É belo dar.
É belo dar coisas. É mais belo dar a vida. E é sublimemente belo dar tudo sem fazer alarde.
Significa que até se dá a própria possibilidade de tirar algum proveito.
É que a teoria de que «não há almoços grátis» assegura que nunca se dá inteiramente nada. Mesmo quando se dá, algo se pretende em troca. Se não for dinheiro, poderá ser fama ou, pelo menos, reconhecimento.
Tal reconhecimento até será justo. Mas não poderá ser imposto. Terá de ser espontâneo.
Os meus olhos tropeçaram com o nome de Wislawa Szymborska, poeta polaca distinguida com o Nobel e que faleceu há um ano.
Veio-se, agora, a saber que o dinheiro do prémio foi doado para ajudar escritores em dificuldades.
Mas não se ficou por aqui. Pôs como condição que não se soubesse que era ela que doava o dinheiro.
Duplamente meritória esta atitude: abdicou do dinheiro e abdicou da fama.
Deu (deu-se) a duplicar. É raro.
Mas, por sinal, lembro alguém, igualmente já falecido, que quando me entregava algum contributo, não só não pedia que nada dissesse como exigia que ninguém o soubesse.
Uma senhora e um senhor que souberam fazer a diferença!