O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 22 de Março de 2013

Eis que o paradoxo chega a toda a parte. O jornalismo também não fica de fora.

Repare-se.

A indústria jornalística passa por uma crise enorme, avassaladora. Mas o estilo jornalístico expande-se cada vez mais.

A literatura, a política e até, a espaços, a própria religião competem por imitar o estilo do jornalista.

O pensamento fica um pouco eclipsado. A frase é curta, a elaboração reduzida.

Ganha-se em agilidade? O certo é que se perde em profundidade, em criatividade!

publicado por Theosfera às 10:21

Pertinente, esta afirmação de Mariano da Fonseca: «A alegria do pobre, ainda que menos durável, é sempre mais intensa que a do rico».

A procura é muito mais exaltante que a posse!

publicado por Theosfera às 10:17

Hoje, 22 de Março (dia de abstinência), é dia de S. Deográcias, Sta. Leia e S. Zacarias.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:04

«Se abolíssemos o que não é essencial das várias religiões - disse Kahil Gibran -, viveríamos em união e partilharíamos fraternalmente uma grande fé e religião».

 

E o que é essencial?

 

Silêncio e fraternidade.

 

Silêncio para acolher o grande murmúrio que Deus faz ecoar no mundo.

 

E fraternidade para estender a mão àqueles que vão caindo nas estradas do tempo.

 

Se ficássemos só com o essencial, perderíamos muito. Mas ganharíamos tudo.

 

A totalidade não está nas parcelas. Está na alma.

 

A fé não pode ser rígida como a morte. A fé só pode ser leve (e refrescante) como a vida!

 

A rigidez em nome de Deus acaba por constituir uma enorme malfeitoria ao próprio Deus.

 

Pretender impor um único caminho para chegar a Deus significa não perceber que Ele mesmo percorre muitos caminhos para chegar até nós.

 

Kahil Gibran percebeu tudo: «Deus fez a Verdade com muitas portas, para receber todos os que a elas baterem»!

 

publicado por Theosfera às 06:25

Quinta-feira, 21 de Março de 2013

Na vida, é preciso tomar precauções. Mas, na mesma vida, é fundamental correr riscos.

É claro que quem corre riscos pode cair. Mas é preferível cair por causa dos riscos a não cair por causa do medo.

O medo inibe, tolhe, faz adoecer. De facto, a Igreja adoece quando se protege, quando fica na defensiva, quando se fecha.

Para o então cardeal Bergolio, uma Igreja que se reduz «a questões administrativas, a conservar o seu pequeno rebanho, é uma Igreja que, a longo prazo, adoece. O pastor que se fecha não é um verdadeiro pastor, mas um penteador de ovelhas, que passa o tempo a fazer-lhes caracóis em vez de ir buscar outras. É claro que se uma pessoa sai à rua, pode acontecer-lhe o mesmo que ao filho do vizinho: ter um acidente. Mas prefiro mil vez uma Igreja acidentada a uma Igreja doente»!

publicado por Theosfera às 12:56

Penso que é ocioso contrastar o que é (saudavelmente) complementar.

O Papa Francisco é diferente dos outros, mas não o oposto deles.

Olhemos para o primeiro momento: a aparição na varanda após a eleição.

Bryan Hehir fez esta sequência: «João Paulo II maravilhou os fiéis, Bento XVI ensinou-os, Francisco relacionou-se com eles»!

publicado por Theosfera às 11:37

Precisamos de dinheiro para sobreviver. Mas necessitamos, ainda mais, de ideias para viver.

Ortega y Gasset anotou: «Cultura é o sistema de ideias vivas que cada época possui. Melhor: é o sistema de ideias das quais o tempo vive».

O dinheiro dificilmente faz gerar ideias. As ideias até dinheiro serão capazes de produzir.

Hoje falta dinheiro. Mas é muito mais dolorosa a falta de ideias e de ideais!

publicado por Theosfera às 10:05

Muito pertinente este aviso de Mariano da Fonseca: «A falsa ciência não aumenta o nosso saber, agrava a nossa ignorância».

A sombra do não saber como que ilumina e desperta o verdadeiro saber!

publicado por Theosfera às 09:59

Muito se fala da felicidade, nos tempos que correm. Talvez porque lhe exigimos muito. Talvez porque ela nos desaponta.

