Vou confessar-me. E, desde já, peço perdão se vou desapontar alguém.
Até reconheço que as pessoas precisam de descomprimir.
O passado foi difícil e o futuro será duro. Mas este clima de euforia que, por horas, está instalado inocula dentro de mim um sentimento de estranheza.
Não me revejo nisto. Não é esta alegria que me alegra. É uma alegria bojuda, exibicionista, gastadora, afogada em álcool.
É tudo tão velho, mesmo no ano novo. Soa-me tudo a artificial, a vazio.
Nada como a simplicidade, a serenidade, a paz. Mas que cada um viva cada momento como se sentir melhor. E que seja feliz.
O meu respeito é total. As opções são sagradas!
1. Eis um momento em que nos sentimos habitados pela incerteza e, ao mesmo tempo, tatuados pela esperança.
Receamos que o futuro seja sombrio, mas, lá no fundo, acalentamos o sonho de que o amanhã possa ser mais sorridente.
2. Paul Valéry achava que «o problema com o tempo é que o futuro já não é o que costumava ser». Mas também se fosse o que costumava ser, seria futuro?
Nós é que, afinal, estávamos mais seguros com o passado, apesar das suas agruras, do que com o futuro, não obstante as suas promessas.
3. A esta hora, palpita-nos que o próximo ano será difícil. Mas nem assim deixamos de desejar que ele possa ser melhor.
Uma coisa é certa: será diferente. Nenhum momento é igual a outro. Cada instante é único, irrepetível.
4. O tempo dá. O tempo tira. O tempo retira o que antes tinha dado. O tempo volta a dar o que antes tinha tirado.
A coisa mais estável é a instabilidade. O mais imutável parece ser a mudança. O que não muda é a sensação de que tudo muda, de que tudo está a mudar.
5. A esta hora, o verbo que mais vem à superfície da lembrança é «passar».
Passar de ano tem aquele sortilégio a que quase ninguém escapa. Mas não basta «passar». É necessário também «mudar». E, acima de tudo, é urgente «melhorar».
Passar não chega. Mudar não basta. Só mudando para melhor é que vale a pena estar na vida.
6. O mundo é feito de mudança. A vida, portanto, é tecida de «mundança».
Não é gralha. De facto, é de «mundança» que precisamos. De mudança no mundo. E esta tem de começar por dentro, por nós!
7. Gandhi dizia: «O que importa é o fim para o qual eu sou chamado». Neste fim de ano, parece haver uma dificuldade em perceber qual é a finalidade dos nossos passos.
Nem o fim é totalmente fim. O fim abre as portas a um novo começo. O fim de um ano desagua sempre num novo ano. E nem sequer o fim da vida impede o desabrochamento do início da plenitude da vida. Afinal, «a vida não acaba, apenas se transforma»!
8. Os finais e os inícios de ano são convenções que nos deveriam despertar para algo importante: o mistério do tempo e a importância de cada momento.
O dia mais importante é hoje. O momento mais decisivo é este. Quando chegar a meia-noite de 1 de Janeiro, esse será o instante mais importante. Mas, um minuto depois, já será passado. E esse minuto passará a ser o mais importante.
9. 2014 até poderá ser o melhor ano das nossas vidas. Nunca terá havido tantas dificuldades. Nunca haverá, por isso, tão grandes possibilidades. Eberhard Jungel asseverou: «Quanto maiores são as dificuldades, tanto maiores são as possibilidades».
A felicidade não vem da facilidade. O que vale custa. O que custa vale. Os problemas serão grandes. A vontade de os vencer será maior.
10. Este não é o momento para ser original. Mas, não sendo original, gostaria de desejar com a máxima sinceridade: um ano novo repleto de paz, inundado de esperança.
Que a vida seja renovada no ano novo. Que Deus habite todos os corações. Que o Seu amor nos guie nesta peregrinação da esperança pelo tempo!
