Não Te digo adeus, Mãe!
É o último dia do Teu mês.
Mas Tu ficas sempre connosco, na Igreja de Teu Filho
e na Humanidade que, como Ele, Tu tanto amas.
Adeus, ó Mãe? Não.
Sempre conTigo, Mãe!
Não Te digo adeus, Mãe!
É o último dia do Teu mês.
Mas Tu ficas sempre connosco, na Igreja de Teu Filho
e na Humanidade que, como Ele, Tu tanto amas.
Adeus, ó Mãe? Não.
Sempre conTigo, Mãe!
O perigo acompanha-nos sempre. O problema é se apenas o perigo nos resta.
Giraudoux notou: «A Pátria está em perigo, mas, se calhar, esse perigo é o que nos resta».
Apesar de tudo, penso que nos resta muito mais.
E o perigo é um despertador para a importância desse «muito mais»!
Por vezes, a política infiltra-se na religião. Por vezes, a religião infiltra-se na política.
Repare-se em certos afloramentos da linguagem.
Por estes dias, muito se fala de «messias» e de «salvador».
E não é a Jesus Cristo que se referem!
Não são as palavras que melhor interpretam os pensamentos.
Os melhores intérpretes dos pensamentos são as acções.
Palavra de James Joyce: «As acções são os melhores intérpretes dos pensamentos»!
De um grande homem vem, quase sempre, um grande conselho.
Leonardo da Vinci aconselha: «Quem não pode o que quer, queira o que pode».
Quem não tem sucesso pode, mesmo assim, ter felicidade!
A escola ensina muito. A vida ensina tudo. E, quase sempre, surpreende.
A tirania de um é má. Mas a tirania de muitos será melhor?
Mariano da Fonseca observou sagazmente: «Há povos que são felizes em não ter mais que um só tirano».
A bem dizer, não serão felizes. Serão, porventura, menos infelizes.
Piores que os tiranos assumidos são, sem dúvida, os tiranos dissimulados!
Hoje é a festa da Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel.
E, de repente, notamos que esta é uma espécie de antecâmara da Solenidade do Corpo de Deus.
É que a primeira procissão do Corpo de Deus não foi em 1264. Foi, muito antes, quando Maria visitou Isabel.
Já tinha concebido. O Corpo de Deus já estava no Seu seio.
Hans Urs von Balthasar chamou-Lhe, com toda a propriedade, «cálice do Verbo». E o nosso Frei Amador Arrais qualificou-A como «capela de Deus».
Maria caminhou com pressa. A caridade assim o exigia. A solidariedade é sempre a prioridade.
E onde há amor e solidariedade, Deus está perto!
Foi há 51 anos. Foi a 31 de Maio de 1963.
Nesse dia, morreu um dos lamecenses mais ilustres: o Dr. Alfredo de Sousa.
Foi deputado, ministro e presidente da câmara.
Muito do que esta cidade é hoje deve-se a ele.
O seu nome aparece numa rua. A sua figura não devia desaparecer da memória.
Num ano singular, justificava-se uma comemoração especial.
O ano do cinquentenário ainda está em curso.
Além da obra, Alfredo de Sousa foi grande pela dignidade, pelo porte, pelo exemplo.
Vidas assim não prescrevem. Vidas assim são lições perenes. À espera de serem apre(e)ndidas!
Hoje, 31 de Maio, é dia da Visitação de Nossa Senhora a Sta. Isabel, Nossa Senhora do Coração de Jesus, Nossa Senhora da Boa Nova e Sta. Petronila.
Um santo e abençoado dia pascal para todos!
Jaruzelski, que morreu no passado Domingo, confessou que só existia no passado.
Infelizmente, há muita gente assim: a viver só no passado.
O passado que se abre ao futuro em cada presente é fermento.
O passado que, mesmo no presente, não sai do passado arrisca-se a ser prisão!
A sexta moção de censura está a ser discutida nesta sexta-feira.
Mas esta censura tem desfecho conhecido.
Outra censura, porém, pode surgir logo à tarde.
Será que o Tribunal Constitucional vai censurar o Orçamento do Estado? Aguardemos!
A verdade resulta de um encontro: entre a realidade e a pessoa.
É por isso que a verdade pode ser, ao mesmo tempo, única e pluriforme.