Quanto mais a desejamos, tanto mais ela parece que se ausenta.

André Maurois confidenciou: «A felicidade é uma flor que não se deve colher».

Quando se colhe deixa de florescer?

publicado por Theosfera às 09:56

Assinala-se, hoje, o Dia Mundial da Floresta, o Dia Mundial da Poesia, o Dia Mundial do Sono, o Dia Mundial da Eliminação da Discriminação Racial e o Dia Europeu da Música Antiga.

Faz, hoje, 428 anos que nasceu o grande Johann Sebastian Bach!

publicado por Theosfera às 09:52

Hoje, 21 de Março, é dia do Trânsito de S. Bento (ocorrido, neste dia, em 543), S. Nicolau de Flue, Mártires de Alexandria e Sta. Benedita Cambiagio Frassinello.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:04

Quarta-feira, 20 de Março de 2013

1. A Primavera está a chegar ao tempo. E há quem a veja florir na Igreja que peregrina no tempo.

Aliás, tornou-se comum, há uns anos, encarar as estações do ano como metáfora para descrever a situação do Cristianismo. Yves Congar, por exemplo, falou do «Outono da Igreja». Já Karl Ranher dissertou abundantemente sobre a «invernia da fé».

 

2. No Outono, a natureza parece que se retrai. No Inverno, como que se esconde.

E o certo é que a informação religiosa é atravessada por uma sensação de decadência crescente, a prenunciar um eclipse irreversível.

As notícias da Igreja aparentam ser (apenas) notícias da crise.

 

3. São muitos, entretanto, os que, como João Paulo II, vaticinam uma nova «Primavera na Igreja».

Recorde-se que a Primavera traz um pouco do frio do Inverno e alguma coisa do calor do Verão. A Primavera é um tempo de nuvens e de sol, de clareiras e de brilho, de sombras e de luz.

 

4. Na Primavera, há um misto de esperança e desânimo. Na Primavera, as pessoas são habitadas por um certo optimismo, que, não obstante, convive com alguma apreensão.

Na Primavera, estamos à espera de tudo, mas não temos ainda a garantia de nada. A Primavera é o amanhecer depois da noite, mas sem a certeza do que virá pela tarde.

 

5. A Primavera é o novo começo, o tempo da sementeira, o início da viagem. A Primavera é o tempo em que se lavam as roupas encardidas e em que se exibe um ar mais refrescante.

A Primavera é a altura em que se sentem alguns vendavais, mas em que sopram também algumas brisas.

 

6. A Primavera é quando já não nos fechamos totalmente em casa. É a altura em que as portas já não estão sempre fechadas e em que as janelas se vão abrindo. É o tempo em que se aspira o aroma das flores e vai desaparecendo o cheiro a mofo.

Algumas tempestades estarão para vir. Algum frio irá continuar. Mas o primeiro calor também se fará sentir. O sol irá apertar e poderá até queimar.

 

7. A Primavera na Igreja não é isenta de temporais nem de eventuais lesões provocadas por queimaduras solares.

Na Igreja, a santidade coexiste com o pecado. A força anda de mãos dadas com a fragilidade. Não temos de nos envergonhar do nosso passado. Há que seguir em frente, em direcção ao futuro.

 

8. Hoje, como sempre (mas talvez mais do que nunca), a Igreja tem de ser a casa da esperança, o repouso dos que se sentem tingidos pela desesperança.

Por isso é que os pobres e os sofredores deste mundo têm de encontrar, nela, um porto de abrigo e uma retaguarda de alento.

 

9. A Igreja deve acender um sorriso no rosto, ainda que se veja dilacerada por torrentes de pranto.

Este já não é o tempo de nos arrastarmos, pesarosos, pela tarde, lamentando as ocorrências de uma jornada com muitas canseiras e desilusões. Este é o tempo de nos levantarmos, decididos, como em manhãs ridentes de sol.

 

10. A Igreja não é o sol. Mas é chamada a aquecer os que a vida faz arrefecer com o desamparo e a injustiça.

Eu vejo a Primavera a despontar na Casa de Deus!

publicado por Theosfera às 18:47

Não faria mal que alguns governantes meditassem neste pensamento de Chamfort: «Apenas a inutilidade do primeiro dilúvio impede Deus de nos mandar um segundo».

O problema é que os homens do poder insistem nos dilúvios que já provaram ser inúteis.

