É inevitável, mas não deixa de ser preocupante porque redutor.
Uma vez mais, os resultados das eleições estão a ser analisados pela óptica dos partidos e não pela óptica da sociedade civil.
Deste modo, estamos a ver o problema pela sua metade abdicando de o contemplar na sua totalidade.
Em Portugal (e, obviamente, no resto da Europa), temos uma questão política e uma questão cívica.
Muitos não votaram. E muitos dos poucos que votaram optaram por penalizar quem tem exercido o poder: quem tem exercido o poder no presente, quem tem exercido o poder no passado e provavelmente quem se prepara para exercer o poder no futuro.
O poder perdeu e perdeu muito, mas não terá perdido muito para quem tem estado na oposição.
Dá a impressão de que poder e (alguma) oposição perdem para a abstenção e para as forças anti-sistema.
Este é um quadro muito heterogéneo.
Nem todos os abstencionistas e apoiantes dos novos movimentos estão contra a Europa.
Uma grande parte estará contra a política que tem vindo a ser seguida na Europa.
Alguns revêem-se na contestação. Mas que propostas advêm da contestação? Que propõe quem contesta?
O drama da sociedade civil é que fermenta contestação, mas não é capaz de gerar alternativas.
Que surgirá deste impasse?
Antes de cantar vitórias e de atribuir derrotas, pensemos!