Num certo sentido, é possível haver várias versões sobre a mesma realidade. Poderá haver erros, mas não necessariamente mentira.
A realidade é única, mas os olhares são múltiplos.
Raymond Aron tinha uma percepção curiosa: «Porque se representa a verdade nua? Para que cada um a vista como lhe pareça».
A roupagem da verdade é aquela que nós lhe colocamos. O importante é que tal roupagem não a esconda!
Hoje, 30 de Maio, é dia de Sta. Joana d'Arc, S. Fernando e Sta. Baptista Varani.
Um santo e abençoado dia pascal para todos!
A vida é feita de pequenos momentos.
Uma grande obra é tecida com pequenas atitudes.
Habitualmente, reparamos nas grandes decisões e nos grandes discursos. E propendemos a negligenciar os detalhes.
Mas é aí, nos pequenos detalhes, que tudo se decide. Devia ser aí que as nossas atenções teriam de se concentrar. Pois é aí que se vão tingindo pastosos sinais de decadência.
Não é de hoje. Nem de há pouco.
Fernando Pessoa, versão Artur Mora, é de opinião que tudo terá começado com a decadência do Império Romano. «Poucos dão por isso, mas ainda estamos a assistir à decadência do Império Romano».
Alguns não conhecerão o Império Romano. E muitos não reconhecerão a decadência.
A pior decadência será aquela que nem reconhecida é.
Como pode levantar-se quem não assume sequer que caiu?
Discernir é necessário para perceber as possibilidades e para compreender os limites.
Bem dizia Jean Cocteau que «o discernimento consiste em saber até onde se pode ir».
Por aqui se vê como o discernimento é uma carência e, nessa medida, uma urgência.
Há quem não tenha noção dos limites.
Há quem não dê um passo na vida. E há quem dê passos a mais na vida.
Há que rever muita coisa. E recomeçar tudo de novo!
Hoje, 29 de Maio, é dia de S. Maximino, Sta. Úrsula de Ledochowska e S. José Gérard.
Um santo e abençoado dia para todos!
As vitórias não são eternas. Mas talvez não soubéssemos que podem ser tão efémeras.
Afinal, não é só a derrota a trazer dificuldades.
Às vezes, as vitórias também trazem problemas.
Já Churchill avisara: «Os problemas da vitória são mais agradáveis do que os da derrota, mas não são menos difíceis».
Não são, de facto, menos difíceis. E, pela amostra, nem sequer serão mais agradáveis!
Numa altura em que a Primavera decide prolongar o pousio, as temperaturas continuam baixas e a chuva não desiste de se insinuar.
Oportuno, portanto, voltar a Unamuno: «Quando Deus quiser chover na tua vida, deixa chover».
Que Deus faça «chover» paz, serenidade, harmonia no nosso país. Neste dia. Nesta vida.
Que todos se encontrem na procura do bem comum.
E que as salutares diferenças não sejam o passaporte para a animosidade. Mas que possam ser o caminho para uma amizade sempre maior!
Não se deslumbre. Mas também não se deprima.
Charles Dickens alerta: «O homem nunca sabe do que é capaz, até que o tenta».
Há tantas capacidades inesperadas no interior do ser humano!
Nada como ouvir (ou ler) um homem grande para melhor entender um grande homem.
Zubiri dizia, humildemente, que «o menos mau de si mesmo» a Ortega o devia.
Olegario González de Cardedal notava que o teólogo tem de aliar a «complexidade da inteligência» à «simplicidade do coração».
Trata-se de um apelo, mas que também pode ser visto como um reconhecimento.
Andrés Torres Queiruga incorpora, belamente, aquela síntese.
Aliás, é difícil encontrar alguém como ele onde as duas dimensões se casem tão harmoniosamente.
Torres Queiruga é alguém que se impõe por uma inteligência fulgurante e que se destaca por uma cordialidade absolutamente tocante.
Para ele, o Cristianismo não é uma trincheira nem uma cave, onde se refugiem os últimos (supostos) fiéis.
Para ele, o Cristianismo é uma janela por onde todos os ventos passam e uma fronteira onde todos os olhares se cruzam.
Torres Queiruga não se limita a reproduzir as respostas de sempre. A sua prioridade é escutar as perguntas de hoje.
Daí a sua preocupação em repensar, palavra que aparece no título de algumas das suas obras.
