Na madrugada da nossa vida, o exemplo de honradez era o de alguém que, não podendo honrar a sua palavra (a sua execução nem sequer dependia dele), foi à presença da autoridade de corda ao pescoço.
Egas Moniz tornava-se, assim, a figura do homem de palavra. À mais leve tentação de faltar à promessa, este era um nome que levava a pensar duas vezes.
Albert Schweitzer tem razão: «O exemplo não é a melhor maneira de convencer os outros; é a única».
A experiência mostra que é bom ter alguma cautela quando fazemos proclamações definitivas. Somos donos do calamos, mas devemos ser escravos do que dizemos.
Há circunstâncias que podem conduzir a mudanças. Mas quando estas se verificam em tão pouco tempo e quando elas surgem logo após declarações em sentido contrário, dá que pensar.
Ainda nos lembramos do candidato à presidência que garantia nunca se ligar a nenhum partido. Volvidas umas curtas semanas, ei-lo numa lista.
Temos o jogador que disse ser do Sporting desde pequenino. A seguir, assinou pelo Benfica. Há dias, disse que se apresentava no início da próxima época. Logo após, pedia desculpa, mas o mais certo seria assinar pelo Real Madrid. De quem atestava ser simpatizante desde criança. Ontem, mais uma reviravolta. Vai apresentar-se no Estádio da Luz. Ficará por aqui?
Agora, é o caso do treinador que dizia estar na cadeira dos sonhos, no seu clube de sempre. Por ele nunca sairia. Mas há quem diga que, a esta hora, já está em Londres, a negociar com o Chelsea.
As coisas parecem ser definitivas apenas enquanto duram. Será a lei da vida. Mas parece ser também um sinal dos tempos.
Como acreditar numa situação destas?