Não será, seguramente, a hermenêutica mais científica, mas, para mim, a melhor exegese do Evangelho deste Domingo é o célebre conto de Sophia de Mello Breyner.
Poucos como ela captaram o sentido vivencial da visita dos magos.
Segundo a escritora, Baltasar, à procura do Menino, foi consultar os homens da ciência e da política.
Decepcionado, virou-se para os homens da religião.
Encontrou um altar dedicado ao «deus dos poderosos», outro ao «deus da terra fértil» e outro ao «deus da sabedoria».
Insatisfeito, perguntou aos sacerdotes pelo «deus dos humilhados e dos oprimidos».
Resposta dos sacerdotes: «Desse deus nada sabemos»!
O rei subiu ao terraço e «viu a carne do sofrimento, o rosto da humilhação». Encontrou quem procurava.
Foi então que viu Deus. O Deus que os sacerdotes desconheciam!