Ao temporal da dívida acrescentam o vendaval da austeridade.

Inutilidade atrai inutilidade?

publicado por Theosfera às 10:39

Optimismo e pessimismo? É tudo uma questão de perspectiva e predisposição.

James Cabell assim o notou: «O optimista diz que vivemos no melhor de todos os mundos possíveis. O pessimista teme que isso seja verdade».

Há quem só conte com nuvens que até fica preocupado quando começa a entrever o sol!

publicado por Theosfera às 10:10

Cuidado com a presunção. E atenção às exibições.

Até os mais fortes caem. Até os mais astutos são devorados.

Maquiavel, recorrendo a uma metáfora, percebeu: «Precisando um príncipe, de saber utilizar bem o animal, deve tomar como exemplo a raposa e o leão: pois o leão não é capaz de se defender das armadilhas, assim como a raposa não sabe defender-se dos lobos»!

publicado por Theosfera às 10:05

«Sentimos a dor mas não a sua ausência».

Schopenhauer terá a sua razão.

Será que a dor, afinal, nunca se ausenta?

publicado por Theosfera às 10:02

Ao contrário do que sucede na natureza, no homem a primavera não se repete. Apenas se recorda.

O inverno, para o ser humano, é a última estação. Talvez seja a melhor. A que nos conduz à eternidade!

Quando os anos passam e a vida se prolonga significa que já se escapou à morte muitas vezes; que já se venceu a morte muitas vezes; que, no fundo, já se morreu muitas vezes.

Só falta morrer a última vez. Só falta dar o último passo!

publicado por Theosfera às 09:59

Hoje, 20 de Março, é dia de Sta. Eufémia, S. Remígio de Estrasburgo, S. Francisco de Palau e Quer e Sta. Maria Josefina do Coração de Jesus.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:08

Terça-feira, 19 de Março de 2013

Há quem não ponha etiquetas só nos produtos. Há quem também se apresse a colocar rótulos nas pessoas.

Do Papa Francisco (como, aliás, acerca de João Paulo II e de Bento XVI) se diz que é aberto no social, mas conservador na doutrina.

Releve-se o carácter depreciativo deste último qualificativo, quase a saber a decepção ou reprimenda.

Acontece que o Papa não é dono, mas servo.

A doutrina não é do Papa, é de Cristo. O Papa recebe, não cria doutrina.

E, quanto a ser conservador, depende da perspectiva. Quem é mais conservador? É a doutrina em relação ao nosso tempo ou é o nosso tempo em relação à doutrina?

Se pensarmos bem, a doutrina incomoda porque questiona, porque convida à mudança.

E mudar (sobretudo mudar a vida) custa muito e dói bastante!

publicado por Theosfera às 13:32

O dia de S. José é o dia do Onomástico do Papa Bento XVI, cujo nome de baptismo é Joseph.

Bonito foi, por isso, o gesto do Papa Francisco, que aludiu ao facto acrescentando que «o acompanha com a oração, cheia de estima e gratidão».

Não só neste dia, mas sobretudo neste dia, não esqueçamos o Papa Bento: pelo que disse, pelo que fez, pelo que sofreu (e sofre) pela Igreja e pela humanidade!

publicado por Theosfera às 13:09

O Papa Francisco telefonou hoje ao início da manhã, madrugada em Buenos Aires, para saudar os fiéis da sua antiga diocese que se encontravam numa vigília de oração na capital argentina.

«Peço-vos que caminheis todos juntos, tomando cuidado uns dos outros», disse, numa ligação à vigília de oração que decorreu na Praça de Maio, reunindo milhares de pessoas.

O telefonema foi feito diretamente pelo Papa ao Padre Alejandro Russo, reitor da Catedral de Buenos Aires, às 03h30 da Argentina, duas horas antes do início da missa do pontificado.

«Não se esqueçam deste bispo que está longe, mas que gosta muito de vocês. Rezem por mim», pediu.

O Papa argentino, primeiro do continente americano, deixou votos de que «não haja ódio, que não haja lutas, que não haja inveja» e as pessoas «dialoguem».

A intervenção incluiu um desafio do Papa à proximidade com Deus que «é bom, perdoa sempre, compreend».

«Não tenham medo dele, é pai», acrescentou.

