Hoje, S. Sebastião. Amanhã, Sta. Inês. Domingo, S. Vicente.

Três dias, três mártires.

Para ser mártir, é preciso haver amor. Mas, por estranho que pareça, é preciso também haver ódio.

É incrível, mas é mesmo verdade. Sem ódio, não há martírio.

O «odium fidei» é a condição para alguém ser declarado mártir.

Estamos, pois, diante de uma mistura explosiva e, ainda por cima, dificilmente explicável.

Como é que o ódio se manifesta, regra geral, contra quem mais ama?

A fé está cheia de mistérios. E a vida não o está menos...

Eu não sei se é possível meditar em andamento e, ainda mais, em andamento acelerado.

Sempre achei que a actividade mais importante de um líder é decidir. E, para decidir, é preciso parar, pensar.

O pensamento carece de algum recolhimento.

É por isso que o que se passa à nossa frente parece quase surreal.

Um líder janta em Berlim e, na manhã seguinte, está em debate parlamentar. Isto mostra um grande esforço.

Mas revela também bastante desgaste.

A mesma realidade precisava de outros horizontes.

Há quem esteja sempre à espera do erro alheio para triunfar.

Quem ganha à custa dos fracassos dos outros não é um vencedor; é um oportunista.

E, depois, quer-me parecer que, na vida, o importante não é ganhar. É caminhar. É viver!

Nem tudo o que espanta convence.

Há frases espantosas que nos encantam, mas que não conseguem mudar a nossa vida.

O que vem de fora pode ajudar-nos. Mas só o que vem de dentro nos transformará!

Apesar de sentirmos a sua falta, ainda vamos tendo tempo para dizer, para fazer, para colher, para semear, para viajar, para construir, para destruir.

 Será que temos tempo para ser? Será que queremos ter tempo para ser?

Estamos na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Como é possível que, mil anos depois, nos mantenhamos divididos e que nem sequer aceitemos integrar os factores de divisão?

Que sinal de tolerância podemos ser para o mundo? Como é que podemos exigir às pessoas que vençam as divisões quando nós não conseguimos acolher as diferenças?

Muito já foi feito, é certo. Mas muito mais poderia (e deveria) ter sido realizado!

Cada vez mais sinto que falar é um imperativo.

Mas cada vez mais noto que calar é uma necessidade.

Já nem o alicerce da democracia confia em si mesma. Apenas 56% da população confia na democracia.

Mas será que há alternativa?

Eu penso outra coisa. O que as pessoas anseiam é por uma democracia.

Porque, na hora que passa, o que temos é uma «plutocracia oligárquica»!

Leon Tolstói tocou num ponto sensível: «A vida é Deus. Amar a vida é amar a Deus».

A inversa também poderia ser assumida: amar a Deus é amar a vida.

Não desperdice energias pelo ódio...

Até com os pouco recomendáveis podemos aprender.

Mao-Tsé-Tung asseverou: «Quem não sabe ouvir não sabe governar»!

Aquiles só tinha um problema: o seu calcanhar.

Mourinho só parece ter uma dificuldade. Chama-se Barcelona.

O Real Madrid continua a ser muito bom. Só que o Barcelona mostra ser bastante melhor!

Os verdadeiramente grandes são os mais pequenos.

Só quem é inferior tem necessidade de alimentar complexos de superioridade!

Tente fazer uma lista dos seus lugares-comuns, daquelas palavras e frases que lhe saem mais dos lábios.

E procure pensar em cada uma delas, no seu alcance.

Será que se revê em tudo o que costuma dizer?

Mais vale calar e ser do que falar e não ser.

Inácio de Antioquia, há quase dois mil anos, percebia que, não raramente, a linguagem verbal consegue mais esconder do que mostrar.

Por isso, ela é, muitas vezes, o veículo do não-ser e até do anti-ser.

O silêncio também possui a sua sabedoria.

Acima de tudo, porém, a paz. Achava o mesmo santo que ela, a paz, é o «bem mais precioso». Alguém discordará?

Livra-nos, Senhor, das pretensas vitórias sobre os outros, contra os outros.

Ensina-nos, Senhor, a triunfar apenas (e sempre) com os outros.

As vitórias «solteiras» nunca são felizes. E são sempre efémeras!

A vida é feita de raiz e destino.

Conhecemos a raiz. Ainda não conhecemos totalmente o nosso destino.

Resta-nos apostar tudo em cada etapa da viagem.

Hoje é mais um caminho.

Bom dia!

Fez, no dia 18, 27 anos que morreu o Padre Manuel Antunes, grande figura da cultura portuguesa.

 A Sophia de Melo Breyner terá confidenciado que a história de Portugal poderia ser feita a partir da ideia de inveja!