Eu sei, Senhor,
que não mereço
que me visites,
que entres na minha casa,
que te envolvas na minha vida.
Eu sei, Senhor,
que não sou digno
que deixes o Teu aconchego,
que experimentes o frio e o desconforto,
que Te sujeites à intempérie do abandono e da ingratidão.
Eu sei, Senhor,
que não tenho direito
a exigir tanto despojamento
nem a esperar tamanha disponibilidade.
Eu sei, Senhor,
que não mereço nada,
que não sou digno de nada,
que não tenho direito a nada.
Mas é por isso que Te agradeço,
é por isso que me comovo
e é por isso que fico sem palavras.
Obrigado, Senhor,
obrigado, bom Deus.
Tu és tudo
e vens ao meu nada.
Tu és tanto
e cabes em tão pouco
que sou eu.
Ensina-me, Senhor,
a ser humilde,
a olhar para todos
não com os meus óculos
mas com os Teus olhos,
que são olhos de afecto,
olhos de esperança,
olhos de amor.
Ensina-me, Senhor,
a compreender a lição da Tua vinda:
lição de humanidade,
de simplicidade,
de singeleza.
Ensina-me, Senhor,
a ver-Te
não apenas nas Tuas imagens de barro,
mas nas Tuas imagens de carne e osso
(algumas mais de osso que carne).
Ensina-me, Senhor,
a sentir
que a Tua morada é no Homem,
em todo o ser humano.
Ensina-me, Senhor,
a venerar-Te nas crianças, nos idosos,
nos pobres,
nos famintos,
nos sofredores e nos desalentados.
Que eu possa perceber
que sempre que estou com alguém
é conTigo que me encontro.
Aquece, Senhor, o nosso coração.
Não deixes que ele gele
com a arrogância, a frieza e a indiferença.
Fica connosco, Senhor,
sorri para nós Domingo de sol!