É preciso repensar (voltar a pensar) a fé, a criação, a redenção, a ressurreição, o mal.
Não quer dizer que as respostas de outrora não tenham validade. O problema é que tais respostas podem não corresponder às perguntas de hoje.
Torres Queiruga é, antes de mais, um homem atento, afável.
As suas obras deixam transparecer, acima de tudo, as inquietações do presente.
A sua pretensão não é resolver todos os enigmas, mas dar eco a todas as preocupações.
Espanta, por isso, que um homem que tanto se tem empenhado em compreender seja, tantas vezes, incompreendido.
Mas esse é um dos mistérios não decifrados do nosso tempo. De todos os tempos?
A teologia e a cultura têm uma dívida de gratidão muito grande para com este homem de vistas largas e horizontes vastos.
Com ele, aprendemos não apenas o valor da resposta, mas também a importância da pergunta e a centralidade da procura.
Andrés Torres Queiruga completa, neste dia, 74 anos de vida.
Os parabéns são de nós para ele. Mas as prendas são dele para nós: as suas obras, o seu testemunho, a sua fé, a sua delicadeza, o seu brilho intenso, mas nunca ofuscante.
Longa vida!
Hoje, 28 de Maio, é dia de S. Justo e S. Germano de Paris.
Um santo e abençoado dia para todos!
Noel Clarasó achava que «a simplicidade é o último recurso dos que não sabem complicar agradavelmente a vida».
Não sei.
Eu propendo a pensar que a complicação é que é o contínuo expediente dos que não sabem simplificar serenamente a vida.
Nada como a simplicidade!
Descontraia. Os problemas são muitos, mas não são eternos.
Como bem notou Charlie Chaplin, «nada é permanente neste mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas».
Poderão vir outros e até maiores. Mas eles também passarão!
Não é antipático ser simpático. E não é simpático ser antipático.
Só que, por vezes, tem de ser.
A verdade nem sempre vem ornada com simpatia. Mas, mesmo quando é antipática, não deixa de ser verdadeira.
Antes a verdade antipática do que a mentira supostamente simpática.
Ressalve-se, porém, que antipatia não é o mesmo que indelicadeza.
A verdade pode gerar antipatia, mas nunca deve ser servida à mesa da indelicadeza!
A abstenção é um fenómeno demasiado heterogéneo para ser tratado como uma realidade uniforme.
Há quem se abstenha por convicção, por hábito, por comodismo, por protesto ou por descrença.
Há quem não vote porque pensa que, votando ou não, nada de importante se altera.
Uns acharão que a democracia já está tão consolidada que nada a fará perigar. Outros julgarão que a democracia está tão enfraquecida que nada a poderá recuperar.
Uns acharão que não é preciso votar. Outros julgarão que (já) não vale a pena votar.
É legítimo. Mas não deixa de ser perigoso.
É urgente melhorar a qualidade de vida política. E a qualidade de vida cívica!
Nestes dias em que todos dizem que ganharam, fará bem pensar que, afinal, todos perderam.
Se olharmos para os números, todos tiveram menos votos que em 2011.
Com a óbvia excepção do MPT, todos são perdedores.
Acontece que alguns perderam menos que outros.
Cantar vitória parece, pois, ser uma «canção» fora de tempo!
1 Nestes dias convulsos, a Igreja é chamada a conjugar, cada vez mais, uma dimensão paulina com uma dimensão mariana.
Ela precisa, ao mesmo tempo, do arrojo de Paulo e da silenciosa discrição de Maria.
2. Uma Igreja confidente (que escuta) é o suporte imprescritível de uma Igreja conferente (que anuncia).
Maria não Se destaca tanto pela palavra proferida com os lábios como pela palavra pronunciada com a vida. Ela é, pois, Mãe da Igreja e paradigma do que há-de ser a Igreja Mãe.
3. Se alguma coisa a Igreja recebe de Jesus, é, desde logo, a sua identidade.
Se alguma coisa a Igreja aprende com Maria é, acima de tudo, o seu comportamento.
4. Jesus Cristo apresenta-Se como servo. Maria assume-Se como serva. Os dois constituem as referências supremas do centramento autodescentrado.
O centro de Jesus e de Maria não são Jesus nem Maria. O Seu centro é Deus e o Homem.
