O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 01 de Novembro de 2013

Como muita gente neste dia, também fui ao cemitério.

Também rezei no cemitério. Também chorei no cemitério. Também sorri no cemitério.

O cemitério, de certa forma, é um lugar onde os mortos pós-vivem e os vivos pré-morrem.

Sentimos que onde os mortos já estão nós também estaremos.

Prefiro, no entanto, pensar que o cemitério é sobretudo um lugar onde se (re)nasce.

A sepultura sabe a morte, mas também pode saber a vida.

Ela é uma espécie de berço que acolhe o nosso nascimento para Deus, para a vida eterna.

Nada disto é fácil. Mas tudo isto acaba por ser belo.

Sim, reconheço que se trata de uma beleza sofrida, envolta em lágrimas.

Hoje, uma vez mais, recordei os ideais vivos de tantos mortos. E lembrei os ideais nada mortos de tantos vivos.

Porque, no cemitério e à sua volta, há tanta gente de lágrima na face. Mas com um sorriso amigo que volta a acender a chama pura da nossa infância. E dos ideais que nela amanheceram!

publicado por Theosfera às 20:59

O debate parlamentar deste dia foi particularmente agitado.

Teve palavras, réplicas, tréplicas e os (já) habituais protestos nas galerias.

E, como se isso não bastasse, nem faltou um deslize sobre a natureza deste dia.

Um deputado chamou a 1 de Novembro «dia de finados»! 

Acontece que o «dia de finados» não é hoje. Hoje é dia de Todos os Santos.

Mas também não é amanhã. A 2 de Novembro ocorre a comemoração dos fiéis defuntos.

Não é um preciosismo. Finado é diferente de defunto.

Finado é o que se fina, aquele que chega ao fim, sem mais.

Defunto vem do particípio passado do verbo «fungor», que significa «cumprir».

Defunto é, pois, o que cumpriu a sua etapa na terra e já mora na eternidade.

Daí que a mãe do mártir Sinforiano tenha dito: «Meu filho, a vida não acaba, apenas se transforma».

Crer é acreditar na transformação contínua. Até chegar à transformação total!

publicado por Theosfera às 19:43

Ao entrar, hoje, no cemitério da minha terra natal, não vi sol, apesar do sol.

Só senti vento e chuva. Vento de emoções e chuva de pranto.

Qualquer coisa tumultuava cá dentro. Não esstava frio, mas senti um frio entremeado pelo calor arfante da saudade.

Nada disto se explica, tudo isto se sente.

Sei que meu querido Pai, falecido há 16 anos, mora em Deus.

Não era preciso, por isso, passar pelo cemitério. Mas a vida é feita de sinais. E o túmulo é mais um sinal de uma presença que não se apaga, de um amor que não se extingue.

Ali deixei um ramo de flores. Ali depositei uma prece.

Meu Pai está sempre comigo. Eu estou sempre com meu Pai.

Ir a um cemitério não é uma experiência fácil, mas é uma experiência necessária, purificadora.

Certifica-nos de como tudo é perecível, de como tudo acaba num ápice.

Só o bem perdura. Só Deus permanece.

Vale a pena fazer do tempo uma construção de eternidade para que a eternidade possa ser um feliz corolário do tempo.

Meu querido Pai costumava dizer, nos últimos tempos, que faltava pouco para ir para a Senhora da Guia.

O cemitério fica mesmo ao lado da capela.

Há uma atmosfera de dor naquele lugar. De uma dor, porém, ungida pela fé e ornada pela esperança.

Nada disto se explica. Tudo isto se sente.

publicado por Theosfera às 19:09

Poucas são as vezes em que vou à minha terra natal.Mas sempre que lá volto é como se de lá não tivesse saído.

Está lá o berço em que nasci. Está lá o chão em que cresci. Estão lá muitas pessoas que conheci. E, nesta altura, voltam lá outras pessoas que também foram saindo.

A minha terra, como tantas outras, espraia-se para lá das suas fronteiras.

Ela não vai de Forjães a Porto de Rei, nem de Poçarro às Víduas. Vai de Portugal até à Suíça, passando pela França, pelo Brasil, não faltando uma grande população nas imediações de Lisboa e do Porto.

Há uma vibração que se nota, uma luz que se acende, uma emoção que se solta, qualquer coisa que não se explica, mas que se entende.

Séneca dizia que «ninguém ama a sua terra porque é grande, mas porque é sua».

Não é pelo chão, não é pela paisagem. É por causa daquele chão, daquela paisagem e sobretudo por causa daquela franqueza acolhedora e sempre sorridente que eu amo a minha terra.

É também por causa da Senhora da Guia. Não é o centro geodésico da freguesia, mas é o coração sentimental da população.

Está lá a capela. Está lá o cemitério.

Está já lá, pois, uma grande parte de cada um de nós.Vou lá poucas vezes. Mas, a bem dizer, nunca de lá saí.

publicado por Theosfera às 18:53

Há quem confunda a justiça com a vingança.

