O conhecimento é feito de completude porque a verdade está na totalidade.
Pressupõe, portanto, além de uma necessária proximidade, um inevitável distanciamento.
Só se vê a totalidade quando se está a uma certa distância.
Para conhecer, é preciso viver. Para viver, é fundamental conhecer.
Mas em cada momento da vida o conhecimento acerca da mesma vida é sempre parcial. É por isso que o conhecimento vem só depois.
Só depois das decisões tomadas e dos factos acontecidos é que conseguimos avaliar se a decisão foi certa ou errada.
Viver é optar. E conhecer acaba por ser também arriscar!
Teimamos em ver o Estado como uma casa invertida, vista a partir do topo, construída a partir de cima.
Mas o Estado, como todo o edifício, só faz sentido se tiver alicerces. E os alicerces do Estado são as pessoas.
Já no século XIX, John Stuart Mill percebeu: «No final de contas, o valor do Estado é o valor das pessoas que o compõem».
Não é degolando as pessoas que o Estado se consolida.
A relação entre o Estado e a sociedade não pode ser antinómica nem sequer dialéctica.
O destino do Estado está, indelevelmente, ligado à sorte das pessoas.
Se as pessoas não viverem, o Estado sobreviverá?
Hugo Hofmannsthal assinalou: «Qualquer novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações».
De facto, qualquer conhecimento novo começa por nos capacitar do nosso desconhecimento, do nosso não conhecimento.
O conhecimento é antes de mais abertura. A sabedoria é sobretudo atenção!
Somos, os humanos, seres habituais, seres habituados.
Custa-nos muito perder os hábitos, ainda que não sejam bons.
Oscar Wilde deu conta: «Causa-nos sempre desgosto perder os nossos hábitos, mesmo os piores. São estes, sem dúvida, os que mais se lamentam, tal é a importância que têm na nossa personalidade».
Mas impõe-se fazer a devida triagem. E nunca é impossível (embora possa ser difícil) substituir hábitos maus por hábitos bons.
Afinal, a Graça de Deus também é portadora de hábito.
A Graça santificante também é conhecida como Graça habitual!
A comunicação não é apenas uma necessidade. É também (e bastante) uma arte.
Às vezes, a palavra adequada pode surgir no momento inadequado.
Ter a percepção da palavra certa no momento próprio é o segredo da convivência.
Goethe recomendou: «Uma boa colecção de anedotas e máximas é o maior tesouro para o homem experiente, se ele souber entremear as primeiras em lugares convenientes na conversação e lembrar-se das segundas no momento oportuno»!
Mariano Larra proclamou: «Felizes os que não falam; porque se entendem».
E, mesmo que não se entendam, eximem-se a muitos problemas.
Mas não são os problemas que nos hão-de inibir.
Tudo se requer na medida certa. Nem sempre a falar, nem sempre a calar!
Já dizia o Coelet: «Os olhos do sábio estão na sua cabeça» (2, 14).
E os seus óculos acabam por se encontrar no seu coração.
Há muito que se vê para lá dos olhos!
Hoje, 20 de Maio, é dia de S. Bernardino de Sena e S. Teodoro de Pavia.
Um santo e abençoado dia para todos.