O pobre acaba por ser mais rico do que muitos ricos.
Ao pobre qualquer coisa o contenta. A muitos ricos nada os satisfaz.
Públio Siro já tinha reparado: «À pobreza faltam muitas coisas, à avidez falta tudo»!
O pobre acaba por ser mais rico do que muitos ricos.
Ao pobre qualquer coisa o contenta. A muitos ricos nada os satisfaz.
Públio Siro já tinha reparado: «À pobreza faltam muitas coisas, à avidez falta tudo»!
Há certos elogios da humildade que mais não que apologias da mediocridade.
Tecemos encómios à «modéstia» de quem nada faz quando, no fundo, nos sentimos incomodados por aqueles que fazem. Achamos que são arrogantes.
O Marquês Maricá observava: «Queixamo-nos da fortuna para desculpar a nossa preguiça»!
François Mitterand dizia que cada povo faz a política da sua geografia.
No fundo, todos defendem os seus interesses.
O Marquês Maricá, com alguma ironia, denunciava: «Mudai um homem de classe, condição e circunstâncias, vós o vereis mudar imediatamente de opiniões e de costumes».
Não digo que sempre seja assim. Mas é indiscutível que muitas vezes é assim!
Grandes políticos são maiores que os problemas. Enfrentam-nos. E acabam por vencê-los.
Os outros não só não os vencem como ainda os criam.
Hoje, temos problemas novos e políticos novos.
Curiosamente, os políticos novos não parecem capazes de fazer frente aos problemas novos.
Há pouca substância e demasiados lugares-comuns.
A mudança só pode surgir por contraste.
Não é na esteira desta geração de líderes que a (ansiada) mudança regressará!
Nem só de pão vive o homem, disse Jesus (cf. Mt 4, 4). Para viver, o homem precisa também de valores, de palavras, de horizontes, de ideais, de poesia.
Charles Baudelaire garante: «Qualquer homem saudável pode viver dois dias sem comida. Mas não sem poesia».
Pode parecer metáfora. Mas é a realidade. Sem poesia, a que se escreve em livro e a que se inscreve na alma, não se vive. Sobrevive-se. Apenas!
Há palavras de ontem que identificam alguns comportamentos de hoje.
«Hybris» e «nêmesis» são profundamente reveladoras.
Há, de facto, nos tempos que correm, quem paute a sua vida pela presunção, pela arrogância, pelo deslumbramento em relação ao poder.
E também não falta quem recoorra à vingança, à perseguição.
Os antigos perceberam (quase) tudo. Nós é que, pelos vistos, não temos aprendido muito!
Eis um tempo em que muita gente chora. Para fora. E sobretudo para dentro.
As lágrimas não veiculam apenas desespero. Também podem veicular esperança.
Simone de Beauvoir escreveu: «Em todas as lágrimas há uma esperança».
Eu diria: sobretudo nas lágrimas. Unicamente nas lágrimas?
Os que estão atrás de nós parecem idiotas. Os que estão à nossa frente parecem loucos.
George Carlin percebeu o que muitos pensam do alto da sua inacção.
Os que (des)qualificam os outros por idiotice ou loucura não entendem sequer o óbvio. Que o mundo não estabiliza sem os «idiotas» que parecem não andar. E que o mesmo mundo não avança sem os «loucos» que parecem andar demais.
É cómodo não discutir. É fácil insultar.
Quem tem argumentos discute-os. Quem não tem argumentos, insulta.
Mário de Sá-Carneiro achava que, quando os loucos são a maioria, até os inteligentes são considerados loucos.
Mas são esses «loucos» que vão operando a mudança e abrindo caminhos!
O problema da nossa classe política nem será da vontade. Não creio que haja uma estratégia deliberada de entrar em guerra com a sociedade, designadamente com a população trabalhadora.
O problema não é de vontade, é de sensibilidade.
Esta classe política tem pouca sensibilidade para o sofrimento das pessoas. Já não se condói com as dificuldades. Tudo decide a uma mesa de contabilidade.
Acredito numa viragem. Talvez na geração que virá a seguir à próxima!
Neste mundo, nesta vida, há quem faça tudo para estar no alto. E muitos nem sequer olham a meios para lá chegar.
A «escada» são os outros, que pisam a toda a hora. Só que o sabor é diminuto.
Cayo Salústio denunciou há séculos: «Quanto mais se está no alto, menos se é livre».
Nada como ser simples. Nada como andar pela base.
É nas profundezas que se conhece a realidade.
É de baixo que se sobe. É do alto que se cai!
Creio muito no que escreveu Lévis: «Ainda é mais fácil avaliar o espírito de um homem pelas suas perguntas do que pelas suas respostas».
É a pergunta que nos coloca no lado certo: o lado da procura, do caminho.
Hoje, vivemos atropelados por muitas respostas. Só que estas respostas não respondem a às grandes perguntas!
Precisamos de estar mais atentos às perguntas!
Mariano da Fonseca, conhecido como Marquês de Maricá, fez uma observação com extremos de pertinência e actualidade: «Os homens preferem, geralmente, o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda».
Regra geral, somos implacáveis para quem nos abala e incomoda.
Contemporizamos com quem nos engana e ilude. Quando acordamos, já não vamos a tempo de emendar a atitude nem de reparar a injustiça!
Não sou apologista de soluções sebastiânicas. Mas tenho o dever de ser amante da lucidez.
Na hora que passa, precisamos de serenidade, visão e determinação.
Continuo a pensar que este devia ser o momento dos senadores.
A Itália, que também passa por uma crise, virou-se para uma figura experiente. Não tinha trajectória política. Mas está a mostrar grande maturidade.
Mário Monti ilustra a capacidade de a política se abrir à sociedade civil.
As situações não serão totalmente similares. Mas o modelo devia, pelo menos, merecer alguma reflexão.
O povo italiano também sofre e também contesta. Mas, ao mesmo tempo, aprova.
Monti, que não é populista, está a tornar-se uma referência muito popular!
Hoje, 12 de Setembro, é dia do Santíssimo Nome de Maria, de Sto. Apolinário Franco, S. Tomás de Zumárraga e seus Companheiros mártires, de Sta. Maria Vitória Forláni e de Sta. Maria de Jesus.
Um santo e abençoado dia para todos!