Francis Bacon achava que «a vingança é uma espécie de justiça selvagem». E se é selvagem, será justiça?

Compreende-se que, muitas vezes, haja desejo de vingança. Mas nunca se perca de vista o valor (perene) da justiça.

Ela costuma vir tarde. Mas não deixa de vir!

publicado por Theosfera às 09:07

Ilya Ehrenburg achava que «não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem».

Enquanto sofremos, é sinal de que vivemos.

Afinal, de dor em dor, sempre a viver, a reviver!

publicado por Theosfera às 09:04

Mîllor Fernandes, seguindo a evidência, dizia que «a gente só morre uma vez, mas é para sempre».

Só que, no fundo, morremos muitas vezes.

A última morte, para quem crê, é o fim da morte. É ela que nos faz entrar no fim sem fim!

publicado por Theosfera às 09:01

Nenhum de nós é tudo. Nenhum de nós está apenas em si.

Há muito de nós que habita nos outros.

Paulo Bonfim tem razão: «Quando através de uma senha percebemos que um pouco de nós nos espreita no fundo do outro, e que a terra prometida são algumas pessoas que temos a vidência de pressentir, passamos a  sentir-nos em casa. O verdadeiro encontro é aquele que confirma algo que trazemos em nós. É conhecimento e reconhecimento daqueles que podem livremente fluir uns nos outros».

O essencial da vida é o encontro. É o encontro dos outros que nos fazem reencontrar, a nós!

publicado por Theosfera às 08:58

Não é por nada. Ou, se calhar, até é.

Por uma questão de princípio, gostava de saber qual o impacto da eliminação dos feriados no crescimento económico, na redução da austeridade, na queda de impostos, etc..

Disseram-nos, antes, que era uma medida necessária. Era bom que nos dissessem, agora, que resultados já têm.

O povo pressente a resposta. E o povo, não sabendo qual será o caminho para o desenvolvimento, sabe perfeitamente que não é por aqui!

publicado por Theosfera às 08:51

Santo és Tu, Senhor,

 

Santo é o Teu ser,

 

Santo é o Teu amor,

 

Santa é a Tua generosidade.

 

Santos são os Teus gestos.

 

Tudo é santo em Ti, Senhor.

 

 

Hoje é, pois, o Teu dia,

 

Como Teus, Senhor, são todos os dias.

 

Mas Tu queres que também nós sejamos santos.

 

A nós parece-nos um sonho impossível.

 

Mas para Ti, Senhor, é tarefa realizável, é missão que está ao nosso alcance.

 

Não estás aí, no alto, à nossa espera.

 

Está connosco, aqui, ao nosso lado, dentro de cada um de nós.

 

 

Ser santo é, afinal, ser (ou procurar ser) como Tu:

 

Manso, humilde, despojado, puro, pacífico.

 

Ser santo não é deixar a vida: é colocar a Tua Palavra no centro da vida.

 

Ser santo não é deixar o mundo: é depositar o Teu amor no coração do mundo.

 

Ser santo não é ser desumano: pelo contrário, é ser autenticamente humano, inteiramente humano, plenamente humano.

 

Ser santo é ser irmão, é ser fraterno, é estender a mão, é abrir o coração.

 

 

A santidade está no Céu, mas não está ausente da terra.

 

Ser santo é ser feliz: não apenas depois, mas também agora, já.

 

E ser feliz não é só quando se ri; é também quando se chora.

 

Tu, Senhor, proclamaste felizes os que choram.

 

 

Ser feliz não é ser rico de bens materiais: Tu, Senhor, declaraste felizes os pobres.

 

Ser feliz não é vencer as guerras: Tu, Senhor, chamas felizes aos que constroem a paz.

 

Ser feliz não é passar por cima dos outros: Tu, Senhor, consideras felizes os que têm fome e sede justiça.

 

Ser feliz não é ter uma vida sem problemas: Tu, Senhor, até dizes que podemos ser felizes quando somos perseguidos e insultados.

 

 

Ser feliz é não ser fingido.

 

É ser autêntico.

 

É manter a serenidade.

 

É acender a luz da esperança por entre as nuvens do desespero.

 

 

Obrigado, Senhor, por todos os santos que estão no Céu.

 

De muitos sabemos o nome e conhecemos a vida.

 

Mas há mais, muitos mais, cujo nome ignoramos e cujo número nem sequer conseguimos imaginar.

 

Muitos pertenceram à nossa família.

 

Muitos foram nossos vizinhos.

 

Santos são aqueles que deixaram, no mundo, uma semente de bondade e um rasto de luz.

 

 

Obrigado também, Senhor, por todos os santos que continuam aqui na terra.

 

Obrigado por nos convidares a ser santos.

 

Apesar dos nossos defeitos, Tu, Senhor, continuas a acreditar em nós.

 

Grava, no mais fundo de nós, este texto maravilhoso das Bem-Aventuranças.