11. O novo ano pode não ser o melhor, mas nós podemos ser melhores no ano novo.
Por isso, que não seja só novo o ano. Que seja nova a vida. Sobretudo a vida.
Hoje há reivindicação e cobrança a mais e gratidão a menos.
Agradecemos pouco e agradecemos a poucos.
Agradecemos pouco a quem muito nos dá, a quem muito nos faz ser.
Até na oração nos esquecemos de agradecer.
Aliás, já o Mestre Eckhart tinha reparado: «Se a tua única oração na vida for "obrigado", isso bastará»!
1. A nossa época não é (seguramente) a primeira nem será (provavelmente) a última da História. Pelo menos, não é a primeira que pensou ser a última.
Não se justificam, por isso, os alarmismos que costumam pontuar as passagens de ano e que ecoaram com particular incidência na recente transição de milénio.
As teses de Francis Fukuyama sobre o fim da História e o último Homem pecam por precipitadas e, aliás, o próprio autor já procedeu à respectiva correcção.
Mas um voltar de página na contagem do tempo também não é um acidente, um registo cronológico totalmente inócuo. Costuma ser tingido de alegria e vir carregado de esperança.
É essa alegria que importa prolongar e é essa esperança que nos cabe esticar e estender ao longo do ano.
2. A humanidade sempre foi marcada pela «nostalgia do futuro» de que fala Raymond Ruyer.
A História do Mundo também pode ser descrita como sendo a História do Fim. As perguntas acerca do para onde? e do para quê? ocuparam mentes e encheram páginas no decurso dos séculos.
O ser humano sempre teve o seu olhar dirigido para a frente, para o futuro, para o fim. É natural que, na proximidade do fim do ano, esse olhar se intensifique, embora nem sempre venha emoldurado com o desejado entusiasmo.
Usando duas conhecidas expressões de Jacques Séguy, dá a impressão de que os «paraísos encontrados» pelo coração facilmente se transformam em «paraísos perdidos» na realidade quotidiana.
É por isso que o pensamento do fim assusta um pouco o comum das pessoas. O terreno em que aparece o amanhã surge demasiado movediço. O fim desponta mais como destruição do que como plenitude.
Como sintetiza Jean Delumeau, há um contraste entre «dois sentimentos que se opõem. Por um lado, assistimos aos progressos contínuos da ciência e da técnica e apreciamos o conforto que nos trazem. Por outro, constatamos com melancolia que a ciência e a técnica não deram os resultados com que muitos dos nossos antepassados contavam. A verdade é que a felicidade continua a fugir diante de nós e de nada parece servir corrermos cada vez mais velozmente atrás dela».
3. Dir-se-ia que ao encanto da utopia sucedeu o impacto da contra-utopia.
A «invasão do pessimismo», a que alude Jean Delumeau, teve em Karl Krauss uma das mais arrepiantes formulações: «A cultura já não tem qualquer possibilidade de respirar. Há uma humanidade morta deitada ao lado das suas obras, que lhe custaram tanto espírito a inventar que já não lhe resta nenhum para se servir delas. Fomos complicados quanto baste para construirmos a máquina e somos demasiado primitivos para a pormos ao nosso serviço».
Também Oswald Spengler considera que «os mundos científicos são mundos superficiais, práticos, sem alma, meramente extensivos». Jacques Bouveresse entende que este é o preço que temos de pagar pelo progresso: «O que perdemos em sonho ganhámos em realidade; a nossa época é uma época de realizações e as realizações são sempre decepções»!
Nem sempre, responderemos. Mas é um facto que a decepção é o sentimento dominante em muitos espíritos.
2013 não fugiu à regra. Houve instabilidade, manteve-se a incerteza, prosperou a insegurança. O país não está bem. O resto do mundo não se sente melhor.
A justiça está longe. A paz permanece distante. As perspectivas não são muito animadoras.
