Muitos se espantam. Como é possível que as pessoas não se preocupem com a privacidade dos outros nem cuidem da sua própria privacidade?
A privacidade dos outros é cada vez mais invadida. A privacidade de cada um é cada vez mais exposta.
Seria possível convocar, para um intento de explicação, nomes como Gilles Lipovetsky, que alertou para o vazio que nos domina. Ou Jean-François Lyotard e Gianni Vattimo, que nos falaram do «pensamento débil» e do «pensamento fraco» que nos envolvem.
Quando as ideias falham e os ideais fenecem, fala-se da vida dos outros e da vida própria.
Tenho, porém, uma explicação bem mais prosaica. O espaço mediático é cada maior. A competição é cada vez mais feroz. É preciso ocupar o espaço. A vida pública é insuficiente. Aposta-se na vida privada.
É triste, penoso. Mas dizem que rende.
Não basta contestar. O importante seria não consumir.
É por isso que este não é um problema deles (dos produtores). É também um problema nosso (de cidadãos)!