O jornalismo foi um dos grandes instrumentos da socialização da cultura e da democratização do conhecimento. Mas, entretanto, veio a rádio, veio a televisão e veio a internet.
Essa socialização e essa democratização começaram a ser feitas ao ritmo do instante.
O jornal tinha (tem) uma cadência diária. Nunca se esqueça que «jornal» vem de «diurnale», diário.
O lugar do jornal não está em causa. Basta que seja diferente, que marque a diferença.
Há jornais na net, é certo, mas não pode ser a mesma coisa.
Um jornal na net não é jornal. A sua actualização não é diária, é constante.
Um jornal precisa de ser mais sustentado, mais esclarecido, mais meditado, mais consistente.
O que se verifica é que o jornal, hoje em dia, tende a reproduzir o estilo da net: apressado, sôfrego, arfante, sensacionalista. Para isso, não é preciso. Chega a net.
Às vezes, fico com a triste impressão de que os jornais estão a preparar a sua própria decadência. Tenho pena que seja assim. Tenho esperança de que ainda possamos ir a tempo de que não seja (sempre) assim!