O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 19 de Junho de 2013

1. Uns dizem que foi em Março. Outros atestam que foi em Junho. Quanto ao ano, porém, não restam dúvidas.

Foi em 313 que Constantino e Licínio escreveram ao governador da Bitínia. Essa carta passou a ser conhecida como Édito de Milão ou Édito da Tolerância.

 

2. Os 1700 anos deste documento não devem ser esquecidos. O seu alcance não pode ser negligenciado.

Uma nova era se inaugurava. Terminavam as perseguições aos cristãos e era dada paz à Igreja.

 

3. Mas não só. Se pensarmos bem, proclamava-se um valor inestimável e instaurava-se um princípio da maior relevância: a liberdade de consciência.

De facto, tal liberdade era reconhecida não apenas aos cristãos, mas também a quem quisesse seguir qualquer outra religião.

 

4. A opção religiosa deixou de caber ao Estado para passar a caber à pessoa, a cada pessoa.

Como nota Jean Comby, «todas as religiões ficam em igualdade de circunstâncias».

 

5. É claro que esta igualdade raramente se verificou. De religião perseguida o Cristianismo passou rapidamente — sobretudo com Teodósio — a religião preferida.

Não se pense, contudo, que esta posição de privilégio constituiu um reforço da liberdade. Pelo contrário. Se antes a liberdade era reprimida, a partir de agora a liberdade passa a ser fortemente tutelada.

 

6. Com efeito, é o imperador que convoca o primeiro Concílio ecuménico, em Niceia. Nele, chega a ser saudado como «o 13º apóstolo» quando nem baptizado era!

Assumindo-se como uma espécie de «bispo exterior» ou «presidente da Igreja», Constantino incorre numa aparente (e insanável) contradição. Haverá liberdade efectiva para o Cristianismo quando a sua existência fica tão marcada por esta dependência?

 

7. É preciso ter presente que, no século IV, uma separação entre o temporal e o espiritual era coisa impensável.

Quem geria o temporal achava-se no direito de orientar também o espiritual. Tudo (temporal e espiritual) dependia ultimamente da mesma autoridade: a do imperador.

 

8. Por aqui se vê como o Édito de Milão foi o primeiro passo de um caminho muito longo. E que, aliás, está longe da conclusão.

Ainda há povos onde a ingerência da política na religião se mantém. E ainda subsistem territórios onde a perseguição religiosa se perpetua.

Por conseguinte, nenhum direito está totalmente assegurado. Todos os direitos têm de ser, permanentemente, conquistados.

 

9. O descanso semanal, por exemplo, é uma herança que vem na sequência do Édito de Milão. Para os cristãos, o dia do sol (sunday) passa a dia do Senhor (domingo).

Constantino oferece o domingo como dia livre para os cristãos poderem ir à igreja e para os não cristãos terem possibilidade de celebrar os seus cultos.

 

10. Justiça seja feita ao imperador. Era sua vontade expressa, como nos diz o biógrafo Eusébio de Cesareia, que «cada um conserve o que a sua alma quer ter e que ninguém atormente ninguém».

Não será actual (gritantemente actual) este preceito?

publicado por Theosfera às 12:46

Já houve um tempo (há muito tempo) em que não havia Europa, nem Ásia, nem África, nem América, nem Oceania. Havia a Pangeia.

Era um continente que reunia todos os continentes.

A natureza separou os territórios. Seremos capazes de reunir as pessoas?

Quando perceberemos que o comum prevalece sobre as particularidades?

Quando teremos consciência de que, antes de sermos europeus, somos humanos?

publicado por Theosfera às 10:07

Muito fácil (mas bastante frequente) é onerar os outros com as responsabilidades que nos cabem.

Jacinto Benavente y Martínez assinalou que, «para os que não conseguem governar a própria casa nem os povos, uma boa desculpa é dizer que estes são ingovernáveis».

O bom líder não justifica fracassos nem aponta culpados. O bom líder assume responsabilidades e procura inverter o sentido da realidade.

Bom líder não é apenas aquele que reflecte. Bom líder é sobretudo aquele que inflecte. E ajuda a inflectir!

publicado por Theosfera às 09:59

Jorge Luís Borges, escritor da predilecção do Papa Francisco, achava que «a filosofia é um sistema de dúvidas».

É na convivência com a dúvida que muitos caminhos são desbravados, que muitas certezas caem e que muitos ideais se erguem.

A intimidade com a dúvida faz-nos crescer porque põe em causa os nossos preconceitos e as nossas presunções.

As dúvidas que a vida nos traz desinstala-nos. Coloca-nos sempre em viagem!

publicado por Theosfera às 09:51

No tempo de Tucídedes achava-se «vergonhoso reconhecer a própria pobreza».

Mas o próprio Tucídedes considerava «pior do que isso não esforçar-se para escapar dela».

Diria, porém, que ainda mais grave é quando muitos impedem que outros escapem à pobreza.

Mais grave é quando muitos condenam tantos à pobreza!

publicado por Theosfera às 09:45

O espelho é a memória onde vemos os presentes. E, segundo Joseph Joubert, «a memória é o espelho onde observamos os ausentes».

No fundo, no fundo, ninguém está totalmente ausente.

E mesmo os que se ausentam acabam por se tornar presentes: pela saudade umas vezes, pelas mágoas tantas vezes!

publicado por Theosfera às 09:41

«Diz-me quem te admira e dir-te-ei quem és».

É possível que Charles Saint-Beuve tenha alguma razão.

No fundo, trata-se de uma variável da célebre máxima orteguiana. Cada um de nós é ele mesmo e a sua circunstância.

Aqueles que estão perto de nós acabam, de alguma maneira, por mostrar aquilo que nós somos!

publicado por Theosfera às 09:36

Por estes dias, muitos estão a ser avaliados. Estão a ser testados os conhecimentos.

Mas o crescimento de uma pessoa não pode ser aferido apenas pelos conhecimentos.

Os conhecimentos são importantes, mas os comportamentos são decisivos.

E se o panorama quanto aos conhecimentos não é animador, a situação no que toca aos comportamentos chega a ser desoladora.

A escola não pode fazer tudo. A família terá de fazer mais.

Estamos todos de acordo quanto ao diagnóstico. Mas ainda não se vê uma alternativa.

Mentes brilhantes são necessárias. Pessoas de bem são fundamentais!

publicado por Theosfera às 06:15

Hoje, 19 de Junho, é dia de S. Romualdo, S. Gervásio e S. Protásio.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 06:09

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