Ainda bem que não é proibido falar. Ainda bem que podemos dialogar.
Mas a comunicação, enquanto direito, não deixa de impor alguns deveres.
A palavra, para ter credibilidade, precisa de sustentação, conteúdo e muita sensatez.
É por isso que a palavra deve ser amassada em algum silêncio, para melhor poder germinar.
Este tempo que estamos a viver devia ser não um tempo de corte, mas um tempo de escuta: quer pelo que estamos a viver nesta época, quer pelo que estamos a experimentar nestes dias.
A Quaresma, já por si, sugere interioridade. E a renúncia (e posterior eleição de um Papa) devia determinar algum recato.
É normal que se conjecture.
Uns especulam sobre a origem do futuro Papa. Outros debatem a idade do futuro Papa. Outros ainda teorizam até sobre a ideologia do futuro Papa.
Neste aspecto, impressiona a ligeireza com que se transporta, acriticamente, o paradigma da política para a Igreja.
Não falta até quem já tenha desenhado o perfil do futuro Papa com base nestas variáveis.
Esquece-se que o Conclave não é um mero acto eleitoral; é um verdadeiro acto de fé.
Antes de cada cardeal consultar a sua consciência, procurará consultar o próprio Deus.
Já Sto. Inácio de Antioquia notava que o Espírito Santo é o «bispo invisível».
Acreditamos que é Ele que actua por meio dos bispos visíveis e, maxime, através do Papa visível.
É por tal motivo que, acima de tudo, este é um tempo de oração.
Agora, cada um tentará escrutinar o que «parece bem ao Espírito Santo»(Act 15, 28).
Dentro de dias, alguns procurarão apurar o que, a partir dessa escuta orante, será melhor para o Povo de Deus!