Uma figura irrompe neste Domingo: João.
Viveu há mais de dois mil anos, mas, de tão actual, parece sobreviver hoje.
A sua voz continua a ressoar no deserto.
«Preparai os caminhos dos Senhor». O verbo está no imperativo.
Preparar é uma prioridade. Todos ouvem. Mas quem age?
João era conhecido pela sua austeridade.
Uma diferença substancial.
Hoje, não falta quem imponha austeridade aos outros.
João era austero consigo e honesto para com todos.
Tanta falta nos faz João, a sua palavra, o seu exemplo!
Se a qualidade não é valorizada, arriscamo-nos a ser dominados pela mediocridade.
Acresce que a mediocridade não procura apenas ocupar o seu lugar.
A mediocridade não é só pró-activa; ela é sobretudo reactiva.
Ou seja, a mediocridade não se limita a ocupar o seu lugar. Ela visa também (e bastante) ocupar o lugar dos outros, tirar o lugar aos outros!
Uma meia mentira é pior do que uma mentira inteira.
Parece mentira, mas é verdade.
Uma mentira inteira é facilmente percebida como mentira. Já uma meia mentira corre o risco de iludir muita gente, pensando que nela existe verdade.
Veja-se o caso da estatística.
Dizer que cada cidadão de um país tem, em média, quatro pães por dia para comer dá a entender que ninguém passa fome.
Só que as médias são enganadoras. Pode haver pessoas que comam dez pães por dia e outros que não comam nenhum.
Como diria Aquilino, é preciso descongelar a inteligência que o torpor egocêntrico teima em trazer congelada!
Há sempre uma mão que nos livra da queda.
Há sempre um colo que nos ampara na fraqueza.
Há sempre uma luz que nos mostra o caminho.
A minha Mãe Teresa foi o primeiro espelho da minha (nossa) Mãe Maria.
Pelo que vejo na minha Mãe, posso vislumbrar o que é a nossa Mãe.
Se até Deus quis ter Mãe, como não agradecer o dom da nossa Mãe?
Pode-se ter tudo, mas nada que se compare a uma Mãe.
Mãe é o que fica quando tudo parece passar.
Mãe nunca se reforma. Mãe nunca morre.
Mãe é sempre Mãe. Não só hoje, mas também hoje, obrigado, Mãe!
Tudo vale. O importante é perscrutar o valor das coisas.
O conhecimentos dos factos é importante e o conhecimento das pessoas é decisivo.
Edmund Burk assinalou que «não há conhecimento que não tenha valor». ~
Importa estar atento!
Nem sempre a razão enturma com a imaginação.
A advertência tem assinatura que destila qualidade: Martin Heidegger.
A razão serve para explicar a realidade. A imaginação serve para transformar a realidade.
A razão mostra como as coisas são. A imaginação mostra como as coisas podem ser.
Einstein não tinha dúvidas a este respeito: «Se podes imaginar, também podes conseguir».
Nem sempre se conseguirá realizar tudo o que se imagina.
Mas nunca se conseguirá nenhuma coisa sem, primeiro, a imaginar!
Nossa Senhora, Mãe da esperança,
Acompanha-nos na nossa jornada pelo tempo.
Faz brilhar em nós a luz do Teu sim.
Tu és a toda santa, a toda bela, a toda pura.
Dá-nos a graça de sermos simples e fiéis,
Persistentes e constantes.
Semeia em nós a santidade.
Que sejamos humildes como Tu.
Que deixemos Deus fazer através de nós as maravilhas que Deus realizou por meio de Ti.
Ajuda-nos no caminho,
Acompanha-nos na viagem.
Apoia-nos quando cairmos.
Enxuga as nossas lágrimas.
Dá-nos a Tu mão, agora,
E recebe-nos no Teu coração, depois, na eternidade.
Que sejamos santos
E, por isso, felizes.
E por isso cada vez mais amigos,
Cada vez mais unidos,
Cada vez mais irmãos!
Daqui a 17 dias, celebraremos o nascimento de Teu Filho,
De hoje a nove meses estaremos aqui a celebrar o Teu próprio nascimento.
Dizer-Te obrigado é pouco,
Mas, à falta de melhor, é tudo o que nos resta.
