1. É muito o que ensina a ciência. Mas é muito mais o que se aprende com a experiência.
A ciência traz-nos muita coisa. Mas só a experiência é a mãe de todas as coisas.
2. Sobre a oração, a experiência diz-nos, desde logo, que ela é vital.
Acontece que, na era da suspeita, só não suspeitamos da suspeita. Quanto ao resto, nada aparenta escapar.
3. Nem o lastro da história servirá de defesa. Como notou Roland Barthes, para muitos, «o antigo é sempre suspeito».
Mesmo que continue a ser válido, mesmo que nunca deixe de ser novo, o que vem do passado é visto como — irremediavelmente — ultrapassado.
4. Quem perde, porém, não é a coisa perdida. Quem perde somos nós, que a perdemos, que nos perdemos ao perdê-la.
Olhando para a história, teremos de perguntar. Houve algum santo que não fosse pessoa de oração?
5. Há, por vezes, o risco de confundir oração com inacção.
Acontece que a oração não só não impede a acção como se posiciona como alento e alimento da acção.
6. O orante não é inactivo. Diria que ele é acrescidamente activo: a partir da base, a partir do fundo, a partir de dentro.
Os mais activos foram sempre grandes contemplativos. Aliás, duplamente contemplativos: contemplativos na oração e contemplativos na acção. Todos eles souberam encontrar Cristo na oração e reencontrar Cristo na acção.
7. O abandono do tempo da oração não aumenta necessariamente a quantidade do tempo da missão e acaba por fazer perigar a sua qualidade.
A atrofia espiritual degenera em paralisia pastoral, da qual, porventura, nem nos apercebemos. Uma espiritualidade dissolvente acaba por desencadear uma pastoral decadente. Que se limita a gerir em vez de fermentar.
8. Não cedamos ao risco de agir mais como patrões do que como pastores.
Não somos donos do rebanho e os seus membros são pessoas, não são criados.
9. Não nos julguemos proprietários da sua vontade. Procuremos surgir como servidores das suas ânsias.
A religiosidade popular continua a alimentar-se do Terço diário e da Eucaristia semanal.
10. Na sua sabedoria simples (e na sua simplicidade sábia), o povo não está errado. Estejamos com o povo em oração. E espraiemos a oração na missão. A oração postula a missão.
O «ide em paz» não é uma despedida; é um envio. Termina a Missa, começa a Missão!