Se não fosse preciso marcar golos, Portugal seria um crónico campeão do mundo.
A ideia nem sequer é minha. É decalcada nas palavras de uma antiga glória polaca: Boniek.
Há poucos futebolistas com a habilidade dos jogadores lusos. O problema é o que fazer com a bola diante da baliza.
A eficácia é um tormento que transportamos connosco!
La Fayette: «É tão perigoso esconder qualquer coisa dos amigos como nada lhes ocultar».
A confiança talvez nunca possa ser total. A desconfiança nunca deve ser plena.
Há coisas que só são garantidamente nossas quando estão em nós.
Confiar é arriscar.
Mas, atenção, ainda há excepções. Ainda há quem saiba honrar o significado da palavra amigo. E, em conexão, ainda há quem mostre saber o significado da palavra fidelidade!
Um dos motivos que se alega para a austeridade é a necessidade de prepararmos o futuro. Ou seja, os sacrifícios a curto e a médio prazo serão necessários para os benefícios que teremos a longo prazo.
Um desses sacrifícios é, consabidamente, o desemprego.
Acontece que, como já lembrava Jonh Maynard Keynes, «a longo prazo, estaremos todos mortos».
E, muitas vezes, invoca-se o longo prazo para não se fazer o que se deve e para se fazer o que não se pode: sacrificar as pessoas!
A solidariedade não pode reduzir-se a um instante. Ela é um imperativo irrenunciável para sempre.
Shakespeare bem percebeu esta tarefa, sempre interminada: «Não basta apenas soerguer os fracos; devemos ampará-los depois».
É recorrente ouvir, a propósito da emergência de um problema, que só existe uma solução.
Ora, isto é incompatível com o conceito da democracia. Esta é o chão da pluralidade. Onde há democracia, pode haver muitos problemas. Mas o que nunca pode haver é uma única solução.
Uma única solução é que será um enorme problema!
Na época do imediatismo, propendemos a estacionar perigosamente no instante, a não ver nada mais que o instante.
E o instante tanto nos deixa teimosamente pessimistas como penosamente optimistas.
É que achamos que o instante, cada instante, nos tira tudo ou tudo nos dá.
Quanta ilusão num e noutro extremo!
Alain de Botton, um ateu interessado nas religiões, entende que o sermão é importante porque o ser humano precisa de um tripé para viver: orientação, moralidade e consolação.
É por isso que o filósofo encontra na fé «muitas das coisas que sempre quis que o mundo secular tivesse».
Daí a pergunta: «Se não vamos à igreja, quem está a ensinar-nos a viver?».
É certo que nos «ensinam a ser engenheiros, contabilistas ou médicos. Mas quem nos ensina a sermos humanos?».
Muito se fala da iminência do fim.
Mas quando se alude a uma colisão entre a Via Láctea e a Andrómeda, prevista para daqui a 3,7 mil milhões de anos, eu chego à conclusão de ainda mal saímos do início.
Tudo está (ainda) em aberto!