- Tudo começa por um acto de fé. E tudo se prolonga numa acção da vontade.
Para que haja missão, é fundamental crer e é decisivo querer.
- Crer em Deus é deixá-Lo entrar. Querer Deus é o que nos faz sair.
Está em missão quem percebeu que Aquele que entrou em si é Alguém que, desde sempre, Se habituou a sair de Si.
- Em Si mesmo, Deus é um mistério de saída.
O Pai sai eternamente ao encontro do Filho. O Pai e o Filho saem eternamente ao encontro do Espírito Santo.
- Os conceitos podem parecer intragáveis, mas a realidade por eles evocada é bem simples e muito bela.
Palavras como «pericorese» e «circumincessão» pretendem evocar apenas — e sempre — isto: nenhuma pessoa divina sobrevive «ego-sentada»; todas Elas estão umas nas outras, vivendo umas para as outras.
- O «big bang» não é só uma explosão de matéria. É, acima de tudo, uma explosão de amor.
O amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo é tão forte que não cabe em Si: explode na Criação, contagiando o mundo.
- Enquanto imagem de Deus (cf. Gén 1, 26-27), o homem é chamado a sair: não só a sair para o exterior, mas sobretudo a sair de si.
É que, muitas vezes, as pessoas estão fora de si, mostrando que andam constantemente à procura de si.
- Na missão, há que sair. E, como é óbvio, há que chegar.
Há quem chegue a todos os lugares. E há quem consiga chegar a todas as pessoas.
- É imperioso, contudo, que a presença do enviado não seja demasiado intensa nem muito ofuscante.
O importante é que o Enviante cresça, mesmo que o enviado diminua (cf. Jo 3, 30).
- Ao chegar, há quem tenha a tentação de fazer cintilar o seu próprio eu.
O enviado sai para desassossegar os outros, não para desarrumar a fé dos outros. O caos não há-de ser o seu cais.
- Não basta, por isso, chegar; é preciso levar. A chegada do apóstolo tem de ser a chegada de Jesus Cristo.
A saída não pode ocorrer apenas no início. Sair do cais não custa. Sair de nós é (bem) mais difícil. É preciso (re)aprender a sair. Em cada dia. E a todas as horas!