O Padre Alejandro Russo disse à Rádio Vaticano que a chamada do Papa foi uma surpresa que gerou um sentimento «incompreensível, gigantesco».

publicado por Theosfera às 11:52

Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do ministério petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão.
Saúdo, com afecto, os Irmãos Cardeais e Bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos Representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às Delegações oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático.

Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custódio, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: «São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo» (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).
Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egipto e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus.

Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito. E José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!

Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!
E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem «Herodes» que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher.

Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.
A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!

Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.

Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus.
Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!
Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amen.

publicado por Theosfera às 10:23

«São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!»

publicado por Theosfera às 09:48

Há oito anos, a 24 de Abril de 2005, Bento XVI disse que o seu programa era «não fazer a minha vontade».

O Papa Francisco acaba de sublinhar que o verdadeiro poder é servir.

Na linha de S. José, ele pretende «guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração».

publicado por Theosfera às 09:37

A cátedra não é a cadeira. A cátedra é a palavra de quem está na cátedra.

O Santo Padre não fala na cadeira, embora fale perto dela.

Fala de pé para todos os que caminham!

publicado por Theosfera às 09:31

Há que destacar, em toda esta celebração, o papel de Mons. Guido Marini. Está ao lado esquerdo do Santo Padre. Discreto, sereno, atento.

Tudo está preparado com antecipação. Não se dá conta da sua presença.

Um cerimoniário é assim. Não é o que faz. É o que faz fazer!

publicado por Theosfera às 09:08

Uma luminosa simplicidade se desprende de toda esta solenidade.

A solenidade da liturgia não litiga com o preceito da simplicidade.

S. Francisco de Assis, que levava a humildade até ao escrúpulo (nem sequer queria tocar em dinheiro), estipulava que o altar da Santa Missa não só estivesse limpo mas também ricamente ornado.

Os santos são sabiamente paradoxais.

A humildade diante dos homens decorre, antes de mais, da humildade perante Deus!

publicado por Theosfera às 08:38

Advertimos a importância de uma coisa quando sentimos que a podemos perder.

Chesterton apercebeu-se: «A maneira de apreciarmos uma coisa é dizermos a nós próprios que a podemos perder».

O problema é que não é só com as coisas que isto acontece.

O problema é que também só valorizamos as pessoas quando pensamos que as podemos perder. Ou, pior, quando já as perdemos!

publicado por Theosfera às 08:32

Diz uma jornalista italiana que a simplicidade do Santo Padre está a tocar toda a gente.

De facto, a simplicidade é sapiente e envolvente.

A simplicidade, no fundo, explica quase tudo e cativa quase todos!

publicado por Theosfera às 08:22

Neste momento, o Santo Padre passa junto das pessoas.

Para a Santa Missa de hoje, ninguém foi especialmente convidado. Todos são igualmente bem-vindos.

Não se trata de uma desconsideração pelas pessoas importantes. Trata-se de uma enorme consideração pelas pessoas simples.

Palpita-me, entretanto, que a segurança vai ter trabalho acrescido neste pontificado. O Santo Padre usa o «papamóvel», mas sem o vidro de protecção.

É arriscado. Mas é bonito!

publicado por Theosfera às 08:06

Hoje, 19 de Março (dia do Pai e da Missa de início do ministério petrino do Papa Francisco), é dia de S. José (padroeiro da Igreja, dos pais, dos trabalhadores, dos fabricantes de carro, dos marceneiros e da boa morte) e de S. Marcello Callo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:07

Neste mês do Pai,

agradecemos-Te, Pai,

pelo dom dos nossos pais.

 

São eles que,

juntamente com as nossas mães,

sinalizam o Teu amor junto de nós.

 

Obrigado é pouco para dizer

o quanto lhes estamos agradecidos.

Mas é tudo o que nos resta

para mostrar a nossa gratidão

e para lhes fazer sentir o nosso amor.

 

Também Teu Filho Jesus

quis nascer numa família.

Também Ele na terra

chamou a alguém «Pai».

 

Que o exemplo de S. José

ilumine todos os nossos pais

e inspire todas as nossas famílias.

 

Que S. José abençoe os nossos pais

e que nós, seus filhos,

saibamos agradecer todo o bem que nos fazem.

 

Que a bênção de S. José

chegue a todas as casas

e se instale em todos os corações.

 

Obrigado, bom Deus,

pelos nossos pais.

