O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Segunda-feira, 02 de Janeiro de 2012
Muito é o que, no novo ano, esperamos «para» nós.
Mas será que já paramos para pensar no que, ao longo deste ano novo, a vida espera «de» nós?
publicado por Theosfera às 13:38

1. O que transita de um ano para outro são as grandes ocorrências. É nelas que se centra a atenção. É para elas que se dirigem os olhares.

 

Mas até os maiores acontecimentos são tecidos de pequenas incidências.

 

Podem escapar aos holofotes da fama. Podem inclusive passar ao lado das nossas deambulações reflexivas. Só que, se pensarmos bem, a sua importância é decisiva.

 

 

2. A informação que nos é servida não é isenta de parcialidades nem de obsessões.

 

A falta de matéria alia-se à necessidade de apresentar serviço e a solução é, invariavelmente, a mesma: insistir, até à exaustão, nos mesmos assuntos.

 

Os protagonistas são os habituais. Os consumidores continuam a ser os de sempre.

 

 

3. Os poderosos são notícia até pelas suas mais insignificantes trivialidades. Já o cidadão só notícia consegue ser quando o invulgar o atormenta.

 

As férias de uma figura pública têm maior espaço que as aspirações de povoações inteiras.

 

O cidadão, quando é referido, é diluído no número e dissolvido na massa anónima.

 

 

4. Habitualmente, tem de haver uma tragédia para que o seu caso seja trazido para o conhecimento geral.

 

Foi o que aconteceu, quase no fim de 2011, com aquela mulher que, em desespero, se atirou de uma ponte.

 

Mas não se atirou sozinha. Com ela levou também o seu futuro: a sua filha de vinte meses.

 

 

 

5. Todos anotaram o facto. Mas quem se preocupa com as ilações? Quem está atento a tantos (possíveis) casos semelhantes?

 

Quando novas tragédias se verificarem, não faltará quem registe, quem lamente. Mas continuará a faltar quem reflicta, quem medite.

 

 

 

6. Aquela mãe morreu. A filha sobreviveu. Conseguirá viver? Era a própria mãe que achava que não havia futuro para o seu rebento.

 

Alguém poderá duvidar do amor daquela mãe? E, mesmo assim, ela entendeu que o mundo não tinha lugar para a sua filha.

 

 

7. É por isso que não basta olhar para a vida a partir de cima. É claro que não é fácil governar, dirigir, orientar.

 

Mas era importante que, a montante de certas decisões, se pensasse no efeito que elas podem ter na vida (e na morte) das pessoas!

 

E que cada um de nós ponderasse bem, antes de falar ou de agir, se determinadas atitudes não irão magoar alguém.

 

 

 

8. Há causas que podem desencadear as mais terríveis consequências e conduzir aos piores desfechos.

 

Nunca se pode acautelar nem prever tudo. Mas era bom que, nos grandes centros, se olhasse para os pequenos casos. Se é que são pequenos. Nada é pequeno quando em jogo está um ser humano.

 

 

9. Confesso que esta imagem é a que mais me acompanha no trânsito de 2011 para 2012. A esta hora, quantas vidas não estarão na iminência de se atirar de um qualquer viaduto?

 

É nestas alturas que a esperança tem de ser mais forte. Quando tudo parece perdido, não deixemos perder a esperança.

 

E, por favor, não nos concentremos só nos números. Olhemos para as pessoas, para cada pessoa.

 

 

10. Uma comunidade só se faz com a totalidade dos seus membros. Onde há marginalização, não pode haver desenvolvimento.

 

Vivemos num mundo onde nos sentimos perto de todos os lugares. Mas onde ainda não estamos próximos de todas as pessoas.

 

Às vezes, parece que é mais fácil chegar ao lugar mais distante do que à pessoa mais próxima.

 

 

11. Dizem-nos que o mundo se transformou numa aldeia. Mas, por vezes, tal aldeia parece um deserto.

 

As pessoas passam umas pelas outras. Mas chegarão a entrar no interior umas das outras?

 

Afinal, ainda há um longo caminho a percorrer até que o mundo seja autenticamente mundo. E até que a humanidade seja verdadeiramente humana!

publicado por Theosfera às 10:47

Depois de uma semana em que muitos fizeram uma espécie de incursão pela irrealidade, eis-nos de volta ao contacto com o real.
E, pelo esgar da maioria das pessoas, a impressão não é a mais animadora.
Até o céu se tingiu de cinzento neste dia 2. Há quem exiba um ar de derrotado.
Parece que não vai haver 2013. Parece que tudo vai acabar.
Parece. Mas tudo vai continuar. As narrativas pessimistas fazem o seu caminho, mas são impotentes para pôr fim à viagem.
A esperança é mais necessária do que nunca. Não a deixemos de lado nesta hora!
publicado por Theosfera às 10:39

No fundo, no fundo, não é a novidade que nos seduz.
Só gostamos de uma coisa nova se vem ao encontro de desejos antigos. A «arché» é que nos guia.
Somos mais conservadores do que pensamos.
Paul Valery deu conta desta propensão quando escreveu: «O que há de melhor numa coisa nova é aquilo que satisfaz um desejo antigo».
Vale a pena meditar!
publicado por Theosfera às 10:26

A palavra não é isenta de perigos.
A raiz hebraica «dbr» tanto dá para «palavra» como para «peste».
E não há dúvida de que, não raramente, certas palavras empestam o ambiente, conspurcam o relacionamento e obscurecem os melhores propósitos.
É preciso ter cuidado com a tentação de um certo discurso que é mais encobridor que revelador da realidade.
O discernimento hermenêutico é fundamental.
publicado por Theosfera às 10:25

François Mitterand disse, do alto da sua sageza e da sua muita experiência, que «cada povo faz a política da sua geografia».

 

Não espanta, pois, que a China olhe menos para a ideologia e mais para a ambição. Está visto que ela está interessada em dominar a terra.

 

E, não contente com isso, já se fala da sua vontade de chegar à Lua!

publicado por Theosfera às 10:24

«O que é belo é bom e o que é bom depressa será também belo».
Eis o que disse Safo.
Não há beleza fora da bondade. O que é bom, ainda que pareça feio, será sempre belo. Só a bondade está ungida pela beleza.
A beleza vem de dentro. Do fundo. E espraia-se pelo rosto, pela vida.
publicado por Theosfera às 10:23

O paradoxo habita-nos. Importante é aceitá-lo, integrá-lo.
Tolentino de Mendonça ajuda-nos nessa tarefa numa entrevista publicada neste Domingo.
A vida de relação não dispensa a solidão.
A fé é uma luta. A felicidade não está na ausência dessa solidão, mas na sua aceitação serena.
A paz não está na ausência desta luta, mas na sua integração iluminadora num projecto de vida.
A vida é mesmo assim.
publicado por Theosfera às 10:21

A proximidade é um bem que acarreta não poucos perigos.
Em princípio, ela devia favorecer a entreajuda, a partilha, o amor, a solidariedade.
Mas, na prática, ela fomenta, muitas vezes, a intriga, o boato, a calúnia, a difamação, a corrupção.
Porquê? Como é possível desbaratar o mais precioso tesouro que temos: a bondade?
publicado por Theosfera às 10:20

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E como iremos sentir a sua falta... Alguém tão bom...
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Só o bem faz bem! Concordo.
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Sem corrigirmos o que esteve menos bem naquilo que...
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