1. O primeiro Francisco começou por ser João: João Pedro. O actual Francisco começou por ser Jorge: Jorge Mário.
O primeiro Francisco nasceu na Itália. O actual Francisco tem as suas raízes na Itália, mas iria nascer na Argentina.
O seu pai também era Mário e (premonitoriamente?) tinha «Francesco» como apelido (Mário Giuseppe Francesco). Pertencia a uma família de 24 irmãos que, nos anos vinte do século XX, aportaram em Buenos Aires.
2. Nas memórias do futuro Pontífice encontram-se alojados os jogos da escola, as tardes de sábado a ouvir música com a mãe e as idas ao estádio do San Lorenzo, o clube de que se tornou adepto.
Por volta dos 13 anos, começa a ajudar o pai numa fábrica de têxteis. Entretanto, inscreveu-se no instituto técnico-industrial de química da alimentação.
3. Frequenta a paróquia de S. José de Flores, onde participa na Missa todos os domingos. Aos 17 anos, a 21 de Setembro de 1953 (data que nunca esqueceu), entrou na igreja para se confessar.
Ficou tão impressionado com a espiritualidade do Padre Duarte que decidiu tornar-se sacerdote. Sentiu que aquele momento foi «um encontro com alguém que estava à espera dele»!
4. Começou pelo Seminário diocesano de Buenos Aires, mas, volvidos alguns meses, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus. A ordenação sacerdotal ocorreu a 13 de Dezembro de 1969.
Como padre, mostrou aquilo que continua a revelar como papa. Em toda a parte, diz Angel Rossi, «deixou uma marca de simplicidade e de humildade». Destacou-se, já nessa altura, como «um homem de profunda pobreza, de muitíssima oração, culturalmente preparado e com uma inteligência intuitiva».
5. A 13 de Maio de 1992, quando se comemoravam os 75 anos da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, o Núncio Apostólico disse-lhe que iria ser Bispo Auxiliar de Buenos Aires!
Quando, em 1998, se tornou arcebispo, não se transferiu para o paço arquiepiscopal. Ficou num apartamento com dois quartos e ele mesmo preparava as refeições. Deslocava-se de autocarro e metropolitano.
6. Ao «La Stampa», afirmara que «a Igreja deve sair de si mesma e ir para a periferia».
É por isso que ele andava pelas favelas, convivia com os mais pobres, promovia refeições populares e centros de acolhimento para os sem-abrigo.
7. Jorge fez tudo para não deixar de ser Jorge. Dizem algumas inconfidências que, já em 2005, tivera muitos votos.
Nessa altura, houve quem notasse o seu olhar sofredor e quem escutasse o seu pedido para que escolhessem outro.
8. Desta vez, o pedido não foi atendido e Jorge tornou-se Francisco. Há muita surpresa em muitos quando olham para Francisco. Mas não há qualquer surpresa para quem já conhecia Jorge.
Afinal, Jorge procurou desde sempre ser Francisco, ser como Francisco!