Um dos mais belos gestos foi-se tornando uma das palavras mais desgastadas.
Afinal, que fizemos nós da caridade? Porque é que a deixamos degradar? Porque é que a tornamos no oposto do que ela é?
Hoje em dia, a caridade é repelida e quase repelente...mesmo quando é praticada!
Mas ainda bem que, acerca da caridade, somos melhores a fazê-la do que a dizê-la!
Eduardo Galeano foi contundente: «Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal».
Mas isto não é a caridade. Isto é o que, muitas vezes, parece a caridade. Só que a caridade é diferente disto, é o oposto disto.
A caridade não é só o conteúdo; é também a forma. Não é só a ajuda; é também (e sobretudo) a proximidade.
Caridade é o amor elevado à sua expressão máxima.
Basta ler o capítulo 13 da primeira carta de S. Paulo aos coríntios.
Sim, há uma certa verticalidade na caridade. A caridade leva-nos a olhar para cima e para baixo. Mas também para os lados.
A caridade é omnímoda. Tem de estar em tudo. Para chegar a todos. Aos poderosos também.
Os poderosos também precisam de ser atraídos ao amor e à partilha.
Afinal e como avisa Armando Fuentes Aguirre, «há pessoas pobres, mas tão pobres, que é a única coisa que possuem é dinheiro»!
A caridade não isenta da luta pela justiça. Mas, na caridade, a causa da justiça ganha uma nova feição.
O seu escopo não é empobrecer os ricos; é enriquecer os pobres.
A sua via não é a violência; é o amor: o amor exigente, o amor que parte e que nunca cessa de repartir!