O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 09 de Setembro de 2012

Anders Breivik foi condenado a uma pena de 21 anos de prisão pelo massacre que cometeu há cerca de um ano.

Deixo a questão jurídica de lado e detenho-me na questão humana.

Tudo neste caso é impressivo desde o princípio: a frieza, o nulo respeito pela vida humana e uma devastadora ausência de arrependimento.

Até na leitura da sentença, há um esboço de sorriso tingido de sarcasmo. A dimensão da pena, sob o ponto de vista da justiça, deixa sempre um travo de amargura.

Nenhuma pena irá pagar o que foi feito. Um massacre desta natureza é impagável. E qualquer expectativa de reabilitação parece impossível.

Uma pessoa como esta não poderá voltar a conviver com a sociedade.

Tem de ser encontrado um espaço, após o cumprimento da pena, para que esta pessoa não volte a ser o que, pelos vistos, pretende continuar a ser: uma ameaça!

publicado por Theosfera às 22:18

Até nos partidos que não estão no poder se discute o poder. Com legitimidade, certamente. Mas também com intensidade. E até com não pequena agressividade.

O poder seduz até quem o não tem. O poder estimula. Mas também desfigura.

Pensa-se que é com o poder que se conquistam as pessoas. Mas é que com as pessoas que se conquista o poder. E é para as pessoas que se deve exercer o poder.

Bom seria que assim fosse! Pena que raramente assim seja!

publicado por Theosfera às 20:59

1. Esta é uma altura em que muito se fala do Estado Social e em que quase nada se diz sobre a Doutrina Social.

É normal que se fale do Estado Social, apesar do pouco que este já terá para oferecer. Mas é muito estranho que quase nada se diga acerca da Doutrina Social, não obstante o muito que ela ainda tem para dar.

 

 

 

2. O Estado Social parece estar em risco, por exaustão. A Doutrina Social dá sinais de estar ausente. Por demissão?

 

À Igreja não basta que dê o pão. Da Igreja espera-se que (também) erga a voz.

 

Nuno Teotónio Pereira assinala que «a Igreja faz muitas coisas para proteger os pobres. Mas devia ser mais firme na defesa de certos valores, sobretudo no campo social»!

 

 

 

3. Na sua missão, ela tem dois instrumentos essenciais: a acção e a palavra. Não deve renunciar a nenhum deles por muito que aposte no outro.

 

A situação de emergência social, que atravessamos, convoca, uma vez mais, a participação das comunidades cristãs. E, sobretudo através da generosidade de muitos leigos, tal participação tem sido assegurada.

 

 

 

4. Só que a Igreja de Jesus não pode limitar-se à acção junto das vítimas de um sistema desumano. Ela tem de questionar, em nome de Jesus, esse mesmo sistema.

 

Tem de usar, portanto, a palavra para que o poder seja inquietado e, se possível, transformado.

 

 

 

5. Até Bento XVI, logo na primeira encíclica, deixou bem claro que a insistência na caridade não impede que se lute pela justiça.

 

É preciso dar o pão e é urgente perguntar por que razão continua a faltar o pão na casa de muita gente.

 

 

 

 

 

6. Os membros da Igreja não hão-de esquecer que são representantes de alguém que, além de mestre, era um profeta.

 

E um profeta existe não para explicar os acontecimentos, mas para ajudar a transformar a realidade.

 

 

 

7. Dói um pouco, confesso, ver este entusiasmo todo com as romarias e, ao mesmo tempo, um conformismo tão grande com a persistente fome de tanta gente.

 

O mais que fazemos é dar do que nos sobeja. Já não é pouco. Mas é preciso (muito) mais. Só que perguntar por que as coisas estão assim parece não ser connosco. Incomodar o poder é, de facto, muito incómodo.

 

 

 

8. Este é um tempo favorável para ser o eco do clamor dos mais desfavorecidos.

 

O cardeal Carlo Maria Martini reconhecia, pouco antes de morrer, que «a Igreja está cansada. As nossas igrejas são grandes e estão vazias e o aparelho burocrático alarga-se».

 

A Igreja tem de ser o eco de Jesus, que, sendo para todos, escolheu sempre estar ao lado dos mais pequenos e oprimidos!

 

 

 

9. Em síntese, muito ganhará a Igreja se optar pela pobreza, pela simplicidade, pela humildade e pela opção pelos pobres.

 

Seguindo o paradoxo jesuânico, a Igreja ganha quando perde, eleva-se quando desce.

 

Há um longo caminho a percorrer. Que o caminho tenha muitos «viandantes»!

 

 

 

10. O grande teólogo Dietrich Bonhoeffer defendeu que «a Igreja só é Igreja quando existe para os outros». Para isso, «deve colaborar nas tarefas da vida humana, não dominando, mas ajudando e servindo».