 

Obrigado pelo seu carinho,

pela sua doação.

 

Obrigado por existirem.

Obrigado pelo que são.

Obrigado por tanto.

Obrigado por tudo.

Obrigado sempre!

publicado por Theosfera às 07:05

Neste dia de S. José, é pertinente reflectir, maduramente, sobre o drama por que passou.

 

O Evangelho aponta-o como homem justo.

 

Título apropriado, sem dúvida, para quem pôs a justiça acima da lei.

 

Não sei se já pensamos alguma vez no seguinte. Se José seguisse, de forma estrita, os ditames da lei, Jesus não teria nascido.

 

É que (como iremos ouvir no próximo Domingo) a lei preceituava que a mulher apanhada em adultério devia ser apedrejada até à morte.

 

É óbvio que Maria não praticou adultério. O que nela se passou foi obra do Espírito Santo.

 

Só que José não sabia. E o que ele via pouca margem dava para dúvidas.

 

Ainda não viviam em comum e Maria estava grávida. Um verdadeiro drama, o drama de José!

 

Aparece, aqui, o crédito da confiança. Embora não sabendo o que se tinha passado, José sabia que Maria era incapaz de o trair.

 

Dada, porém, a situação, estava disposto a fazer tudo em segredo, em afastar-se. Denunciá-la é que jamais.

 

As pessoas não são todas iguais. Ainda há quem seja diferente. E as aparências também iludem. Oh se iludem!

 

Foi nesta situação que Deus veio em seu auxílio. E também José ficou cônscio do que acontecera.

 

Nem sempre a justiça está na lei. A justiça é maior que a lei. Em caso de colisão, não há que hesitar.

 

Jesus viria a dizer: «Procurai, antes de mais, o Reino de Deus e a Sua justiça» (Mt 6, 33).

 

Jesus foi muito claro na primazia dada à justiça. Fê-lo com desassombro.

 

José também fez o mesmo. De um modo mais contido, quase imperceptível. Mas igualmente eficaz. E prodigamente coerente.

publicado por Theosfera às 07:04

Obrigado, Senhor,

obrigado por S. José,

homem de silêncios e de canseiras,

de sofrimento e de paz.

 

Obrigado por todos os pais,

porque nos deram a vida

e porque nos dão exemplo, testemunho e disponibilidade.

 

Que nós aprendamos com a sua dedicação,

com o seu amor e a sua bondade.

 

Que cada um de nós seja digno do seu suor e do seu trabalho.

publicado por Theosfera às 07:02

Meu Pai já está está no Céu.

 

Meu Pai continua em mim.

 

Neste dia de S. José, Pai (adoptivo) de Jesus, recordo meu querido Pai, oro por todos os pais.

publicado por Theosfera às 06:28

Segunda-feira, 18 de Março de 2013

Custa passar pela noite. Mas a noite é também o que antecede a manhã.

Certo estava, pois, Jean Rostand quando disse que «é durante a noite que é acreditar na luz».

Não deixemos de acreditar. Quem acredita na luz já sente o seu brilho!

publicado por Theosfera às 10:20

Cuidado com o que andamos a fazer na Europa.

Quero ter esperança. Mas sou obrigado a acolher alguns receios.

De repente, dei comigo a recordar uma célebre frase de Jean Jaurès: «Os povos da Europa andam pelos caminhos com as tochas na mão; e eis agora o incêndio».

Ainda iremos a tempo de suster o avanço das chamas?

Quando nada parece estar garantido, que, ao menos, a paz e a solidariedade nãpo fiquem totalmente em causa!

publicado por Theosfera às 10:16

Estes momentos são difíceis. Mas as dificuldades destes momentos reclamam, ainda mais, ponderação.

Bem nos avisa a sabedoria judaica: «Quem medita, mais facilmente encontra caminhos rectos»!

publicado por Theosfera às 10:08

É muito comovente esta espécie de encantamento planetário à volta do Papa Francisco.

Parece uma empatia instantânea, resultante de um carisma que aproxima e fascina.

Um carisma está para lá da explicação lógica. Um carisma é um dom que se converte numa dávida. Um carisma é algo que se recebe para dar.

Isto é muito salutar e deveras positivo.

Não me parece, porém, curial nem justo pôr em contraste o Papa Francisco e o Papa Bento XVI.

