O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 06 de Junho de 2012
O homem faz o progresso. E o mesmo homem sofre com o progresso.

É um paradoxo e uma evidência.

O desemprego é a grande chaga deste tempo. Mas, se repararmos, com muito menos gente a trabalhar, as coisas aparecem feitas.

Porquê? A tecnologia criada pelo homem encarrega-se de dispensar o homem.

O progresso degenera, assim, em retrocesso.

Já em 1995, Jeremy Rifkin fez aparecer um livro com um título perturbador: «O fim do trabalho».

A obra provocou muita polémica e tem alimentado intensa discussão.

Descontando o (manifesto) excesso do título, há uma pertinência nesta obra.

Se não estamos perante o fim do trabalho, estamos diante do fim do trabalho tal como o temos concebido.

As tecnologias produzem cada vez mais utilizando cada vez menos trabalho.

Esta tendência está em marcha. De um lado temos uma elite que opera com o conhecimento. E no outro lado encontramos uma multidão de trabalhadores pobres, precários e desempregados.

É por isso que a desejada saída da crise pode não equivaler a um aumento significativo do emprego. Alternativas?

Um caminho pode ser a redução do horário de trabalho para que mais pessoas tenham acesso a ele.

Importa, porém, apostar numa nova organização social que repense o próprio conceito de trabalho.

Fundamental é que esse novo conceito não esteja subjugado a uma lógica de lucro. E que a dignidade da pessoas e as suas necessidades sejam o principal critério.

Longo caminho temos pela frente. Até porque a justiça ainda está muito longe de toda esta discussão!
publicado por Theosfera às 11:07

Muito se pode insistir nas normas, nas regras e nas leis. Se o interior do homem não estiver purificado, nada mudará. Pode haver alterações por fora, mas faltará sempre a mudança a partir de dentro.

Daí que mais importante do que produzir leis seja apelar à transformação da vida.

Bem dizia o grande estadista Disraeli: «Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis»!

publicado por Theosfera às 10:04

Um juízo não revela só quem é julgado. Revela também, e bastante, quem julga.

Às vezes, a distância entre quem julga e quem é julgado mostra-se quase intransponível.

Aliás, dificilmente haverá um ajustamento completo. Alçada Baptista chamou a atenção para uma componente de subjectivismo inevitável: «Se fosse objecto seria objectivo; como sou sujeito, serei sempre subjectivo».

Temos, pois, de ter cuidado na aferição dos critérios. Há sempre uma desfocagem em cada relato.

Arthur Schopenhauer bem dizia: «Todos os espíritos são invisíveis para os que não o possuem. E toda a avaliação é um produto do que é avaliado pela esfera cognitiva de quem avalia»!

publicado por Theosfera às 10:01

A economia também é cultura. Mau é quando ela é degolada pela falta de cultura.

A cultura é global. Fazer dela uma especialidade ao arbítrio de contabilistas é redutor, é pobre. E empobrecedor!

publicado por Theosfera às 10:01

Ralph Emerson avisou: «Por cada minuto que nos zangamos, perdemos 60 segundos de felicidade». Nenhuma zanga resolve o que qualquer zanga tenha provocado!

publicado por Theosfera às 10:00

Francis Bacon acertou em cheio quando exarou: «O dinheiro é como o adubo, não é bom se não for distribuído».

 O problema, hoje, não é a falta de dinheiro. É a sua concentração em poucas mãos.

É ela que provoca a fome em muitas bocas. É ela que desencadeia angústias em imensos corações!

publicado por Theosfera às 09:59

Também a vida da Igreja é preenchida com muitos eventos.

Não faltam congressos, seminários, simpósios, reuniões, jornadas.

Tudo isto é importante, mas há que estar alerta.

Uma excessiva «eventificação» da Igreja pode operar um desvio do essencial: a vivência quotidiana do Evangelho.

É essa vivência discreta, calada e tantas vezes sofrida, que faz a diferença.

Tal diferença pode não figurar em nenhuns anais. Mas é escrutinada por Deus.

Os eventos não nos podem desviar do grande acontecimento: a vinda de Deus em cada pessoa.

O apelo de Jesus é claro: «como Eu fiz, fazei vós também».

Que fez Ele?

Pôr-se ao serviço, escutar, atender, caminhar, dar a vida. Em cada momento da vida!

publicado por Theosfera às 09:58

1. Aí está mais um campeonato da Europa para confirmar o que, desde sempre, se suspeitava e o que, desde há muito, se sabia: o futebol é bastante mais que um desporto.

 

Ele tornou-se também um fenómeno mediático de dimensões singulares e uma actividade económica de proporções únicas.

 

Não deixa, com efeito, de ser sintomático ver como, numa altura de crise, a humanidade consegue desligar dos problemas para se concentrar nas vicissitudes de uma bola conduzida por vinte e dois homens.

 

E é poderosamente significativo verificar as somas vultuosas de dinheiro que, mesmo no epicentro da supracitada crise, continuam a ser movimentadas à volta deste fenómeno.

 

 

2. Há, sem dúvida, uma necessidade infrene de escapar, nem que seja por uns dias, à dureza da realidade. Impressiona vivamente a identificação das populações com uma realização que, à partida, é meramente lúdica.

 

O real esmaga-nos com a sua crueza. O futebol não nos dá pão, mas vai oferecendo (quando oferece) contentamento, exultação e farta vivacidade.

