Já Einstein notava que a coisa mais incompreensível no mundo é este ser compreensível. Só que aqueles que presumem compreendê-lo acabam por torná-lo ainda mais incompreensível para outros. Vivemos um período da história a que se convencionou chamar «crise».
Mesmo assim, este tempo mostra-nos, nas cidades e nas aldeias, nos hipermercados e nas feiras, que ainda há muito poder de compra.
Pode não ser tanto como há tempos, mas ainda é bastante grande.
E o investimento nem sempre é no prioritário nem, muito menos, no sofrimento humano.
Um grupo de emigrantes madeirenses, a quem a vida correu bem, resolveu agradecer a Deus o sucesso que tiveram. Decidiram, então, fazer um arraial como nunca.
É certo que também encaminharam dois mil euros para ajudar uma criança deficiente. Mas o orçamento dos festejos era de...350 mil!
As estradas continuam cheias. As praias mantêm-se inundadas. Em muitos restaurantes não sobra um lugar.
Em quatro concertos, gastaram-se 32 milhões de euros. Em três concursos do euromilhões, apostaram-se 70 milhões de euros.
Globalmente, podemos estar a empobrecer, mas ainda não estamos pobres.
Podemos não ter muito para amealhar. Mas ainda dispomos de bastante para gastar.
S. Tomé precisou de ver para crer. Quanto a esta crise, nós precisaremos de crer para ver.
O que se vê não se assemelha muito a uma crise.
O problema é que, no meio desta espiral de gastos, há muita gente a sofrer. E são muito poucos os que se preocupam com ela!