São pessoas diferentes, sem dúvida. Mas nem os gémeos monozigóticos são inteiramente idênticos.

Para lá disso, há uma continuidade que importa não descurar.

O Papa Francisco revela uma simplicidade contagiante. Mas o Papa Bento XVI nunca deixou de mostrar uma humildade desconcertante.

Depois, se repararmos bem, há alguma coisa que o Papa Bento XVI disse que o Papa Francisco não subscrevesse? E há alguma coisa que o Papa Francisco afirmou que o Papa Bento XVI não secundasse?

As pessoas não são iguais. Mas, neste caso e parafraseando Montesquieu, o que é «verdade num tempo» não tem de ser «erro num outro tempo».

O Papa Francisco merece, inquestionavelmente, o nosso apreço. Mas o Papa Bento XVI justifica também a nossa (eterna) gratidão!

publicado por Theosfera às 10:00

1. O dedo polegar é o que está mais perto de ti.
Assim, começa por orar por aqueles que estão mais próximo de ti. São os mais fáceis de recordar. Rezar por aqueles que amamos é «uma doce tarefa«.
2. O dedo seguinte é o indicador: reza pelos que ensinam, instruem e curam. Ele precisam de apoio e sabedoria ao conduzir outros na direcção correcta. Mantém-nos nas tuas orações.
3. A seguir é o maior. Recorda-nos dos nossos chefes, os governantes, os que têm autoridade. Eles necessitam de orientação divina.
4. O próximo dedo é o anelar. Surpreendentemente, este é o nosso dedo mais débil. Ele lembra-nos que rezemos pelos débeis, doentes ou pelos atormentados por problemas. Todos eles necessitam das tuas orações.
5. E finalmente temos o nosso dedo pequeno, o mais pequeno de todos. Este deveria lembrar-te de rezar por ti mesmo. Quando terminares de rezar pelos primeiros quatro grupos, as tuas próprias necessidades aparecer-te-ão numa perspectiva correcta e estarás preparado para orar por ti mesmo de uma maneira mais efectiva.

publicado por Theosfera às 09:42

Hoje, 18 de Março, é dia de S. Cirilo de Jerusalém, Sto. Alexandre de Jerusalém, Sto. Eduardo e Sta. Maria Amada de Bouteiller.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:02

Domingo, 17 de Março de 2013

Andamos, sofregamente, à procura da novidade, quando o importante deveria ser a busca da qualidade.

Nem sempre a novidade enturma com a qualidade. Atenção, pois, a este aviso de Arthur Schnitzler: «Na maior parte das vezes, uma ideia nova não passa duma banalidade, velha como o mundo, de cuja realidade nos apercebemos subitamente»!

publicado por Theosfera às 21:12

A inteligência do homem não está apenas na mente. Está também no coração.

O Padre António Vieira apercebeu-se: «A maior capacidade que criou a natureza foi a do coração humano».

É por isso que Saint-Exupéry garantia que «só se vê bem com o coração».

Daí que, como assinalou Bento XVI, o programa do cristão seja «o coração que vê»!

publicado por Theosfera às 21:08

Ressoa neste Domingo um poderoso apelo à misericórdia, à compaixão, à bondade.

Jesus é pela Lei, mas não hesita em ir mais além da Lei.

Não diz que a pecadora tinha procedido bem, mas não aceita que a condenem. Fundamental lição, esta!

publicado por Theosfera às 21:06

A chave do conhecimento não está na posse de informação, mas na procura.

Já dizia Balzac que «a chave de todas as ciências é, inegavelmente, o ponto de interrogação».

Era por isso que Heidegger reconhecia ser a pergunta «a oração do pensamento»!

publicado por Theosfera às 21:05

No «La Stampa» deste domingo, o prior da comunidade de Bosé, Enzo Bianchi, escreve que Francisco é um Papa «que se fez homem» e cujas intervenções são «actos de linguagem».

Diria que a própria maneira como este homem se apresenta e saúda qualquer pessoa é em si um acto de linguagem, de uma Igreja que deve estar próxima e despojada.

publicado por Theosfera às 21:02

Hoje, 17 de Março (V Domingo da Quaresma), é dia de S. Patrício (padroeiro dos mineiros), S. José de Arimateia e Sto. Ambrósio de Alexandria.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:02

As pessoas mais necessárias não se fazem notar pela sua presença. Fazem, sim, notar a sua falta pela ausência!