5. A esta (dupla) luz, a Igreja tem de se descentrar constantemente para se recentrar permanentemente: em Deus e no Homem.
Ela há-de constituir uma comunidade orante e, simultaneamente, uma comunidade fraterna.
6. Tem de ser uma Igreja «intro-vertida» e «extro-vertida»: voltada para Deus na oração e voltada para a Humanidade na acção.
O membro da Igreja há-de ser, em simultâneo, homo Dei (homem de Deus) e homo hominibus (homem para os homens).
7. É o amor a Deus que nos impele para o amor ao próximo.
Dir-se-ia que há uma espécie de sócio-espiritualidade estribada no duplo mandamento: «Quem ama a Deus, ame também o seu irmão» (1Jo 4, 21).
8. Quanto mais a Igreja se voltar para fora de si, melhor se reencontrará dentro de si. Quanto mais a Igreja se despojar, melhor se redescobrirá.
A Igreja encontra em Maria uma capacidade para perceber que Deus intervém na história para salvar, para libertar. Maria oferece-nos não um Deus «a-pático», mas um Deus entranhadamente «sim-pático». É um Deus que sofre o sofrimento do povo.
9. Em suma, para a Igreja, Maria é espelho e exemplo.
Ela é a realização (já) consumada do que nós (ainda) somos chamados a construir.
10. Embora escondidamente — como notou Hans urs von Balthasar — Maria «governa» a Igreja. Não necessita de ser loquaz para ser eloquente. Basta-Lhe o exemplo.
Maria governa a Igreja pelo exemplo. E o exemplo é tudo!
Antes ser enganado do que enganar.
Custa ser enganado, mas é reconfortante nunca enganar.
Daí o conselho de Kent M. Keith: «Se fores honesto e franco, os outros podem enganar-te; mesmo assim, sê honesto e franco»!
Faz hoje 51 anos que morreu Aquilino Ribeiro, que nasceu não muito longe daqui.
Pertinente o que escreveu: «Creio que a arte de governar não reside apenas em operações de tesouraria e previdência. Pelo ritmo do progresso, inerente a tal doutrina, só daqui a cem anos teria Portugal um nível de vida aceitável, uma indústria comezinha, sempre antiquada em relação à do resto da Europa, as estradas que ambiciona, hospitais em que coubessem os seus enfermos, casas de educação regidas por uma pedagogia que viesse a desenvolver as faculdades das crianças e não as jugulasse aos varais consabidos de ideias revelhas e sistemas bafientos. Entretanto, o País fica como a Lua, metade em penumbra»!
Os grandes vêem longe!
Hoje, 27 de Maio, é dia de Sto. Agostinho de Cantuária, Evangelizador dos Ingleses, e S. Júlio, Padroeiro dos que recolhem o lixo.
Um santo e abençoado dia pascal para todos!
Adivinha-se algum desconforto em quem ganhou. Pressente-se um certo alívio em quem perdeu.
Afinal, quem ganhou esperava mais e quem perdeu contava com menos.
A nossa idiossincrasia lusa tem um expediente que costuma resultar: «Podia ser pior». E, de facto, até podia.
Só que tudo isto não são mais que jogos florais.
Num dia em que todos dizem que ganharam, seria bom que pensássemos se não estaremos todos a perder!
Afinal, onde estão os representantes dos que não querem ser representados?
O mais elementar é que quem não quer ser representado não tivesse representantes.
Os não-representados rever-se-iam assim nos não-representantes.
Ou seja, os lugares vazios seriam a tradução mais lógica da abstenção.
Nesse caso, o Parlamento Europeu teria muito menos que 751 deputados. E, ontem, teriam sido eleitos apenas 7 e não 21 deputados portugueses.
É claro que isso colocaria problemas de funcionamento gerando uma espécie de entorse no sistema parlamentar.
Mas só assim muitos acordariam.
A democracia é feita de maiorias. Mas impressiona que seja uma minoria a decidir pela maioria.
Era bom que repensássemos tudo.
Todos temos de mudar: os eleitos, os eleitores e também os abstencionistas. Sem pressões, claro!
É inevitável, mas não deixa de ser preocupante porque redutor.
Uma vez mais, os resultados das eleições estão a ser analisados pela óptica dos partidos e não pela óptica da sociedade civil.
Deste modo, estamos a ver o problema pela sua metade abdicando de o contemplar na sua totalidade.
