Queria lembrar aqui o senhor D. Américo do Couto Oliveira porque hoje, 2 de Dezembro, faz 13 anos que ele voltou para a Casa do Pai.
Foram quatro apenas os anos que esteve entre nós e a maior parte deles a enfrentar o assédio da doença.
É-lhe devida uma palavra de reconhecimento sobretudo pela sinceridade, pela dedicação, pela proximidade.
Não era diplomata, era autêntico, era ele ou, melhor, era Cristo nele. E isso é o essencial. É tudo.
O senhor D. Américo, na curta estada que teve em Lamego, remodelou o Paço sem onerar a diocese, lançou a Escola Diocesana de Ciências Religiosas e tinha como projectos redimensionar a Casa do Poço (transformando-o num centro pastoral) e criar uma Faculdade de Teologia em Lamego.
Não posso esquecer que, na doença de meu querido Pai, visitou-o por diversas vezes dando-me autorização para celebrar a Santa Missa junto do seu leito
São coisas que nunca esquecem. O tempo pode ser escasso. Mas o rasto, esse, é imorredouro.
O senhor D. Américo do Couto Oliveira quase previu a morte.
Eu mesmo posso confirmar isso. Quando dele me fui despedir (antes da sua ida para exames numa clínica no Porto), fui surpreendido com uma afirmação feita com toda a naturalidade: «Olhe, eu vou mas não volto».
E começou a desfiar aquelas que eram as suas últimas vontades apontando para um envelope que terá sido entregue ao Vigário-Geral de então, Mons. António Russo.
Passados uns dias, estava eu a chegar da adoração da manhã, sou interceptado com um inopinado telefonema de Mons. Simão Morais, dando-me conta da infausta ocorrência.
Lembrei-me então de uma passagem de Os Lusíadas: «Coração pressago nunca mente».