As pessoas discretas deixam perfume por onde passam. Não abafam. Fazem voar. E, deste modo, ajudam a crescer!


Quando estão presentes, parece que não se notam. Quando se ausentam, é que reconhecemos o seu valor.


Mas, aí, poderá ser tarde!
publicado por Theosfera às 06:28

Sábado, 16 de Março de 2013

Não está (nem podia estar) em causa a doutrina. Diria que os gestos do Papa Francisco configuram um aprofundamento e até uma saudável radicalização da doutrina.

A ortodoxia só é inteiramente ortodoxa (passe a redundância) numa verdadeira ortopraxia.

A fé não passa só pela proclamação. Implica uma vivência consequente.

A doutrina de Jesus não combina, de facto, com a opulência, mas com o despojamento. É por isso que a simplicidade é sapiente!

publicado por Theosfera às 13:17

Alexandre Dumas (filho) assinalou, certamente com pesar, que «o dinheiro é o único poder que nunca se discute».

Mas é pena. Porque, desde modo, acabamos sempre por ser dominados por ele!

publicado por Theosfera às 13:15

Hoje, 16 de Março, é dia de Sta. Eusébia, Sto. Heriberto (invocado para pedir a chuva) e Sto. Abraão, solitário.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:08

Sexta-feira, 15 de Março de 2013

A mudança é inevitável e é constante. Se não a acompanharmos, ficaremos excluídos.

Pedro Arrupe dizia: «O mundo muda mesmo sem nós. De nós depende que mude connosco».

É fundamental deixar marcas na mudança. Para que não seja só a mudança a deixar marcas em nós!

publicado por Theosfera às 13:28

Nem todos são aptos para tudo. Mas estamos aptos para uma coisa: para ser diferente.

Lancelot Andrews apercebeu-se: «Qual é a única aptidão comum a todos os homens? É a aptidão de mudar»!

publicado por Theosfera às 13:25

Hoje, 15 de Março (dia de abstinência), é dia de S. Raimundo de Calatrava, Sta. Luísa de Marillac, Sta. Lucrécia, S. Plácido Riccardi e S. Clemente Hofbauer.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:12

Quinta-feira, 14 de Março de 2013

O Papa Francisco proferiu hoje a sua primeira homilia na missa que assinalou o final do Conclave, na Capela Sistina, com todos os cardeais que participaram na eleição que decorreu entre terça e quarta-feira.

«Caminhar, edificar, confessar Jesus Cristo crucificado» foi a ideia central do primeiro Papa do continente americano na história da Igreja Católica, que convidou os presentes a «caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com irrepreensibilidade».

O sucessor de Bento XVI e os seus eleitores celebraram a chamada missa pro Ecclesia (pela Igreja), durante a qual foi ouvida a primeira homilia do pontificado.

Para o novo Papa, a Igreja é mais do que uma «ONG piedosa» e exige que os seus membros construam «sobre a rocha» e não «castelos de areia», sem consistência.

«Quando não se professa Jesus Cristo, professa-se a mundanidade do diabo, do demónio», alertou.

A celebração, vista como o primeiro momento em que o Papa apresenta o seu «programa», contou em 2005 com uma homilia em latim de Bento XVI, mas Francisco optou por falar em italiano, sem qualquer texto, durante seis minutos.

«Esta vida é um caminho e quando paramos, as coisas não correm bem», observou o Papa, de 76 anos, eleito após um Conclave que teve cinco escrutínios em pouco mais de 24 horas de votações à porta fechada.

Francisco admitiu que existem forças que impedem a caminhada e puxam «para trás» e que alguns querem seguir Jesus «sem a cruz».

«Quando professamos um Cristo sem cruz não somos discípulos do Senhor, somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, Papas, mas não discípulos do Senhor», observou.

Em conclusão, o Papa argentino convidou a «edificar a Igreja sobre o sangue do Senhor, derramado na cruz, e confessar a única glória, Cristo crucificado: assim a Igreja avançará».

A celebração, transmitida pelo Centro Televisivo do Vaticano, incluiu uma oração por «sua santidade Bento XVI», para que «sirva a Igreja no escondimento, com uma vida dedicada à oração e à meditação».