Em Portugal (e, obviamente, no resto da Europa), temos uma questão política e uma questão cívica.
Muitos não votaram. E muitos dos poucos que votaram optaram por penalizar quem tem exercido o poder: quem tem exercido o poder no presente, quem tem exercido o poder no passado e provavelmente quem se prepara para exercer o poder no futuro.
O poder perdeu e perdeu muito, mas não terá perdido muito para quem tem estado na oposição.
Dá a impressão de que poder e (alguma) oposição perdem para a abstenção e para as forças anti-sistema.
Este é um quadro muito heterogéneo.
Nem todos os abstencionistas e apoiantes dos novos movimentos estão contra a Europa.
Uma grande parte estará contra a política que tem vindo a ser seguida na Europa.
Alguns revêem-se na contestação. Mas que propostas advêm da contestação? Que propõe quem contesta?
O drama da sociedade civil é que fermenta contestação, mas não é capaz de gerar alternativas.
Que surgirá deste impasse?
Antes de cantar vitórias e de atribuir derrotas, pensemos!
Não há eu sem tu.
A acção de cada um depende da acção (ou da inacção) de muitos.
O mérito (ou demérito) de uns não é insensível ao mérito (ou demérito) de muitos.
A conquista é um acaso? Acho que não, embora Anne Louise de Stael pensasse que sim: «A conquista é um acaso que talvez dependa mais das falhas dos vencidos do que do génio dos vencedores».
Não acredito no acaso. Acredito, sim, em muitas causas.
A maior parte delas está para lá do nosso pequeno (e estreito) mundo!
Hoje, 26 de Maio, é dia de S. Filipe de Néri e Sta. Maria Ana de Paredes.
Um santo e abençoado dia pascal para todos!
Duas certezas ao longo de muitas dias e uma forte probabilidade ao longo de muitos minutos.
Sabia-se que o campeão europeu seria espanhol.
Sabia-se que o troféu ia ficar em Madrid.
E até aos 93 minutos, o Atlético tinha as mãos em cima da taça.
Parecia o corolário lógico. Mas quando tudo aparentava chegar ao fim, um novo começo surgiu.
Tudo muda quando menos se espera. No futebol. Na vida!
Do trânsito de Tomé entre a dúvida e a fé, lavrámos a conclusão de que é preciso ver para crer.
Mas o mais importante é a reacção de Jesus e a posterior atitude crente do mesmo Tomé.
Afinal, é preciso crer para ver. Só consegue ver quem crê, quem acredita.
Crer é ver fundo, é ver longe, é ver sempre. Mesmo quando parece que nada se vê.
Quando se crê, até o invisível acaba por ser visto!
Hoje, 25 de Maio (VI Domingo da Páscoa), é dia de Sta. Madalena Sofia Perat, Sta. Vicenta María López de Vicuña, S. Gregório VII, S. Beda Venerável e Sta. Maria Madalena de Pazzi.
Um santo e abençoado dia para todos!
Afinal, o fundo pode sempre ser mais fundo. Depois da debilidade, o vazio.
Os nossos tempos já não serão de pensamento débil. Serão, talvez, de pensamento nulo ou clandestino.
Foi-se o pensamento original. Foi-se o pensamento repetitivo.
Foi-se a coerência. Foi-se a decência.
Foi-se a estética. Foi-se a ética.
O que se retira da faustosa paisagem televisiva, radiofónica, jornalística e internética? Tudo (ou quase) é espuma, «show off» e gritaria.
Acredito, porém, que o pensamento não se ausentou das pessoas, ainda que muitas pessoas aparentem ausentar-se do pensamento.
De momento, o pensamento parece não ter voz nem rosto. Mas nenhum machado o cortará, como adverte a canção.
Ele está a latejar nas profundezas de muitas vidas.
Os que aparecem e gritam parecem não pensar. Os que pensam parecem preferir não aparecer nem gritar.
Mas o pensamento não dorme nem está em modo de pausa. Ele anda a lançar luzes em muitas sombras.
Não ponhamos o foco no ecrã.
O essencial nem sempre é visível. O visível nem sempre pertence ao essencial.
A seu tempo, o que está nas margens chegará ao centro!
Dos fracos não reza a história? Problema da história.
