois de abrir, é mais difícil que o segredo permaneça segredo.
Coisa estranha. Duas pessoas não valem tanto como uma para guardar um segredo.
Mas ainda há excepções. Ainda há quem seja fiel e amigo!
O pão é essencial à vida e é muito antigo no mundo.
Dizem que os primeiros pães apareceram na antiga Mesopotâmia. Foi há muitos milhares de anos quando a sedentarização proporcionou a cultura dos cereais.
Na Capadócia (Turquia), apareceu um género de pão específico, feito com leite em vez de água.
Terá sido há 7 mil anos que foram inventados os moinhos para grãos de cereais.
E foi no Egipto que, há 6 mil anos, se descobriu a fermentação. Terá sido por causa de uma distração: uma massa esquecida, humidificada com chuva, inchou.
O pão tornou-se um alimento indispensável e um símbolo incomparável.
Foi o pão que Jesus escolheu para se transformar no Seu corpo.
Jesus tornou-Se, assim, nosso alimento!
Somos comandados pela razão. Mas, tantas vezes, somos determinados pela emoção.
É preciso estar atento. A emoção tanto pode ser uma causa como uma consequência. Tanto pode constituir a nascente como pode configurar a foz. A
s emoções provocam as acções, as acções provocam as emoções.
Temos emoções positivas e temos emoções negativas.
De acordo com alguns peritos, as emoções negativas excedem (e muito!) as positivas.
Um recente estudo vindo da Universidade de Glasgow garante que só temos quatro emoções: felicidade, tristeza, medo e irritação.
São essas que mais nos condicionam. E só uma é positiva!
Habituámo-nos a correr. Desabituámo-nos de ficar.
Pascal tinha uma explicação (no mínimo) curiosa. Para ele, «toda a infelicidade nasce de uma única coisa: não saber ficar em descanso, num quarto».
É urgente parar até para (re)pensar a correria em que andamos.
Sucede que, mesmo quando fisicamente paramos, sentimos que qualquer coisa corre dentro de nós.
É por isso que hoje não se pensa, comenta-se. O comentador ocupou o lugar do pensador.
O pensador olhava para a vida a partir das referências. O comentador olha para o quotidiano a partir das tendências.
Daí que os critérios sejam diferentes.
Quem pensa privilegia o que tem valor. Quem comenta incide sobre o que é popular.
No campo do impensado, será que o pensamento corre o risco de rastejar pelo instinto e pelo instante?