 

publicado por Theosfera às 20:17

Da trajectória do cardeal Jorge Mario Bergoglio e dos primeiros sinais emitidos pelo Papa Francisco uma coisa, pelo menos, é de esperar. Os próximos tempos vão ser não para centralizar, mas para centrar.

A Igreja mostrará que não vai estar centralizada numa função, num lugar ou numa estrutura. Ela estará, cada vez mais, (re)centrada em Jesus Cristo.

A humildade do Papa não é só pessoal; é também ministerial. Ou seja, ele pretende que o exercício do seu ministério seja, todo ele, pautado pela humildade, pelo despojamento.

Na linha de João Baptista, também o Papa Francisco quer que seja Jesus a sobressair e ele a diminuir (cf. Jo 3, 30).

Não vamos, obviamente, ter um Papa iconoclasta, que acabe com todas as tradições, sinais e símbolos. Mas vamos ter seguramente um Papa que vai recorrer a tais tradições, sinais e símbolos com o máximo de sobriedade.

A repetida alusão ao Bispo de Roma (e não ao Papa) não indicia que Francisco não assuma a natureza do seu ministério. Mas ele mesmo teve o cuidado de, com palavras de Sto. Inácio de Antioquia, expor a sua compreensão de tal ministério.

Para ele, a Igreja de Roma preside à comunhão da Igreja na caridade e não no poder. Daí também a sua evocação da fraternidade.

Roma não quer ensombrar as outras Igrejas. Quer que elas brilhem com a luz do Evangelho.

Eis um pastor que quer conduzir o povo, não indo à frente dele mas caminhando ao lado das dele!
publicado por Theosfera às 19:46

Na primeira saudação do Papa, houve quem notasse a ausência de uma palavra forte.

Mas eu penso que a grande força esteve no gesto, eu diria nos gestos.

O que mais tocou foi o insistente pedido para que o povo rezasse pelo Papa. E, não por acaso, o Papa inclinou-se diante do povo quando o habitual é o povo inclinar-se diante do Papa.

Se repararmos, é a oração simples do povo que sustenta a vida e alimenta a fé.

Na sua simplicidade, o povo é sábio. Na sua humildade, o povo é mestre.

Captar essa sabedoria é um acto de profunda lucidez.

E, afinal, o Papa posicionou-se de uma forma genuína ainda que aparentemente pouco convencional.

O Papa apareceu como servo, como servidor. Não foi assim que Jesus veio até nós?

publicado por Theosfera às 16:15

Há no Papa Francisco alguns traços (até fisionómicos) que fazem pensar em D. Óscar Romero, o bispo mártir de El Salvador.

Enquanto arcebispo de Buenos Aires, nunca se coibiu de erguer a voz em defesa dos pobres.

Também não se calou diante do poder, sabendo que isso lhe acarretaria dissabores.

É curioso notar (até pela similitude com a situação portuguesa) que, em 2002, pediu aos argentinos para «não rezarem ao FMI», pois «não vamos a lugar nenhum, só nos vamos endividar ainda mais».

Como diria o teólogo Metz, Francisco mostra ser «um místico de olhos abertos». A partir de Deus, olha para o povo de Deus, sobretudo para os mais sofredores

publicado por Theosfera às 11:25

Defensor de uma Igreja pobre ao lado dos pobres, o Papa Francisco deixou bem claro que a única pobreza que se deve recusar é a pobreza espiritual.

Disse, em tempos, que urge «evitar a pobreza espiritual da Igreja. Entre uma Igreja que sofre acidentes na rua e uma Igreja que fica doente porque se tornou auto-reverente, não tenho dúvidas de que prefiro a primeira».

No fundo, já Karl Rahner, outro jesuíta, notara o mesmo: «O grande problema da Igreja contemporânea é continuar, com uma resignação e um tédio cada vez maiores, pelos trilhos de uma mediocridade espiritual».

Sem espiritualidade não se respira. Sem respirar Deus, não se vive!

publicado por Theosfera às 11:11

João Paulo II disse que vinha de longe. Francisco confessa que vem do fim do mundo.

João Paulo II levou o centro a todas as periferias. Trará Francisco as periferias para o centro?

Os sinais são promissores.

O novo Papa parece configurar uma Igreja samaritana, próxima das pessoas, ao lado dos pobres.

Os corações doídos bem precisam de quem lhes acenda um sorriso na alma!

publicado por Theosfera às 10:34

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