A natureza também ensina.
Quando a velocidade é muita (diz a experiência mais elementar), o equlíbrio é menor.
Os corpos vacilam, abanam, tropceçam e podem cair.
Eis uma realidade que encerra um apelo. Que urge encarar como um alerta.
O ritmo apressado em que vivemos dá-nos poucas possibilidades de equilíbrio.
Nem nas férias se pára. Até nas férias se corre, ainda que noutras direcções.
Não deixa, aliás, de ser curioso como as notícias falam dos chamados desportos de Verão. Muitos deles são de velocidade: de velocidade na estrada, de velocidade nas pistas, de velocidade na água.
Não admira que o número de pessoas desequilibradas aumente.
Há seguramente, na tipificação destes casos, factores orgânicos. Mas haverá também questões ambientais.
A circunstância influencia a pessoa. O superego determina a identidade do ego.
São coisas que fomos aprendendo. São coisas cujo efeito vamos, entretanto, sentindo cada vez mais.
O facto de nunca ter havido tantas situações de ruptura (pessoal e relacional) é um despertador que nos devia fazer acordar.
O estilo de vida que levamos faz-nos aceder a muitos bens. Mas nem por isso a nossa saúde espiritual é maior.
As psicopatias surpreendem os próprios e perturbam os outros.
O tempo devora-nos. Não nos deixa espaço para saborear.
A pressa em que vivemos torna-nos ainda mais vazios. Não nos deixa investir na alma. Só apostamos na aparência, na carreira. Não há tempo para os outros. Nem para os próprios. Ou seja, há um desequilíbrio.
No limite, o desquilíbrio conduz a taras, a atitudes radicais, a gestos intempestivos, a comportamentos inopinados.
O equilíbrio carece de tempo, de reflexão, de pausa, de serenidade.
As pessoas serenas também podem ficar tristes, também são sensíveis. Mas estão em condições de resistir melhor.
Um carro, se for a velocidade moderada, acautela-se mais diante de um imprevisto.
Precisamos de parar para reequilibrar a cadência.
Paremos enquanto é tempo. Antes que o tempo nos faça parar de vez.