1. A história não se repete, mas persiste.
Cada tempo transporta outros tempos. Cada tempo faz eco daqueles que marcaram o tempo. Daqueles que nos marcaram no tempo.
2. Neste dia 13 de Agosto, faz 13 anos que faleceu D. António de Castro Xavier Monteiro. Eram 18h30. Era Domingo.
Eis uma data que não pode passar incógnita na terra para onde ele veio com alegria. E que serviu com extremos de dedicação.
3. As primeiras impressões dificilmente se extinguem. Mas são as últimas recordações que jamais se apagam.
É sabido que, ao aproximar-se o fim, D. António quase não falava. Nem assim, porém, deixou de comunicar.
4. Nas últimas horas, comunicava, acima de tudo, com o olhar.
Era um olhar sofrido. Mas era também um olhar sereno. Um olhar acolhedor. Um olhar agradecido. Um olhar de pai.
5. D. António enchia as pessoas com a sua palavra e preenchia os ambientes com a sua presença.
Entrou na cidade a 8 de Outubro de 1972, vindo de Lisboa. A partir dessa altura, Lamego passou a ser «a minha casa e a minha família». Em Lamego queria «ser pastor, vínculo de paz, de amor e de unidade».
6. Era um aristocrata no porte que sabia ser simples nos gestos. A 15 de Outubro de 1978, foi a Espadanedo, concelho de Cinfães, em visita pastoral.
Arlindo Pinto da Silveira estava paralítico há 36 anos em consequência do reumatismo agudo que o afectou. Pois D. António fez questão de o ir crismar a casa, ficando a corresponder-se com ele a partir desse dia.
7. Cultivava D. António uma proximidade que surpreendia e cativava. Mesmo quando não estava perto, sentíamo-lo próximo. Não falava muito, mas estimulava bastante.
D. António tinha, efectivamente palavra de mestre, coração de pastor e olhar de pai.
8. Não deixemos apagar o seu rasto. Não esbatamos a sua lembrança. Honremos o seu legado.
Disse Elie Wiesel que «esquecer é rejeitar». Seria imperdoável esquecer quem nunca nos esqueceu.
9. Jamais poderei esquecer a sua envergadura intelectual, a sua profundidade espiritual e a sua altíssima estatura humana.
A sua delicadeza sempre o distinguiu e nobilitou.
10. D. António nunca esqueceu Lamego durante a vida. Que Lamego não se esqueça de D. António após a sua morte.
Quem vive como D. António viveu, sobrevive para sempre. Que a sua memória continue a iluminar a nossa história!