1. O tempo passa, mas as surpresas não param. O Santo Padre não cessa de nos surpreender.
Surpreende-nos nas palavras e nas atitudes. Surpreende-nos nos gestos e nos sinais. Primeiro estranha-se. Mas depressa se entranha.
2. Crentes e não crentes não escondem o deslumbramento nem disfarçam uma certa excitação.
O momento é, pois, de encantamento. O mundo está encantado com Francisco e Francisco não parece desencantado com o mundo.
3. Daí o clima de uma quase «lua-de-mel» entre o mundo e o Papa.
Muitos não ocultam sequer aquela «sóbria ebriedade» e aquela «ébria sobriedade» de que falavam os primeiros cristãos.
4. Há realismo nas palavras, mas não se adivinha pessimismo na voz. O tom até se mostra intimista, como se estivesse a tutear ao ouvido de cada um.
O Papa tem consciência dos problemas e é muito sensível aos dramas. Mas nunca reprime um convicto ar de esperança.
5. O que mais extasia as pessoas — e o que verdadeiramente prende a atenção — é a humildade, é o despojamento, é a pobreza.
Francisco prega, não se apregoa. É o Papa, mas não se declara (nem se assina) como Papa. Está em Roma, mas não vive no Palácio.
6. A sua missão implica governar. Mas Francisco não governa tanto por decreto. Prefere governar, acima de tudo, pelo exemplo. Até porque, como já notara Giuseppe de Lucca, «a melhor maneira de dizer as coisas é fazê-las».
Francisco não se limita a apontar o que tem de ser feito. Testemunha, com simplicidade, o que procura fazer.
7. Há quem esteja preocupado com eventuais quebras na tradição. Mas Francisco até vai mais longe na tradição.
Ele está a recuperar não só o que era notório nos últimos séculos, mas também o que era palpável nos primeiros tempos: a fraternidade, o sentir-se irmão de todos.
8. Com Francisco, estaremos envolvidos pela realidade de muitos acontecimentos. Mas seremos sobretudo mobilizados para o acontecimento da realidade: da realidade de cada pessoa, da realidade de cada situação das pessoas.
Não basta encher praças durante uns dias. É fundamental preencher a vida, todos os dias.
9. Os que costumam estar atrás (os pobres e os injustiçados) terão de estar na linha da frente de todas as prioridades.
Aos olhos de muitos, Francisco tem tornado mais tangível a bondade, a mansidão e a misericórdia.
10. As pessoas sentem que qualquer coisa de bom — e de belo — está em marcha.
Sem pressas. E sem pausas!