Este foi sobretudo um jogo de neutralizações mútuas.
Espanha e Portugal neutralizaram os pontos fortes um do outro.
A Espanha conseguiu neutralizar o principal ponto de forte de Portugal: Cristiano Ronaldo.
Portugal logrou neutralizar o maior ponto forte de Espanha: o seu colectivo.
Foi uma partida sem grandes oportunidades, mas bem jogada.
A nossa Selecção foi capaz de realizar uma parte do seu objectivo: não deixar a Espanha jogar como queria.
Faltou, porém, um pouco de rasgo para materializar a principal componente do seu sonho: vencer.
É claro que o risco colocar-nos-ia mais próximos da vitória, mas também nos poderia pôr mais perto da derrota.
Portugal, há não muito tempo, ganhou 4-0 a esta mesma Espanha.
Ganhou por competência, mas também porque sabia que, se perdesse, não perderia muito. Agora, perdendo, perderia tudo.
O que falta a Portugal não é técnico; é psicológico. Diante de certas equipas, Portugal entra com a consciência de que, mesmo jogando bem, a possibilidade de perder é grande.
Porventura, vai ter de acontecer connosco o que aconteceu com a Espanha: depois de prometer muito e tentar bastante, conseguiu ganhar uma grande competição. Ganhou logo a segunda. E está em vias de ganhar a terceira.
Hoje notou-se, em campo, que a Espanha, sendo muito boa, não é superior a Portugal.
A diferença esteve sobretudo em algo pouco conceptualizável. O povo chama-lhe «sorte». Os comentadores dão-lhe o nome de «estrela» ou «estrelinha»: a «estrelinha da sorte».
Perante isso não há muito a fazer. Um dia, não sabemos quando, soará a hora de Portugal. E o Mundial de 2014 poderá ser mais uma oportunidade.
Além das rotinas consolidadas, existe o apoio. Jogar no Brasil é como jogar em Portugal. São muitos os nossos compatriotas que lá se encontram e que para lá se deslocarão.
Por agora, a vida continua. O país mostrou que tem valores com capacidade para ombrear com os melhores.
Tais valores não estão só no futebol!