Na eleição do Papa, não há campanha, não há programa, não há candidatos. O que avulta é, portanto, a personalidade do eleito.
E não há dúvida de que a maneira de ser do Papa Francisco tem cativado a Igreja e até a humanidade.
O mais curioso é que o Papa se tem destacado não tanto nas grandes acções, mas sobretudo nos pequenos gestos.
Ele consegue tornar grande o pequeno, enchendo de significado o que aparenta ser insignificante.
Às vezes, até parece algo do género do «ovo de Colombo»: como é que ainda ninguém se tinha lembrado de coisas tão simples e, ao mesmo tempo, tão profundas?
Mas, a bem dizer, Francisco está na senda de Jorge. Enquanto padre, bispo e cardeal, sempre foi assim: próximo, humilde, simples.
Hoje mesmo, crismou mais de quarenta pessoas. O ritual não prevê nenhum gesto especial além da colocação do óleo e das fórmulas.
Uma tradição de séculos leva a que o bispo dê uma pequena «bofetada» no crismado. Trata-se de uma saudação que assinala a maturidade oferecida pelo sacramento e, concretamente, a disponibilidade para testemunhar a fé até às últimas consequências.
Pois o Papa Francisco foi mais longe: deu um beijo na face de cada crismado.
São gestos que dispensam comentários. Têm uma densidade que sobrepuja toda e qualquer palavra. É uma linguagem que está para lá do discurso. É uma verdadeira meta-linguagem.
O importante é que as pessoas percebem. Porque sentem!