O que nos diferencia como povo? O que nos distingue como nação? O que nos identifica como comunidade?
Onde mora, afinal, a nossa identidade? Há quem diga que é na aventura.
E há quem, como Eugénio de Andrade, garanta que é na poesia: «É na nossa poesia que se encontra o que os políticos tão afanosamente buscam: a nossa identidade».
Mas eu atrever-me-ia a ser bem mais modesto, mais prosaico.
A nossa indentidade está na nossa resistência. Em tantos séculos, já resistimos a quase tudo.
Já estivemos lá em cima e caímos. Mas já fomos atirados para o fundo e fomos capazes de nos reerguer.
Não é, pois, a presente crise que nos vai degolar. A persistência é mesmo o nosso segredo.
Caímos quando menos se pensa. Mas também nos levantamos quando menos se julga.
A surpresa acompanha-nos!