É pena que os holofotes da fama estejam concentrados apenas nos fortes. Ou, melhor, nos que se julgam fortes e humilham os outros.
Mas se até Aquiles tinha um calcanhar que alojava fraquezas, quem se pode considerar inatacável?
Afinal, os fortes também têm as suas fraquezas e os fracos também terão as suas forças.
Leibniz reparou: «Uma força menor aplicada persistentemente é igual a uma força maior». Igual ou até superior!
Hoje, 24 de Maio, é dia de Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora da Estrada, S. Rogaciano, S. Donaciano, S. Guilherme de Fenol e S. Luís Zeferino Moreau.
Um santo e abençoado dia para todos!
Toda a maldade é obviamente má. Mas é possível que haja uma gradação na maldade.
A pior maldade é a que se disfarça entre aparências de bondade.
É uma maldade que se esconde, que não se assume, mas que acaba por actuar. Dói ainda mais. Mas o bem triunfará sempre!
O que é dito sobre alguém cola-se a ele para sempre: o bem e o mal, a verdade e a mentira.
Neste último ponto, é que a questão agudiza.
Que os motores de busca registem os factos e conservem as opiniões é aceitável. Mas que mantenham insinuações, difamações e calúnias é algo que se me afigura injusto e, portanto, insustentável.
Corre pela Europa, neste momento, uma discussão jurídica sobre o tema. Não esqueçamos, entretanto, a dimensão moral do problema.
O direito de expressão nunca se poderá sobrepor ao direito ao bom nome, à honra e à verdade.
Destruir uma pessoa é fácil. Hoje em dia, a suspeita tem grande receptividade.
É preciso ter muito cuidado com o que se diz.
Já dizia Séneca que o homem, cada homem, é sagrado!
Todos nós gostamos de compreender. E gostamos, ainda mais, de ser compreendidos.
Tratam-se, porém, de duas aspirações dificilmente concretizáveis.
Não é fácil compreender. E mais difícil ainda é ser compreendido.
Há quem, entretanto, prescinda deste desiderato. Björk, por exemplo, considera que não ser compreendida. «Ser compreendida é uma arrogância»
Será?
Uma convicção veicula certeza. Mas isso não quer dizer que se dissipem todas as dúvidas.
Uma convicção acaba por ser uma forma de nos relacionarmos.
Era o que propendia a achar Vergílio Ferreira: «Uma convicção é mais uma forma de estarmos com os outros do que connosco».
Diria que é uma forma de estarmos com os outros a partir de nós.
E uma forma de estarmos connosco a partir dos outros!
A inteligência não se vê só nas capacidades. Também se revê no reconhecimento dos limites.
Com a fina ironia que o exornava, Oscar Wilde desconcertou: «Sou tão inteligente que ás vezes não compreendo uma única palavra do que estou a dizer».
Até nós somos uma surpressa para nós mesmos. Surpresa indecifrável?
Hoje, 23 de Maio, é dia de S. João Baptista de Rossi, S. Desidério e Sta. Joana Antide Thouret.
Um santo e abençoado dia para todos!
E, de repente, o nosso luso ego fica aconchegado.
A ciência moderna não começou com Galileu nem com Copérnico. Começou com os portugueses, com os descobrimentos portugueses.
Palavra de quem não é português, mas sabe do que fala: Walter Alvarez.
O nosso passado está grávido de energias. Que o nosso presente não as desperdice!
Charlie Chaplin dizia que «um dia sem rir é um dia desperdiçado».
Muitos perguntarão, porém. Rir de quê, hoje em dia? Dos problemas que nos afectam?
Mas talvez não seja má ideia. O riso não resolve os dramas. Mas pelo menos um sorriso não os agravará.
Sorria, pois. Ainda que o seu sorriso seja entremeado com lágrimas, não deixará de ser sorriso!
Os extremos crescem. A moderação decresce.
As forças anti-Europa parecem prosperar. Ainda por cima, é nos países mais poderosos da Europa (França e Reino Unido, por exemplo) que tais forças ameaçam vencer.
Pode ser que não se verifique. Mas os sinais são preocupantes!
«Oh, a serena harmonia que emana das coisas feitas para se unirem».
Eis o sonho de Confúcio. Irrealizável?
Hoje, 22 de Maio, é dia de Sta. Rita de Cássia, Sta. Júlia, S. João Baptista Machado de Távora, Sta. Joaquina de Vedruna e Sta. Luísa Palazzolo.