4. É nestas alturas que temos de convocar as energias da esperança.
Não podemos descrer nem capitular. Os problemas existem não para nos vencerem mas para serem vencidos por nós.
Há que empreender na busca da nossa verdadeira vocação: enquanto pessoas e enquanto humanidade. «A humanidade inteira — escreve Jean Delumeau — tem
uma vocação e cada um de nós é chamado a um destino que deve levá-lo até Deus».
No fundo, trata-se, na linha do que defendia Teilhard de Chardin, de «pancristianizar o universo». É esta, como recomenda John Eccles, a nossa autêntica natureza: «Procurar a esperança na busca do amor, da verdade e da beleza».
Feliz ano novo!
A novidade seduz, mas também assusta.
Por isso existe sempre alguma resistência à mudança.
Montaigne confessou: «Qualquer que seja a aparência da novidade, eu não mudo facilmente, com medo de perder com a troca».
No fundo, é assim!
Estamos à espera do ano novo com coisas que, afinal, não são novas.
A receita é a de sempre: foguetes, folguedo, música, dança. Talvez mais euforia do que alegria.
É claro que as pessoas precisam de aliviar a pressão de cada dia. Mas confesso que me entedia a falta de espiritualidade destes momentos.
Uma maior simplicidade adornaria uma noite como esta com mais encanto. E, quanto ao futuro, não cedamos ao pessimismo.
Mesmo que todos nos abandonem, contamos com Deus. E, como nos diz Bento XVI, «Deus não nos deixa tactear na escuridão. Ele mostrou-Se como homem. Ele é tão grande que pode até tornar-Se pequeníssimo».
Deixemos as grandezas nas arcas de arrumações do ano velho. A maior grandeza do ano novo estará na simplicidade!
Santa Missa a começar em 2013 e a terminar em 2014.
Assim vai ser a minha passagem de ano.
Rezarei por quantos me têm distinguido com o incomensurável dom da sua amizade.
Um novo ano com duas mil e quatorze razões para sorrir e ser feliz.
Deus abençoe a todos!
Hoje, 31 de Dezembro (sétimo dia da Oitava do Natal), é dia de Sta. Comba de Sens, Sta. Melânia, a Nova, S. Piniano, S. Silvestre I e Sto. Alão de Solominihac.
Um santo e abençoado dia para todos!
O acontecimento do ano? A renúncia de um Papa!
A figura do ano? A eleição deste Papa!
Muitas palavras se gritam. Muitas vozes se soltam. Muitas pessoas se movimentam.
Mas nem sempre todas estas vontades se juntam.
Muitos «eus» formarão um verdadeiro «nós»?
Hoje, 30 de Dezembro, é dia de Sto. Anísio, Sta. Margarida Colona e S. Sabino.
Um santo e abençoado sexto dia de Natal para todos!
Impasse emocional é o que muitos estão a sentir nesta altura.
Quase todos estão com desejos de sair de 2013. Mas quase ninguém tem vontade de entrar em 2014.
O ano novo parece mais sombrio que o ano velho.
Creio, porém, não ser impossível acender um facho de luz nas escuras avenidas do medo.
Entremos em 2014 pela porta da esperança!
Um aviso de Agustina que devia soar em muitos corredores do poder: «Não se fazem nações livres com pessoas infelizes».
Seremos uma nação livre?
Natal é a noite, mas é também o dia.
Natal é o frio, mas é também o calor.
Natal é Jesus, Natal é a família,
Natal é a humanidade e Natal também és tu.
Não fiques à espera do Natal,
sê tu mesmo o melhor Natal para os outros.
O Natal não terminou no dia 25.
Constrói, por isso, um Natal para todo o ano,
para toda a vida.
Tu és o Natal
que Deus desenhou e soube construir.
É por ti que Deus hoje continua a vir ao mundo.
É em ti que Ele também renasce.