Aceita, pois, a palavra dos nossos lábios
E o sentimento que brota do nosso coração.
Obrigado, Mãe.
Leva-nos contigo ao coração do Pai!
Hoje, 08 de Dezembro, é dia da Imaculada Conceição (Padroeira principal de Portugal), de Sta. Elfrida, Sta. Edite, Sta. Sabrina e Sta. Narcisa de Jesus Martilho Morán.
Um santo e abençoado dia para todos!
Num sonho todo feito de incerteza,
De nocturna e indizível ansiedade
É que eu vi o teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...
Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na Natureza...
Um místico sofrer... uma ventura
Feita só de perdão, só da ternura
E da paz da nossa hora derradeira...
Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!
Eu sei que nem sempre podemos fugir da complexidade.
Até porque, mesmo que o quiséssemos, a complexidade não foge de nós. Acompanha-nos. Condiciona-nos. E, não raramente, tortura-nos.
Mas concordo cada vez mais com Winston Churchill quando diz que «todas as grandes coisas são simples».
Quanto maiores, tanto mais simples. Quanto mais simples, tanto maiores!
A vida é movimento. Mesmo quando pensamos que não anda, a vida não pára.
Mas uma vez que viver é conviver (viver com), então mover terá de ser sempre comover (mover com).
Albert Einstein achava que «não acontece nada até que qualquer coisa se mova».
E Xavier Zubiri defendia que pensar é «comover-se»!
As crianças e os pássaros.
Dostoiévski apresenta-os como modelos de alegria.
Talvez porque são ingénuos. Talvez porque voam. Talvez porque são autênticos.
É importante sentir a realidade. Mas é fundamental que não nos deixemos esmagar por ela.
E, afinal, há sempre uma nesga de sol por cima do mais espesso manto de nevoeiro!
Respeitemos todos os pontos de vista. Mas habituemo-nos a decidir por nós.
Todos somos corresponsáveis por todos. Mas ninguém é dono de ninguém.
Voltaire deixa um aviso ungido de pertinência: «Aqueles que conseguem fazer com que acrediteis em teses absurdas, conseguirão mais tarde que façais atrocidades».
A estratégia do autoritarismo é simples, simplista: começa-se por dominar o entendimento e acaba-se por controlar a vontade.
E lá se vai a liberdade!
A falsidade assoma rapidamente à superfície.
A verdade costuma permanecer longamente na profundidade.
É talvez por isso que as pessoas são mais tentadas pela falsidade. É mais fácil chegar a ela.
Vale, porém, a pena cavar o interior da pessoa e da vida até chegar ao fundo.
É o que testemunha, sabiamente, John Locke: «Sei que a verdade, por oposição à falsidade, existe e que, se as pessoas quiserem e se pensarem que a busca vale o esforço, pode ser encontrada». Encontrada, mas nunca possuída.
A verdade está ungida pela liberdade. Quem alega possuir a verdade naufraga na falsidade.
Deixemos que a verdade nos possua. E nos conduza!
Para que algo comece, é necessário crer.
Para que algo se consuma, é preciso querer.
Para que algo mude, é fundamental sonhar.
O sonho, afinal, é a realidade transformada no interior da pessoa.
O empenho na mudança é a persistência no sonho e o transporte do sonho para fora.
Quem não sonha não ousa. E quem não ousa contribui (nem que seja por inércia) para que tudo fique na mesma.
Urge, por isso, sonhar a realidade e realizar o sonho.
Sonhar não é tudo. Mas é o gérmen que está no início de (quase) tudo!
Estamos sempre a começar, mesmo quando estamos a terminar.
Estamos sempre a terminar, mesmo quando estamos a começar.
A vida é um intercâmbio constante entre princípio e fim.
Parecem muito distantes, mas, no fundo, são imensamente próximos, diria íntimos.
T. S. Eliot reconhecia: «No meu começo está o meu fim; no meu fim está o meu começo».
Não é, afinal, o que nós sentimos a cada instante?
O crente é um peregrino entre a fé e a realidade. Não cria muros, estende pontes.
Ele não pode sobreviver, sobranceiramente, à margem da vida. A própria fé está entranhada na vida.