Um santo e abençoado dia para todos!
Há um silêncio no universo que nem todas as palavras que há no mundo conseguem abafar.
É desse silêncio, não tumular mas primordial, que flui o sentido e o horizonte que o conceito tenta captar, mas não é capaz de verbalizar.
É nesse silêncio marsupial que importa habitar.
A palavra será sempre uma ressonância, um eco e também um convite.
Pelo menos, no silêncio respira-se. Há palavras, as deste tempo ruidoso, que afogam!
A gente vê, ouve e pasma.
Em vez de falarem para nós, há candidatos que falam uns dos outros, uns para os outros, uns contra os outros.
É pouco. É pena. É pouco. É triste!
A gratidão é dos sentimentos mais puros e das atitudes mais nobres que existem.
Só uma coisa a pode azedar.
Para Rémy de Gourmont, «a gratidão, como o leite, azeda, caso o vaso que a contém não esteja escrupulosamente limpo»!
Hoje, 21 de Maio, é dia de Sto. Hospício, Sta. Catarina de Cardona, Sta. Gisela, S. Carlos José Eugénio de Mazovedo e S. Cristóvão de Magallanes.
Um santo e abençoado dia para todos!
1. Sei que não parece, mas estamos a escassos dias de mais umas eleições.
Ainda não sabemos os resultados, mas é possível, desde já, identificar o vencedor (ou, neste caso, a vencedora): a abstenção.
2. Trata-se de uma vitória esperada, mas também perigosa.
De facto, a classe política só aparenta estar preocupada com o povo em vésperas de actos eleitorais. Como é que o povo não há-de afastar-se cada vez mais da política se a política se afasta cada vez mais do povo?
3. Há, porém, um perigo latente. Hoje, o mais distante é que comanda o mais próximo.
A vida das pessoas decide-se, em grande medida, entre Bruxelas e Estrasburgo. É, pois, muito arriscado deixar que as eleições mais decisivas sejam as menos participadas.
4. É claro que os protagonistas não ajudam. O tema é a Europa, mas o discurso incide, acima de tudo, sobre a política nacional.
Trata-se de uma opção inevitável. A Europa não passa apenas pelos grandes centros. Ela atravessa também os pequenos lugares. E, afinal, falar de Portugal é também falar da Europa.
5. O problema é que só se desça à realidade nestas alturas.
As eleições, para muitos, despontam como o único momento em que os representantes se submetem à vontade dos representados. Logo a seguir, os representados voltam a ficar submetidos às decisões dos seus representantes.
6. Importa, contudo, saber separar o trigo do joio. Ainda há muita gente digna, muita gente honesta.
E, depois, há que pensar que, não raramente, o que acontece na classe política é um reflexo do que ocorre entre os cidadãos.
7. Os políticos não serão um modelo de qualidades. Mas será que nós, cidadãos, seremos uma montra de virtudes?
Há, sem dúvida, muito que fazer com os outros. Mas não há menos que refazer connosco.
8. A regeneração, que tanto desejamos, tem de passar também pela base, por nós.
Não consintamos que a política continue a ser vista como um «problema deles», tanto mais que ela é, antes de mais, um «problema nosso».
9. Não podendo fazer tudo, poderemos fazer muito. Desde logo, não ficando em casa no próximo dia 25.
Votar é um direito que há-de ser encarado como um dever e assumido como um imperativo.
10. Estimado leitor, vote no próximo dia 25. Mesmo que lhe custe.
Vote por si. Vote por todos.
A adversidade desgasta, mas também espicaça, motiva.
Ultrapassar um obstáculo forte dá uma grande sensação de realização.
Aliás, já Séneca advertiu: «Um atleta não pode chegar à competição muito motivado se nunca foi posto à prova»!
Hoje, 20 de Maio, é dia de S. Bernardino de Sena e S. Teodoro de Pavia.
Um santo e abençoado dia para todos.
Ninguém começa o livro da vida pelo princípio. Todo o começo acaba por ser um recomeço.
Tudo o que somos se deve a tantos que nos fizeram ser, que nos ajudaram a ser.
Wislawa Szymborska já o notou: «Todo o começo, afinal de contas, nada mais é do que uma continuação e o livro dos eventos está sempre aberto a meio»!