Sê, pois, um Natal de esperança,
de sorriso e de abraços,
de aconchego e doação.
Também podes ser um Natal com algumas lágrimas.
São elas que, tantas vezes, selam o reencontro e sinalizam a amizade.
Eu vejo o Natal no teu olhar, no teu rosto, no teu coração,
na tua alma, em toda a tua vida.
Há tanta coisa de bom e de belo em ti.
Tanta coisa que Deus semeou no teu ser.
Descobre essa riqueza, celebra tanta surpresa,
partilha com os outros o bem que está no fundo de ti.
Diz aos teus familiares que os amas,
aos teus amigos que gostas deles,
aos que te ajudam como lhes estás agradecido.
Não recuses ser Natal junto de ninguém. Procura fazer alguém feliz.
Não apagues a luz que Deus acendeu em ti.
Deixa brilhar em ti a estrela da bondade e deixa atrás de ti um rasto de paz.
Que continues a ter um bom Natal.
A partir de agora. Desde já. E para sempre!
Para que serve a lei?
Para muita coisa, certamente. Até para ser desobedecida.
Chesterton propôs uma provocadora definição de lei: «algo que pode ser transgredido».
Não sei se é bem. Não sei se é mal.
Sei que é frequente!
Nestes dias, vejo euforia. Mas continuo a não ver alegria.
A euforia bem tenta catapultar a alegria. Mas eclipsa-se.
A tristeza vai ondulando mesmo no meio dos vendavais de alto teor etílico.
Não sei por que razão a alegria tem de estar associada ao álcool.
Há figuras tristes, mesmo (sobretudo?) por parte de quem pretende ser alegre.
A alegria é sã, é chã. É sóbria. É calma. É simples. É natural.
Não é regada com álcool. É alimentada na paz!
Balzac dizia que «um marido, como um governo, nunca deve confessar os seus erros».
Percebe-se o conselho.
Confessar é expor, expor-se. E expor-se é partilhar alguma fragilidade.
Mas, ainda que não se exponham os erros, é fundamental reconhecê-los, assumi-los.
Só assim poderão ser corrigidos!
Hoje, 29 de Dezembro (Domingo da Sagrada Família), é dia de S. Tomás Becket e S. Gerardo de Waindvrille.
Um santo e abençoado quinto dia de Natal para todos!
Viver sem Deus é viver?
Se Deus é a vida, a resposta está dada.
Aliás, Julian Barnes notou: «Quando matamos ou exilamos Deus, matamo-nos a nós próprios».
É que, «se não existe Deus, não existe vida depois da vida, e então não existimos nós»!
E se lhe disser que o bem, afinal, está a aumentar e a violência a diminuir?
Talvez se espante como eu me espantei.
Mas é um estudo que chega de Harvard. O seu autor é Steven Pinker.
Segundo ele, a sociedade está a tornar-se mais saudável e menos violenta.
O bem está a ganhar. O bem está a avançar de tal modo que os violentos se tornam mais visíveis.
Porque são menos, destoam mais!
A aristocracia não deveria ser um exclusivo dos aristocratas.
Aliás, há pessoas simples que oferecem uma enrme aristocracia no porte.
Mas, de uma maneira geral, hoje há um défice de boas maneiras.
O excesso de informalidade pode chegar a roçar a boçalidade.
Não aprecio o excesso de etiqueta, que chega a ser sufocante. Mas o aprumo, a delicadeza e a urbanidade são ingredientes que têm sempre lugar numa boa convivência.
Como sinto a falta deles!
A convicção é essencial. Mas há que ter lucidez para não confundir convicção com mera teimosia.
Paul Valéry já nos colocou de sobreaviso: «Convicção, palavra que permite pôr, com a consciência tranquila, o tom da força ao serviço da incerteza».
A verdade é sempre, e simultaneamente, forte e suave.
Quanto mais suave mais forte. A força da verdade dispensa bem a suposta verdade da força!