 

Bonhoeffer morreu com este sonho. Tenho a certeza de que este sonho não morreu com ele. Continua à nossa frente. À espera de ser realizado!

 

publicado por Theosfera às 14:49

A forma não será tudo. Mas é importante em tudo.

É, aliás, pela forma que se costuma distinguir a democracia da ditadura. O conteúdo é o mesmo. A forma é que faz a diferença.

Diria o mesmo em relação à fé, à religião. A forma sinaliza a diferença. Damos conta de que estamos num espaço sagrado pela forma do edifício e pela forma do comportamento.

É por isso que me impressiona o modo desleixado comose entra na igreja de Saragoça, onde está o quadro que a senhora desfigurou.

O fenómeno de popularidade atrai muita gente. Tudo bem.

Mas a maneira como se entra no templo e como se está no templo deixa muito a desejar.

Eu já não colocaria a questão no âmbito da fé. Limitar-me-ia ao aprumo, à urbanidade, ao civismo. Será preciso muito esforço para diferenciar uma igreja de uma esplanada?
publicado por Theosfera às 12:01

Fulgurante foi a percepção de Heráclito quando escreveu: «O caminho para cima e o caminho para baixo são um único caminho».

Umas vezes, podemos estar na parte de cima. Outras vezes, arriscamo-nos a estar na parte de baixo. Outras vezes, andamos pelo meio. Mas sempre no mesmo caminho.

Os que nos levam para cima também nos podem empurrar para baixo. A vida vai fazendo a triagem!

publicado por Theosfera às 10:47

«Os males de que foges estão em ti».

Não seria tão apodíctico como Séneca.

Há males que podem não estar em nós.

Há males que, não estando em nós, podem vir até nós.

Mas também é verdade que muitos males que apontamos lá fora moram cá dentro.

E quando dizemos que fugimos do mal, no fundo não estaremos a tentar fugir de nós?

publicado por Theosfera às 10:44

«Na sua essência, a virtude é metade opinião e outra metade aparência».

É o que pensa Campoamor y Campoosorio. Muitas vezes, assim parece.

Não creio que, na sua essência, a virtude seja tão dilacerada. Mas, na sua aparência, há, de facto, muita mistificação.

Nem sempre os mais «virtuosos» são os que mostram maior virtude.

A virtude não se tem quando se fala. Mas quando se vive!

publicado por Theosfera às 10:43

Abre, Senhor, os nossos olhos.

Abre, Senhor, o nosso coração.

Abre, Senhor, a nossa vida.

 

Abre-nos, Senhor, à vida,

ao amor, ao perdão e à paz.

 

Abre-nos, Senhor, à partilha.

Abre-nos ao dom e à dádiva.

 

Que sejas sempre Tu em nós.

Que sejas verdadeiramente o nosso Senhor.

 

Habita, Senhor, no nosso mundo,

na nossa vida, no nosso coração.

 

Queremos recomeçar com alento.

Dá-nos, Senhor, a coragem e a confiança.

 

Que nós nunca desfaleçamos.

Tu, Senhor, estás sempre em nós.

 

Que nós queiramos estar em Ti,

JESUS! 

publicado por Theosfera às 10:42

O que faz um país?

O dinheiro? Também fará.

Mas, na hora que passa, parece que o dinheiro mais desfaz do que faz.

É preocupante ver como tudo gira à volta dele. Os países ricos e os países pobres são definidos por esta bissectriz: pelo dinheiro.

Não era, contudo, esta a posição de Eça.

Para ele, um país «vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus cientistas, pelos seus artistas».

Se não torturarem os melhores, as soluções aparecerão!

publicado por Theosfera às 10:41

Aprecio a radicalidade, mas temo os radicalismos. Ambas as palavras provêm da mesma raiz: a palavra «raiz»!

A primeira parte das raízes. A segunda não aceita partir das raízes. Enquista nas raízes. E acaba por perverter as raízes.

Não correm fagueiros estes tempos para a moderação. Abundam os radicais: os programas radicais, as ideologias radicais, as pessoas radicais, as medidas radicais.

O poder da Rússia nunca me suscitou simpatia. Mas algumas formas de contestação também me provocam algumas reticências.

Denunciar as injustiças numa igreja é fazer Evangelho. Entrar mascarado numa igreja e cantar músicas de protesto é incorrecto.

As «Pussy Riot» podem primar pela coragem e podem ser o eco do mal-estar de todo um povo. Mas tinham muitos espaços para dar voz ao que sentem.

A Casa de Deus é, acima de tudo, um espaço de recolhimento, de decoro.

Não desbaratemos na forma o que se ganha no conteúdo!
publicado por Theosfera às 10:25

Hoje, 09 de Setembro, XXIII Domingo do Tempo Comum, é dia de S. Pedro Claver, S. Tiago Laval e Sta. Serafina.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:03

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