A verdade é, muitas vezes, o que queremos não ver e aquilo em que preferimos não acreditar.
Quem no-la traz nem sequer é olhado como um ser humano. É despachado como um louco.
Falamos muito da realidade, mas, no fundo, gostamos mais da ilusão. Os profetas da antiguidade nunca foram bem tratados. O maior de todos até foi assassinado. E as vozes incómodas de hoje continuam a ser silenciadas!
A reputação de cada um não depende apenas da sua integridade. Depende também (e bastante) da predisposição dos outros em reconhecê-la.
Simon Wiesenthal ilustra bem esta situação com um dado pessoal.
Interpelado por um oficial nazi acerca do que tencionava contar sobre os campos de concentração, respondeu: «Apenas a verdade».
Réplica cortante do interlocutor: «Pensariam que estavas louco, ninguém acreditaria em ti».
A realidade, muitas vezes, parece inacreditável. Mas é sobretudo incómoda. Por isso o mais fácil é atacar quem no-la conta.
Umas vezes, fala-se de loucura. Outras vezes, diz-se (olimpicamente) que «não foi bem assim»!
O problema é que as coisas acontecem. Mesmo que não queiramos!