 

Ele é o programa a seguir, o caminho a trilhar e a meta a alcançar.

 

Que o conservemos na mente e o guardemos no coração para que o possamos aplicar na vida.

 

 

Nossa Senhora, Mãe da esperança,

 

Acompanha-nos na nossa jornada pelo tempo.

 

Faz brilhar em nós a luz do Teu sim.

 

Tu és a toda santa, a toda bela, a toda pura.

 

Dá-nos a graça de sermos simples e fiéis,

 

Persistentes e constantes.

 

Semeia em nós a santidade.

 

Que sejamos humildes como Tu.

 

Que deixemos Deus fazer através de nós as maravilhas que Deus realizou por meio de Ti.

 

 

Ajuda-nos no caminho,

 

Acompanha-nos na viagem.

 

Apoia-nos quando cairmos.

 

Enxuga as nossas lágrimas.

 

Dá-nos a Tu mão, agora,

 

E recebe-nos no Teu coração, depois, na eternidade.

 

Que sejamos santos

 

E, por isso, felizes.

 

E, por isso, cada vez mais amigos,

 

Cada vez mais unidos,

 

Cada vez mais irmãos!

publicado por Theosfera às 00:56

Hoje, 01 de Novembro, é dia da Solenidade de Todos os Santos e de S. Benigno.
Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:38

1. Os feriados não foram criados para descansar. Os feriados foram instituídos, antes de mais, para celebrar.
O descanso, aqui, não é fundamental; é instrumental. Não é o objectivo; é a possibilidade. O descanso é oferecido a todos para que muitos possam celebrar.
O feriado de 1 de Novembro é um dos que desapareceu. Deixou de ser dia de descanso. Mas estou certo de que continuará a ser dia de celebração.

2. Em cada dia, os cristãos assinalam vários santos. Hoje é dia de todos os santos.
A santidade é, sem dúvida, excepcional. Mas não devia ser a excepção. A santidade é para todos. É para os que sobrevivem na eternidade. E é para os que ainda caminham no tempo.

3. Por aqui se vê como, ao contrário do que parece aos olhos de muitos, a santidade não nos retira do mundo. É, aliás, no mundo que somos chamados à santidade.
Deus não deixa ninguém de lado no chamamento que faz. É por isso que o Concílio Vaticano II fala da «vocação universal» à santidade.

4. É claro que as pessoas costumam indexar a santidade ao extraordinário. Mas a santidade habita, desde logo, naquilo que é ordinário.
Habituámo-nos a relacionar a santidade com actos heróicos e gestos incomuns. Mas a santidade emerge na vida quotidiana, muitas vezes imperceptível e, quase sempre, incógnita.

5. O registo da santidade é conferido pelo milagre. Mas o milagre não é só o que supera as leis da natureza.
Há muitos milagres na existência diária de pessoas que estão à nossa beira. E nós nem reparamos neles.
Não será um grande milagre subsistir no meio de tanta adversidade? No meio de tanta injustiça?

6. A santidade não nos desmundaniza nem nos desumaniza. Pelo contrário, a santidade mundaniza-nos e humaniza-nos, fraternizando-nos.
A santidade faz de nós irmãos. Torna-nos mais humanos e mais envolvidos na transformação do mundo.

7. Existe santidade quando se reza. Mas também subsiste santidade quando se trabalha. Quando se participa na denúncia da injustiça e no anúncio da verdade.
A santidade não é indiferença; é diferença. Santo não é aquele que se mostra indiferente ao que ocorre à sua volta. Santo é o que se envolve, o que se manifesta.
A santidade nunca é fria. A santidade é quente, calorosa. O santo abraça, ri, chora, grita, insiste, persiste. E nunca desiste.

8. A santidade é a surpresa da paz no meio da tempestade. A santidade não é estrepitosa. Muitas vezes, até é silenciosa, mas sempre interveniente, interpelante.
A santidade está ao alcance de todos. A santidade acontece em casa, na estrada, no trabalho. O santo não é um anormal. O santo não deixa de ser pecador e todo o pecador pode tornar-se santo.

9. Um dia, alguém perguntou a Óscar Wilde: «Sabes qual é a diferença entre um santo e um pecador?». O escritor irlandês respondeu: «Sei. É que o santo tem sempre um passado e o pecador tem sempre um futuro».
No fundo, o santo é o pecador que, consciente do seu passado, continua a querer superar-se no seu futuro.

10. Se pensarmos bem, os santos não estão apenas no altar nem figuram somente nos andores.
Não há só santos de barro. Há muitos santos de carne e osso, às vezes, mais osso que carne. Há muitos santos com fome. Há muitos santos na rua. Há muitos santos de enxada na mão. Há muitos santos com lágrimas no rosto e rugas na face.

11. Não devemos reparar nos santos só depois da morte. Os santos merecem ser imitados durante a vida. Durante a sua vida. Durante a nossa vida!

publicado por Theosfera às 00:24

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