O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2012

A democratização é sempre um valor. Mas a democratização não pode ser confundida com banalização.

Exemplo.

É bom que a comida chegue a todos. Mas é mau se a comida que chega a todos não tem qualidade. E pior é se nem sequer estamos em condições de perceber que há comida que não tem qualidade.

Vargas Llosa pode parecer excessivo, mas não deixa de ser pertinente.

Hoje em dia, parece que estamos na selva. Parece não ser possível «saber o que é belo e o que é feio. Nos tempos que correm, classificar alguma coisa de belo é quase uma aberração».

Isto sente-se na música, na literatura, na vida cívica em geral. E, mais grave, é que já nem se apura o estado da decadência.

O mais valioso não pode ser medido pelas audiências ou pelos aplausos.

Não pode ser o mercado a mandar. Tem de (voltar a) ser o espírito a decidir!

publicado por Theosfera às 11:47

A humanidade reconhece que está doente, mas os seres humanos têm dificuldade em reconhecer a natureza, a profundidade e o alcance das suas doenças.

Somos como aqueles pacientes que não se sentem bem. Mas que nada fazem para serem curados nem sequer procuram saber qual é a sua enfermidade.

Javier Aranguren detectou uma tríplice doença no mundo: o ruído, a pressa e o êxito. Não obstante, continuamos afogados em ruído, mantemo-nos em correrias constantes (e desgastantes) e não desistimos do êxito a todo o custo nem da fama a qualquer preço.

Vargas Llosa acha que a raiz de tudo está na falta de cultura humanista.

Assistimos «a um extraordinário empobrecimento da linguagem e a uma deterioração da comunicação e da racionalidade».

Resultado? «As máquinas pensam por nossa conta. A cultura do ecrã é muito mais conformista, mas letárgica, desmobilizando o espírito crítico».

Hoje em dia, lemos mais relatórios do que livros. Deste modo, limitamo-nos a gerir o presente e não preparamos o futuro.

Uma vez mais, tudo radica na falta do livro. É que, «com a literatura, a imaginação desenvolve-se, criando sociedades e mundos melhores, mais justos e mais livres».

A literatura está «sempre a expor-nos às ideias da perfeição, da beleza, da coerência, de uma ordem que não existe no mundo real; nesse sentido, têm servido como o motor do progresso da civilização».

É certo que também se pode ler no ecrã, via net. Mas a experiência dita que não é a mesma coisa. A interacção com o texto parece outra.

Não se trata de diabolizar a cultura do ver. Mas importa perceber que ler é diferente: é ver duplamente, decuplamente, incomensuravelmente.

Ler é ver com o espírito.

Ver é olhar para as coisas como elas são. Ler acaba por ser olhar para as coisas como elas podem vir a ser!

publicado por Theosfera às 11:33

Procurar é próprio do viandante. Somos uns eternos seres em busca.

A fé é a paz da permanente inquietação, como já dizia a saudosa Lourdes Pintasilgo.

Neste mesmo registo, Sócrates, segundo informação de Platão, afirmava que «uma vida sem procura não merece ser vivida».

Daí o (insistente) apelo de Agostinho: «Procuremos. Procuremos como quem há-de encontrar e encontremos como quem há-de voltar a procurar».

A procura já é começo de encontro. E o encontro não é o termo da procura!

publicado por Theosfera às 10:25

Parafraseando Victor Hugo, diria que há uma diferença substancial entre a honestidade e a intriga.

A pessoa intriguista procura ser aplaudida. A pessoa honesta tem ser útil.

O intriguista insinua-se e intromete-se até quando não é preciso.

O honesto surge discretamente sobretudo quando é necessário!

 

publicado por Theosfera às 10:22

O mal do mal é que não se limita a atropelar o bem.

O mal do mal é que até ao mal faz mal.

Xavier de Maistre sentia: «O mau é de si próprio algoz».

O mal do mal é que contribui para o alastramento do mal!

publicado por Theosfera às 10:16

Hoje em dia, somos peregrinos de todos os lugares.

Estamos no tempo da mobilidade.

Mas corremos o sério risco de não conhecer o que visitamos.

Daí a advertência de Paul Auster: «Diz-se que é preciso viajar para ver o mundo. Por vezes, penso que, se estiveres quieto num único sítio e com os olhos bem abertos, verás tudo o que podes controlar».

O importante não é ter os pés activos. O importante é ter os olhos abertos e os ouvidos atentos.

Não somos só nós que vemos o mundo.

O mundo também nos vê, a nós. Gostamos de chegar a todos os lugares. Mas devíamos, acima de tudo, descobrir o nosso lugar!

publicado por Theosfera às 10:10

Na prosperidade, não custa conduzir. Públio Siro dizia que «qualquer um pode tomar o leme quando o mar está calmo».

Mas é na adversidade que é mais importante guiar.

As horas difíceis são a grande triagem.

É na dificuldade que avulta a qualidade. Ou a falta dela.

publicado por Theosfera às 10:03

Hoje, 14 de Dezembro, é dia de S. João da Cruz, S. Venâncio Fortunato e Sta Maria Francisca Shervier.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:01

Hoje é dia de S. João da Cruz, um místico espanhol de primeira grandeza e um poeta de apuradíssima sensibilidade.

Optou cedo pela «solidão sonora» como via para encontrar Deus.

A «estranheza ontológica», entre o Homem e Deus, deu lugar à «entranheza pessoal» de Deus no Homem e do Homem em Deus.

Não se esqueceu de advertir, pensando certamente em Mat 25, que, «na tarde da nossa vida, seremos julgados pelo amor».

É esta a (única) pauta para o juízo final!
publicado por Theosfera às 06:28

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