Eis-nos que continuamos a debater, em Igreja, o problema da comunicação.
Nada de traumático, diga-se. A problematicidade é conatural à condição humana. Ela está ínsita na viatoriedade própria da trajectória no tempo.
Mas há qualquer coisa de paradoxal. Não há, seguramente, outra instituição que tenha tanta gente a lidar com a comunicação.
São centenas os jornais que possuímos, as rádios que temos, as homilias que fazemos. É bom não esquecer que, todos os domingos, são cerca de dois milhões de pessoas que nos ouvem em todo o país.
E, no entanto, a mensagem parece que não chega, parece que não passa. Aura Miguel pôs, recentemente, o dedo na ferida: «Falta uma certa agilidade na forma de a Igreja comunicar».
Julgo que o punctum saliens não está na habilidade de manobrar as palavras ou numa qualquer arte retórica, cénica ou representativa.
Isto terá o seu lugar, mas tudo se decide a montante: na autenticidade, na convicção.
É preciso não ter medo de assumir o que transportamos, o que acreditamos. É preciso dizer, sem vaidade e sem vergonha, o que nos move. E é fundamental fazê-lo de forma estruturada, directa, consistente. Sem grandes adornos. Urge mais coração, mais vibração, mais pathos.