Olegario González de Cardedal diz que «a religião é uma vogal e a história é uma consoante; unindo as duas, formam-se as sílabas».
De facto, «poderemos dizer que, unindo os actos e as experiências originárias em torno de Jesus com a experiência e a esperança de cada geração, encontraremos a consonância sintáctica que é a fé cristã. Consonância de testemunho e de razão, de inteligência e de liberdade, de amor e de esperança»!
Hoje, 07 de Dezembro, é dia de Sto. Ambrósio (invocado como protector das abelhas e dos gansos) e de Sra. Maria Josefa Roselho.
Um santo e abençoado dia para todos!
Nem todas as palavras mudam a vida. Mas muitas ajudam a vivê-la melhor.
Zig Ziglar, recentemente falecido, passou (e ganhou) a vida a estimular os outros.
Ele achava que «o fracasso é um desvio, não uma estrada sem saída».
Há, por isso, que não desistir. Há, por isso, que insistir.
Com que ritmo? Diariamente. «Dizem que a motivação passa. Também o banho e a comida passam. E por isso é que o recomendamos diariamente».
Tinha uma variação da «regra de ouro», que propunha como estrada para a felicidade: «Podes ser tudo o que quiseres na vida se ajudares outros a conseguirem o que querem».
Nascemos para ajudar, não atropelar.
O altruísmo é mais felicitante que o egoísmo!
Dir-se-á que esta é a hora de falar e que este é o momento de agir.
Haverá quem pense que a prioridade é gritar.
Em qualquer caso, o importante é intervir. De que forma? Pela palavra e pela acção.
Acontece que as palavras estão gastas e há acções que estão esgotadas.
Mas não estigmatizemos ninguém.
Quem está em silêncio pode não estar inactivo. Estar calado não é o mesmo que estar quieto.
E, no fundo, também se fala com a vida. Sobretudo com a vida!
Há quem tire proveito dos maus acontecimentos e, no extremo oposto, há quem comece a decair nos bons momentos.
Há quem não saiba ganhar e há quem não saiba perder.
La Rochefoucauld assinalou que «não existe tal coisa como um infortúnio tão mau que as pessoas hábeis não saibam dele tirar proveito, como também não existe uma felicidade tal que os mais volúveis não transformem em prejuízo próprio».
No fundo, o segredo da felicidade não está fora de nós; está dentro de nós.
A felicidade está na forma como, a partir de dentro, nos relacionamos com o que está fora, à nossa volta!
Do reconhecimento do erro nem sempre decorre o reconhecimento da verdade.
É mais fácil reconhecer o erro do que a verdade.
Segundo Goethe, «é muito mais fácil reconhecer o erro do que encontrar a verdade; aquele está na superfície e por isso é fácil erradicá-lo; esta repousa no fundo, e não é qualquer um que a pode investigar».
E mesmo que a investigue e a encontre, é preciso disponibilidade para vivê-la!
A comunicação não é tudo, mas ajuda muito ou, então, dificulta bastante.
Não há assuntos apelativos ou assuntos entediantes. Há, sim, comunicadores entusiasmantes e comunicadores torturantes.
Henry Mencken recorreu mesmo a uma linguagem plebeia para sintetizar: «Não há assuntos chatos, apenas escritores chatos».
Não diria que é sempre assim. Mas reconheço que, muitas vezes, é assim!
Não falta quem pense que o talento é instantâneo e que o êxito é o sucedâneo imediato das capacidades. Nada mais ilusório, porém.
É preciso perceber que o único requisito do sucesso não é a capacidade. Para chegar ao sucesso, é preciso, além da capacidade, trabalho, muito trabalho.
Thomas Edison, um das mentes mais brilhantes da humanidade, exarou: «O génio é feito de 1% de inspiração e 99% de transpiração».
Daí o acerto da síntese de Flaubert: «Talento é paciência sem fim».
«Depressa e bem, há pouco quem» - confirma o povo.
A paciência é uma estrada muito longa. Só nessa estrada longa o talento se consegue mostrar!
Hoje, 06 de Dezembro, é dia de S. Nicolau, S. Sabas, Sta. Dionísia e S. Majórico.
Um santo e abençoado dia para todos!
O tempo dá. O tempo tira. O tempo retira o que antes tinha dado.