Às vezes, a liberdade é o maior adversário da liberdade.
Quando se pensa apenas na liberdade do eu e se esquece a liberdade do outro, é o outro que fica em causa e é também a liberdade que fica em risco.
Muito se invoca a liberdade de expressão para insinuar, para magoar, para ofender. E, quase sempre nestes casos, para mentir.
O que se tem feito ultimamente nas catedrais é revelador. E desolador!
A inocência, hoje em dia, não goza de boa reputação.
Até será apreciada e um pouco aplaudida. Mas acabará por ser olhada de viés, com um pouco de comiseração.
O inocente é considerado honesto, íntegro e autêntico, mas também ingénuo.
O inocente, para muitos, é um pouco cego. Não vê a maldade. Não pratica a maldade e, por isso, não prospera.
Parece haver um antagonismo entre inocência e êxito.
Continuo, porém, a crer no que sempre acreditei: antes a inocência sem êxito do que o êxito sem a inocência!
Deus defende os inocentes e não condena os culpados.
Porquê? Porque é justo. E porque, sendo justo, não deixa de ser misericordioso.
A justiça só não congraça com a misericórdia quando, no lugar do coração, se tem uma pedra.
A misericórdia é o ápice da justiça!
A inteligência é sinal de fortaleza, mas também de debilidade.
Ela revela muito, mas também encobre bastante.
Clarice Lispector anotou com especial agudeza: «Talvez esse tenha sido o meu maior esforço de vida: para compreender a minha não-inteligência, o meu sentimento, fui obrigada a me tornar inteligente. (Usa-se a inteligência para entender a não-inteligência. Só que depois o intelecto, por vício de jogo, continua a ser usado e não podemos colher as coisas de mãos limpas, directamente na fonte)»!
Escrevemos para os outros, mas acabamos por falar para nós.
Fernando Pessoa percebeu: «Quando escrevo, visito-me solenemente»!
Os erros não são para repetir, mas serão sempre para recordar.
Eles acabam por abrir muitas portas.
Já dizia James Joyce: «Os erros são os portais da descoberta»!
Hoje, 28 de Dezembro, é dia dos Santos Inocentes, padroeiros dos meninos de coro e das crianças abandonadas.
Um santo e abençoado quarto dia de Natal para todos!
Quantas pessoas há, afinal, numa pessoa?
Há quem seja tão elástico. Há quem se mostre tão diferente conforme os locais, as conveniências.
Por alguma razão pessoa vem de «prosopon», que significa «máscara».
Talvez por isso Shakespeare denunciava: «Deus deu-vos uma cara e vós fazeis outra».
Só a autenticidade nos liberta e nos reconcilia. Com os outros. E connosco!
Será o autoritarismo a alternativa à desordem?
Há quem se aproveite da desordem para propor (impor?) soluções autoritárias.
Sucede que o autoritarismo não elimina a desordem. Apenas a controla. Pelo contrário, mantém uma vontade indómita de a despoletar.
Os extremos, afinal, alimentam-se mutuamente.
Já dizia Ambrose Bierce que «ditador é o chefe de uma nação que prefere a peste do despotismo à praga da anarquia».
O que será melhor?
A anarquia não é saudável, mas ainda se caminha, embora não se saiba bem para onde. Mas na ditadura caminham apenas alguns. Que impedem os outros de caminhar!
Quando nos apercebemos da verdade?
Não é quando a possuímos, porque a verdade não é possuível.
Aliás, já Zubiri alertava que o escopo da existência não é possuir a verdade, mas deixar-se possuir pela verdade.
Habitualmente, apercebemo-nos da verdade quando ela se nos escapa. Ou, melhor, quando nós nos escapamos dela.
Francis Bacon tinha razão: «A verdade surge mais facilmente do erro do que da confusão»!
