O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sábado, 07 de Abril de 2012

Deus não é neutro. E a Sua opção não é difícil de apurar.

 

O Talmude judaico apresenta-nos o seguinte:

 

«Deus está sempre ao lado do perseguido.

 

Se um justo persegue outro justo, Deus põe-Se ao lado do perseguido.

 

Se um perverso persegue um justo, Deus põe-Se ao lado do perseguido.

 

Se um perverso persegue um perverso, Deus põe-Se ao lado do perseguido.

 

Se um justo persegue um perverso, Deus põe-Se ao lado do perseguido».

 

Deus não está com o justo só por ser justo. Deus está com ele desde que ele não persiga ninguém. O perseguido pode nem ter sido justo, mas nada justifica que seja perseguido.

 

Mesmo quando está em causa a verdade ou a razão, tudo cai diante da força ou da violência. Quem se julga na posse da verdade ou da justiça e parte para a violência, não conte com o apoio de Deus.

 

Os perseguidos, sim. Podem não ter razão. Podem não ter apoios. Mas Deus está com eles.

 

Muito temos todos que aprender com Deus. A começar pelas próprias igrejas. Também nelas houve perseguições, perseguidores e perseguidos.

 

Os perseguidores invocam o nome de Deus. Mas só os perseguidos podem estar certos da Sua presença.

publicado por Theosfera às 12:21

 

Segundo a vontade expressa de Jesus (cf. Jo 19, 27), o Discípulo Amado recebeu Maria em sua casa. Isto na Sexta-Feira Santa, após a morte do Senhor.

 

De que casa se trataria? De uma morada em Jerusalém? Ou de um simples local de apoio aos peregrinos que se dirigiam da Galileia para Jerusalém por altura da Páscoa?

 

De que falaram Maria e João naquelas horas, naquele sábado?

 

Escutemos Carlo Maria Martini: «Contemplo Maria: manteve-se em silêncio ao pé da Cruz, na dor imensa da morte do Filho, e em silêncio se mantém enquanto espera, sem perder a fé no Deus da vida, enquanto o corpo do Crucificado jaz no sepulcro. Neste tempo, que decorre entre a escuridão mais densa e a aurora do dia de Páscoa, Maria revive as grandes coordenadas da sua vida, coordenadas que resplandecem desde a Anunciação e que caracterizam a sua peregrinação na fé».

 

 

E os discípulos? Como passaram eles este dia? Novamente Carlo Maria Martini: «Os discípulos trazem em si a memória de tudo o que viveram com o Mestre. Trata-se, porém, de uma recordação carregada de nostalgia e fonte de tristeza, porque tudo por que tinham ansiado e que tinham esperado com Ele e por Ele parece irremediavelmente perdido.

 

O Sábado Santo é vivido pelos discípulos no medo e no temor do pior, porque o futuro parece reservar para eles derrotas e humilhações crescentes.

 

No sábado do tempo em que nos encontramos é necessário redescobrir a importância da espera; a ausência de esperança talvez seja a doença mortal das consciências, nesta época marcada pelo fim dos sonhos ideológicos e das aspirações a eles associadas».

publicado por Theosfera às 09:55

O Sábado Santo é uma espécie de entretanto entre a comemoração da morte e a celebração da vida. Entre a Cruz e a Ressurreição, há a sepultura.

 

O trânsito ocorre aqui. A Páscoa está, literalmente, em marcha. A passagem da morte para a vida faz-se no silêncio da espera.

 

Nada há mais distante. Nada existe tão próximo. A morte é a negação da vida. A vida é a superação da morte. Entre uma e outra um dia de espera, de expectativa.

 

Há, aqui, uma realidade e um sentido, um significante e um significado.

 

Desde logo, não é para o alto que devemos olhar. É para as profundidades que temos de nos dirigir.

 

Estamos no fundo? Mas é do fundo que tudo parte.

 

A grande lição do Sábado Santo é que não há motivos para o derrotismo (próprio de Sexta-Feira Santa), mas também não há ainda razões para a euforia (aceitável em Domingo de Páscoa).

 

O Sábado Santo é a grande metáfora da vida humana. É preciso nunca deixar de acreditar, nunca desistir de trabalhar. Não há obstáculos intransponíveis.

 

Deixo, a este propósito, um texto magnífico de Carlo Maria Martini: «Estamos no sábado do tempo, caminhando em direcção ao oitavo dia: entre o "já" e o "ainda não", devemos evitar absolutizar o hoje com atitudes de triunfalismo, ou, pelo contrário, de derrotismo.

 

Não podemos deter-nos na escuridão de Sexta-Feira Santa, numa espécie de "cristianismo sem redenção"; mas também não devemos apressar a plena revelação da vitória da Páscoa em nós, que se realizará na segunda vinda do Filho do Homem.

 

Somos convidados a viver como peregrinos na noite iluminada pela esperança da fé e acalentada pela autenticidade do amor».

publicado por Theosfera às 09:44

No Sábado Santo não há nenhuma liturgia oficial. As igrejas estão vazias. Os altares desnudados. Os tabernáculos abertos e vazios. As velas apagadas. O silêncio pervade todos os ambientes. É uma experiência de recolhimento e atitude de espera.

Tudo para lembrar que Cristo desce à mansão dos mortos e assume o destino e a limitação do ser humano. Ele é solidário até o fim e faz a descida da morte, entra no seu mistério, para sair vitorioso e abrir para todos um caminho de luz e esperança.

 

Não é, por isso, sábado de aleluia: aleluia é só a partir de Domingo.

 

A Vigília Pascal, cronologicamente, começa no sábado. Mas, kairologicamente, decorre já no Domingo.

 

Isto porque o povo a que Jesus pertenceu considera que o dia começa quando o sol se põe. 

 

Portanto, o sábado é um dia de reflexão, meditação e expectativa.

 

O Senhor ressuscitará.

publicado por Theosfera às 00:07

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