Diz um estudo da Universidade da Califórnia que, quando envelhecemos, não somos tão sensíveis aos sinais de desonestidade. Daí que seja mais fácil enganar um idoso.
O «alarme cerebral» - assegura o referido estudo - não dispara. Nesse caso, o melhor é desligar o telefone a quem tenta vender qualquer coisa. A possibilidade de engano é grande.
Mas, confesso, o que mais me aflige não é tanto a decadência destas (e doutras) faculdades. É haver quem se aproveite delas.
Trata-se de uma decadência muito maior, infinitamente maior!
Os profetas costumam viver muito antes dos acontecimentos que profetizam.
Isaías ou Miqueias viveram muito antes de Jesus.
Victor Hugo, em finais de novecentos, antevia: «Virá um dia em que as armas vos cairão das mãos! Virá um dia em que a guerra entre Paris e Londres, entre São Petesburgo e Berlim, entre Viena e Turim parecerá tão absurda como hoje nos parece entre Rouen e Amiens, entre Boston e Filadélfia. Virá um dia em que vós, França, Rússia, Itália, Inglaterra, Alemanha, todas vós, nações do continente, sem perderem as vossas qualidades distintas e a vossa gloriosa individualidade, vos fundireis estritamente numa unidade superior».
Toda a gente viu nestas palavras uma espécie de anúncio da União Europeia.
Toda a gente vê nestas palavras uma unidade que (ainda) não é esta União. Tem de ser uma coisa diferente. Tem de ser uma coisa (muito) melhor!
Muito dificilmente a democracia atingirá a perfeição. Mas não é essa dificuldade que a pode fazer capitular.
O mundo vive numa espécie de impasse global.
Estamos no século dos cidadãos. Mas a esmagadora maioria dos cidadãos limita-se a ver e, quando muito, a opinar. Raramente pode intervir e, quase sempre, está impedida de decidir.
Há ditaduras que se presumem democracias (e até se autoproclamam «democracias populares») porque se julgam proprietárias da vontade do povo.
A alternativa, porém, queda-se por uma espécie de «democracia minimal», em que o povo se limita a escolher os seus representantes.
No fundo, apenas escolhe os deputados. Depois, são os deputados que escolhem o primeiro-ministro. E é o primeiro-ministro que escolhe os ministros.
Alguém conhecia, quando votou, o nome do ministro das finanças?
Estas são as regras, dir-se-á. Mas terá de ser este o nosso único destino?
Acredito na transfiguração da democracia.
A democracia pode ser mais. Pode ser diferente. Pode ser melhor!
A mentira nunca é perfeita. Deixa sempre um rasto. Oferece quase sempre uma pista.
Nietzsche verbalizou: «É verdade que se mente com a boca. Mas a careta que, ao mesmo tempo, se faz, diz, apesar de tudo, a verdade».
O ser humano foi feito para verdade.
Fora da verdade não sobrevive. Apenas vegeta, ainda que (aparentemente) prospere!
Nada se faz sem audácia. Mas em muitos a audácia transmuta-se em temeridade. E a temeridade (vulgo, falta de senso) estraga quase tudo.
Daí o alerta de Fedro: «A temeridade é boa para poucos e ruim para muitos».
É preciso discernir. E é necessário arriscar.
O importante é saber agir na hora certa!
O sucesso tanto se assemelha a um espelho como a uma esponja.
Uma vezes, revela o talento. Outras vezes (não tão poucas como pode parecer) apaga o mérito.
Cayo Salústio deu conta: «O sucesso tem uma estranha capacidade de esconder o erro».
Regra geral, as pessoas fixam-se no que se vê e tendem a esquecer o que não se vê. E, mesmo que se veja, há quem opte por não reparar.
O sucesso tudo (ou quase tudo) desculpa. Extasiados, muitos vergam-se e exclamam: «Pode ser corrupto, mas faz, consegue». Pelo contrário, o fracasso nada (ou quase nada) tolera.
Mesmo que a pessoa seja competente, dedicada e inteligente, há quem só olhe para o fracasso.
A vida é muito injusta. Não falta quem a considere um mero palco.
Só alguns são aplaudidos. E nem sempre os melhores recebem os louros!
