Pior que a ausência de discurso só mesmo a capitulação do discurso.
Mas a tendência é, acriticamente, para fazer o que toda a gente faz, para dizer o que toda a gente diz.
O discurso que segue a tendência dominante evita grandes incómodos.
Mas compromete também importantes mudanças!
Um pensador é, antes de mais, um colector de ideias e um semeador de horizontes.
Em Espanha, Zubiri destacava a «função ressoadora» desempenhada por Ortega.
Através dele, muitas das novidades que laboravam na Alemanha e na França entraram no país vizinho.
Essa «missão ressoadora» é exercida, entre nós, por Anselmo Borges.
No púlpito e na cátedra, no papel de jornal e nas páginas do livro, eis uma torrente infindável de referências que nos convidam a pensar e nos ajudam a (melhor) viver.
«Deus e o sentido da existência» é o mais recente título que fez sair.
«Logos» não é só palavra nem apenas razão. É também sentido.
A nossa vida clama por horizontes de sentido. Eis um auxiliar precioso nesta busca incessante.
Fico com a sensação de que estes dias funcionam um pouco à guisa de uma «depressão pós-Natal».
É a viagem do regresso, são as prendas desembrulhadas e é uma espécie de vazio na alma. A este soma-se o temor do futuro.
Parece que fazemos as coisas porque tem de ser. Porque parece mal não parecer bom. Vivemos de estereótipos.
Bento Domingues alerta: «É a partir dos excluídos que temos de começar a construir o Natal. O modelo capitalista esgotou-se».
Jesus Cristo «manifestou-Se sempre ao lado dos marginais e dos excluídos».
É urgente desfatalizar a história. Não podemos resignar.
As coisas não têm de ser sempre assim. Demos presentes e não esqueçamos o melhor presente: a solidariedade, o sorriso, o amor. Hoje. Amanhã. E sempre.