 

Em poucas ocasiões os sentimentos se soltam como no futebol: a alegria, a tristeza, a proximidade, a violência, o patriotismo.

 

A bem dizer, a terra tem semelhanças com a bola e, pelos vistos, é a bola que mais a faz movimentar.

 

Há uma espécie de relação simbiótica que ilustra este impacto planetário do futebol. Não é a terra tão redonda como a bola e não é a bola tão redonda como a terra?

 

3. O futebol faz-nos lembrar e faz-nos também esquecer. Até parece que o nosso compromisso com a causa da justiça desaparece às portas do futebol.

 

Sofremos com a vida, mas pouco nos incomodam os milhões que serpenteiam no futebol.

 

Até os mais pobres exultam com o investimento que os seus clubes fazem no plantel. Desde que as vitórias venham, todos os sacrifícios são bem-vindos e todas as somas acabam por ser vitoriadas.

 

Não espanta, assim, que o futebol seja muito mais que um desporto.

 

Há quem faça dele uma ciência e apresente as tácticas e as jogadas como algo acabado de sair de um laboratório ou de uma sebenta.

 

Também não falta quem o patenteie emoldurado em belas peças de literatura.

 

E, claro, abunda igualmente quem o transfigure numa acção bélica como se de uma guerra se tratasse.

 

Desde logo, a linguagem eleva o futebol ao patamar de uma questão de vida ou de morte. É como se tudo esteja em jogo numa partida. Daí os feridos. Daí as mortes. E daí as vitórias não só de alguém, mas contra alguém.

 

O futebol é um fenómeno antropológico de grande complexidade. Ele mistura a eficácia com a arte. Nele há lugar tanto para a elite como para o popular.

 

É uma amálgama que tanto faz aproximar como explodir. É verdadeiramente imprevisível.

 

 

4. Como não podia deixar de ser, também não escasseia quem assimile o futebol à religião.

 

Dir-se-ia que o ser humano não passa sem rituais. E se não os faz nas igrejas, não os dispensa nos estádios.

 

A conversação está cheia de pontos comuns. Fala-se da no triunfo. Aponta-se o clube como uma religião e o estádio como um inferno.

 

Há quem faça peregrinações por causa de um jogo e dá-se até o caso de um dirigente ser conhecido como…papa!

 

Recordo que o anterior seleccionador italiano, Roberto Donadoni, assinalou, há anos, que se Bento XVI e João Paulo II fossem jogadores de futebol, «localizá-los-ia claramente do meio-campo para a frente».

 

Porquê? Porque, no mundo dos princípios, «não faz falta somente defensores mas também dianteiros».

 

 

5. Joseph Ratzinger, que nunca apreciou muito o desporto, refere que o futebol pode «ensinar o respeito mútuo, onde a aceitação de regras por todos faz com que, apesar da contenda, subsista aquilo que une e unifica».

 

Que este campeonato do mundo sirva, sobretudo, para aproximar pessoas e povos.

 

Se houver serenidade e entreajuda, ninguém perderá mesmo que alguém não vença.

 

No campo só uma equipa pode ganhar. Mas, se quisermos, na vida todos poderão sair vencedores!

publicado por Theosfera às 07:15

Hoje, 06 de Junho, é dia de S. Norberto, S. Marcelino Champagnat e S. Filipe, diácono.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 07:15

Por vezes, os olhos dos outros dizem mais sobre nós do que nós próprios. E, não raramente, até precisaremos desse olhar para recuperar a auto-estima perdida.

O ateu deve estar atento às justificações dos crentes. O crente deve estar atento às interrogações dos ateus.

Alain de Botton acaba de lançar «Religião para ateus» (ed. D. Quixote), apresentando a fé aos que, como ele, consideram não ter fé.

E nas religiões valoriza, desde logo, as respostas simples para problemas complicados.

É claro que, em nome da religião, também se mata. Mas as religiões «dizem-nos que podemos apertar a mão a um estranho».

Isto parece demasiado trivial, mas porventura é o gesto mais transcendente que praticar se pode.

Outro aspecto tem que ver com a ideia de comunidade.

Quando vamos a uma cidade, podemos ter um guia que nos fala de lugares novos.

Mas dificilmente entabulamos diálogo com desconhecidos.

Já «as comunidades religiosas têm anfitriões, alguém que apresenta desconhecidos e torna possível a comunidade».

No mundo hodierno, abundam edifícios para comprar tudo, mas faltam lugares «para fazer qualquer coisa dentro de nós próprios, na nossa alma».

É interessante notar como também um ateu fala de alma, da «nossa alma».

E mais notável ainda é verificar que aquilo que um ateu mais sublinha nas religiões é o Mistério, esse mistério tantas vezes ostracizado e vulgarizado em ambientes religiosos.

«Gosto de muitos conceitos religiosos, mesmo que não acredite neles».

De igual modo, «a ideia de que os seres humanos têm falhas é muito interessante. Trata-se de um óptimo ponto de partida para a vida social».

Será possível a um ateu imaginar Deus? Sim. «Como alguém que está presente, que olha por ti, que conhece a tua mente melhor do que tu mesmo. Admito que quem acredita tem esperança de que Deus o vai ajudar a encontrar o caminho. Porque Deus é amor e por isso nunca se está sozinho».

É certo que Botton não considera isto plausível. Mas, a haver Deus, é assim que O imagina. E, de facto, não está nada longe da verdade!
publicado por Theosfera às 00:35

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