Hoje, 05 de Dezembro, é dia de S. Martinho do Dume, S. Frutuoso, S. Geraldo, S. Bartolomeu Fanti, S. Filipe Rinaldi e S. Nicolau Stensen.
Um santo e abençoado dia para todos!
Há estudos muito estranhos.
O afã de estar em linha com a realidade tem os seus riscos. E há notícias que, como a morte de Mark Twain, são manifestamente exageradas.
Agora, surgiu uma informação segundo a qual os furtos e os roubos no Natal vão aumentar 5,5% relativamente ao ano passado.
Os prejuízos também já estão quantificados: 67 milhões de euros. Espantosa esta pré-cognição.
Se, às vezes, a visão do que já aconteceu é enviesada, como é que a antevisão do que ainda não ocorreu não há-de ser distorcida?
Muito fraca é a violência, apesar da força que ela usa.
Benedetto Croce sinalizou o essencial: «A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora».
Era bom que se pensasse mais na violência antes de agir com violência.
Era importante que se apurasse se algo de bom resultou da violência. É que nem a violência consegue vencer a violência.
Como notou S. João Crisóstomo, «a violência não se vence com a violência, mas com a mansidão».
No fundo, a mansidão é mais forte que a mais violenta força. E que a mais forte violência!
Nem sempre uma coisa grande é uma grande coisa.
Há coisas pequenas que estão recheadas de grandeza.
Nicolas Boileau disse que «um soneto sem defeito vale por si só como um longo poema»!
O que deve ser feito deve ser feito por cada um e quanto antes.
André Gide perguntava: «Se não fizeres isto, quem o fará? Se não o fazes logo, quando será?»
Cada pessoa é única. Cada momento é irrepetível.
Não espere que os outros façam o que lhe cabe fazer. E não espere por amanhã para fazer o que pode (e deve) fazer hoje.
Até porque amanhã traz sempre uma interrogação. Não sabemos se vem. Não sabemos como vem. Por isso, aproveite o dia mais importante: hoje!
O que é a educação, afinal?
Tanta coisa e, por vezes, a sensação de quase nada em tanta coisa.
A educação é, sem dúvida, o conhecimento, sem o qual nada se sabe. Mas a educação tem de ser também (e bastante) o comportamento, com o qual tudo se decide...a começar pelo conhecimento.
Will Durant entendia que «a educação é a transmissão da civilização».
Não raramente, ficamos com a impressão de que alguns sistemas educativos são pouco cívicos.
Estuda-se a civilização, mas pratica-se a incivilização.
A verdade, como diziam os antigos, está na totalidade. E a educação, como percebeu Jungmann, consiste em introduzir na totalidade.
O conhecimento é fundamental. Mas, sem uma conduta condizente, até o conhecimento pode ser um perigo!
Mark Twain assinalou com preclara contundência: «Quando sobes a montanha do sucesso não encontras um amigo».
Mas, por sua vez, a experiência certifica que também não é usual reencontrar o amigo quando se desliza pela estrada do fracasso.
Há sempre excepções, como é óbvio. Mas a regra é que muitos que ostentam o nome de «amigos» se afastam quer quando se sobe, quer quando se cai.
Num caso funciona a inveja. Noutro caso prevalece a arrogância.
É por isso que Zubiri (que nasceu, neste dia, há 114 anos), confidenciava: «No fundo, vivemos sozinhos e morremos sozinhos». Mesmo (quiçá sobretudo) quando estamos acompanhados?
Hoje, 04 de Dezembro, é dia de S. João Damasceno, Sta. Bárbara, S. João Orani Calábria e Bem-Aventurado Adolfo Kolping.
Um santo e abençoado dia para todos!
1. Na sua infatigável peregrinação pelo mundo, a esperança ainda não desistiu de chegar a todos os lugares nem de visitar todos os corações.
Todos a querem. No fundo, quem não quer ter esperança? Mas facilmente a trocamos pelo abatimento, pelo torpor, pela apatia, pela desesperança.
Todos passamos pela esperança e a esperança passa por todos. Mas quem repara nela? Quem lhe dá acolhimento? Afinal, onde vive a esperança hoje?