Hoje, 27 de Dezembro, é dia de S. João Evangelista (padroeiro dos teólogos e invocado contra as queimaduras e venenos e ainda para obter a graça de uma boa amizade), Sta. Fabíola, S. Teodoro e S. Teófanes.
Um santo e abençoado tereiro dia de Natal para todos!
A vida é uma escola.
Os acontecimentos são os mestres.
Nós, os humanos, somos os aprendizes. Pouco diligentes e lúcidos, porém.
Umas vezes, porque teimamos em não ver o que acontece. Outras vezes (muitas vezes), porque persistimos em não aprender com o que ocorre.
É por isso que desperdiçamos oportunidades. É por isso que repetimos erros.
Mas ainda estamos a tempo de mudar. A existência vai-nos acenando (e abanando) com os seus sinais. Com os seus incontáveis sinais!
«Uma criança que nasça hoje não vai saber o que é a privacidade».
Eis o que disse Edward Snowden.
Mas, infelizmente, não é preciso esperar pelas crianças que vão nascer hoje!
Uma vez mais, o Papa Francisco retomou o óbvio.
Ele disse que Deus é paz.
Pena é que esse óbvio belo seja também um óbvio esquecido.
Mas Deus é paz. Só na paz O louvamos!
Dizem que o segredo do êxito estriba na adaptação. A linguagem não foge à regra.
Asseverava Nélson Mandela que «não se pode falar a uma multidão da mesma maneira como se fala a uma audiência de duas dúzias de pessoas».
Em qualquer caso, uma coisa é decisiva: mais importante do que ser loquaz é ser autêntico, verdadeiro, íntegro!
Hoje, 26 de Dezembro (segundo dia da Oitava de Natal), é dia de Sto. Arquelau, Sto. Estevão (protomártir) e Sta. Vivência Lopes.
Um santo e abençoado dia de Natal para todos!
Preocupante é ser mais difícil ganhar hábitos bons do que hábitos maus.
Mas, como dizia William Maugham, «a desgraça deste mundo reside no facto de ser muito mais fácil abandonar os bons hábitos do que os maus»!
A gratidão nem sempre está em alta.
Francisco Quevedo notou: «Poucas vezes quem ganha o que não merece, agradece o que ganha»!
Parece mais fácil encontrar respostas que remédios.
Mas, como avisa Jean Rostand, «a ciência encontra mais depressa remédios que respostas».
Há remédios que não trazem respostas. Mas há respostas que são autênticos remédios.
Por isso é que são raras!
Hoje, 25 de Dezembro (solenidade do Natal do Senhor), é dia de S. Manuel, S, Natal, Sto. Alberto Chiewolski, Sta, Maria dos Apóstolos, Sta. Inês Fila e Sta. Lúcia.
Um santo e abençoado dia para todos!
Parabéns a Jesus
nesta data querida,
muitas felicidades,
muito amor sem medida.
Hoje é dia de festa,
dentro das nossas almas,
para Vós, Deus Menino,
uma salva de palmas!
Deus entra na nossa história não pela via da opulência, mas pela via da humildade.
O sinal de Deus não está num palácio. Está numa manjedoura.
Eis a lição jamais devidamente apreendida. É tão frequente, nestes dois mil anos, ouvir falar do presépio num ambiente de pompa, com vestes sumptuosas.
Divino (eis a permanente interpelação) não é o grande caber no grande. Isso qualquer humano consegue. Divino é o infinitamente grande caber no infinitamente pequeno.
Vale a pena recordar, a este propósito, o aforismo de Hölderlin: «Non coerceri maximo, contineri tamen a minimo, divinum est» («Não ser abarcado pelo máximo, mas deixar-se abarcar pelo mínimo, isso é que é divino»).
Há, aqui, uma inversão de valores, reconhecida, aliás, por Maria no Magnificat: humilhação dos soberbos e exaltação dos humildes (cf. Lc 1, 52).
De facto, Deus inverte o máximo e o mínimo, o maior e o menor, o grande e o pequeno.
