1. O novo não traz só o novo. O novo traz também o antigo.
E, neste caso, não traz apenas o melhor do antigo. Pode trazer igualmente o pior: o mais arcaico, o mais extemporâneo, o mais ameaçador.
2. É por isso que a novidade nem sempre é indutora de progresso.
Muitas vezes e como avisou Edgar Morin, a novidade acaba por ser instigadora de retrocesso.
3. A novidade é uma espécie de embalagem onde cada um coloca o que quer.
E, não raramente, a novidade não passa daí: da embalagem. O conteúdo frequentemente é bafiento, rançoso, rancoroso e, portanto, perigoso.
4. Há, pois, que estar atento e ter cuidado.
O encantamento incauto pelo novo pode trazer prejuízos irreparáveis.
5. Hoje em dia, a comunicação tem menos limites, o que será bom. Mas também é submetida a menos avaliações, o que é preocupante.
Outrora, qualquer texto passava sempre por um filtro antes de chegar ao público. Hoje, a comunicação faz-se cada vez mais directamente, cada vez mais intempestivamente.
6. Não é em vão que as televisões estão em queda e os jornais em crise. Muitos destes meios já se extinguiram e muitos outros lutam — desesperadamente! — pela sobrevivência.
As pessoas estão a migrar, crescentemente, para as redes sociais. Aqui, produzem o que entendem e consomem o que desejam. Sem filtros!
7. Há fenómenos que aparecem na realidade porque foram desencadeados virtualmente.
Os famosos «meets» são (somente) o exemplo mais recente.
8. Mas não são apenas os movimentos vanguardistas que recorrem a estes instrumentos. Há sectores (considerados) ultraconservadores que também não os dispensam.
A sociedade do espectáculo parece ser abrangente: acolhe tudo. Sem aparentes restrições. A «futilnet» vai fazendo o seu caminho. E o «horrornet» vai prosperando por toda a parte.
9. Há inclusive grupos com um discurso ferozmente antimoderno que não hesitam em deitar mão às ferramentas mais modernas
É pela internet que difundem as suas mensagens e atraem muitos dos seus membros.
10. O mundo virtual é muito mais real do que parece. Ignorar a sua influência ou subestimar o seu peso é o maior erro que se pode cometer.
Se não usarmos a internet a favor de nós, não faltará quem a utilize contra todos nós!