2. A esperança seduz, cativa, encanta, motiva, mas não encontra quem lhe dê guarida por muito tempo.
E o mais espantoso é notar que é quando ela se torna mais necessária que ela mais se afasta. Ou é afastada.
3. Nesta altura, todos parecemos órfãos de esperança. Sentimos que ela se ausentou de nós ou que nós nos ausentamos dela. E o mais preocupante é que a sua perda parece gerar perdas em cascata.
Ao perder a esperança, perdemos a capacidade de intervir, a vontade de mudar, a determinação em resistir. Ao perder a esperança, verificamos que começamos até a perder a fé.
4. É assim que este Ano da Fé tem de ser também um Ano da Esperança. Quando não se espera não se acredita. Quando não se acredita não se espera. A fé alimenta a esperança e a esperança ilumina a fé. A fé faz aterrar a esperança e a esperança faz voar a fé.
A esta luz, percebe-se que, juntamente com a Caridade, a Fé e a Esperança constituam um todo a que denominamos virtudes teologais.
5. O Advento evoca a longa espera e a prolongada esperança na chegada de Deus ao mundo.
Como se pode ver na Bíblia, a esperança não isenta de dor. A esperança é precisamente o que leva a não desistir na dor nem a soçobrar perante o aperto da dor.
6. Há momentos em que só parece ficar a esperança. Nessas alturas, há quem a veja como um expediente.
Há quem aponte a esperança como a atitude dos passivos, daqueles que não agem, que se resignam.
7. A esperança não é, porém, um analgésico ou um mero tranquilizante. A esperança é um despertador, um alerta.
A esperança, habitualmente, não está em sintonia com a evidência. Há muitas evidências que são desmentidas pela esperança.
8. É certo que a realidade tem muita força. Mas a esperança é o que nos leva a não abdicar de a transformar.
A esperança não é, por isso, própria dos pusilânimes. A esperança é a âncora dos sonhadores, dos lutadores, dos persistentes.
9. Há quem pretenda agir apenas quando tem garantias de êxito. O cálculo, para muitos, degolou a esperança. Outros, no pólo oposto, substituem-na pela mera ilusão.
Sucede que a esperança não é calculismo e é muito mais do que ilusão. A esperança é aventura, é exposição ao perigo.
A esperança não nos inibe da possibilidade de naufrágio. Mas nem essa possibilidade nos há-de obstruir. Só chega ao alto quem se dispõe ao risco da queda.
10. A esperança está, pois, em condições de tingir de azul estas noites de breu. A esperança costuma acenar-nos com maior intensidade nas horas de provação. É ela que nos faz ver que, como dizia Sto. Agostinho, «é quando parece que tudo acaba que tudo verdadeiramente começa».
É por isso que — alertava Vergílio Ferreira — «quando a situação é mais dura, a esperança tem de ser mais forte».
Daí que o Ano da Fé seja uma oportunidade para reaquecer a esperança. Que, tantas vezes, deixamos arrefecer!
É sabido que as coisas nem sempre são lineares e que, muitas vezes, não conseguimos fazer o que achamos melhor.
Mas dos Estados Unidos chega uma ideia, no mínimo, interessante.
Todos os deputados republicanos, ao serem eleitos para o Congresso, têm de assinar um juramento em que prometem nunca aumentar impostos!
Uma promessa não pode ser um mero deleite nem um vaticínio.
Tem de ser encarada como uma dívida. E as dívidas são (ou deviam sê-lo) para pagar.
Confúcio tinha esta percepção e dava um precioso conselho: «Verifica se o que prometes é justo e possível, pois promessa é dívida».
A promessa é pois para lembrar, para manter. A promessa nunca é para esquecer!
A opinião pública, reduzida quase sempre à opinião publicada, é, sem dúvida, um indicador. Mas não pode ser um freio.
Há, porém, quem se submeta aos seus dados.
O Marquês Maricá notou: «O homem que despreza a opinião pública é muito tolo ou muito sábio».
Diria que é um sinal de temeridade ignorar completamente o que se diz. Mas é um sintoma de imaturidade deixar-se guiar totalmente pelo que se escreve.
Ninguém é proprietário de ninguém.
A consciência tem de ser o escrutínio. Alguém poderá sobrepor-se a ela?