O máximo é o que parece mínimo. O maior é o que se apresenta como menor. O verdadeiramente grande é o que nos surge como pequeno.
Quando aprenderemos a lição da manjedoura?
Nesta véspera de Natal, penso em todos: nos crentes e nos não crentes.
Deus veio e continua a vir para todos.
Que esta seja uma noite de reconciliação e de bonança, de verdade e de luz, de fé e de festa, de amor e de esperança, de alento e de paz.
Que ninguém se sinta só. Que o amor impere.
Deixemos que o Menino nasça. Deixemos que o Menino tome conta de nós!
Que a Paz de Deus a todos visite e em todos se instale.
Que a Paz de Deus não seja afastada de nenhum coração.
Que seja Natal esta noite, amanhã, todos os dias.
Um abraço muito grande para todos.
Mas, nesta noite santa, permite que me dirija particularmente a ti, Irmão.
Nesta noite santa, sinto-me particularmente perto de Deus Criança, perto de Deus Pequeno, perto de Deus Pobre, perto de Deus Amor. Ou seja, sinto-me muito perto de ti. Perto de ti porque vejo Deus reluzindo na tua vida, transparecendo nos teus gestos.
Penso nas dificuldades da tua vida. Penso nas injustiças que tens recebido. Penso nos contratempos que tens encontrado. Penso nas amarguras que tens coleccionado.
Nesta noite santa, estou (ainda mais) contigo. Não tenho palavras para te dizer. Tenho tão-somente uma comunhão para te assegurar.
Nesta época, acumulamos muitas lembranças. Mas somamos também bastantes esquecimentos.
Não trago soluções. Partilho a esperança que irradia do presépio.
Queria dizer-te que, esta noite, vou celebrar a chamada Missa do Galo a pensar especialmente em ti que sofres.
Sei que esta noite, para ti, ainda é mais sofrida, mais chorada. Sinto muito. Não leves a mal que pegue num dos pregões do Maio de 68 (evento que não me é especialmente benquisto) e te faça uma proposta: «Sejamos realistas; peçamos o impossível»!
Sim, peçamos o impossível. Sei que, nesta hora, não lobrigas luz, Sei que, nesta hora, só te pesam trevas como breu.
Mas o dia há-de chegar. E o sol brilhará. Crê-me muito a teu lado. Aliás, é meu estrito dever.
Hoje, 24 de Dezembro, é dia de S. Charbel Makhlouf e S. Delfim.
Um santo, abençoado e já natalino dia para todos!
Está quase a chegar o dia dos Meus anos.
Eu sei que muitos mal se lembram,
mas o Natal é mesmo o dia em que se assinala o Meu nascimento.
Às vezes, parece que o Natal é como um aniversário sem aniversariante.
Vejo as pessoas a correr, a comprar e a comer.
Eu até fico contente.
Mas gostava de ver também as pessoas a meditar,
a pensar um pouco no significado deste dia.
Toda a gente celebra o seu aniversário.
Amanhã é o dia em que se celebra o Meu.
É claro que ninguém sabe ao certo diaem que Eu nasci.
Também não quis que isso ficasse registado.
Porque Eu não nasci apenas naquele dia.
Eu quero renascer em cada dia.
Conto convosco para realizar o Meu sonho,
o sonho que trago coMigo há dois mil anos,
mas que quase ninguém Me deixa realizar.
Sonho com um mundo onde só haja paz, justiça,
liberdade, amor, fraternidade.
Sonho com um mundo onde todos dêem as mãos,
onde todos se ajudem,
onde todos se estimem como irmãos.
Sonho com um mundo onde não haja distância entre ricos e pobres,
onde não seja preciso colocar fechaduras à porta de casa
e sobretudo onde ninguém queira colocar fechaduras à porta do seu coração.
Sonho com um mundo onde as pessoas sejam tratadas como pessoas
e não de acordo com a sua posição social ou económica.
