- Hoje, talvez mais do que nunca, somos mendigos da felicidade. Hoje, talvez mais do que nunca, confessamos que somos infelizes.
Somos infelizes mesmo quando proclamamos que somos felizes. Parece que a felicidade dura pouco. É por isso que multiplicamos os eventos de diversão. Só que a felicidade parece terminar quando tais eventos chegam ao fim.
- As pessoas estão eufóricas, mas, ao mesmo tempo, insatisfeitas. Habituámo-nos a correr. Desabituámo-nos de ficar. Pascal tinha uma explicação (no mínimo) curiosa. Para ele, «toda a infelicidade nasce de uma única coisa: não saber ficar em descanso, num quarto».
Não iria tão longe, como é óbvio. Mas que, hoje em dia, faz muita falta repousar é algo que ninguém ousará questionar. Urge fazer descansar o corpo e, ainda mais, a alma. Quanto mais se cuida do corpo, tanto mais se faz notar a fadiga da alma.
- A felicidade pode não ser uma conquista. Mas tem de ser sempre uma tentativa. Jacques Prévert aconselhava: «É preciso tentar ser feliz, nem que seja apenas para dar o exemplo».
Procurar ser feliz não será a verdadeira felicidade? E nunca se esqueça da máxima de Raoul Follereau: «Ninguém é feliz sozinho».
- A felicidade não está na posse. Está na dádiva.
Só somos felizes quando ajudamos a semear felicidade!
- «Quanto melhor se enche a vida, menos se tem medo de perdê-la». Alain percebeu o essencial. É quando perdemos a vida que melhor a enchemos.
Dar, afinal, é sinónimo de receber. Quanto mais se dá, tanto mais se recebe. A lógica do Evangelho não falha. Pode parecer subversiva, mas é estupendamente real. Experimente Jesus!
- «Se a juventude soubesse, se a velhice pudesse». Henri Estienne condensou, nesta frase, o dilema da existência.
Há uma cisão entre o poder e o saber. O poder parece que vem cedo. O saber parece que chega tarde.
- Parece que quando se pode, não se sabe. E parece que quando (finalmente) se sabe, já não se pode.
O problema é que o poder presume que sabe. Quando se chega a saber é que se dá conta de que, afinal, não se sabia. Mas, aí, dificilmente se pode.
- Quem ganhou as últimas guerras? Quem ganhará as próximas guerras? Eleanor Roosevelt não tinha dúvidas: «Ninguém ganhou a última guerra, nem ninguém ganhará a próxima».
Esse é o equívoco em que persistimos desde os primórdios. Na guerra, todos perdemos. Ganhar só na paz!
- A porta da salvação é estreita (cf. Mt 7, 13), mas não está fechada. A porta da salvação está sempre aberta (cf. Act 14, 27).
É uma porta que nunca se fecha. Não se entra nessa porta aos empurrões nem aos encontrões. É por essa porta que se dá o encontro entre todos. Essa porta é Jesus (cf. Jo 10, 9). Não existe auto-salvação. A porta é também o porteiro. Só Jesus salva. Mas Ele quer que todos nos salvemos. Por isso Ele vem. Por isso Ele nunca deixa de vir. Atenção, pois. A porta está aberta. Também hoje. Também para si.
- Os idosos não são velhos. São jovens há mais tempo.
Têm muito a ensinar-nos. Temos muito a aprender com eles!