Nem sempre o poder é expressão de força. Por vezes, a arfante busca de poder pode dissimular uma profunda fraqueza.
Pelo menos, era esta a opinião de Erich Fromm: «A ânsia de poder não é originada pela força, mas pela fraqueza».
Quem tem convicções fortes dispensa jogos de poder.
O poder das ideias é mais forte que muitas ideias de poder!
Hoje, 03 de Dezembro, é dia de S. Francisco Xavier e Sto. Eduardo Coleman.
Um santo e abençoado dia para todos!
Tudo, ou quase tudo, é tão relativo.
O período áureo de Portugal foi, consabidamente, o dos Descobrimentos. E, no entanto, nem nessa altura os portugueses viviam tão bem como vivem hoje, em situação de crise.
Estamos mal, sem dúvida. Mas nunca estivemos tão bem.
Isto mostra que é possível reverter o ciclo negativo que nos afecta. Mas uma só via podemos trilhar: a da justiça.
Já fomos um país em vias de desenvolvimento. Hoje, parecemos ser um país em vias de subdesenvolvimento. Acima de tudo, porque não repartimos.
O que se fez neste fim-de-semana é um conforto e um sinal.
As pessoas são sensíveis e estão despertas. Os portugueses, mesmo num momento difícil, sabem olhar para o lado e não ficar de lado.
Muito se colheu nestes dias para aqueles que passam fome. O problema do nosso país não é de recursos. É de gestão dos recursos.
Deixem o povo fazer a sua parte. O povo faz muito e (quase sempre) faz bem!
O poder ou a liberdade?
Os dois parecem não conviver muito bem.
Na disjuntiva, poucos assumirão que optam pelo poder. Mas, na hora da verdade, não são muitos os que ficam pela liberdade.
Francis Bacon deu conta: «É um estranho desejo, desejar o poder e perder a liberdade»!
Difícil é dizer o que somos. Impossível será ignorar que somos.
Na época que passa, parecemos reticentes. Somos umas reticências.
Nem grandes nem pequenos. Nem violentos nem pacificados. Nem vivos nem mortos.
Miguel Real acha que «Portugal é hoje um país sonâmbulo».
No entanto e apesar de tudo, somos o que somos porque alguém quis. Como alertava Alexandre Herculano, «somos porque queremos. Seremos enquanto quisermos».
Não obstante as oscilações e a tormenta, havemos de continuar a ser!
Hoje, 02 de Dezembro, I Domingo do Advento, é dia de Sta. Bibiana (invocada para as dores de cabeça e para a epilepsia), S. João Ruysbroeck e S. Rafael Chilinski.
Um santo e abençoado dia para todos!
O telemóvel deixou de ser apenas um instrumento. Passou a ser uma revelação, um critério, uma bússola ontológica.
As gerações mais novas funcionam como um barómetro. Tirar-lhes o telemóvel é como amputar uma parte do seu ser.
Tudo está alterado e muito parece invertido. A pergunta já não é «está lá?», mas «onde estás?».
O telemóvel surge, assim, como uma forma de controlo, de intromissão suprema na privacidade.
E, ironia das ironias, o padrão da má educação também já não é o mesmo.
Má educação seria, de facto, perguntar: «Onde estás?» Mas, para muitos, má educação é não atender a chamada!
Dia de sol. Dia cinzento no sol.
O céu brilha de azul. A alma parece sucumbir de cinzento. Há quem queira roubar-nos a alegria.
Por isso, oremos com Bach: «Meu Deus, não deixes que eu perca a alegria que há em mim»!
O Estado leva-nos tudo. O Estado interfere em tudo. O Estado manda em tudo. O Estado inspecciona tudo. O Estado resolve tudo?
Em «O caminho para a servidão», Friederich Hayek denunciou que o excesso de planificação da sociedade tem duas consequências: a pobreza da população e a tirania política!
Há coisas que podemos mudar. Há coisas que, além de poder, devemos mudar.
Mas há coisas que, mesmo querendo, não podemos mudar.
Nem sempre é possível, cumprindo a máxima de Emerson, «anular o destino».
De facto e como alerta Victor Hugo, «o destino é severo. Sejamos nós indulgentes. O que é preto talvez não seja escuro»!