Sonho com um mundo onde todas as pessoas tenham acesso à saúde,
à educação, à habitação, ao trabalho.
Sonho com um mundo onde as crianças sejam acarinhadas
e os velhinhos sejam respeitados.
Já vos estou a ouvir dizer que é um sonho impossível.
Mas impossível porquê?
Eu continuo a acreditar neste sonho
e conto convosco para o realizar.
Quereis ajudar-Me?
Sei que, apesar da crise, ides trocar muitas prendas.
Mas queria que soubésseis que o melhor presente
é o presente da presença.
Eu estou presente em vós.
Cada um de vós está presente em Mim.
E «onde estás Tu?», já vos oiço perguntar.
Não. Não Me procureis na riqueza, na glória, no poder.
Eu não estou aí.
Se quiserdes encontrar-Me, procurai-Me na simplicidade,
na humildade, na pobreza, no despojamento.
Por muito que vos espante, é aí que Me encontro.
Se fordes humildes e puros,
se fordes capazes de ver a Minha imagem esculpida nas crianças,
nos doentes, nos marginalizados e nos pobres,
se pensardes nos outros e não apenas em vós,
não tenhais dúvida de que haveis de Me encontrar.
Eu disse muita coisa há dois mil anos,
muita coisa que muitos não sabem,
que outros esqueceram
e que muitos, mesmo sabendo e não tendo esquecido, não põem em prática.
Não falta quem repita as Minhas palavras
e explique, muito doutamente, os Meus ensinamentos.
Mas Eu só quero que guardeis um mandamento:
«Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei».
Basta isto. Apenas isto. Sempre isto.
Não quero mais nada. O amor é tudo.
Foi para isso que Eu nasci: para vos amar e para que vós vos ameis.
Eu continuo convosco.
Na noite de Natal, vou estar em vossa casa.
E, em cada dia, estarei no vosso coração, na vossa vida.
Cada um de vós é o presépio onde Eu quero estar.
Que, em vossa casa, haja amor, alegria, saúde e bondade.
Não desistais nas horas difíceis.
Podeis contar sempre coMigo.
Que seja Natal não apenas no dia 25.
Que seja Natal todos os dias.
Que seja Natal agora.
E que tenhais sempre um Feliz Natal!
Eternamente vosso
Jesus
Eu sei que, neste tempo ferozmente ruidoso, o silêncio não goza de boa reputação.
Quem não fala é como se não existisse.
Quem não responde a uma provocação é visto como fraco.
Quem não refuta um argumento contrário é tido por ignorante.
Não se defender de uma calúnia equivale a admitir a culpa.
Enfim, uma panóplia de lugares-comuns que os tempos vão impondo.
Nem sequer reparamos nas lições da vida.
Duas das mais importantes figuras da história usaram de extrema parcimónia no manuseio das palavras.
Maria foi alguém que falou muito pouco. E S. José atravessa os Evangelhos sem dizer uma única palavra.
Nem só os lábios falam. Muito se pode dizer sem falar!
O Natal tem figuras. E vai tendo cada vez mais desfiguras, tristes figuras.
Vai tendo cada vez mais consumismo, cada vez mais vaidade, cada vez mais pose, cada vez mais correria, cada vez mais exterioridade.
De facto, tudo muda. E não necessariamente para melhor.
Respeitemos todas as opções. E saudemos a elasticidade celebrativa de muitos em relação ao Natal.
Mas não pratiquemos exclusões. Não excluamos Jesus. Afinal, o que é o Natal?
Há coisas que não devemos fazer nunca, por muito aplausos que suscitam.
Há coisas que temos de fazer sempre, por bastas rejeições que gerem.
Bem dizia Pierre Corneille: «Voltaria a fazê-lo se o tivesse de fazer».
Isto tem o nome de coerência. E o sobrenome de perseverança!