Não é só a ortografia que passa por uma cosmética. A própria semântica parece sofrer grande trambolhões.
Manuel António Pina alude, na sua crónica de hoje, à palavra «coragem».
Para muitos, coragem é fazer o contrário do que se disse, é aplicar austeridade e multiplicar sacrifícios. É ser «forte» com os «fracos», os pequenos, os humildes.
Os dicionários já ensinam pouco. Temos de reaprender tudo com o «progresso». Nem que se trate, como avisa Luis Racionero, de «um progresso decadente»!